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CAPÍTULO 3 - Desencontro

O estômago de Stark estava roncando, mas ainda assim Mohammed continuava falando e falando sobre qualquer coisa que ele havia parado de prestar atenção. De hora em hora, ele tentava buscar informações sobre a garota bielorrussa no computador, fingindo estar anotando qualquer coisa do que ele dizia.

Meu Deus, por que ele havia contratado aquele cara mesmo? Ele era ótimo como designer de eletrônicos, mas ainda assim não valia o esforço ter de ouvi-lo com aquele bafo que parecia uma nuvem esverdeada se aproximando. Era péssimo, péssimo, péssimo, péssimo!

Mas, ele só queria mesmo saber de comer. Ele estava atrasado com sua dieta, que era a única coisa que ele se obrigava a fazer direito. Talvez comer um lanche no almoço não fosse de todo ruim, ou talvez, massa! Nossa, tudo o que ele queria naquele momento era uma massa bem gordurosa, cheia de queijo e molho. É, talvez ele fosse pedir massa. Quer dizer... Ele tinha certeza que Rachel havia deixado seu almoço em cima da sua mesa. Graças a Deus, a tentação não poderia ser levada em consideração.

Talvez, na hora do almoço, ele pudesse pesquisar mais sobre a garota. Sua cabeça fervilhava de projetos. Talvez ela conseguisse entrar com a parte biológica, sobre tamanho e comportamento dos organismos, enquanto ele entrava com toda a tecnologia. Poderia dar certo. Ele tinha certeza que ninguém conseguiria fazer uma tecnologia capaz de trabalhar no cérebro de alguém como ele, pelo menos tinha ciência da sua inteligência e que se fosse possível, ele conseguiria. A dúvida agora era...

— STARK! — Alguém gritou o fazendo sair dos seus pensamentos. Ele piscou os olhos verdes por um minuto, respirando fundo antes de erguer os olhos. Gabrielle estalava os dedos à sua frente, desesperada. — Onde você está?

Automaticamente, ele abaixou a tampa do computador. Gabrielle Russell o encarava com os olhos azuis julgadores. Ela era pequena e mirrada, mas era agressiva a maior parte do tempo, o que era um aviso para ficar longe. Tinha os cabelos loiros na altura do ombro e um rosto redondo que a deixava bonita, além de ser uma de suas melhores amigas.

— Desculpe, estava distraído. — desculpou-se antes de erguer os olhos para Mohammed que parecia desapontado. — Vou olhar os desenhos pessoalmente e te dou um feedback até o final do dia, ok? — O rosto do rapaz se reacendeu e ele se afastou, pegando suas coisas.

— A reunião acabou. — ela falou, constatando o óbvio — Pensei que ele não iria mais parar de falar! E estou com fome. — confessou e ele assentiu, recolhendo suas coisas e ficando em pé — Onde você está? — questionou de novo e ele se forçou a se concentrar.

— Estou pensando num projeto. — revelou. Gabrielle ergueu as sobrancelhas esperando que ele dissesse algo mais. Isso não aconteceu.

— Ok. — disse pausadamente. — E que projeto é esse?

— Bem, eu não sei. — Ela revirou os olhos e se voltou para o amigo. A vice-presidente da Star-teck era no mínimo irritada, como era de se notar, mas, ainda assim, era a melhor no que fazia e ele precisava dos melhores. — Eu conheci uma garota na faculdade hoje, quer dizer... Ela me fez uma pergunta na palestra e eu quero conhecê-la. É sobre nanotecnologia usada no desenvolvimento neurológico. Parece bem promissor.

Ela se afastou, com certa incredulidade.

— Isso é bem improvável, não é? — Stark deu de ombros e se ergueu, indo para a sua sala. Gabrielle veio atrás. — Quantas outras empresas já não tentaram fazer algo assim e deu errado?

James colocou o notebook sobre a mesa, observando o almoço que, como ele imaginou, já estava ali. Apoiou-se na beira do móvel e virou-se para ela de braços cruzados e ergueu as sobrancelhas.

— Não trabalhamos em qualquer outra empresa, correto? — Gabs abriu a boca para falar, mas ele sabia muito bem do seu próprio potencial. — A Star-teck tem a melhor tecnologia do mercado em disparada. Devo ficar ofendido por você duvidar que daria certo ou aceitar o desafio?

Ela não respondeu, apenas mordeu os lábios e andou na frente dele e Stark soube que ela estava pensando sobre aquilo. Depois de um segundo, ela parou a sua frente e cruzou os braços como ele.

— Tá. Como isso seria feito? — Ele sorriu e suspirou.

— É uma ideia muito rasa, mas seria um neurotransmissor capaz de levar estímulos cerebrais para partes do corpo que o cérebro sozinho já não faz, por exemplo, pernas, braços, visão. É muito raso, por isso eu quero falar de novo com a garota. Eu acho que com ela as coisas podem dar certo. — Sorriu e Gabrielle franziu o cenho.

— Sua mãe não é amiga íntima de Edward Shermann? — Ele anuiu. — Ele é o maior neurologista do país, pode te ajudar com o projeto. — Stark pensou sobre o assunto, mas não gostou muito do que imaginou.

— Não... — Suspirou. — A garota é inteligente. Eu acho que ela já está a par disso antes de sonhar que eu queira entrar em algo assim, ficou bem claro com a pergunta dela. — Mordeu os lábios dando a volta na mesa e sentando-se, puxou o notebook.

— E uma universitária seria melhor do que um médico conceituado? — Ele subiu os olhos verdes para Gabrielle de forma dura.

— Gabs, sabemos que idade e formação não é o conceito que eu uso para inteligência. — Ela se calou, sabendo que a formação de Stark era mera burocracia, mesmo que ele tivesse feito várias pós-graduações e tivesse alguns doutorados na conta, além de um PhD. — Tem de ser ela. Sinto que esse projeto pertence a ela e que sou eu que estou me metendo, se eu enfiar outra pessoa, vou sentindo como se estivesse o roubando, entendeu?

— Mas você nem a conhece! — Ele revirou os olhos e Gabs se calou, sabendo que estava o irritando. Gabrielle se aproximou e sentou-se a sua mesa. — Como vamos achá-la? — Ele sorriu.

— Ela é residente no Hospital de Cambridge. Irei lá após a reunião com Giorgio. — Gabrielle murchou aos seus olhos e Stark sorriu. — Eu sei, ele é um babaca. Não precisa estar na reunião. Se dependesse de mim, nem fecharíamos aquele contrato, mas...

— Tecnicamente depende só de você, mas eu entendo. — Sorriu de volta.

Stark sabia que Giorgio havia se envolvido com Gabrielle há um tempo e que ela o repudiava desde então. A fama de babaca do homem era bem extensa, mas ele tinha o contrato que a Star-teck precisava para sua expansão na América do Sul, com uma sede rentável e que abriria belas portas de emprego.

— Você vai comigo ao hospital? Roy queria sair mais tarde, você poderia ir junto. — Ergueu as sobrancelhas e ela se levantou, saindo da sua sala.

— Se você ligar para a Paige da engenharia e acelerar com ela os relatórios, eu vou sim. — Stark fez uma careta de desdém. — Vamos, James, eu sei que você consegue. — Piscou para ele e sumiu do seu campo de visão.

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Giorgio Ventutteli era um italiano escroto, que se dependesse de Stark, ficaria bem longe de seus negócios. Ele era babaca e sabia disso, tanto que gostava de ser escroto e se achar superior a qualquer um. A única pessoa que gostava dele era Roy, o que ainda era uma incógnita para Stark, já que o amigo sempre foi gente boa e andava com gente de boa índole — pelo menos até a meia-noite.

Giorgio entrou na sala de reuniões sendo acompanhado de Rachel, sua secretária. Ela sorriu para Stark antes de fechar a porta e eles e os respectivos advogados se cumprimentaram.

O italiano era boa pinta. Tinha os ombros largos, os cabelos acobreados e os olhos castanhos. Seu sotaque era acentuado e sempre com um tom de alegria, o que era irritante. Ele era alto, mas não tão musculoso e sua pele era bronzeada demais para qualquer época do ano, quase como se vivesse em férias eternas.

Giorgio não era uma pessoa agradável. Poderia até pensar que sim, levando em consideração que sempre levava as coisas com bom humor, mas quase que instantaneamente ele soltava uma piadinha de tão mau gosto que dava a Stark ânsia de vômito.

Como ele aguentaria mais de quarenta minutos com Giorgio na mesma sala, ele não sabia.

Quando finalmente acabou, agradeceu aos céus por não ter se prolongado e se despediu de Giorgio com um aperto de mão. A piadinha dele foi tão ofensiva que Stark preferiu fingir que não existiu e ignorar totalmente.

Gabrielle apareceu dez minutos depois e olhou com piedade.

— Foi tão ruim assim? — questionou sorrindo amarelo.

— Como você foi capaz de se relacionar com um cara desse? — Ela se encolheu, dando de ombros.

— Todo mundo tem um erro memorável na vida, o meu é italiano. — Sorriu, e maneou a cabeça. — Vamos?

Stark se levantou animado, abotoando o paletó e saiu do escritório apressado.

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Natasha saiu às pressas do hospital para o dormitório e novamente ignorou os comentários de Wendy enquanto trocava a bolsa cheia de livros pela mochila jogada no fundo do guarda-roupa. Ela só usava aquela mochila nos fins de semana e não era algo que se orgulhava.

A boate ainda estava fechada quando ela seguiu pelas portas dos fundos e subiu até a sala principal. Glória, a dona do local, sorriu para ela de forma amigável e lhe abraçou apertado.

Glória Fox era uma mulher negra e gorda, que com toda a certeza do mundo, era a melhor pessoa que Natasha havia encontrado na América. Ela havia lhe acolhido de uma forma tão genuína, que duvidava se sua mãe algum dia tinha feito o mesmo por ela, mesmo que o amor de sua mãe fosse incondicional.

Glória era cafetina, no andar de baixo tinha as melhores prostitutas de luxo de toda Boston, mas as tratava de forma decente e as respeitava como podia. Todas amavam Glória, e quem não a amasse, não era digna de sua presença e logo perdia seu lugar ali.

— Como foi a sua apresentação? — ela questionou e Natasha se encolheu.

— Não tão boa quanto eu gostaria. — respondeu com um suspiro. — No eto srabotayet. Mas vai dar certo. Respondeu.

O acordo de Natasha e Glória era bem simples. Às sextas e sábados, Natasha cantava na sua boate mascarada e totalmente anônima, trazendo os clientes com sua voz maravilhosa e suas danças sensuais que Glória não quis perguntar em que lugar da Bielorrússia ela havia aprendido; em troca, Natasha lhe ensinava russo para que ela pudesse se comunicar com o seu ex-namorado que vivia lá e Glória lhe dava o suficiente para passar os seus dias em Harvard sem ter de se preocupar com dinheiro, assim, ela poderia estudar durante todo o tempo e focar apenas na sua pós-graduação.

Ela não era uma prostituta e Glória nunca nem sequer quis que ela fosse, era apenas uma amiga que ajudava a outra.

No eto srabotayet. Mas vai dar certo. Glória repetiu deixando Natasha orgulhosa com o seu avanço. — Igrovyye karty. Baralho. Glória disse. — Eto tema segodnyashnego dnya, Katarina. Esse é o tema de hoje, Katarina.

— YA lyublyu igrat' v karty! Eu amo naipes! Natasha disse animada fazendo Glória sorrir.

Glória, para a própria segurança da garota, a chamava apenas de Katarina a partir do momento em que colocava os pés ali, e só se comunicavam em russo, tanto para alegria de Natasha, quanto para o aprendizado de Glória, que ficava confusa com as palavras constantemente, mas era corrigida por Natasha — ou Katarina — sempre que possível.

— Davay popravim tvoi vososy. Vamos arrumar seu cabelo.

Glória disse animada e Natasha sentou-se de frente ao espelho enquanto a mulher ajeitava os enormes fios em sua cabeça.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Stark e Gabrielle desceram do Bentley e seguiram até a recepção do hospital de forma calma. A quantidade de pessoas circulando por ali era sempre muito grande, mas não demorou para a recepcionista abrir um sorriso galanteador para Stark e o cumprimentar.

— Boa noite, senhor. — ela disse educada.

— Boa noite, senhorita. — respondeu debruçando-se na bancada. — Eu preciso falar com uma aluna da turma de pós em neurologia. Onde eu a encontro? — A garota murchou.

— O plantão da faculdade encerrou há quase uma hora, senhor — explicou encolhida.

— Eles estarão aqui amanhã? — Os olhos do rapaz brilharam.

— Somente de segunda a sexta-feira.

— Existe alguma possibilidade de conseguir o endereço dela com você? — A moça sorriu com a sua insistência, mas continuou irredutível.

— Esses dados são pessoais, senhor, e só ficam com a universidade. — Gabrielle o puxou pelo braço antes que a menina começasse a babar ou que Stark pedisse para que ela desse um jeito e arrumasse um meio de comunicação com a moça à força.

— Voltamos segunda. — ela disse de uma vez, o tirando dali.

Stark parecia frustrado. Gabrielle apertou seus ombros como força solidária enquanto o Bentley voltava a se aproximar.

— Calma, rapaz. Segunda você pode falar com ela. — Stark concordou e deu os ombros.

— Eu sei, não sei o motivo de estar ansioso. — Gabrielle negou com a cabeça e o celular do rapaz tocou. Era Roy. — Sim, senhor. — Atendeu um pouco mais animado.

— Vamos dar um rolé hoje? — Questionou animado. — Gabrielle está com você?

— Está. — falou pausadamente. — Como você sabe?

— Eu sempre sei. — Gabrielle revirou os olhos. — Vão se arrumar, Glória quer que nós conheçamos a boate de Cambridge.

— Ah... Não sei se Gabrielle vai gostar de um ambiente como aquele.

Eles entraram no carro que começou a sair do hospital com paciência.

— Do que estão falando? — A garota questionou e Roy gargalhou ao telefone, provavelmente por ter ouvido seu questionamento.

— Apenas vamos. Será incrível!

Ele desligou e não deu tempo para que Stark dissesse não.O estômago de Stark estava roncando, mas ainda assim Mohammed continuava falando e falando sobre qualquer coisa que ele havia parado de prestar atenção. De hora em hora, ele tentava buscar informações sobre a garota bielorrussa no computador, fingindo estar anotando qualquer coisa do que ele dizia.

Meu Deus, por que ele havia contratado aquele cara mesmo? Ele era ótimo como designer de eletrônicos, mas ainda assim não valia o esforço ter de ouvi-lo com aquele bafo que parecia uma nuvem esverdeada se aproximando. Era péssimo, péssimo, péssimo, péssimo!

Mas, ele só queria mesmo saber de comer. Ele estava atrasado com sua dieta, que era a única coisa que ele se obrigava a fazer direito. Talvez comer um lanche no almoço não fosse de todo ruim, ou talvez, massa! Nossa, tudo o que ele queria naquele momento era uma massa bem gordurosa, cheia de queijo e molho. É, talvez ele fosse pedir massa. Quer dizer... Ele tinha certeza que Rachel havia deixado seu almoço em cima da sua mesa. Graças a Deus, a tentação não poderia ser levada em consideração.

Talvez, na hora do almoço, ele pudesse pesquisar mais sobre a garota. Sua cabeça fervilhava de projetos. Talvez ela conseguisse entrar com a parte biológica, sobre tamanho e comportamento dos organismos, enquanto ele entrava com toda a tecnologia. Poderia dar certo. Ele tinha certeza que ninguém conseguiria fazer uma tecnologia capaz de trabalhar no cérebro de alguém como ele, pelo menos tinha ciência da sua inteligência e que se fosse possível, ele conseguiria. A dúvida agora era...

— STARK! — Alguém gritou o fazendo sair dos seus pensamentos. Ele piscou os olhos verdes por um minuto, respirando fundo antes de erguer os olhos. Gabrielle estalava os dedos à sua frente, desesperada. — Onde você está?

Automaticamente, ele abaixou a tampa do computador. Gabrielle Russell o encarava com os olhos azuis julgadores. Ela era pequena e mirrada, mas era agressiva a maior parte do tempo, o que era um aviso para ficar longe. Tinha os cabelos loiros na altura do ombro e um rosto redondo que a deixava bonita, além de ser uma de suas melhores amigas.

— Desculpe, estava distraído. — desculpou-se antes de erguer os olhos para Mohammed que parecia desapontado. — Vou olhar os desenhos pessoalmente e te dou um feedback até o final do dia, ok? — O rosto do rapaz se reacendeu e ele se afastou, pegando suas coisas.

— A reunião acabou. — ela falou, constatando o óbvio — Pensei que ele não iria mais parar de falar! E estou com fome. — confessou e ele assentiu, recolhendo suas coisas e ficando em pé — Onde você está? — questionou de novo e ele se forçou a se concentrar.

— Estou pensando num projeto. — revelou. Gabrielle ergueu as sobrancelhas esperando que ele dissesse algo mais. Isso não aconteceu.

— Ok. — disse pausadamente. — E que projeto é esse?

— Bem, eu não sei. — Ela revirou os olhos e se voltou para o amigo. A vice-presidente da Star-teck era no mínimo irritada, como era de se notar, mas, ainda assim, era a melhor no que fazia e ele precisava dos melhores. — Eu conheci uma garota na faculdade hoje, quer dizer... Ela me fez uma pergunta na palestra e eu quero conhecê-la. É sobre nanotecnologia usada no desenvolvimento neurológico. Parece bem promissor.

Ela se afastou, com certa incredulidade.

— Isso é bem improvável, não é? — Stark deu de ombros e se ergueu, indo para a sua sala. Gabrielle veio atrás. — Quantas outras empresas já não tentaram fazer algo assim e deu errado?

James colocou o notebook sobre a mesa, observando o almoço que, como ele imaginou, já estava ali. Apoiou-se na beira do móvel e virou-se para ela de braços cruzados e ergueu as sobrancelhas.

— Não trabalhamos em qualquer outra empresa, correto? — Gabs abriu a boca para falar, mas ele sabia muito bem do seu próprio potencial. — A Star-teck tem a melhor tecnologia do mercado em disparada. Devo ficar ofendido por você duvidar que daria certo ou aceitar o desafio?

Ela não respondeu, apenas mordeu os lábios e andou na frente dele e Stark soube que ela estava pensando sobre aquilo. Depois de um segundo, ela parou a sua frente e cruzou os braços como ele.

— Tá. Como isso seria feito? — Ele sorriu e suspirou.

— É uma ideia muito rasa, mas seria um neurotransmissor capaz de levar estímulos cerebrais para partes do corpo que o cérebro sozinho já não faz, por exemplo, pernas, braços, visão. É muito raso, por isso eu quero falar de novo com a garota. Eu acho que com ela as coisas podem dar certo. — Sorriu e Gabrielle franziu o cenho.

— Sua mãe não é amiga íntima de Edward Shermann? — Ele anuiu. — Ele é o maior neurologista do país, pode te ajudar com o projeto. — Stark pensou sobre o assunto, mas não gostou muito do que imaginou.

— Não... — Suspirou. — A garota é inteligente. Eu acho que ela já está a par disso antes de sonhar que eu queira entrar em algo assim, ficou bem claro com a pergunta dela. — Mordeu os lábios dando a volta na mesa e sentando-se, puxou o notebook.

— E uma universitária seria melhor do que um médico conceituado? — Ele subiu os olhos verdes para Gabrielle de forma dura.

— Gabs, sabemos que idade e formação não é o conceito que eu uso para inteligência. — Ela se calou, sabendo que a formação de Stark era mera burocracia, mesmo que ele tivesse feito várias pós-graduações e tivesse alguns doutorados na conta, além de um PhD. — Tem de ser ela. Sinto que esse projeto pertence a ela e que sou eu que estou me metendo, se eu enfiar outra pessoa, vou sentindo como se estivesse o roubando, entendeu?

— Mas você nem a conhece! — Ele revirou os olhos e Gabs se calou, sabendo que estava o irritando. Gabrielle se aproximou e sentou-se a sua mesa. — Como vamos achá-la? — Ele sorriu.

— Ela é residente no Hospital de Cambridge. Irei lá após a reunião com Giorgio. — Gabrielle murchou aos seus olhos e Stark sorriu. — Eu sei, ele é um babaca. Não precisa estar na reunião. Se dependesse de mim, nem fecharíamos aquele contrato, mas...

— Tecnicamente depende só de você, mas eu entendo. — Sorriu de volta.

Stark sabia que Giorgio havia se envolvido com Gabrielle há um tempo e que ela o repudiava desde então. A fama de babaca do homem era bem extensa, mas ele tinha o contrato que a Star-teck precisava para sua expansão na América do Sul, com uma sede rentável e que abriria belas portas de emprego.

— Você vai comigo ao hospital? Roy queria sair mais tarde, você poderia ir junto. — Ergueu as sobrancelhas e ela se levantou, saindo da sua sala.

— Se você ligar para a Paige da engenharia e acelerar com ela os relatórios, eu vou sim. — Stark fez uma careta de desdém. — Vamos, James, eu sei que você consegue. — Piscou para ele e sumiu do seu campo de visão.

Giorgio Ventutteli era um italiano escroto, que se dependesse de Stark, ficaria bem longe de seus negócios. Ele era babaca e sabia disso, tanto que gostava de ser escroto e se achar superior a qualquer um. A única pessoa que gostava dele era Roy, o que ainda era uma incógnita para Stark, já que o amigo sempre foi gente boa e andava com gente de boa índole — pelo menos até a meia-noite.

Giorgio entrou na sala de reuniões sendo acompanhado de Rachel, sua secretária. Ela sorriu para Stark antes de fechar a porta e eles e os respectivos advogados se cumprimentaram.

O italiano era boa pinta. Tinha os ombros largos, os cabelos acobreados e os olhos castanhos. Seu sotaque era acentuado e sempre com um tom de alegria, o que era irritante. Ele era alto, mas não tão musculoso e sua pele era bronzeada demais para qualquer época do ano, quase como se vivesse em férias eternas.

Giorgio não era uma pessoa agradável. Poderia até pensar que sim, levando em consideração que sempre levava as coisas com bom humor, mas quase que instantaneamente ele soltava uma piadinha de tão mau gosto que dava a Stark ânsia de vômito.

Como ele aguentaria mais de quarenta minutos com Giorgio na mesma sala, ele não sabia.

Quando finalmente acabou, agradeceu aos céus por não ter se prolongado e se despediu de Giorgio com um aperto de mão. A piadinha dele foi tão ofensiva que Stark preferiu fingir que não existiu e ignorar totalmente.

Gabrielle apareceu dez minutos depois e olhou com piedade.

— Foi tão ruim assim? — questionou sorrindo amarelo.

— Como você foi capaz de se relacionar com um cara desse? — Ela se encolheu, dando de ombros.

— Todo mundo tem um erro memorável na vida, o meu é italiano. — Sorriu, e maneou a cabeça. — Vamos?

Stark se levantou animado, abotoando o paletó e saiu do escritório apressado.

Natasha saiu às pressas do hospital para o dormitório e novamente ignorou os comentários de Wendy enquanto trocava a bolsa cheia de livros pela mochila jogada no fundo do guarda-roupa. Ela só usava aquela mochila nos fins de semana e não era algo que se orgulhava.

A boate ainda estava fechada quando ela seguiu pelas portas dos fundos e subiu até a sala principal. Glória, a dona do local, sorriu para ela de forma amigável e lhe abraçou apertado.

Glória Fox era uma mulher negra e gorda, que com toda a certeza do mundo, era a melhor pessoa que Natasha havia encontrado na América. Ela havia lhe acolhido de uma forma tão genuína, que duvidava se sua mãe algum dia tinha feito o mesmo por ela, mesmo que o amor de sua mãe fosse incondicional.

Glória era cafetina, no andar de baixo tinha as melhores prostitutas de luxo de toda Boston, mas as tratava de forma decente e as respeitava como podia. Todas amavam Glória, e quem não a amasse, não era digna de sua presença e logo perdia seu lugar ali.

— Como foi a sua apresentação? — ela questionou e Natasha se encolheu.

— Não tão boa quanto eu gostaria. — respondeu com um suspiro. — No eto srabotayet. Mas vai dar certo. Respondeu.

O acordo de Natasha e Glória era bem simples. Às sextas e sábados, Natasha cantava na sua boate mascarada e totalmente anônima, trazendo os clientes com sua voz maravilhosa e suas danças sensuais que Glória não quis perguntar em que lugar da Bielorrússia ela havia aprendido; em troca, Natasha lhe ensinava russo para que ela pudesse se comunicar com o seu ex-namorado que vivia lá e Glória lhe dava o suficiente para passar os seus dias em Harvard sem ter de se preocupar com dinheiro, assim, ela poderia estudar durante todo o tempo e focar apenas na sua pós-graduação.

Ela não era uma prostituta e Glória nunca nem sequer quis que ela fosse, era apenas uma amiga que ajudava a outra.

No eto srabotayet. Mas vai dar certo. Glória repetiu deixando Natasha orgulhosa com o seu avanço. — Igrovyye karty. Baralho. Glória disse. — Eto tema segodnyashnego dnya, Katarina. Esse é o tema de hoje, Katarina.

— YA lyublyu igrat' v karty! Eu amo naipes! Natasha disse animada fazendo Glória sorrir.

Glória, para a própria segurança da garota, a chamava apenas de Katarina a partir do momento em que colocava os pés ali, e só se comunicavam em russo, tanto para alegria de Natasha, quanto para o aprendizado de Glória, que ficava confusa com as palavras constantemente, mas era corrigida por Natasha — ou Katarina — sempre que possível.

— Davay popravim tvoi vososy. Vamos arrumar seu cabelo.

Glória disse animada e Natasha sentou-se de frente ao espelho enquanto a mulher ajeitava os enormes fios em sua cabeça.

Stark e Gabrielle desceram do Bentley e seguiram até a recepção do hospital de forma calma. A quantidade de pessoas circulando por ali era sempre muito grande, mas não demorou para a recepcionista abrir um sorriso galanteador para Stark e o cumprimentar.

— Boa noite, senhor. — ela disse educada.

— Boa noite, senhorita. — respondeu debruçando-se na bancada. — Eu preciso falar com uma aluna da turma de pós em neurologia. Onde eu a encontro? — A garota murchou.

— O plantão da faculdade encerrou há quase uma hora, senhor — explicou encolhida.

— Eles estarão aqui amanhã? — Os olhos do rapaz brilharam.

— Somente de segunda a sexta-feira.

— Existe alguma possibilidade de conseguir o endereço dela com você? — A moça sorriu com a sua insistência, mas continuou irredutível.

— Esses dados são pessoais, senhor, e só ficam com a universidade. — Gabrielle o puxou pelo braço antes que a menina começasse a babar ou que Stark pedisse para que ela desse um jeito e arrumasse um meio de comunicação com a moça à força.

— Voltamos segunda. — ela disse de uma vez, o tirando dali.

Stark parecia frustrado. Gabrielle apertou seus ombros como força solidária enquanto o Bentley voltava a se aproximar.

— Calma, rapaz. Segunda você pode falar com ela. — Stark concordou e deu os ombros.

— Eu sei, não sei o motivo de estar ansioso. — Gabrielle negou com a cabeça e o celular do rapaz tocou. Era Roy. — Sim, senhor. — Atendeu um pouco mais animado.

— Vamos dar um rolé hoje? — Questionou animado. — Gabrielle está com você?

— Está. — falou pausadamente. — Como você sabe?

— Eu sempre sei. — Gabrielle revirou os olhos. — Vão se arrumar, Glória quer que nós conheçamos a boate de Cambridge.

— Ah... Não sei se Gabrielle vai gostar de um ambiente como aquele.

Eles entraram no carro que começou a sair do hospital com paciência.

— Do que estão falando? — A garota questionou e Roy gargalhou ao telefone, provavelmente por ter ouvido seu questionamento.

— Apenas vamos. Será incrível!

Ele desligou e não deu tempo para que Stark dissesse não.

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