27 - Friendship
- Onde está Matt? - Pergunto, ainda parada próximo à porta.
- Foi ao banheiro. - Harry informa.
- E você, o que está fazendo aqui? - Pergunto, o encarando.
- Bem, só queria esclarecer que se falei algo que lhe ofendeu, enquanto tomávamos café da manhã, eu sinto muito. - Arrependimento era visível em seus olhos, poderia jurar que ele estava realmente preocupado.
- Você não me ofendeu, está tudo bem! - Dou de ombros enquanto caminho até a cômoda e pego um par de brincos brilhantes.
- Skye! - Ele chama minha atenção, deixando sua voz mais grossa. - Conheço você, sei que não está tudo bem.
- Me conhece? - O olho incrédula. - Você mora no meu quintal a alguns meses, não pode me conhecer!
Se faz alguns minutos de silêncio no quarto, até que Harry respira fundo e me encara.
- Tem razão, não posso. - Ele suspira, como se estivesse arrependido do que disse antes.
- Exatamente! - Bufo, ficando de costas para ele.
- Mas gostaria. - Ele sussurra, fazendo uma faísca acender dentro de mim.
- Gostaria? - Olho para ele através do espelho, bem à minha frente.
- Sim. Você parece alguém inteligente, gostaria de uma amiga assim. - Ele garante, com o mesmo tom de voz de quando me chamou de "criança".
- Bem -, Respiro fundo, concertando minha postura - acho que minha cota de amizades já está cheia. - Falo de forma desprezível, tanto que ao ver a expressão de Harry mudar de esperançoso para decepcionado, me arrependo.
- Bom saber. - Ele tranca o maxilar e suas pupilas se dilatam aos poucos.
- Atrapalho? - Matt abre a porta, nos encarando com estranheza.
- Não, pelo contrário, já estava na hora. - Automaticamente falo rude, o que faz até Matt se impressionar.
- Então, acho melhor nós irmos. - Ele fala ainda perdido.
- Tenha um bom dia, Skye! - Harry fala, apesar de soar como um aviso para ter cautela. Isso não faz sentido.
Eu e Matt descemos as escadas com certa rapidez, como hoje seria um dos poucos dias ensolarados nessa cidade, não levamos casacos. Caminhamos com calma, como se o dia nunca fosse acabar. Após dobrar algumas esquinas, chegamos a uma pista de skate onde haviam alguns garotos e até garotas, mas todos pareciam 'barra pesada'.
- Como esse lugar mudou. - Matt sussurra.
- Nem me fala. - Sussurro de volta.
Olhamos em volta, a maioria das pessoas eram Punks. Eles nos olhavam como se fôssemos de outro mundo. Como se fôssemos intrusos. Logo alguns grupinhos começam a apontar para nós, os garotos sorriam e as meninas reviravam os olhos.
- Acho melhor irmos embora. - Bato com meu ombro no de Matt, fazendo com que ele me olhe e assinta, mas já era tarde.
Uma roda se forma ao nosso redor, alguns sorriam de forma assustadora e outros seguravam estacas de madeira nas mãos, porém os mais assustadores, eram os que carregavam facas. Enrolo meu braço no de Matt enquanto observo eles se aproximando, sem que possamos fazer nada, até que abrem passagem e um rosto família aparece, tirando toda aquela tensão de mim.
- O.k pessoal, circulando! - Luke bate palmas e assobia, fazendo os Punks se afastarem, alguns pareciam desapontados por não fazer nada.
- Graças a Deus! - Suspiro. - Mas, o que você está fazendo aqui?
- É onde passo meu tempo livre. - Ele dar de ombros. - E você, o que faz nesse lugar?
- Antigamente era seguro! - Matt resmunga.
- E quem é você? - Luke pergunta, após examina-lo com o olhar.
- Matt. - Respondeu. - Namorado da Skye! - Ele brinca.
- Jura? - Luke nos olha e franze o cenho.
- Não! - Sorrio, dando um pequeno soco no braço de Matt. - Somos amigos.
- Claro. Venham comigo, essas pessoas são curiosas. - Ele fala, olhando ao redor.
Logo nós o seguimos até em baixo de um viaduto, onde haviam dois garotos e uma garota conversando. Assim que nos aproximamos eles ficam em silêncio e nos encaram.
- Tudo bem, estão comigo! - Luke alerta e os garotos parecem relaxar.
Os três estavam encostados em uma parede, eles sorriam e pareciam estar muito à vontade naquele lugar. Era como se fosse a casa deles.
Assim que chego mais perto, uma garota morena de olhos cor de avelã se aproxima e sorrir, parando bem à minha frente.
- Hey, tudo bem? Qual seu nome? - Ela pergunta animada.
- Skye. - Respondo.
- Sou Talyta. - Ela estende a mão e eu a aperto. - Nunca te vi por aqui, você é nova?
- Ham... não exatamente. - Falo um pouco desconcertada.
Olho ao redor procurando Matt, mas ele já conversava com os outros rapazes como se fossem velhos amigo.
- Então, Talyta, vocês moram aqui?
- Não! - Ela sorrir como se ouvisse a mais engraçada das piadas. - Nós não somos moradores de rua, se é o que quer saber. Só ficamos aqui quando queremos fugir um pouco da rotina. Por exemplo, meu pai é médico e vive dando plantão naquele hospital, então eu fico aqui com meus amigos. - Ela exclarece gentilmente.
- Claro. - Sorrio.
- Mas por que você está aqui? Cansou da família?
- Não. Foi apenas uma coincidência. - Afirmo.
- Coincidências não axistem, chère. - Ela pisca um dos olhos para mim.
- Talvez. - Dou de ombros, quando ouço a voz de Luke me chamar.
Me desloco de onde estava e caminho até o grupinho de garotos onde elea conversavam euforicamente.
- Galera, essa é a Skye. - Luke fala. - Skye, este é Josh -, ele aponta para um rapaz não muito alto, com olhos e cabelos castanhos - e este é Pierre. - Agora ele se refere a um rapaz louro com olhos cor de mel.
- Oi, pessoal. - Sorrio timidamente e eles retribuem.
- Bonjour, senhorita. - O sotaque francês de Pierre era simplesmente a coisa mais fofa que eu poderia ouvir, suas bochechas rosadas e o gorro apenas confirmavam isso.
Pierre se aproxima e segura a minha mão, depositando um beijo quente sobre a mesma, o que quase me fez derreter. Ele parece um urso de pelúcia!
- Vai com calma, Don Juan. - Luke alerta, enquanto afasta Pierre de mim.
Sinto minhas bochechas arderem e abaixo a cabeça, na tentativa de que ninguém veja.
Logo Talyta junta-se a nós e começamos a conversar. Josh conta que geralmente passa seus dia ali porque seu pai, que é engenheiro, briga muito com a madrasta, já que ela alega que o marido não tempo para a família. Josh concorda. Pierre passa a maior parte de seu tempo com "a turma" porque eles são os únicos amigos que ele fez, desde que chegou da França.
Após uma bom tempo de conversa, chamo Luke para que possamos conversar longe de seus amigos por alguns minutos.
- Como seus pais estão? - Pergunto, quando finalmente ficamos a sós.
- Muito magoados. Queriam que eu voltasse com eles para a Irlanda, mas eu recusei, o que só os deixou mais tristes. - Ele suspira, tirando um cigarro do bolso.
- Imaginei. Queria ter falado com eles, mas não pude. - Abaixo a cabeça.
- Foi melhor assim, quanto menos eles souberem, melhor. - Ele garante.
(...)
Olho para o céu e percebo já está a noite. A maioria dos Punks já haviam ido embora, estávamos praticamente sós.
- Já está tarde, acho melhor irmos embora.
- Mas já? - Talyta pergunta tristemente. - Passem a noite conosco!
- Skye tem razão, temos que ir. - Matt me apoia.
- Eu levo vocês, essa cidade pode ser bem perigosa. - Luke fala de modo assustador.
Logo nós três nos despedimos dos outros e nos afastamos lentamente. Já estavamos na metade do caminho quando sinto meus braços congelarem, então me abraço a eles, na tentativa de me esquentar.
- Você deve estar com frio, toma. - Luke fala, me entregando sua jaqueta de couro.
- Obrigado. - Sussurro, vendo a fumaça gelada sair da minha boca. - Você não vai ficar com frio? - Pergunto.
- Não, eu sou quente. - Ele pisca para mim.
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