Prólogo
Inspirado em:
War of Hormone;
BTS
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Addie
"Seu jeito arrogante
e presunçoso de ser era
inconvencionalmente
atraente, e eu me odiei
profundamente por
conseguir notar isso."
●○●
Hill White, Geórgia
No quarto de casa
Final das férias escolares
Aos 19 anos de idade
- Delta t é igual a... - pausou, tentando lembrar, apoiando a cabeça sobre a mão - Puta que pariu! - gruniu irritada, dando em resposta um soco nos livros a frente, revirando os papéis sobre a mesa a procura da devida resposta - 7? - questionou incrédula, encarando o post it roxeado
Com seus livros e cadernos espalhados pela escrivaninha, ela jogava mais um dos livros de química sobre a mesa, pegando novamente seus fones de ouvido, emergindo-se em uma playlist motivadora enquanto revisava uma de suas anotações, dando início a uma das suas músicas favoritas. What Was I Made For?, da Billie Eilish. Ao longo da tarde, Addie havia planejado em intercalar seus estudos entre vídeo-aulas, leituras e resolução de exercícios, fora o estudo focado nos vestibulares, tentando ao menos manter um equilíbrio, o que provavelmente falharia por conta do "grande" pavio que a mesma tinha, pois o mesmo já estava curtíssimo.
Bufou em uma resposta impaciente, adentrando as mãos sobre os cachos levemente presos, amassando-os e fechando os olhos com força. Retirou os óculos, os pondo com cuidado sobre a mesa, procurando o livro de química debaixo daquela biblioteca que se encontrava o local. Se pôs de pé ao não encontrar a tal resma de papel encapada, suspirando fundo novamente ao não achar o devido material, pegando impulso e rodando com a cadeira até a cama, onde se encontravam mais livros, de diversas matérias, estilos e gêneros textuais, levando em conta toda sua estante de livros estar vazia, a fazendo encarar os mesmo espalhados por todo o quarto, a fazendo pender a cabeça, fechar os olhos e suspirar.
Após alguns minutos encarando o teto, sentiu a necessidade de se levantar, e ao ficar sobre seus pés, percebeu seu rosto se franzir e se formar em uma careta em desacordo, sentindo a temperatura gélida do chão ultrapassar suas meias pretas. Ao mirar seu olhar para a cama, começou a saga de procurar o tal livro, revirando a mesma e quase se descabelando ao vê-lo jogado no chão, ao canto do quarto, pois parecia ter caído na cama após aquela movimentação toda, e ao encarar o próprio colchão, sentiu o sangue ferver pela bagunça que se havia sido causada por conta do livro.
- Capítulo... - e lançou cerca de três buchochos até encontrar a página - 13! - sorriu feliz ao achar, voltando para o lugar de antes, puxando consigo a cadeira giratória
Largou o livro sobre a mesa, caçando um de seus marca-textos extremamente chamativos, a fim de voltar a estudar e revisar sobre a matéria, contanto, pôde ouvir e sentir uma vibração vindo de um dos cantos da mesa, percebendo ser seu telefone. Exitou em atender, pondo novamente os óculos, ao ponto da ligação cair ao menos 7 vezes, ao ver quem era, ainda mais pela demora em atender, que tinha à plena certeza que ouviria uma grande, chata e lenta reclamação pela demora ao responder.
Seus olhos percorreram o cômodo por completo, a fim de arranjar a desculpa mais viável para, simplesmente, não atender o telefone, dando um pulo ao ver seu notebook acender em uma chamada, e seu celular novamente brilhar e ecoar um alto barulho, sendo por fim, seu toque. Revirou os olhos ao ver quem seria, tentando criar ou mentalizar algo, e vendo que não haveria uma escapatória, se rendeu em atender, sem nem um pingo de paciência, suspirando impacientemente, se levantado da cadeira, ficando em pé, fechando as abas do computador e o colocando em stand by.
- Alô? - atendeu, esperando uma resposta, levantando e seguindo até a janela do quarto, espreitando a rua por trás das cortinas
- Addie? - e houve um silêncio do outro lado da linha - É você mesmo? - uma voz soou do outro lado da linha, grossa o suficiente para assustá-la e quase derrubar o aparelho sobre o chão
- Não, a sua avó! - retrucou irritada, revirando os olhos, apoiando o peso do corpo em uma perna só - Claro que sou eu Jungkook! Quem mais seria? - perguntou de forma retórica, encarando as unhas, roendo uma pelinha de canto
- Sei lá, não sei o quê você está fazendo! - rebateu o moreno, com um certo sarcasmo na voz
- O quê você quer? - indagou a garota, querendo já finalizar a ligação - Estou ocupada estudando e você está me atrapalhando - finalizou ainda mais impaciente, ouvindo um murmúrio do mesmo
- Nada, só queria saber se você 'tá a fim de jogar - falou simplista, um pouco mais distante do aparelho
- Sério? Você preferiu jogar sem mim?
- Ah... eu não achei que se importaria - disse inocente - Só queria testar o jogo - esclareceu, aparentemente arrependido
- Testar? - indagou incrédula - Enquanto eu estava esperando há dias para jogarmos juntos? - lançou de vez, sentindo uma raiva subir por sua garganta
- Desculpa, não pensei que fosse tão importante pra você - se desculpou, com a voz mais branda
- Claro que é! - gritou - Nossas sessões de videogame eram uma coisa só nossa! - deu um tapa em sua coxa em reprovação, demostrando que aquilo era uma coisa pessoal
- Desculpa mesmo, não queria te deixar irritada - pediu novamente, fungando
- Já é tarde demais para desculpas e fixar chorando arrependido - falou friamente, um pouco triste - Fica aí, jogando sozinho, já que aparentemente prefere isso - ditou sem sentimento, dando de ombros
- Espera, a gente pode jogar depois... juntos... - pediu, a voz sumindo
- Talvez eu nem tenha mais vontade, mas você simplesmente não entende, né? - questionou retoricamente - Cadê os meninos? - interrogou, desviando do assunto anterior, ouvindo outra suspirada de Jungkook
- Não sei, eles não estão me respondendo mais... - pausou - Nem mesmo a Harper está me respondendo! - disse indignado, como se aquilo fosse o maior absurdo do século, engolindo o choro
- Que merda você fez dessa vez? - sentou, esperando a lorota que viria, impaciente
- Nada, eu só... - parou, criando coragem - Liguei 'pra eles de madrugada - lançou rapidamente, e foi possível perceber a vergonha que sentia por seu tom
- Jungkook... se divirta jogando sozinho a partir de hoje e... - fechou os olhos, se controlando - Vai estudar que as provas são na próxima segunda! - falou aquelas palavras igual a uma mãe, e sentiu um calafrio ao perceber, desligando na cara do garoto e voltando a se sentar na cadeira - Água, preciso de água! - falou assim que sentou, seguindo em direção a porta
Assim que estava a deixar o quarto, ouviu algo alto o suficiente para chamar a sua atenção e voltar para dentro do quarto, dando cerca de dois passos para trás, antes de dar uma meia bolta por completo. Pegou e checou novamente seu telefone, a fim de conferir se era o mesmo que estava tocando algo, e estranhou quando o viu desligado, mesmo estando no modo vibracal. Rodou seus olhos pelo cômodo, não vendo nada mais ligado, a não ser o notebook em cima da mesa, por mais que estivesse no stand by, a deixando ainda mais confusa.
A mesma continuou a vagar pelo quarto, até parar em sua janela semiaberta, e sentir a leve e gélidabrisa soprar em sua pele, levando consigo as cortinas e seus fios de cachos soltos, percebendo que, o barulho que escutara vinha do lado de fora, e seria da casa a frente a sua. Addie estranhou pelo fato da casa ser administrada por um casal que raramente aparecia naquela vizinhança, porque de acordo com as notícias recorrentes daquele bairro, os mesmo somente viajavam a trabalho, e nunca, ao menos, paravam em casa.
A garota empurrou as leves cortinas, abrindo as vidraças, pondo a cabeça para fora da janela, se debruçando e, segurando-se com os dois braços na mesma, virando a cabeça de um lado para o outro à procura do devido barulho, o localizado a casa a frente da sua. A casa dos vizinhos da frente que ecoava altamente certas músicas, a fazendo estranhar pelo fato que aquele imóvel estava a tempos vazio, sem nenhum sinal de vida, e também pelo estilo musical que ecoava, não condizendo com o padrão dos mesmos.
Poderia se dizer que um sinal de interrogação havia se formado na testa da morena, juntamente do franzimento de suas sobrancelhas, que ao verem um rapaz sair de dentro do imóvel e seguir em direção a diversas caixas espalhadas pelo gramado, que pelo visto, haviam sido depostas de um caminhão a frente da casa, pelo qual a mesma não havia percebido, não flexionando o rosto como antes, agora sim compreendendo a situação, porém ainda sim supresa com a cena.
Os olhos curiosos da garota percorriam o belo e, aparente, jovem moço em movimentos repetitivos, sendo em recolher as caixas do gramado e entrar em casa, saindo logo em seguida e assim, sucessivamente, sem nem ao menos percebendo os olhos daquele garoto a encarem fixa e descaradamente. Em uma questão de segundos, a mesma sentiu um olhar sobre si, e ao se ligar, viu seu mais novo vizinho a olhando intensa e profundamente, a deixando atordoada, tendo como única opção se agaichar e se afastar dos vidros da janela ainda com as mãos segundo a beira da janela.
Ao criar coragem e se levantar para averiguar o ambiente, e deu, mais uma vez, de cara com o olhar do ruivo, que continuava ali, parado, como se esperasse a morena se levantar, sorrindo ao ver o desespero da morena, entrando novamente na casa com uma outra caixa maior em mãos, negando com a cabeça. Após alguns segundos, Addie tomou coragem e se rastejou até o outro lado do quarto, de forma lenta, e pôs se dê pé, praticamente na porta de saída do quarto, encarando a rua e a casa na ponta dos pés, observando ninguém mais ali, nem mesmo o garoto e o caminhão que estava a dar partida daquela rua.
Um suspiro aliviado esvaiu de seus lábios, que estavam levemente rosados pela tensão que sentira, ao não ver mais nenhuma pessoa, virou-se em meia volta, dando de ombros, ouvindo o estalar de seus joelhos e os encarando incrédula pelo som ecoado que fizeram. Sua mente ainda estava em choque com o que havia acontecido, ainda mais com o olhar penetrante que o seu "novo vizinho" teria lançado, relembrando sua feição e o interligando com a família que antes morava ali, não crendo que a fofoca talvez havia sido mal contada, ou pior, omitida.
- Mas... não é possível... - disse sozinha, interligando paranóias e teorias sobre o mesmo, pegando a garrafa que estava sob a mesa, a abrindo - Será que eles tinham um filho? - e levantou outro questionamento, agora completo, abrindo a porta do quarto e descendo os degrais em pulos, adentrando rapidamente a cozinha
A mesma se esgueirou pelos cantos da cozinha, disfarçando sua curiosidade com a desculpa de buscar um copo d'água. O pôr do sol que se fazia presente iluminava e revelava a silhueta de um rapaz formoso da casa ao lado, e seu olhar ansioso se fixou na janela do novo vizinho. Entre as cortinas entreabertas, ela tentava desvendar quem habitava aquele espaço, sentindo seu coração aceler, temendo ser percebida ou vista pelo novo garoto, mas a necessidade de conhecer o rosto por trás daquele vidro era irresistível, e estava a dominando por completo.
Cada sombra projetada pela luz do sol, alimentava a sua imaginação, a fazendo ansiar por qualquer movimento diferente do lado de fora. Seu olhar aguçado observava cada canto daquela vidraça em sua frente, revirando os olhos por não ver mais nada. Em um rápido flash, teve a ideia de se debruçar na pia, sem nem mesmo pensar duas vezes, deixando a garrafa d'água ao lado e, tocando o mármore gélido com as mãos, firmando-as, colando suas palmas e dedos na cuba prata, se estabilizando e ficando na ponta dos pés, como uma delicada bailarina.
Aos poucos a garota ia se aproximando ainda mais da janela, ao ponto de estar na ponta dos pés, e assim que já estava no extremo, no mesmo instante, a porta de entrada da casa a frente se abriu, e conforme os segundos se passavam, ela se debruçava cada vez mais para conseguir examinar o rosto do novo menino que chamara sua atenção. Quando estava prestes a enxergá-lo, sentiu uma de suas mãos, em um leve deslize, se escorregaram pela grande pressão de seu peso e a consequência da pia estar molhada, a fazendo se desequilibrar e cair no chão, sem nem ao menos vê-lo.
Um suspiro exasperado saiu entre cortado dos lábios da morena, jogada no chão, irritada pelo fato de não tê-lo visto justamente naquele momento. A mesma rolou pelo chão até ficar de bruços e criar coragem e impulso o suficiente para levantar, reclamando e murmurnado com ela mesma. Após se pôr de pé, pegou a garrafa sobre a pia com toda raiva que minava e crescia dentro dela, despejando sobre a pia o que estava dentro do objeto, ou melhor, a água, logo, seguindo em direção a geladeira, caçando uma das garrafas geladas d'água, principalmente uma que estivesse cheia.
- Será que... - calou-se ao sentir a água congelante entrar em contato com sua mão, a sacudindo no ar de forma desesperada, sentindo seus ossos congelarem com a pele - Merda! - xingou sozinha, sendo que mais alto agora, fechando a garrafa e voltando para frente do grande aparelho metálico
Em passos ágeis, a menina deu meia-volta, guardando-a, ainda irritada consigo mesma. Assim que fechou a porta pesada, seguiu novamente para a área da janela em frente a pia, abaixando o olhar rapidamente, fitando os próprios pés molhados pelas gotículas que caiam da garrafa que segurava, mas se levantou ao mesmo tempo ao perceber um vulto na janela da cozinha, chegando na mais próxima até a mesma novamente, olhando para os dois lados, um pouco preocupada e receosa, de forma rápida e ligeira.
Após alguns minutos encarando a mesma, deu de ombros ao não ver nada, seguindo para as escadas que levavam até seu quarto, a fim de se sentar novamente na devida cadeira barulhenta e assistir a aulas, cada vez mais chatas, enjoativas e cansativas de física para próxima semana, contanto, não deixando de se questionar mentalmente sobre o tal garoto que acabara de roubar sua atenção e a impressionar, por mais que não tenha visto seu rosto nitidamente.
Addie voltou para seu local de estudo, se jogando novamente em sua cadeira giratória, abrindo cerca de três livros ao mesmo tempo e iniciando mais uma vídeo-aula chata e lenta, pondo os occulos pretos e quadrados sobre o rosto. Em um silente clima, a garota percebeu que, aos poucos, o som da música ecoava cada vez mais alto, e fazia as vidraças da casa e o chão tremerem, fazendo com que a concentração da garota fosse por água abaixo. Literalmente.
- Caralho! - exclamou novamente ao sentir um líquido gélido sobre sua barriga e pernas - Hoje não é o meu dia, não é possível! - murmurou ao ver a poça d'água acumulada no tapete e filetes escorrendo por suas pernas desnudas
A garota se levantou rapidamente, sentindo a água escorrer até o fim de suas pernas, chegando ao pés, se irritando ainda mais. Encarou o tapete com raiva e desânimo, o retirando do local e descendo com o mesmo, o pondo na lavanderia, murmurando e o xingando até a quinta geração do tapete aveludado, mas depois se arrependo por amá-lo demais, e rir dos próprios fúteis pensamentos.
Assim que voltou para o seu quarto, seguiu em direção ao banheiro, pegando somente a toalha e o telefone, pondo uma de suas músicas favoritas, ao máximo. Into it, do Chase Atlantic, e antes mesmo de adentrar ao box, ainda no quarto, começou a cantar e dançar como uma louca, como sempre fazia. Logo que a melodia começara a ecoar, Addie havia emergido em seu próprio universo, em seu próprio mundo. As notas vibrantes preenchiam o espaço, transformando-o em um palco improvisado.
O quê a mesma não havia percebido era que, em meio ao seu mero ataque de alegria, o ruivo estava em seu quarto, o qual seria bem a frente ao seu, e parou, se apoiando na janela para observá-la, rindo ao vê-la dançando daquela forma, apoiando o queixo sobre uma das mãos cerradas. O mesmo a acompanhava com os olhos fixamente, e ria pelo jeito estranho e descontraído que a garota não somente dançava, mas também exalava e transmitia, que continuava a viver e reproduzir tudo que sentia naquela música com todas as suas forças.
Em um leve giro de sua dançinha, seu olhar parou e se estabilizou nas orbes castanho-escuras daquele garoto que a observara o tempo todo, e sentiu seu rosto queimar como nunca, mas estranhamente não explorou seu rosto por completo. Um sorriso espontâneo, agora, tinha se curvado nos lábios do ruivo ao perceber a reação da vizinha, tanto que naquele ponto, já até havia se debruçado, pondo os braços para fora da janela e largado seu peso sobre a mesma, passando levemente a mão sobre os fios desegranhados pelo leve vento que soprava e a língua sobre os beiços, que teimavam em ressecar por conta do clima.
Addie não conseguia mais se mover, ficando estática e desacreditada por vê-lo e perceber que o garoto a observava o tempo todo. Sua boca estava em formato de "O" e seus olhos levemente arregalados, e os cabelos cacheados soltos e bagunçados, se perguntando como havia esquecido de fechar aquela outra janela, e a quanto tempo ele estaria a vigiando, a deixando ainda mais nervosa e aflita, sentindo um rebuliço se fazer presente em sua barriga.
Em questão de segundos e piscadas rápidas, o mesmo havia sumido, a deixando atordoada e confusa, mas ao mesmo tempo, aliviada, soltando o ar com mais leveza, pondo uma das mãos sobre o peito, fechando os olhos, se esticando ao pegar sua toalha e seguir para o banho, mas ainda sim, com o pensamento nele e no motivo pelo qual ele estátua a observando e uma chateação por não ter conseguiso ver nitidamente a face do menino, por causa da falta do óculos, se xingando mentalmente.
●○●
- Enfim, limpa! - exclamou sozinha, sorrindo ao se encarar no espelho prendendo seus cabelos em um coque desajeitado - Nossa... que fome! - disse após ouvir o ronco alto e estrondoso que vinha de sua barriga, pondo a mão sobre a mesma e fazendo uma careta em uma suposta dor em resposta
Seu estresse havia se esvaído, juntamente da sujeira que estaria acumulada em seu corpo, tendo agora, um cheiro suave e doce, ou melhor, de um bebê, porque, afinal, era sábado, e querendo ou não, era dia de banho, ou seja, era de lei, porém, fez presenca novamente ao seu estômago roncar mais alto. A mesma desceu novamente aquelas longas escadas, roubando uma maçã da fruteira repleta de frutas na cozinha, subindo rapidamente, jogando-se, agora, sobre a cama, se encolhendo como um feto pela temperatura dos lençóis, sentindo seu corpo relaxar completamente.
Mordiscou a maçã até certo ponto, deixando o resto da mesma sobre o criado mudo, e naquele momento, estava a se deleitar do devido colchão, sentindo uma onda de sono a atingir. Inconscientemente seus olhos foram fechando, até tudo comecar a ficar escuro, contanto, a mesma tomara um susto, ao ponto de cair da cama, por causa do som que teria aumentado em um piscar de olhos. O som naquele momento parecia estar mais alto que mais cedo, e a irritação que Addie sentira mais cedo também aumentou.
- Ok, sério, aquele novo vizinho é bonito, não posso negar - falou sozinha - Mas por que ele tem que ser tão irritante? - se perguntou, mordiscando a extremidade do lápis em sua mão
A garota largou o lápis sobre a mesa, passando uma das mãos sobre a nuca e fechando os olhos bruscamente, tentando manter a calma. Olhou para ambos os lados, percebendo seu celular aceso, demonstrando que já havia carregado, a fazendo se esticar um pouco, desconectando o mesmo e desbloqueando-o. Com um pouco de dificuldade, encarou a tela do aparelho, visualizando algumas mensagens e ignorando-as, levando um susto ao ouvir uma rajada de vibrações das músicas ecoadas pelo vizinho, a dando nos nervos, fazendo-a jogar o celular sobre a cama e bufar.
- Tipo, beleza não é desculpa para perturbar a paz alheia, né? - questionou consigo mesma, encarando as cortinas levitando pelo vento - Toda essa fachada de "bad boy" não é tão encantadora quando estou tentando ao menos ler! - exclamou aborrecida, fazendo aspas e uma careta
O som estridente da música vinda da casa do vizinho invadia seu refúgio ainda mais, a fazendo começar a sentir a cabeça latejar e nem ao menos conseguindo se concentrar no que estava a ler na tela do próprio celular com aquele barulho ensurdecedor. A raiva tomou conta da garota pela perturbação constante, a fazendo cerrar os punhos, decidida a confrontar o vizinho e reclamar sobre o barulho que minava sua paciência.
- Acho que vou ter que dar um jeito nisso! - se levantou, pondo uma das mãos sobre a cabeça - Talvez uma conversa educada sobre respeitar os outros? - desceu os dedos em encontro do queixo - Não sei, mas alguma coisa precisa mudar antes que eu perca totalmente a paciência com esse vizinho "irritantemente bonito" que eu nem vi o rosto direito - novamente fez aspas, dando um suspiro exasperado, tentando pacientemente, pela última vez, se concentrar no celular
Em seu primeiro dia de preparação para as provas iniciais do ano, Addie se via confrontada com o novo vizinho que transformou o condomínio em uma verdadeira festa sonora. Ela ponderada consigo mesma sobre abordá-lo diretamente, mas hesitou pela provável receptividade que o mesmo a daria. No mesmo momento surgiu a ideia de deixar um bilhete educado, mas a dúvida persistiu pela probabilidade disso não dar certo.
Sua paciência se esvaiu ao pensar demais sobre o que seria o correto a se fazer, e se aquela cena fosse de um desenho animado, poderíamos dizer que seu rosto havia ficado completamente vermelho e de suas orelhas e narinas saíam fumaças, e ela estaria levitando pela raiva iminente que seu corpo estaria a transmitir. Seus pensamentos estavam a mil, e um deles que a mesma quis seguir seria o qual a aconselhava a ir a cada do ruivo a sua frente, tentando, de forma gentil e educada, pedir para que o garoto diminuísse aquele som e os mesmos pudessem ter uma conversa franca e civilizada, ou ela partiria pra segunda opção, que seria tiro, porrada e bomba.
Em pisadas fortes e curtas, a garota havia chego a porta da sala ee sua casa, abrindo-a com brutalidade, portanto o ranger da porta não fora tão alto como o do estrondo quando a porta se chocou ao fechar. O som ecoava da casa a frente a sua, porém aparentava ser ali mesmo, em sua própria mente. O entardecer se fazia presente, e junto a ele uma brisa fria, o suficiente para deixá-la arrepiada dos pés ao topo da cabeça, contanto, a garota sentiu uma onda de coragem a dominar, e começou a caminhar em direção ao tal baladeiro da vizinhança, a fim de tirar uma devida satisfação pelo alto barulho que incomodava os moradores, ou melhor, ela mesma, tropeçando cerca de três vezes antes de apertar a campainha e dar três batidas na porta.
- Você poderia abaixar a p... - começou a menina, perdendo as palavras assim que viu o garoto, e o fôlego ao vê-lo sorrir
O mesmo seria um adolescente, de cabelos tingidamente pintados de vermelho sangue, sardas totalmente encantadoras, olhos naturais de um asiático e um sorriso totalmente encantador, além do seu jeito despojado o suficiente para deixá-la sem jeito ao estar em sua frente, sem contar em suas roupas, completamente chamativas, em princípio a calça, que marcava e definia ainda mais as suas coxas, que aparentavam ser grossas. Seu sorriso fora outra coisa que a chamara a atenção. Tentador. Provocador. Sensual.
- Pois não... - disse ao vê-la, parando e pensando em algum adjetivo para chamar a mesma - Gatinha - falou de forma sensual, continuando a sorrir, encarando-a dos pés a cabeça, com um copo de bebida - Aliás, meus olhos estão aqui em cima - disse rindo, apontando para os próprios olhos, levantando as sobrancelhas e abaixando um pouco a cabeça para a direção dela
- O quê... - praticamente sussurrou, semicerrando os olhos não acreditando no que ouvira e vira
- Acho que pantufas não foram feitas 'pra andar na rua... - falou olhando para os pés da garota - E nem mesmo pijamas, não é mesmo? - disse de forma retórica, apontando com o dedo de cima a baixo para o corpo da menina, que deu um gritinho ao perceber a roupa que estava usando, ainda mais por ser na frente daquele indivíduo que nem a conhecia, fazendo um risinho escapar dos lábios do ruivo, o que a fez lançar o dedo do meio - Garota...
- Senhor... Miss Simpátia - o cortou com certa sarcasmo na voz, sorrindo sem amostrar os dentes, o que o garoto percebeu, fechando completamente a cara, mudando de expressão - Poderia abaixar esse som? - perguntou retoricamente, o vendo suspirar e revirar os olhos
- Ah, relaxa, é só música - deu de ombros - Não precisa ficar tão séria - disse virando o copo de bebida, logo, se escorando no batente da porta
- Séria? Estou tentando estudar, e sua "música" está tornando isso impossível - ironizou, fazendo aspas com os dedos
- Não tô nem aí pra isso, mete o pé!- deu de ombros, prestes a fechar a porta na cara da mesma
- Pelo amor de Deus! Não dá pra você baixar um pouco? - pediu, se aproximando do mesmo - Preciso me concentrar, estou estudando, ou ao menos tentando! - esbravejou, dando um tapa em sua coxa em resposta - Você não pode ser mais consciente? - interrogou ao ruivo, pondo as mãos sobre a cintura
- Conscientizar? Tá de brincadeira, né? - riu soprado, como se aquilo fosse o maior absurdo a ser ouvido - Se quiser silêncio, compra um fone de ouvido - debochou, e Addie pôde sentir seus nervos à flor da pele
- Você não acha que deveria respeitar os outros ao seu redor? - gesticulou, apontando para as casas ao redor - Não é só o seu mundo aqui!
- Respeitar? - fingiu estranhar essa palavra - Quem liga? - ergueu uma das sobrancelhas, franzindo o cenho - Não vou mudar por causa de uma chata que quer "estudar" - ironizou, fazendo aspas e rindo
- É claro! - exclamou, gesticulando- Ignorância é mesmo uma escolha - falou firme, o encarando no de cima a baixo pelos olhos - Espero que um dia você entenda a importância de respeitar os outros! - disse entre os dentes, se curvando um pouco para frente
- Ah, qual é? Só estou me divertindo - gesticulou, desacreditado - Não é um pro-ble-ma - falou a última palavra a separando por sílabas
- É um "problema" quando afeta a minha paz - fez aspas, sorrindo sarcasticamente - Você está passando dos limites - ditou séria, cerrando os punhos ainda de braços cruzados
- Relaxa, garota - iniciou, de um jeito malandro - A vida é curta demais para se preocupar com essas coisas - revirou os olhos, fazendo pouco caso
- Olha, não estou aqui para discutir filosofia de vida - falou cruzando os braços, apoiando o peso sobre uma das pernas - Baixe o som ou terei que tomar medidas mais drásticas - ameaçou, e viu o ruivo novamente suspirar
- Ok, ok, vou abaixar - se rendeu - Não precisa ficar tão chateada... chata - sussurrou o final, a possuindo pelo ódio
- Seu... Imbecil! - o xingou, cerrando os punhos e batendo um dos pés sobre o chão, em pura raiva
- Olha, a gatinha sabe falar, e até mesmo xingar! - debochou, como se estivesse surpreso, arregalando os olhos e abrindo a boca
- Garoto... - fechou os olhos, se segurando para não soltar o que estava a pensar, pondo as mãos sobre o rosto
- Garoto não - negou com o dedo - Me chame de... - iniciou, bebericando a bebida que estava em uma de suas mãos, que aparentava ser cerveja - Jimin, Park Jimin - e lançou uma piscadela sexy, ao ponto de deixá-la em choque por tanta beleza e sensualidade em um ser só
- Foda-se o seu nome! - esbravejou, totalmente impaciente - Eu só quero que você abaixei a porra desse som infernal! - explicou, ainda no mesmo tom, o que queria, deixando o ruivo um pouco assustado, dando um passo para trás - Não existe só você nessa vizinhança! - finalizou
- Eu acho que você não falaria comigo se soubesse quem eu sou! - exclamou alto o ruivo, de forma sarcástica, lançando um sorriso ladino
- Eu não tenho o mínimo interesse em saber quem é você! - rebateu, cruzando os braços, inclinando o corpo para frente - Por mim, eu quero que você se f...
- Shiu! - silenciou, pondo o dedo indicador sobre o próprio lábio, depois sobre da mesma, a encarando no fundo dos olhos
- Tire esse dedo imundo dos meus lábios! - gritou, arrancando sua mão, o deixando escapar um riso soprado - E não me mande calar a boca, seu pervertido! - cerrou os punhos, o olhando com sangue nos olhos
- Aliás, prefiro que seja com você, acho que seria... - se afastou um pouco, a fitando de cima a baixo - Divertido - e sorriu novamente, perverso, se aproximando mais ainda da mesma, pisando agora, no gramado verde-limão recém aparado
- Seria mais divertido o quê?! - perguntou, já totalmente possessa e enraivecida
- O quê você mesma disse que queria que eu fizesse... mas seria bem melhor com você... - e instantaneamente a garota lembrou do que havia falado, fazendo-a arregalar os olhos e abrir a boca extasiada, só podendo ouvir o mesmo lançar uma gargalhada alta, saindo do gramado, e adentrando em sua casa, a deixando ali sozinha, extasiada
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Eai meus pudins, como estão hein??
E EU (RE)LANÇEI MEUS AMORES!!
Depois de anos escrevendo, reescrevendo e retirando o "Prólogo" do ar, eu decidi (re)lançar esse capítulo, e eu ESPERO do FUNDO do MEU CORAÇÃO que vocês tenham GOSTADO!!
Como disse, e eu assumo, eu sei que demorei a postar, mas pra mim, a parte mais difícil de fazer, escrever e desenvolver uma fanfic é o prólogo, porque agora eu prometo a vocês que as atualizações, assim se possível, uma vez ao mês!!
Aliás, queria avisar que, pra quem já leu na primeira, não está nada diferente. Nadinha. A única coisa que houve foi a escrita que eu tentei minuciosamente detalhar e descrever cada coisa. Cada ação. Cada cena.
Novamente, me desculpem pela demora, mas obrigado por lerem até aqui, o apoio de vocês é muito importante pra mim, não se esqueçam de comentar e votar nos capítulos meus pudins!!
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Então... Kisses e até!!
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5094 palavras
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