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72 - Runaway

  Harry respirava pesadamente.
Ele tinha medo de machucar Skye - ou pior, deixar que o seu irmão a matasse.

  Em um momento de descuido, quando Robert se mexe no chão e James vira o rosto para olhar, Harry puxa o gatilho, mirando no ombro no irmão, que é atingido e solta a faca, caindo sobre uma pilha de destroços, enquanto gritava de dor.

Harry corre em direção a cadeira onde Skye estava presa, cortando as cordas ao redor de seus pulsos e seus tornozelos.
  A garota estava fraca. A ferida em seu ombro, do tiro que havia levado no lago, dias atrás, ainda sangrava.
  Quando suas pernas bambeam, Harry a pega nos braços.

  James tinha a mão sobre o ombro machucado, o sangue cobria sua camisa, escorregando e manchando todo seu braço esquerdo. Com dificuldade ele levanta, procurando sua faca de caça sobre o chão empoeirado, embora a luz fraca tornasse esse trabalho mais complicado.

- HARRY! - Ele grita, vendo o irmão cruzar a sala, indo em direção a porta.

Suas mãos vagavam desesperadamente sobre a superfície de concreto fria, quando finalmente ele encontra a objeto que procurava.

- Harry, não me deixe aqui, eu sou seu irmão! - O rapaz esbraveja, levantando seu corpo completamente sujo de sangue, mas ele parecia não se importar.

James tentava parecer forte. O suor cobria seu rosto, as roupas estavam sujas de poeira embebida no líquido quente e carmesim que jorrava de sua ferida aberta. A bala estava alojada, ele podia sentir. A dor infernal só não poderia superar o rancor guardado por anos.

- NÃO FUJA DE MIM! - James grita, tendo o olhar fixo na porta, antes de cravar sua faca no peito de Robert, que se contrai e suspira pesado antes de fechar os olhos para sempre.

Mas James não viu a expressão de horror nos olhos do pai, ele não olhou em seus olhos quando o matou, ele estava ocupado demais encarando a sombra do irmão que já desaparecia fora da sala.

  Harry já estava descendo as escadas. Ele corria contra o tempo, para livrar-se do irmão gêmeo que viria logo atrás, e para proteger a garota desmaiada em seus braços.

  Ao cruzar a porta de entrada do prédio, ele se direciona até o carro parado alguns metros na frente. Dentro, já estavam duas pessoas que choravam abraçadas: Roselee e Thomas.
Harry os tirara do cativeiro alguns minutos antes, sem que James percebesse. Ele sempre foi bom em se esconder.  Era o melhor detetive da sua divisão. Uma lenda, apesar da pouca idade.

  Harry havia acabado de prender o cinto de segurança ao redor da cintura de Skye, que ainda mantinha seus olhos fechados, quando um barulho logo atrás o faz virar-se. E lá estava seu irmão arrastando-se para fora da escuridão, na mão direta estava sua faca preta - havia sido um presente de Harry, em seu aniversário de 17 anos.

  - James, desista! - A mão esquerda de Harry estava erguida no ar, avisando para o outro manter distância, enquanto a mão direta descansava sobre sua arma, presa na cintura. - A polícia está a caminho, eu tenho um rastreador no carro, a Central sabe exatamente onde estamos.

  Sua voz estava pesada. Ele estava mais triste do que irritado, por toda aquela situação.

- Eles nos tiraram tudo, Harry. Primeiro a mamãe, depois nos mandaram para aquele orfanato. O mínimo que o Robert poderia ter feito era cuidar de nós, mas ele sempre preferiu a bastarda! - Lágrimas cobriam seu rosto enquanto suas mãos trêmulas deslizavam sobre seus cabelos. Ele estava desesperado.

- A morte da mamãe não foi culpa deles, nós sabemos disso. - O vento gélido da madrugada carregava suas palavras e faziam o som se dissipar em seguida, quando o silêncio reinava.

Apenas o choro de James era ouvido.

- Eu vou matar vocês... - James sussurra. Ele tira as mãos do rosto, deixando suas bochechas e testa sujas de sangue, então um sorriso doentio cresce entre a lágrimas - Eu vou matar todos vocês, seus cretinos!

  Harry apenas corre para o outro lado do carro, abrindo a porta e entrando em seguida. Não havia esperança para seu irmão, ele sabia. James não era o mesmo desde a morte da mãe, aos 8 anos de idade.

O motor do carro é ligado e Harry pisa no acelerador.
Logo atrás, James entrava em seu carro, praguejando todas as vezes que previsava mover o ombro ferido, e segue logo atrás.

E dava-se início a perseguição.

Harry acelerava, dividindo o olhar entreo retrovisor, omde poderia ter noção do quão perto James estava, Skye ainda desmaiada, e a mulher e o garoto, ainda abraçados no banco de trás.

Após alguns minutos apenas chorando, Roselee finalmente fala, direcionando-se à Harry.

- Eu sabia que não deveríamos ter deixado você alugar o galpão, você disse que precisava ficar por perto para proteger ela, mas não adiantou de nada!

   O rapaz mantinha os olhos na estrada, segurando o volante com mais força que o normal.

  A cada esquina que o carro virava, James estava logo atrás. As ruas silenciosa de Bradford eram preenchida pelo barulho emitido através do atrito dos pneus com o asfalto.

  Eles estava cruzando a ponte, para chegar ao posto policial onde já esperavam por Harry, quando um estrondo alto é ouvido, seguido de vários outros. Até que o pneu derrapa e carro perde o controle, chocando-se contra os pilares de metal da ponto, antes de capotar uma vez, e outra.

Logo atrás, James observava a cena, ainda segurando a arma que havia usado para atirar e furar o pneu do carro preto, que agora se encontrava virado no centro da passarela.

  Mesmo ferido, Harry consegue arrastar-se para fora das ferragens. Sua cabeça doia e seu peito queimava, mas ele não poderia desistir tão fácil.
  Com grande dificuldade, ele puxa Skye, deitando-a sobre a pista. Ela não estava mais ferida que antes e, finalmente, estava acordada.

- Parece que eu preciso terminar de contar uma história. - James cantarola, sorrindo.

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