51
— O que?! — Jisung falou um pouco alto, encarando o ruivo um tanto que atordoado.
— Eu nunca me permiti gostar de ninguém, Jisung. — Minho comentou, ele tinha total noção que o menor sabia disso. — Eu sempre tive medo.
— Eu sei... — Jisung sibilou em um sussurro voltando a ficar cabisbaixo.
— Eu nunca cogitei em me apaixonar e sempre evitei isso porque sei o quanto dói amar alguém. — Minho girava o anel em um de seus dedos de forma desleixada, tentava relaxar para conseguir contar tudo ao outro. — A minha mãe morreu amando o meu pai, o amor que ela sentia por ele a matou.
— O amor é uma arma. — Jisung comentou atraindo a atenção do ruivo que o olhou um tanto que confuso. — Você pode ser a mira ou estar segurando o gatilho. Quando você acaba amando por dois se encontra na mesma situação, o que muda é o fato de que você mira para a sua própria cabeça. — Terminou por fim, ele havia criado aquela visão metafórica desde muito novo e ela pareceu clarear mais depois do que havia acontecido entre ele e Mino.
Jisung sentiu-se assim, era como se ele segurasse uma arma e mirasse para a própria cabeça todos os dias e segurasse o gatilho questionando-se a todo tempo em qual momento iria atirar.
— É bem por aí mesmo. — O ruivo concordou. — O amor da minha mãe sufocava meu pai, ela desenvolveu dependência emocional e por mais que ele tentasse se separar ela nunca deixava.
As lembranças que normalmente Minho tentava esquecer começaram a vagar pela sua mente, aquilo o atormentava todos os dias.
— Antes eu me perguntava se ela estaria viva caso tivesse aceitado a separação e agora eu sei que não, por mais diferente que sejam as escolhas alguns resultados nunca mudam. — O ruivo continuou, suspirando. — Ela perseguiu meu pai durante todo o colegial, e acabou engravidando de mim para tentar segura-lo.
— Hyung...
— Depois que eu nasci e meu pai ficou ciente que agora tinha uma família a qual cuidar as coisas mudaram, ficaram estáveis por cerca de sete anos. — Minho sorriu fracamente. — Eu não fazia ideia nenhuma do passado deles e o amor que eles demonstravam sentir um pelo outro em minha frente me encantava, eu desejava viver um amor como aquele.
Minho fez uma breve pausa suspirando mais uma vez antes de continuar, apertou fortemente o volante e Jisung não soube o que falar para reconforta-lo.
— E então eu acabei descobrindo que meu pai tinha outra família, ele estava saindo com a mãe de Hyunjin já tinha cerca de cinco anos. — Novamente Minho fez uma pausa e suspirou. — Foi quando eu consegui perceber que estava alienado a todo esse tempo, eu percebi a forma que meus pais se tratavam, passei a enxergar o que eu fingia não ver e moldava em minha cabeça algo diferente, sabe?
— Você distorcia as coisas... — O moreno murmurou e o outro assentiu. — Olha, você era uma criança, é algo natural...
— Talvez fosse a forma que eu havia encontrado para fingir não ver o quão doentia era a nossa família. — Minho murmurou, balançando a cabeça. — Enfim, quando meu pai soube que eu havia descoberto tudo ele disse que não tinha mais razões para continuar mentindo e que iria se divorciar definitivamente de minha mãe. — O ruivo novamente fez uma pequena pausa. — Foi aí que os problemas reais começaram.
— Minho hyung, eu já entendi, você realmente não precisa... — Jisung balbuciou segurando inconscientemente no braço do ruivo.
Fazia tanto tempo que não tinham um contato direto que por mais bobo que fosse os dois sentiram uma corrente elétrica passar rapidamente por seus corpos, era como se tudo ao redor deles tivesse parado, sentiam-se absortos. Estavam, juntos, em uma bolha.
— Na primeira tentativa de divórcio ela tentou suicídio. — Minho colocou uma de suas mãos por cima da de Jisung apertando-a levemente. — Ela se jogou na frente de um carro quando estávamos voltando da escolinha e eu acabei me jogando também para tentar salva-la.
Jisung não soube ao certo o que falar, percebeu que o ruivo tinha uma visão errada sobre o que era amor e sobre amar alguém, assim como ele teve dificuldade para superar Mino, o Lee tinha dificuldade para superar o passado.
— Eu quebrei um braço e meu pai se viu maluco com tudo aquilo, acabou desistindo. — Riu sem ânimo ao relembrar. — Passou alguns meses e depois de muito ter conversado com minha mãe e tentado fazê-la entender ele novamente tentou se divorciar. — Jisung arrumou a postura virando seu corpo minimamente para a direção de Minho e então entrelaçou seus dedos. — Como ela havia percebido que eu era um ponto fraco de meu pai resolveu me usar como ameaça para prende-lo a ela.
— Isso é tão... Horrível. — O moreno comentou, incrédulo.
— Sim. Acabou dando certo e novamente meu pai ficou, eu já não conseguia mais saber do lado de quem eu estava, ficava confuso e absurdamente triste com tudo que estava acontecendo, só desejava ter uma vida normal como a dos meus colegas da escola. — Minho fez uma breve pausa fitando os dedos entrelaçados aos de Jisung, suas mãos encaixavam-se tão perfeitamente. — E então a terceira e última tentativa de divórcio. Meu pai já se sentia sufocado com tudo aquilo e decidiu se separar, saiu de casa sem levar nada e sem avisar a ninguém. Os dias passaram e ele não deu notícias alguma, e quando minha mãe soube que ele estava morando com a Sra. Hwang ela enlouqueceu.
— Eu nem sei o que dizer... — Jisung murmurou, piscando diversas vezes, não imaginava que o passado do ruivo era tão obscuro assim.
— Não precisa dizer nada, só de você parar para me ouvir é reconfortante. — Minho sorriu minimamente. — Bom, dentre um de seus surtos ela resolveu passear comigo em um domingo, no final da tarde. Ela estava tranquila naquele dia, até fez um bolo para mim. — O ruivo acabou sorrindo com a lembrança, ficando sério segundos depois. — Fomos parar em um rio, caminhamos até uma parte mais deserta e depois de fazer todo um discurso sobre a vida, as pessoas, o amor e a morte ela se jogou dentro dele me levando com ela. — Suspirou, os olhos do mais velho começaram a espelhar as lágrimas. — Ela pretendia morrer e me levar junto.
Jisung não disse nada, apenas abraçou o ruivo tentando reconforta-lo, ele sabia que Minho estava precisando desabafar com alguém e ficava feliz em saber que o Lee confiava nele a esse ponto.
— Um pescador que estava passando me salvou, ele tentou tira-la também mas ela se debateu tentando impedir, no final acabou morrendo afogada. — Finalizou, afastando-se do abraço para secar as lágrimas. — Eu sempre tive medo de amar e se tornar como meu pai, ou até mesmo como minha mãe.
— Sua mãe eu entendo... Mas por que como o seu pai? — Jisung perguntou, confuso.
— Porque ele se aproveitou dos sentimentos dela quando eles eram adolescentes, aumentava o ego dele ter alguém apaixonado por si capaz de cometer qualquer tipo de loucura. Ele a deu falsas esperanças. — Minho balbuciou. — E eu sempre tive medo de acabar sendo assim, não queria machucar ninguém.
— Eu acho que o seu real medo não seja de machucar alguém e sim de se machucar. — Jisung comentou cautelosamente. — Você teve o pior cenário sobre o conceito do que é o amor, é natural que tenha medo de viver uma relação como a de seus pais.
— Talvez. Você deveria ser psicólogo. — Minho riu, descontraído. — E também eu nunca tive nenhum interesse amoroso com ninguém que me relacionei... — O ruivo murmurou, bagunçando o cabelo preto de Jisung. — Porém tudo tem suas exceções.
— Está insinuando que sou sua exceção? — O moreno ponderou com um sorriso amarelo nos lábios.
— Sim. — Minho riu nasal, sabia que Jisung já havia entendido onde ele queria chegar desde o começo mas queria que ele admitisse com palavras diretas. — Eu acho que 'tô apaixonado por você, quero estar perto de você mesmo que para ficarmos em silêncio, aproveitando a companhia e o calor humano um do outro. — O ruivo ponderou alisando com o polegar as bochechas do moreno. — Quero poder beijar você, te tocar... E quero poder ser o único a fazer isso.
— Hyung, sobre aquele dia na festa... — O moreno suspirou. — Me desculpa, não tive intenção.
— Não tem problema. — O mais velho sorriu minimamente o que reconfortou o outro mas segundos depois o fez encara-lo incrédulo. — O que foi?
— Espera, você disse que acha? Tipo, você não tem certeza? — Jisung o questionou aparentemente bravo.
— E isso importa? — Minho retrucou roubando um selinho do moreno. — Eu nunca soube qual é a sensação de estar apaixonado, acho que o que importa é que estou disposto a me permitir amar alguém.
— Quando você vai parar? — Jisung perguntou, do nada, deixando o outro confuso. Automaticamente Minho recuou.
— De que?
— De falar e me beijar logo! — O moreno sibilou impaciente arrancando um riso do mais velho.
:x
ai gente, é sobre isso
estou tendo uma fodida crise de ansiedade e se qualquer coisa eu der uma sumida (tentarei n fazer isso) peço desculpas desde já.
no final voltei na mesma semana, anywaykkkkk
bjinhos.
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