28. Escorpião
O carro demorou mais do que o necessário para nos buscar e o caminho até a casa do garoto também levou uma eternidade - ou talvez eu estivesse exagerando e ansiosa demais por aquele momento.
Apesar de ter feito um mês que eu estava com Thomás, nunca teria me entregado tão depressa. Mas tudo para a Julia Virginiana era uma questão de tempo e a Julia Escorpiana tinha pressa de saciar sua sede pelo garoto. Eu não tinha tempo para passar vontade.
Nós fomos nas pontas dos pés e fazendo o mínimo de barulho desde a porta de entrada até o seu quarto. Apesar da casa estar silenciosa pela madrugada, sabia que os pais de Thomás estavam por ali e eu não queria ter que explicar nada à eles. Tinha pressa.
Assim que a porta de Thomás foi devidamente trancada, puxei o garoto para um beijo sedutor. Não era sobre luxúria naquele momento, era sobre intimidade, toque, conhecimento. De repente não era mais sobre a pressa. De repente tínhamos a necessidade de viver cada sensação intensamente. Era sobre querer se entregar para o outro de corpo e alma.Eu queria descobri-lo e queria que ele fizesse o mesmo comigo.
Nossos lábios se descolaram e os olhos se conectaram em meio à escuridão, e eu vi ali a ansiedade estampada. Um misto de animação e ansiedade, uma vontade incontrolável de acabar logo com aquilo, mas de querer que aquele momento novo durasse para sempre em nossas vidas, era exatamente assim que ambos nos sentíamos.
Tomei a iniciativa de começar a tirar minhas próprias roupas. Passei a blusa por cima da cabeça e deixei de lado, vendo-o imitar meu gesto. De imediato toquei o rosto do garoto, sentindo suas mãos virem aos meus pulsos por reflexo. Comecei alisando as maçãs de seu rosto enquanto tinha os olhos fixos no seus verdes, passando para seus lábios e deixando que meu olhos acompanhassem o movimento. Desci por seu peito apenas as pontas dos dedos até o cós da sua calça jeans. Thomás me impediu de continuar o movimento de abertura da própria calça jeans, deixando que mostrasse pouco da cueca que usava. Em um movimento rápido, nossos corpos estavam colados e nós estávamos envolvidos em mais um beijo.
Nossas línguas dançavam em um movimento lento e sensual dentro de nossas bocas, causando sensações gostosas em meu corpo. Pouco a pouco ele nos guiou até sua cama, descolando nossos lábios apenas para que pudéssemos nos deitar. Deixei que ele dominasse, descendo os beijos por meu pescoço e colo dos meus seios até chegar à eles. Sem dificuldade, Thomás se desfez do sutiã e então saboreou cada um deles em seu tempo. Eu só conseguia admirar a sua expressão de satisfação enquanto tinha minha mão presa em sua nuca.
Quando se deu por satisfeito, Thomás desceu os lábios por meu corpo enquanto mantinha os olhos fixos nos meus. Ele se desfez do resto das minhas roupas de uma só vez, deixando que eles ficassem em um canto qualquer do quarto enquanto voltava a me adorar. Seus lábios contornaram minha coxa junto da sua língua, primeiro uma e depois a outra. Eu sentia a ansiedade crescente dentro do meu peito, mas não queria apressar nada. Pelo contrário, eu queria que aquele momento só nosso durasse.
Seus lábios tocaram minha intimidade por fim e eu soltei uma lufada de ar que estava presa em meu peito sem que eu tivesse percebido. Sua língua era hábil e fazia um belo trabalho. Eu poderia jurar que chegaria ao limite daquele jeito sem demora. Com uma mordida no lábio inferior - que deixaria uma bela marca mais tarde -, eu continha os gemidos mais altos. Minhas mãos se alternavam entre tocar as suas, o lençol e o travesseiro embaixo da minha cabeça.
Eu sentia minhas pernas trêmulas quando ele se aproximou para beijar meus lábios. Naquele momento o tesão prevalecia, mas algo mais estava presente. Quando estava pronta para tocá-lo, pude ver que ele havia se despido devidamente e eu tratei de acariciá-lo, sentindo seu membro ficando cada mais vez mais duro ao meu toque. Eu o queria tanto que considerei me fundir à ele naquele momento, sem pensar nas consequências. Antes que eu tivesse essa ideia brilhante, o garoto se levantou e caçou um preservativo em sua carteira.
Fiquei observando enquanto ele se vestia com agilidade e rapidez, sorrindo maliciosa para ele e recebendo um do mesmo teor quando seus olhos encontraram os meus em meio à escuridão. Thomás subiu na cama, ficando em cima de mim mais uma vez e se encaixando entre minhas pernas sem me penetrar.
Com seus antebraços apoiados em cada lado da minha cabeça, ele acariciava meus cabelos e procurava por meus olhos. Estávamos acostumados à escuridão naquele ponto e conseguíamos projetar a expressão um do outro, as sensações presentes apenas em nosso olhar.
Tratei de tocá-lo, esfregando apenas a sua glande entre meus grandes lábios e então encaixando-o no minha entrada. Deixei que ele ficasse ali e que fizesse seu movimento quando achasse que fosse o momento. Foi quando nossos lábios se tocaram pela enésima vez naquela noite que ele se enterrou dentro de mim, fazendo com que nossos gemidos ficassem presos. Seus movimentos eram lentos e ritmados, atingindo fundo e me fazendo revirar os olhos.
Quando seus lábios descolaram dos meus, percebi o quão próximos estávamos. Nossos narizes se tocavam, mas nós continuávamos a mirar fundo nos olhos um do outro, sem nunca quebrar a conexão. Minhas mãos estavam concentradas em agarrar suas costas com força enquanto sentia ele me dar prazer... E fazer mais. Era mais do que eu já havia sentido e sabia que ele sentia o mesmo, porque seu coração estava tão acelerado quanto o meu - e não era apenas pelo esforço. Por nossos lábios saíam apenas gemidos baixos e contidos, suspiros de prazer e, quando um de nós precisava gemer mais alto, procurava rapidamente pelos lábios do outro - e os encontrava sem demora.
Em algum momento ficou insuportável não desgrudar nossos lábios em um selinho enquanto ele aumentava a velocidade. Eu sentia suas mãos agarrando o travesseiro embaixo da minha cabeça porque alguns fios também ficaram presos em suas mãos. Saber que ele senti tanto prazer quanto eu e que estava no limite fora o bastante para que eu atingisse o ápice, me derramando quando ele mesmo parecia atingir o seu.
Seu corpo caiu ao lado do meu enquanto ele se desfazia da camisinha e deixava de lado. Me virei para olhá-lo, vendo o garoto imitar meu gesto com um enorme sorriso no rosto. Estiquei a minha mão e toquei seu rosto, acariciando a região.
- A espera e as complicações no caminho valeram a pena. - Thomás confessou.
Contive uma risada mais alta e me aproximei dele, beijando brevemente seus lábios com ternura.
- Fico feliz que supri suas expectativas. - Franzi o cenho, rindo baixo enquanto me aninhava em seu abraço.
- Você as superou. Foi... Intenso e...
- Diferente? Novo? - Mordi o lábio inferior, procurando pela resposta em seus olhos.
O garoto assentiu, parecendo atordoado por um momento.
- Sim. Foi novo, como se eu estivesse fazendo isso pela primeira vez nada vida.
Nossos olhares continuaram conectados enquanto esboçávamos expressões felizes, satisfeitas e ansiosas, mais uma vez. Ansiosas pelo que estava por vir, pelo que estava se iniciando, pelas coisas boas que poderiam continuar se desenrolando dali pra frente.
Naquele momento não tínhamos signos ou qualquer outra pessoa em nossos caminhos. Éramos apenas dois jovens ansiando por um futuro juntos, sem complicações. Dois jovens sonhadores.
Mas tínhamos que ficar apenas no sonho e continuar complicando as coisas?
A verdade é que boa parte daquelas complicações não dependiam apenas de nós para serem resolvidas.
Sem querer voltar para a realidade, voltei a colar meus lábios aos seus e me desliguei do mundo.
A realidade poderia esperar.
Quando estava próximo de amanhecer, Thomás me ajudou a procurar pelas peças de roupas em silêncio e em meio a escuridão, o que resultou em algumas risadas e medo de sermos descobertos. O garoto me acompanhou até o carro depois de pedi-lo para que eu fosse até a minha casa.
- Me mande uma mensagem assim que chegar em casa. - Pediu, dando um último beijo em meus lábios antes que eu entrasse no carro.
Por ser tarde e eu estar completamente sozinha, temi por pegar carona, mas fiquei aliviada quando entrei e vi que era uma mulher. Por isso fui o caminho todo mexendo o celular e notei algumas notificações dos meus amigos.
Carol: Eu não acredito que você foi embora, Julia!
Gui: Deixa os outros transarem, Carolina!
Carol: Cadê você, Guilherme? Eu tô desprotegida e tendo que fugir do Lucas que tá trêbado aqui.
Gui: Estou indo com a Lola e o Davi em seu resgate, princesa.
Rolei mais algumas mensagens e vi uma conversa do meu irmão. Ele não parecia feliz.
Davi: Isso não vai dar boa coisa e você sabe. Precisa ser honesta, porque essas relações passaram de alguns beijos para algo a mais e você sabe que o combinado vai ficar caro para um deles. Mas não se preocupe, eu dou cobertura.
Em algum momento eu tinha que voltar para a realidade, só não sabia que seria tão rápido. Ainda queria curtir um pouco das sensações que havia sentido com Thomás, mas sabia que a vida não era tão fácil assim.
Quando finalmente cheguei em minha casa, fiz o mínimo de barulho enquanto me preparava para dormir, tomando um banho antes de me deitar e pensar direito em todas as minha atitudes.
Sabia que a maioria das decisões que tomava era culpa do meu signo e eu nunca me imaginei pensando uma bobagem dessas, mas esse dia havia chego. Não havia outro jeito de explicar, mas eu teria que encontrar um outro modo de explicar aquilo para eles.
Enquanto eram apenas alguns beijos, não havia problema algum que estivesse com os dois. O problema é que agora havíamos evoluído e eu sabia que devia explicações à eles. Eu tinha que escolher. Sem arrependimentos, sem voltar atrás, mas naquele momento eu não tinha dúvidas de quem eu queria. Não era apenas algo pós-sexo, era um sentimento profundo, algo que eu não sentira antes. Eu estava pronta para abdicar de um deles.
Sabia que não seria algo fácil de ser feito, mas não dava para demorar. Eu tinha que fazer logo antes que chegasse ao ouvido do outro o que havia feito com um. Eles tinham que saber por mim.
Meu irmão mais novo tinha razão, como sempre.
O celular vibrou ao meu lado e eu o peguei entendiada, mudando a expressão quando notei de quem era a notificação.
Thomás: Obrigado pela noite incrível. Chegou bem? Vi aqui que a corrida foi finalizada.
Eu: Estou bem. Sentindo sua falta. Obrigada por ter pago, te reembolsarei assim que possível.
Thomás: Não se preocupe. Eu a fiz perder a carona compartilhada vindo até aqui.
Eu: Não perdi nada indo aí, acredite. Você foi maravilhoso.
Mordi o lábio inferior, sentindo todas as sensações de tê-lo em meus braços retornando. Respirei fundo tentando me acalmar enquanto esperava por sua resposta.
Thomás: Será que vai lembrar de tudo pela manhã?
Eu: É claro que vou. Não estou tão bêbada. E você?
Thomás: Claro. Também estou bem sóbrio e bem desperto.
Eu: Então não se preocupe. Vou continuar com a mesma sensação de satisfação que estou agora, ansiando por uma próxima.
Thomás: Ansiando por uma próxima. Boa noite. Durma bem.
Eu: Boa noite. Durma bem.
Bloqueei o celular e o deixei de lado, me virando de lado e fazendo um esforço para conseguir encontrar meu sono. Sabia que teria dificuldades para dormir, mas quando os raios de sol invadiam pouco a pouco a janela do meu quarto eu adormeci.
Um sono cheio de sonhos de um momento real com um garoto cacheado de olhos verdes.
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