III: vulgar.
ai que demora (๑•́ ᎔ ก̀๑)
mas tá ai!! o próximo provavelmente é o último <3
é muito fácil as situações piorarem e você sabe que uma hora vai ter que chutar o balde, mas quer se preparar pro que vem depois. era isso que toda aquela sobrecarga era, preparação. evitar yoongi, enfiar a cara nos livros e parar de me submeter ao que o fodido do meu coração achava que queria.
além do mais toda aquela tristeza vinha alimentando minha arte como carne fresca aos tubarões. tanto que do nada eu me vi tocando periodicamente num bar gay que cada dia do fim de semana contava com um gênero musical e não querendo me gabar mas eu ficava tanto no jazz quanto no rock clean com o baixo. não dava pra ser melhor, sinceramente. jimin sempre estava lá na fileira da frente bebendo tudo que era bebida colorida. num bar gay? ele deveria declarar falência e alcoolismo logo.
mesmo com esse esforço, só nas últimas duas semanas a gente já tinha se esbarrado várias vezes, eu já poderia considerar nabi minha amiga porque ela me levava até em casa com jimin e tínhamos dividido hambúrguer em duas oportunidades. e ela estava ali no meu mural de fotos do sótão e que raiva! por que tinha tanta polaroid de yoongi?
— filho? —minha mãe me assustou ou eu que assustei ela porque um corpo sentado no sótão no escuro só com a luz fraca acesa é uma cena macabra e tanto. ainda mais com essa cara de derrotado. — o que você tá fazendo?
— nada, mãezinha. — sorri pra ela que se sentou do meu lado e olhou pra confusão que ela deixou eu fazer grudando todas aquelas fotos ali.
— onde o yoongi foi parar? — ela me ofereceu uma latinha de refrigerante e bebeu comigo.
— a namorada dele ali. — apontei pra foto que ela estava abraçada a mim, nós dois rindo de alguma bobagem.
— ela é linda. — minha mãe sempre foi sincera. — só não mais que você, meu filho. — e bem sentimental.
— só porque puxei você, jeonzinha. — deitei a cabeça no ombro dela varrendo as fotos. ficamos sentados quietinhos enquanto eu esperava tudo se acalmar dentro de mim.
buracos que a gente se enfia e fica difícil de sair, dava pra escrever um tcc bem elaborado sobre isso.
a minha preferida é a que gente tá sorrindo no ano novo com aquelas velas espalhafatosas estourando nas mãos. mas não vou negar que a que ele estava mordendo minha bunda era uma boa foto. tinham muitas era verdade, algumas óbvias da gente no cinema e na praia, mas outras até que irritantes da gente se beijando bêbados e das conchinhas que nos enfiavamos.
— você tá muito na deprê, vamo assistir um filminho com a sua mãezinha. — ela se levantou e foi então que reparei no pijama de ovelhinha dela.
meu pai se juntou pedindo uma pizza e como toda vez, minha mãe que era dona daquela televisão e mandou em todos os filmes até estarmos desmaiados no sofá.
yoongi já participou disso algumas vezes, e nesse momento que meus pais estavam capotados a gente saía de fininho até o meu quarto. nos beijávamos até eu sentir ciúmes das suas roupas e tirasse elas. rolava sexo, os melhores que já tive, ou decidiamos ficar na cama desenhando com delineador um no corpo nu do outro.
era fácil acompanhar o seu sorriso e as carícias dos pontos dos dedos dele nas minhas costas e cintura. eu só queria ficar naquele sentimento por um tempo que só eu podia controlar.
e isso tinha que acabar, esses sonhos acordados do passado.
então eu fiz do pior jeito. procurei alguém pra pegar toda essa bagagem e atear gasolina. e esse alguém era ninguém mais que namjoon, recém terminado da piranha da jenny befflin. ele tinha um estúdio de tatuagem também, um sorriso cafajeste parecido, mas seu perfume era muito mais forte e suas mãos não saíam da minha bunda.
só quem já escondeu, sabe como é. por isso eu sabia que naquela sexta a noite em que estávamos reunidos, yoongi já tinha sacado o chupão no meu pescoço e o olhar levemente aéreo de namjoon sempre parando na minha bunda quando eu me estendia na mesa pra pegar um salgadinho.
ele sacou quando eu peguei carona na moto dele e sacou mais um pouco na hora em que eu apareci com o cheiro dele vazando das minhas roupas e ele não conseguiu me reconhecer. problema dele. eu não quis elaborar muito como aquilo era fodido, achar que o olhar caído dele era ciúme ou um pedido de "volta pra mim que eu tô prestes a voar no pescoço do namjoon". não era e eu tinha que largar de vez essa idiotice, porque namjoon estava fazendo um ótimo trabalho, um sexo perfeito, e só faltava um pouco de cooperação minha.
namjoon fodia bem e eu sentia falta de me sentir desejado, tocado e apaixonado em cima de alguém. era casual como deveria ser, era quente e sem qualquer medo. kim me segurava firme e me beijava forte pra me fazer pensar nele de volta e não no bosta do meu ex. e isso tava bom, bom demais.
— você e namjoon? — yoongi riu. era mais uma das festas que a gente acabava se esbarrando, mas logo mais isso ia dar uma parada porque entrava semana de provas e eu nunca soube ser um aluno confortável ou que confiava na própria sorte.
jimin tinha achado muito bom eu ter feito isso e segundo ele nunca tinha visto yoongi com uma careta tão incomodada depois de eu e nam irmos embora juntos. coisa da cabeça maluca dele.
incomodado com o que exatamente? de me ver seguindo em frente? ele foi pra esse caminho bem antes e me parecia razoável sair da fossa.
— oi?
— vai mesmo tentar mentir pra mim? — ele estava do outro lado da parede do corredor estreito e as nossas pernas se encostavam.
eu apenas sorri e bebi mais um pouco.
— toma cuidado com ele. — ah, eu mereço muito.
— toma conta da sua vida, yoongi. que tal?
ele fechou a cara e olhou as horas no relógio de pulso. filho da puta, fode e anda de mãos dadas pra lá e pra cá com outra pessoa, mas quando é a minha vez fica chato, piegas.
— não me entenda errado, eu só sei o tipo de namjoon.
— qual o tipo dele? — o desafiei, saindo da minha pose relaxada e o encarando com fagulhas escapando dos olhos. já tava pra lá de bêbado e nada mais gostoso que uma discussão alcoolizada pra jogar uns demônios pra fora do corpo.
— o tipo que vai te ter todo pra te deixar por alguém.
— ah, ele é um yoongi parte dois? achei que eu já tinha tido o suficiente disso. — eu ri com a maior ironia possível e o susto que estampou a cara dele foi impagável. levantei e antes de ir, voltei a falar. — você tem razão, já chega de deixar cuzão entrar na minha vida e nas minhas calças.
— isso ta longe de ser justo, jungkook.
— é? — virei pra ele no fim do corredor e ri. — que se foda.
o deixei pra trás com material suficiente pra ele sei lá tomar no cu dele pensando no merda que ele vinha sendo dando sinais contraditórios, falando besteiras pelos cotovelos e me olhando como se eu ainda fosse seu.
nabi me segurou quando eu estava na porta, talvez ela tenha percebido a minha cara transtornada. agora não era uma boa hora.
— jungkook? o que foi?
— só tô cansado. — consegui dar um sorriso. — tá tudo bem, bobinha. — dei um beijo na bochecha dela e aproveitei pra ir embora quando um grupo de garotas levaram ela embora pra dentro.
liguei pra namjoon e em menos de meia hora a gente tava fodendo na maca do estúdio dele e pra melhorar tudo eu estava com raiva. e a raiva me deixava com mais tesão que eu podia aguentar então eu levava pra ele resolver. e ele resolveu e me deixou na porta de casa depois.
eu sei que na lista de "todos os motivos pra ser eu" caberia muito bem um ninguém nunca vai te foder tão bem mas só porque yoongi vivia falando isso. e ele tinha essa carta na manga também talvez porque eu misturava todo meu desejo com amor e a parada ficasse ainda mais perigosa e extremamente deliciosa.
— não fode. — vim dormir na casa de jimin porque tava exausto das provas.
— tarde demais pra me falar isso.
ficamos ali curtindo um filminho com pizza esquentada do dia anterior até que uma turma apareceu na porta e eu estava começando a ficar puto que jimin marcava festa pra umas datas tão não elaboradas.
o plano era ficar trancado no quarto, mas acabei sendo levado pela emoção e quando fui ver estávamos numa balada, a noite mais confusa com certeza porque namjoon também estava lá. e yoongi não parava de me encarar enquanto dançava com a nabi e o pior mesmo era a vontade incontrolável de retribuir.
até que começou a ficar feio ele beijando a nabi e me olhando, quase agarrando ela e me provocando pra entrar nessa dança bizarra. eu dei uma desculpa pra namjoon e entrei no primeiro táxi que vi com o coração querendo sair pela boca e ir correndo mamar o yoongi.
só quando eu cheguei que percebi que não estava em casa de novo, mas me deitei na cama de jimin e fiquei paralisado lá, assistindo série na tevezinha. meus pensamentos rodando yoongi como moscas na luz, sendo queimados quando chegavam muito perto. jimin me convenceu a tomar banho e ficamos deitados quase espremidos na cama de solteiro enquanto o cachorrinho dele se aconchegava na gente também.
eu consegui cochilar uma horinha com o carinho que jimin sabia fazer, mas acordei com uma ligação. yoongi.
não me orgulho dos meus próximos passos, não parecia justo deixar meu melhor amigo tão lindinho sonambulo e confuso pra trás para encontrar meu ex. mas lá estava eu pegando o casaco e a touquinha de jimin para encontrá-lo.
03:04
estava tão frio que achei que fosse nevar até que vi um floquinho de neve vindo, mas com certeza o que ele fez não foi frieza alguma. não comigo. não falamos nada, mas dentro de mim as coisas estavam explodindo descontroladas e sem intervalos. parecia 4 de julho e a guerra ao mesmo tempo.
eu não liguei pro bafo de cerveja preta, não liguei pros chupões descendo o pescoço dele assim como ele ignorou os machucadinhos nos meus peitos, quando eu vi já estavamos abafando as janelas do carro dele de novo. e como eu sentia falta do cheiro de tutti frutti enquanto ele me chupava. yoongi parecia simplesmente intocável e feroz, as minhas mãos estavam acostumadas a se encaixarem perfeitamente no pescoço dele e a minha boca parecia moldada para beijá-lo por anos...
e era injusto. injusto o sexo com namjoon não ser tão intenso como uma rapidinha com yoongi, num carro apertado e nublado. fizemos duas vezes como se fosse um sonho prestes a ser interrompido, como se não fosse verdade. como se não houvesse um amanhã em que ele teria traído a nabi e eu cooperado com isso como se eu fosse um nada além da minha paixão por yoongi.
— o que a gente fez, yoongi?
ele sorriu do jeito cafajeste que me deixava de quatro facinho. suspirou e fez um carinho no meu rosto como se eu fosse seu anjinho. — não quero pensar nisso agora. — claro que não.
ficamos ouvindo música e fumando, rindo de aparentemente nada. e apesar do sexo ser tão vulgar e quente, nada era melhor do que aquele pele na pele, os beijos cheios de preguiça pós orgasmo.
era injusto ter que ir embora sem olhar pra trás com a fatídica e cruel verdade de que nunca mais aconteceria. e nenhum moralismo me faria desistir dos olhinhos cansados dele, nem se sócrates viesse em carne e osso me dar um tapa na cara, eu ainda voltaria de fininho pros braços de yoongi que infelizmente pareciam a única casa de verdade.
eu engoli em seco e vi o carro ir embora como se fosse uma daquelas alucinações de natal dos filmes clichês, e agora que eu já tinha feito merda no presente por causa do passado me bastava apenas o futuro que fedia desde já.
entrei nas cobertas de jimin de novo depois de uma ducha e vi ele, todo ali com uma camiseta minha do paramore que estava tão surrada que nem dava pra entender a estampa direito. invejei jimin até cair no sono, porque ele era tudo o que eu queria ser no momento: romanticamente despreocupado e lindo até babando no travesseiro.
dei uma risadinha antes de finalmente me desligar das complicações.
mas não teve jeito. o outro dia chegou e foi uma pancada forte pelas próximas semanas na qual eu tinha que engolir tudo com um pouco de água, principalmente o fato de yoongi não ter contado nada pra nabi e agir como se nada tivesse acontecido. isso me pôs a pensar e olha onde meus pensamentos têm me colocado ultimamente: zonas perigosas.
— você acredita? — estava chovendo mas graças a jimin eu não estava indo pra casa ensopado. ele sempre andava com aquele guarda chuva meio quebrado mas que dava conta do recado.
jimin olhou pro outro lado, encostado no posto do ponto de ônibus e quando consegui olhar seu rosto de novo estava com um novo sorriso sem graça. — na verdade não... achei que você tava progredindo. — ele apontou pro meu cabelo que tava num rosa desbotadão. — engano meu.
eu concordei e disse: — verde então.
— ew. não precisa disso tudo!
— por que você tá tão rabugento hein?! — eu cutuquei ele na cintura só pra irritá-lo mais um tiquinho. - quem tá te deixando assim?
— ninguém, seu idiota. existe vida além do romance sabia? eu vou pra faculdade de pedagogia e tô estagiando segunda e terça na escola perto de casa.
— e você nem me contou!?
— faz só uma semana... — ele comentou ainda meio chatinho das ideias.
— e? era pra ter me contado no dia! na hora! eu ia lá cantar "meu lanchinho" no recreio com você.
ele revirou os olhos e riu.
— é sério, pode parar de esconder as coisas de mim.
— eu não to esconden- — eu o interrompi pondo o dedo na boca dele e pela primeira vez fiquei feliz dele ter me mordido. — chato do caralho.
— professor jimin! quem te ensinou esse palavreado?
fomos embora com mais porções de provocaçõezinhas minha, uma tinta verde relutantemente aceita por jimin só porque brilhava no escuro. no fim eu o convenci a descolorir uma mechinha também e estava decidido como iríamos pra festa de halloween.
depois de termos tirados algumas fotos zoadas na webcam eu fiquei fuçando nas pastas enquando jimin já estava dormindo no colchão de baixo da beliche. e fucei e fucei até sentir aquela vontade grotesca de vomitar.
yoongi ainda era uma penca de problema e eu ainda estava insistentemente apaixonado, talvez ainda mais depois do gelo que eu levei. vai entender. era uma saudade que queimava, principalmente quando eu me tocava que ele estava lá vivendo meus sonhos com ela, com nabi.
e eu estava ali, roendo o osso até ele quebrar pra eu começar a roer os cacos do que sobrou. foi ai que eu ouvi o barulho do carro dele desligando e por um minuto eu quis fingir que estava dormindo.
mas fui entregue pelas luzes que eu mesmo acendi saindo da casa pra estrear meu cabelo neon no escuro das sombras do carro dele.
— até quando, jungkook? — tomei um puta susto quando voltei e jimin disse enquanto estava encolhido na coberta no sofá da sala assistindo pink winky dink doo simplesmente nosso desenho preferido da vida.
pelo contrário do que pensei que ele faria, ele abriu os braços e me encaixou de onde eu nunca devia sair dali em diante. fizemos um piquenique de madrugada com bolinho de baunilha e leite de morango. e dormimos assim que deu na telha, jimin deixando o cheirinho de perfume de bebê todinho na minha manta e eu totalmente frágil pra sair de um negócio que eu não tinha realmente vontade de sair.
jimin já tinha perguntado algumas vezes se eu não me achava um pouco melhor que aquilo e eu, àquele ponto, nem sabia mais. provavelmente não já que as próximas sextas viraram rotina entrar naquela catranca e viver o melhor dos dois mundos com yoongi. o yoongi que era meu, não o que fazia aparências com a nabi. o yoongi que nunca faria isso comigo. era esse yoongi que eu deixava me foder.
e bem, nada contra ser fodido, mas a gente sabe que o fogo segue o rastro de gasolina e come tudo até não sobrar testemunhas além das cinzas. e eu gentilmente estava aguardando aquele momento vir de forma natural já que, apesar da granada estar nas minhas mãos, eu não tinha o que era necessário pra incendiar o pavio e ver o navio afundar.
muita metáfora pra quem não é estudante de filosofia, isso é o que o yoongi diria.
todos os motivos pra ser eu
1 não oficialmente minha bunda é maior
2 a gente fica sexy fumando junto
3 escrevo músicas que no fim são sempre pra ele
4 fico lindo mesmo depois de horas fodendo.
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