Jeon Jungkook
  

  O clima tenso dominava o quarto, ninguém falava nada, somente nos encaravámos esperando alguém iniciar algo, mas era difícil.

  Namjoon nunca foi de gritar com nós, na verdade, ele sempre repreende quem grita, mas naquele momento foi diferente, nós dois não estávamos nos melhores dias.

  O meu orgulho dominava, e por isso, não abaixava a guarda, sem pedidos de desculpa, sem arrependimentos, porém, ele suspira impaciente.

  - Desculpa - Murmurou andando de um lado para o outro - Somente não quero que você estrague tudo, faça o favor de apoiar nisso.

  - Eu não gosto daquela garota, Namjoon! - Me levanto irritado.

  - Não precisa gostar, somente não estrague os planos - Retrucou  - Vá lá e peça desculpas a ela.

  - O que?! - Assustado, arregalo os olhos.

  - Exato, e é melhor ir.

  - Você não pode me obrigar - Cruzo os braços bufando.

  - Para de ser criancinha, Jungkook - Colocou a mão em meu ombro - Anda, vai! Não vai morrer.

  - Aish! Ta!

  Saio do quarto observando o clima tenso que passou para a sala, todos me olhavam sérios e curiosos.

 Ok, Jungkook, o que você precisa fazer é chama-la até a cozinha, e la se desculpar. Aperto meus olhos com força e respiro fundo deixando a coragem me dominar, e ando até ela.

  - S/n, podemos conversar?

  Seu olhar transmitia o medo sobre mim, o que me entristecia, porque não era o sentimento que eu queria que ela tivesse. 

  - Boa sorte - Ouço o murmuro do Tae que logo ri, mas para ao sentir meu olhar sobre o mesmo.

  Ela, apesar da hesitação, assente e se levanta, para agilizar, puxo pelo seu pulso até a o cozinha com rapidez, e quando chegamos, fecho a porta atrás de mim, e ainda assim abaixei o olhar na direção contrária dela.

  - Desculpa... - Murmuro olhando para ela.

  - Oi? 

  - Isso que você ouviu - Digo com impaciência após perceber sua surpresa.

  - Oh... Ok.

  Ainda confusa, caminhou até a porta, com pressa, e ao passar por mim, reviro os olhos caminhando até ela mais rápido e puxo seu pulso e olha para mim, assustada.

  - Não diga a ninguém que pedi desculpas - Não pedi, e sim, ordenei, mas, em vez de ela se assustar, a garota se tranquilizou.

  - Posso te perguntar uma coisa? - Sua voz mudou de tom, para calma e tranquila, e antes de negar, a garota coloca sua mao direita na parte lateral do meu rosto e acaricia com o dedão - Por que é tão grosseiro, frio? 

  - E quando isso começou a te interessar? - Sorrio irônico e largo seu pulso.

  - Jungkook, você tem um talento impressionante, você está acabado, olheiras, olhos vermelhos, não da.

  Ok, pense no que Namjoon falou Jungkook, mantenha a calma. O silêncio, foi a resposta, porém, ela vem para meu lado, e suspira pesadamente.

  - Sei que é tudo mentira, mas poderíamos ser amigos, certo? - Ela estende a mão, olho neutramente, mas me viro de costas, não apertando a mão.

  - Não preciso de amigos.

Saio da cozinha calmamente, indo até a sala onde Tae e Jimin me olhavam preocupados.

  - O que foi? - Arqueio a sobrancelha.

  - Acabei de receber um telefonema, o seu pai... - Jimin diz, mas nem deixo terminar, ja que entendo.

  Desesperadamente pego um casaco e vou até a porta.

  - Para onde está indo? - Ouço a irritante voz, e ignoro, começando a correr até o elevador.

  Meu coração acelerava e tremia de medo, ofegante, mas não por correr, mas pelo respiração descompassada causada pelo nervosismo. Quando finalmente chego no estacionamento, corro até meu carro, entrando nele rapidamente, dando partida.

  Na minha cabeça, passava mil coisas, mas nenhuma delas me preocupava mais que minha família. Para minha sorte, o trânsito estava favorável, e então, chego rapidamente no presídio de segurança máxima, na entrada, tinha repórteres que ao me ver, vieram para cima do carro, saio ignorando eles que ainda sim faziam perguntas.

  - O que você tem a dizer sobre o Sr.Jeon? 

  - Ele ainda é meu pai - Murmuro desinteressado, somente queria passar por todos.
  Eles insistiam em pôr microfones e câmeras em minha frente, é por isso que os odeio, não respeitam até mesmo nesta situação.

  - Jeon Jungkook, não é? - Um policial pergunta após me ver atravessar o corredor que liga as salas.

  - Sim.

  - Me siga.

  Assinto caminhando junto com ele, passando por corredores de grade onde podia ter uma visão do pátio, tinha muitos detentos, eles me olhavam curiosos e alguns se aproximavam da grade.

  - Olha o filhinho de papai.

  - Riquinho, veio fazer o que ai? Cuidado para não quebrar a unha hein.

  Outros zombavam de minha presença e somente ignoravam, bem que os corredores podiam ser fechados. Chegamos em uma sala escura, com uma luz que só iluminava o centro, onde tinha uma mesa e ele, com o uniforme vermelho, uma barba falhada, cabelo bagunçado, e com a cara fechada, me parte o coração saber que ele está assim e aqui, um ex-idol deveria estar aproveitando a aposentadoria.

  Droga, pai, por que procurou o caminho errado.

  - Me deixa a sós com ele - Sussurro para o policial.

  - Mas senhor, ele é um detento peri...

  - Me deixe a sós com ele - Repito e ouço um suspiro, em seguida, a porta se fechando.
  Caminho um pouco irritado até a cadeira e me sento, colocando minhas mãos entrelaçadas na mesa e o encaro, mas ele finge ignorar.

  - O que você fez dessa vez? - Pergunto o encarando.

  - Quando isso começou a te interessar? - Perguntou, rindo.

  Percebe-se que eu puxei isso dele.

  - Você pode fazer o pior crime, mas continua sendo meu pai - Respondo calmo, e ele finalmente me encara.

  - Deveria estar aproveitando sua vida de idol, gastando o dinheiro, sei lá.

  - Pai, você está com 10 anos de pena, qualquer coisa que fizer, acrescenta 5 anos! 

  - QUAL A DIFERENÇA? - Exclamou me assustando, ele se levanta batendo na mesa - POR QUE SE IMPORTA QUE EU SAIA? TEMOS VIDAS DIFERENTE, GAROTO.

  O encaro, controlando o choro que tentava se formar, suspiro, e abaixo a cabeça.

  - Se lembra de mamãe? - Pergunto, baixo, mas não ouço sua resposta - Ela disse que o seu sonho era formar uma família feliz - Me levanto ficando em sua frente - Minha irmã, você, eu, mamae, todos nós - Espremo os lábios e fecho os olhos, imaginando o rosto dela - O motivo de ela ter morrido, é sua culpa - Abro meus olhos novamente, vendo seu rosto neutro - Eu só quero realizar o sonho dela, e ter uma família feliz - Sinto minha bochecha molhada, percebendo que não resisti - Se você não estivesse sido tão idiota, ela ainda estaria aqui ao meu lado, acreditando em você, que irá mudar - Soluço não aguentando.

  - Nunca teremos uma família feliz, garoto, entenda - Retrucou, frio - Você foi uma decepção des do dia em que seguiu o exemplo dela.

  - Tempo esgotado - O policial entra, tirando ele dali.