Capítulo 2
Quando eu acordei, encontrei o Eduardo preparando o nosso desjejum, com ele já todo arrumado, para ir correr na Praça da Liberdade.
O Edu sempre ia lá aos sábados, para se excitar em um ambiente mais aberto, longe da claustrofobia das academias. E eu até queria ter o mesmo ânimo do meu amigo, mas andava meio sedentária, e a minha sorte era que eu era uma daquelas pessoas, que não engordavam nem com Biotônico Fontoura.
O Edu havia preparado tudo, de acordo com a dieta saudável dele, e eu ri, pois ele insistia em dizer que eu ficaria doente, se continuasse comendo só industrializados. Mas a verdade era que a minha rotina era uma loucura, então eu optava pela facilidade.
― Bom dia! Já vai ir colocar as canelas para bater ao ar livre, não é mesmo? ― eu perguntei, brincando com o meu amigo.
― Bom dia, Bê! E você deveria vir comigo ― ele disse, com bastante bom humor. ― Hoje você tem vinte e poucos anos, mas em breve, terá trinta e poucos, assim como eu, e aí tudo ficará muito mais difícil.
― Quanto drama! ― eu disse, soltando uma gargalhada. ― Hoje eu não posso, pois tenho voluntariado no orfanato, mas qualquer dia eu vou com você, tá bom?
― Toda semana você arruma uma desculpa diferente, hein, mocinha?! ― ele disse, mas também riu. ― Mas agora coma tudo o que eu te preparei, pois não se vive, à base de bolachas e fast food.
― Ainda bem que eu tenho esse idosinho, para cuidar de mim ― eu falei em tom teatral, depois beijei a sua bochecha e então me sentei à mesa, para comer.
― Você me respeita viu, Beatriz! ― ele disse, falhando ao tentar parecer sério, pois logo riu.
― Agora vamos comer, senão eu atraso você de ir paquerar as mulheres, lá na praça da Liberdade ― eu falei, enquanto comia a panqueca integral de banana, feita pelo Edu. ― Largou o Tinder, mas agora se perfumou todo, só para flertar com as musas fitness de BH.
― Vai te catar viu, Bia?! ― ele disse e quando se levantou da mesa, bagunçou os meus cabelos claros, só para me irritar.
Logo eu terminei de comer, e nós saímos juntos, do prédio do Edu. Ao passar pela portaria, o meu amigo avisou ao porteiro, que qualquer pessoa que não fosse eu ou o Kenedy, deveria ser anunciada, antes de subir. Afinal, depois do ocorrido na noite anterior, Eduardo estava com medo de que alguma louca, invadisse o seu espaço particular. E no lugar dele, eu também estaria.
Nós nos despedimos na calçada, e logo eu segui o meu caminho, em direção ao orfanato, onde eu prestava serviços voluntários.
Desde sempre, eu havia me interessado em ajudar o próximo, então a cada quinze dias, eu ia até ali, a fim de ajudar a entreter as crianças abandonadas, com algumas brincadeiras. Mas eu não ia sozinha até lá, mas sim, fazia parte de um grupo que chamava Doar Amor, onde preparávamos várias dinâmicas que pudessem ajudar àquelas crianças, a entenderem que elas eram, sim, amadas.
No entanto, ao entrar naquele projeto de cabeça, eu não sabia que tudo aquilo iria mudar a minha vida, e que eu me apaixonaria tão profundamente, por um daqueles pequenos.
Entrei então no orfanato, e a primeira coisa que fiz foi ver Theo, que era um garotinho de quatro anos, que havia sido abandonado ali pelos pais, que eram usuários de drogas.
Aquele rapazinho, apesar de encantador, nunca havia sido adotado, pois acima de qualquer criança comum, ele apresentava ainda mais desafios às pessoas, pois tinha uma cardiopatia congênita.
Apesar de ter a doença em um grau leve, por ser uma criança atípica, as pessoas viam mais dificuldades ainda, em se aproximar e cuidar de Theo, justamente por ele ser um pouco mais frágil, do que um outro pequeno, sem qualquer enfermidade.
No entanto, eu pensava muito diferente, pois somente conseguia ver a sua inteligência e pureza de alma. E era por isso, que mesmo com todos os desafios daquela cardiopatia, eu estava decidida a adotá-lo.
Porém, para conseguir isso, eu sabia que não seria nada fácil, e era justamente por esse motivo, que eu estava me sacrificando tanto, e juntando o máximo de dinheiro que eu conseguisse.
Assim que entrei no quarto do garotinho, Theo me recebeu com um sorriso e um abraço, e logo nós estávamos conversando, sobre o seu brinquedo favorito do momento: naves espaciais.
Brincamos juntos por um tempo, e então, Theo me perguntou, todo cheio de expectativa:
― Tia Bia, eu vou poder mesmo passar o Natal com você? ― Seus olhos brilharam ao questionar. ― Eu nunca passei o Natal fora daqui...
O meu coração se partiu, ao ver que o que o Theo queria dizer, era que ele nunca havia tido um Natal, em família. E eu estava disposta a fazer aquilo por ele, mas antes precisava convencer a minha mãe, sobre tudo aquilo, que ela tanto dizia ser uma loucura.
― Se o pessoal que cuida de você deixar, eu vou sim ― eu disse, dando um beijo em sua testa. ― Mas enquanto isso, você precisa se comportar e tomar todos os seus remédios, sem chorar!
― Eu farei tudo isso, tia Bia!
Os olhos escuros de Theo brilhavam de expectativa, mas eu não podia iludir o garotinho, quando ainda nem havia tido uma resposta de minha mãe, e nem mesmo do orfanato. Afinal, eu não podia levar ele para o antro, que era a república onde eu morava temporariamente.
Logo eu me despedi de Theo, enquanto o deixava brincando com as outras crianças ali do orfanato, e então eu segui para as outras tarefas do voluntariado, e por fim, caminhei em direção da sala de Elizabeth, a assistente social do orfanato.
― Bom dia, Beatriz! ― Beth me cumprimentou, ao me ver ali na sua porta. ― Já conversou com a sua família, sobre a ida do Theo para passar o Natal com vocês? Se lembre de que queremos o melhor para essas crianças, que já passaram pelo abandono, então só iremos liberar o passeio, se ele for bem recebido lá!
― Bom dia, Beth! ― eu falei. ― Ainda, não. Mas vim aqui para lhe garantir, que o Theo será, sim, muito bem tratado. Ele está tão animado para ir...
Elizabeth se ergueu da cadeira, e caminhou até onde eu estava. Ela gostava de mim, mas também precisava ser profissional e era por isso, que estava tão séria naquele momento.
― Beatriz, por favor, não iluda o Theo, dizendo que irá adotá-lo, pois eu já te disse que esse não é um processo fácil! ― ela alertou. ― Dificilmente eles dão a guarda de uma criança, para uma moça nova, solteira e com poucas posses, assim como é você. Sei que amor é o que essas crianças precisam, mas saiba que a justiça jamais dará a causa, se não tiverem certeza de que o lar trará, acima de tudo, proteção para o menor em questão.
Eu abaixei a cabeça, pois sabia exatamente daquilo, mas eu amava o Theo, e jamais desistiria de me tornar a mãe dele.
― E preferem deixar eles mofando aqui? ― eu perguntei, um pouco revoltada. ― Você sabe que quase ninguém, quer uma criança com a condição de saúde do Theo! Várias famílias já desistiram dele por isso, mas eu estou batalhando a cada dia, e não irei desistir do meu menino, jamais!
― Eu entendo a sua revolta, Beatriz ― ela falou, com compaixão. ― Mas com ele estando aqui, o Estado pode garantir que ele terá alimento e o tratamento adequado, para a sua cardiopatia, então não se iluda, pois essa sua causa, tem pouquíssimas chances de ser ganha, ao menos na sua situação atual. Mas mesmo assim, como uma amiga de Theo, nós deixaremos que ele passe o Natal contigo, se as condições forem favoráveis para ele. Afinal, o menino não merece levar mais traumas, na sua pequena bagagem de vida.
― Eu fico revoltada, sim, porque há toda essa burocracia agora, mas quando ele fizer dezoito anos, o descartarão na rua, sem a menor dó! Mas como não posso fazer nada para mudar as leis, apenas conversarei com a minha mãe, e voltarei aqui em breve, para falar contigo ― eu disse, tentando evitar que as lágrimas viessem aos meus olhos.
Beth acariciou a minha face, assim como uma mãe faria.
― Se te digo tudo isso, é porque me importo com todos os dois, Beatriz! ― ela disse, e eu sabia que aquilo era verdade mesmo. ― Você sabe que tudo o que eu puder fazer para ajudar, eu farei, mas como não sou o juiz, fico mais tranquila se não criarem expectativas irreais, que facilmente poderão ser frustradas.
― Eu sei, Beth ― eu disse, com humildade. ― E obrigada pelo que faz, por nós dois!
― Beatriz, não se esqueça de que você ainda é jovem, e um dia encontrará alguém, que poderá te dar um filho... ― ela disse com a intenção de me ajudar, mas apenas me feriu, mais ainda.
― Eu amo o Theo e uma coisa não impede a outra! ― eu disse. ― Mesmo que eu adote ele, ainda poderei gerar no futuro, se eu quiser.
― Eu sei ― ela disse, se dando por vencida. ― Por hora, faça o que está ao seu alcance, pois o futuro a Deus pertence.
― Está bem ― eu disse, bastante cabisbaixa. ― Até logo, Beth.
― Até logo, Beatriz.
Logo em seguida eu saí dali, e mesmo com o coração em pandarecos, fui me despedir de Theo, com um beijo, sem deixar que ele visse, que eu estava triste. Depois eu saí do orfanato, e assim que coloquei os pés na calçada, eu comecei a chorar.
Eu sentia medo, pois sabia que os alertas de Elizabeth, eram bastante reais. Mas sem querer desistir do meu pequeno Theo, decidi viver um dia de cada vez. E como naquele dia em questão a única coisa que eu podia fazer era convencer a minha mãe, a receber aquela criança em nossa casa, eu me sentei em um ponto de ônibus qualquer, e liguei para ela.
Quando a minha mãe atendeu a ligação, eu pude ouvir os ecos de natureza da Vila Itatiaia, aos fundos, e por um instante, senti vontade de estar em casa, naquele lugarejo cercado de cachoeiras e montanhas.
― Oi, filha ― minha mãe me cumprimentou. ― Como vai?
― Oi, mãe ― eu respondi. ― Vou bem, e a senhora? Escuta, estou te ligando para perguntar se já pensou, no que eu te pedi...
Minha mãe ficou muda por um instante, e eu retorci as mãos de ansiedade no meu colo, pois previ que o seu silêncio, não era um bom sinal.
― Eu pensei, sim... e cheguei à conclusão de que não deve trazer o menino ― ela disse, com apenas uma nota de pesar em sua voz. ― Eu estou me esforçando para lhe ajudar a estudar na capital, para que conquiste um bom futuro, então não acho que deva estragar a sua juventude, cuidando de uma criança doente, assim como é esse menino. Beatriz, você só tem vinte e dois anos, e eu não vou lhe ajudar nessa loucura, então a minha resposta é não!
Naquele momento, eu já estava completamente aos prantos, ao saber que o Theo passaria mais um Natal frio, naquele orfanato.
― Com a minha idade, você já era mãe! ― eu a acusei. ― E se eu tivesse engravidado na adolescência, você iria me jogar na rua também?
― E olha onde eu parei por isso, Beatriz! ― ela falou. ― Eu não pude estudar, e acabei sendo apenas a governanta, de uma boa família. Mas agora, estou fazendo mais por você, filha, então não desperdice a oportunidade, pois você não engravidou na adolescência, então você ainda tem escolha!
― Você acha mesmo que ser mãe te invalidou, então? ― eu questionei. ― Desculpa por ter sido um fardo para você, mas saiba que não vejo o Theo, como um jugo pesado, então sei que poderei estudar e trabalhar, mesmo sendo mãe!
― Eu não te vejo como um peso, filha! ― minha mãe disse, muito desesperada. ― Mas essa criança é doente, e eu não vou deixar que estrague o seu futuro, adotando esse menino!
― Tudo bem, mãe ― eu disse, enquanto andava e chorava, sem saber onde eu estava, exatamente. ― Mas saiba que com você, ou sem você, eu não vou desistir do Theo! Então como não está disposta a receber em sua casa aquela criança inocente, que nunca teve um Natal de verdade na vida, saiba que não me verá também!
Em seguida, eu desliguei o meu celular, e sem saber o que fazer, decidi que passaria aquela data com o Theo, no orfanato então. Afinal, a Sabrina e a Jussara, provavelmente, não viajariam, e dessa forma, o apartamento não seria um lugar seguro.
Depois que me acalmei um pouco, caminhei em direção ao Centro de BH, e como não iria mais passar o feriado em Vila Itatiaia, resolvi entregar os presentes de Eduardo e de sua mãe, ainda naquela data, pois com a correria dos próximos dias, eu não sabia se voltaria a ver o meu amigo, antes de ele viajar de volta para a casa da família.
Caminhei então até a Savassi, com os pensamentos colidindo uns nos outros, e quando cheguei no prédio do Eduardo, perguntei ao porteiro se ele estava ali, e somente após isso, subi de elevador.
Quando ele abriu a porta do seu apartamento, eu abri um sorriso falso em meu rosto, mas o Eduardo logo notou o brilho triste em meus olhos cor de mel.
― O que houve, Bia? ― ele questionou, já me puxando para um abraço apertado. ― Foi alguma coisa que aquelas malucas do seu apartamento fizeram?
Foi inevitável para mim, soltar todas as lágrimas presas em meus olhos, mas eu não sabia se queria falar daquilo com ele. Afinal, o Edu poderia ser só mais uma pessoa, a esfregar o meu fracasso em minha cara.
― Não é nada ― eu disse, desviando do assunto. ― Eu vim trazer o seu presente de Natal, e também o da madrinha. Você faria o favor de entregar para a sua mãe, por mim? No dia certo, eu dou uma ligada para ela.
A mãe de Eduardo era a minha madrinha, e também a ex-patroa da minha mãe. Sandra, era uma mulher maravilhosa, e que havia feito tudo de melhor para a minha família, ao longo dos anos. Eu realmente a considerava como alguém muito próximo, então não poderia deixar de enviar uma lembrança, por mais simples que fosse.
― Você não vai passar o Natal em Vila Itatiaia? ― ele perguntou, muito preocupado. ― Achei que iria comigo de carona, na quarta-feira...
― Infelizmente as coisas não estão muito boas entre eu e a minha mãe, então eu resolvi ficar aqui mesmo, em BH... ― eu disse, com os lábios trêmulos de vontade de desabar.
O Eduardo não aceitou aquilo fácil, afinal havia me visto crescer, e como um amigo de anos, me conhecia muito bem.
― Você ama Itatiaia, então me diga logo o que está acontecendo! ― ele pediu, enquanto me fazia sentar, em seu sofá. ― Não fico seguro com você sozinha, com aquelas malucas aqui em BH.
― E eu amo Itatiaia, sim, mas eu prometi que passaria o Natal com o Theo, e como a minha mãe não irá recebê-lo... ― eu disse, e logo já estava chorando, contra a camisa macia de Edu.
― O menino do orfanato? ― ele perguntou, enquanto acariciava o meu cabelo. ― Por que a sua mãe não quer receber ele?
Eduardo franziu o cenho, achando estranho o fato da minha mãe negar asilo ao inocente garoto cardiopata, que eu tanto amava.
― Porque ela acha uma loucura, eu querer adotá-lo! ― eu disse, sem dar brechas para o Eduardo dar a sua opinião. ― Então eu passarei a data com ele, no orfanato.
― Por que não vai lá para casa comigo, então? ― Eduardo questionou. ― A minha mãe ficaria muito feliz, em receber você e o Theo. E de lá, seria mais fácil para você e a sua mãe, se ajeitarem.
― Ah, não! ― eu disse, sabendo que aquilo era loucura. ― A sua mãe recebe os parentes do sul, e eu não quero incomodar ninguém.
― Vocês ficam no chalé comigo, então ― Eduardo insistiu, enquanto acariciava o meu rosto e olhava em meus olhos. ― Vamos ter só que espantar uns pernilongos chatos, e uns sapos entrometidos, mas acho que o Theo pode gostar das cachoeiras e da natureza, você não acha? Com certeza, é menos triste do que um orfanato, Bia!
Eu sorri, pois o Edu tinha uma capacidade incrível, de transformar com o seu otimismo, qualquer instante difícil, em algo melhor.
― Eu não quero mudar os seus planos, Edu... ― eu disse, ainda não confortável com aquilo tudo.
― E quem é que vai fazer piquenique comigo na Serra, se você não for, Bia? ― ele perguntou, me abraçando ainda mais forte. ― Eu vou ligar para a minha mãe, e ela ficará muito feliz de ter como visita para passar o Natal com a gente, a afilhada querida dela!
― Ai, Edu. Tudo bem então ― eu disse, e logo já estava sorrindo. ― Mas pergunte a opinião da sua mãe, primeiro!
― Pode deixar que farei isso, mas já sei a reposta ― ele disse, com um sorriso no rosto. ― E aí? Qual são os seus planos para hoje?
― Vou ficar quieta no apê, isso se as garotas permitirem ― eu respondi. ― E você? Vai ao ataque hoje?
Cutuquei o meu amigo pelo ombro, e ele riu, mas não afastou os olhos cor de âmbar, de mim.
― Nada disso ― ele respondeu. ― Hoje eu tenho uma confraternização chata para ir, então que tal se me fizesse companhia?
― Está me chamando, por acaso, para um compromisso chato? ― eu perguntei, em um tom de falsa ofensa.
― Sim, pois aí o evento deixará de ser chato! ― ele disse, com um sorriso convidativo nos lábios. ― Por favor, Bia! Não vou aguentar o papo daqueles falastrões, sem você!
― Tudo bem ― eu disse. ― Mas não quero ficar até muito tarde!
― Nem eu quero isso ― ele disse. ― Nós voltamos a tempo de fazer qualquer outra coisa, que você quiser.
Eu não era muito previsível, então tudo o que eu queria, era voltar para casa, me enfiar embaixo dos cobertores e assistir a um filme qualquer. Mas diante de todo o cuidado do Edu para comigo, eu não podia negar isso a ele.
― Tudo bem ― eu disse, de repente nem me lembrando mais, das angústias de mais cedo. ― Agora preciso ir para casa me arrumar, pois não posso te acompanhar, parecendo um mendigo!
― Eu te levo lá, e mais tarde eu te busco de novo! ― ele disse, já pegando as chaves do carro.
― Não precisa disso, Edu.
― Não discuta comigo, Bia!
Logo nós já estávamos no elevador, brincando e implicando um com o outro, assim como era de praxe.
E como em um passe de mágica, com a simples presença de Eduardo, naquele segundo, eu passei novamente a ver esperança no futuro, mesmo que enfrentá-lo, ainda fosse bastante complicado.
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