Capítulo 7
Os dias em que a Beatriz e o Theo ficaram em minha casa, foram cheios de cor e alegria, e posso dizer que não paramos quietos um segundo sequer.
Montamos a árvore juntos, passeamos no parque, tomamos sorvete na Bacio di Latte, e quando a Bia precisou ir em seu trabalho, resolver algumas coisas antes da nossa viagem, eu e o pequeno ficamos montando quebra-cabeça e jogando vídeo-game.
E estar em contato com o menino, me fez perceber o quanto eu gostaria de ser pai. Contudo, aquilo ainda estava um bocado distante de acontecer, pois nem namorada eu tinha.
Quando chegou o dia de irmos para Itatiaia, no entanto, eu percebi que a Beatriz estava um bocado taciturna, e depois de colocar as nossas coisas no carro e deixar o Theo brincando em um canto da sala, aproximei-me dela e toquei sua face, com cuidado.
― Qual é o problema, Bia? ― eu perguntei discretamente, para que o menino não se alarmasse. ― Está preocupada com a reação da sua mãe ainda?
― Não exatamente… ― ela disse, um pouco enigmática. ― Eu só não quero que esses instantes acabem nunca, mas sei que vão…
― Não pense nisso agora, ok? ― eu pedi com cuidado. ― Viva um dia de cada vez, pois apesar de difícil, a vida ainda pode, sim, nos surpreender.
Eu então a abracei bem apertado, pois apesar de a Beatriz ser muito forte e madura, ela ainda tinha apenas vinte e dois anos, então era natural que ainda tivesse muitos receios também.
Ela sorriu para mim e se soltou dos meus braços, caminhando até o Theo, que continuava entretido com um brinquedo qualquer.
Olhei para a Beatriz, e percebi que a cada dia mais, eu queria cuidar dela e também do Theo, mas não tinha certeza, se estava sendo exagerado e fazendo algo de errado, que poderia sufocar ela. Então já não tinha mais ideia também de como deveria agir, e pela primeira vez em anos, eu me sentia muito confuso, com toda aquela situação.
― Prontos para a viagem? ― eu os chamei, enquanto tentava agir com naturalidade. ― A minha mãe nos espera para o almoço, então não podemos perder tempo.
Logo eu, a Beatriz e o Theo, já estávamos no elevador, e não tardou muito mais, até estarmos devidamente instalados no meu carro, enfrentando a perigosa BR-040.
Eu me concentrei então no trânsito, enquanto a Bia e o Theo apenas curtiam a paisagem montanhosa ao redor. E depois de mais ou menos duas horas e meia de viagem, chegamos enfim na casa da minha mãe, que ficava no distrito de Itatiaia.
Ao descermos do carro, fomos logo recebidos com muitos abraços, e Theo foi muito paparicado, tanto que sorria sem parar, ao se tornar o centro das atenções.
Depois de um delicioso almoço mineiro, o Theo foi brincar com a minha sobrinha, Manuela, e eu e a Beatriz nos sentamos na varanda da casa da minha mãe, que dava de frente para uma região de mata, que era muito bonita e tranquila.
Estávamos apenas apreciando a natureza e os seus ecos, quando a minha irmã mais nova se aproximou, se sentando perto de Bia e eu.
― E aí, quando vão assumir o romance para a nossa família? ― ela perguntou, com um sorriso malicioso em seus lábios.
Milena não tinha mesmo papas na língua, e nem muito menos discrição!
― De onde tirou isso, Mi? ― eu perguntei, soltando uma risada, a fim de descontrair. ― Eu e a Bia, continuamos sendo somente bons amigos…
― Por favor, Milena, não sugira algo assim para a sua mãe! ― Beatriz implorou, cheia de receio.
― Por quê? ― a minha irmã perguntou, não muito satisfeita com a nossa resposta. ― Até a mamãe acha que vocês combinam muito!
Milena riu e então, olhou para mim e para a Bia, que se desfalecia de tanta vergonha.
― E, aliás, eu adorei o meu novo sobrinho! ― ela disse, mostrando o quanto era indiscreta. ― Então não percam mais tempo, e fiquem logo juntos!
Em seguida, ela simplesmente se levantou e saiu, indo correr atrás de Manu e Theo, que arrancavam algumas plantas da horta de mamãe.
Eu não aguentei e acabei rindo, pois a minha irmã era muito maluquinha. Depois disso, voltei o meu olhar para a Beatriz, que estava mais vermelha do que um pimentão.
― Eu vou dar um jeito nisso, ok? ― eu falei, para que ela não se sentisse mal com aquelas especulações sem fundamento. ― Não ligue para a minha irmã, ouviu? Ela só quer me desencalhar, pois até ela, que só tem vinte e cinco anos, já se casou e teve filho, e eu, que tenho trinta e dois anos, continuo sozinho!
― Só não quero que a sua mãe pense mal de mim… ― ela disse, com bastante timidez.
― E por que ela pensaria isso? ― eu perguntei com divertimento. ― Acho que ela, como mãe, quer que o filho dela seja feliz!
Beatriz abriu um sorriso para mim, e então me deu um tapa fraco no braço, mas logo ficou séria, pois pareceu se lembrar de algo.
― Pena que a minha mãe não pensa assim também… ― ela disse, cheia de amargura pelo fato da mãe dela, não querer receber o Theo em sua casa.
― Calma, Bia! ― eu pedi, enquanto pegava as suas mãos nas minhas. ―. Nós vamos dar um jeito, de ela aceitar o Theo, ouviu? A minha mãe convidou ela para a ceia de Natal, então tudo vai dar certo…
Eu então me abaixei e beijei a sua testa, e naquele segundo o Theo veio correndo na nossa direção, todo sujo de terra, e com um sorriso enorme na face.
― TIO, TIA! ― ele gritou, muito eufórico. ― Será que eu posso dormir no quarto da Manu hoje? Nós vamos brincar de batalha espacial!
Eu e a Bia nos entreolhamos e sorrimos, pois o Theo estava mais do que feliz, ali em Vila Itatiaia.
― Pode, sim ― Beatriz disse, enquanto abraçava o pequeno, que estava bastante agitado. ― Mas somente depois de tomar banho, jantar e tomar os seus remédios.
― Tá bem, titia! ― Theo disse, enquanto pulava sem parar.
Naquele segundo, a minha irmã voltou a se aproximar de nós, com um sorriso serelepe em sua face.
― Bom que aí vocês podem aproveitar e treinar, para fazerem mais um sobrinho para mim… ― Milena disse, fazendo com que Beatriz quisesse logo desaparecer, de tão envergonhada que estava.
― Milena! ― eu a repreendi, pois ela era muito indiscreta e falou aquilo, na frente de Theo, que era muito curioso.
― Tia, como se faz um sobrinho? ― ele perguntou, inocentemente.
― Responde essa agora, Milena! ― eu falei, a desafiando com o olhar.
― É assim, Theo… ― a minha irmã começou a falar, mas eu a interrompi, pois tive medo de que elw falasse algo impróprio para o menino.
― Amorzinho, vai brincar com a Manu, vai! ― Beatriz disse, enquanto não sabia onde enfiar a face, de tanta vergonha que sentia.
Theo então se despediu da gente com um beijo, e logo saiu correndo. Eu então encarei Milena, que não se sentia nem um pouco incomodada, depois de sua sugestão indecente.
― Por favor, Milena, se controle! ― eu falei, me mostrando sério e bravo. ― A Bia não está acostumada com esse seu jeito escrachado de ser, não!
― Me desculpe, mas não retiro o que eu disse, não! ― Milena disse, enquanto nos encarava. ― Parem logo de perder tanto tempo!
Em seguida, ela saiu apressada, ao ser chamada por minha mãe, e ao ver que Beatriz estava muito sem graça, simplesmente a chamei para ir até o chalé, para que pudéssemos tomar banho e relaxar um pouco.
Contudo, ao entrarmos no conforto do lugar, percebi que ela ainda estava muito sem graça, tanto que evitava me olhar nos olhos.
― Será que vão ficar pensando que nós estamos…? ― ela perguntou, realmente preocupada com a sugestão de Milena.
Eu não aguentei e ri, pois de um modo muito bom, aquela situação também era muito divertida.
― Calma, Bia! ― eu pedi, enquanto segurava em seus ombros e lhe olhava nos olhos. ― Esquece a maluca da Milena, por favor! Ninguém leva a sério, nada do que ela fala.
― Tudo bem ― ela disse, mas no fundo, ainda pensava naquilo tudo.
Depois disso, nos separamos e enquanto a Beatriz foi tomar um banho, eu fiquei arrumando as coisas ali dentro do chalé, para que ficássemos confortáveis, até a virada do ano.
E enquanto eu esperava ela voltar, comecei a pensar de uma maneira louca e estranha, se aquela sugestão de Milena, era mesmo tão infundada assim.
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