Capítulo 9: Contingências Emergenciais.
Rapidamente, eu e Olga corremos em direção daquele poderia nos ajudar a solucionar este problema o mais breve possível. Alguém com uma inteligência grande quanto a nossa.
Esse alguém é Otávio Augusto.
A sua expressão de surpresa em ver a minha irmã biológica foi tão grande que eu mesmo quase acreditei em sua representação posteriormente.
— Oh! A Olga está viva? Como foi isso?! — foram as suas primeiras palavras.
— Houd op met doen alsof, dokter! — disse Olga essas palavras numa língua que desconhecia a princípio, mais tarde descobri que era holandês.
Ao ouvir essa língua, Otávio mudou a sua expressão da água para o vinho.
— Qual é o problema, Hator? — questionou o loiro com uma expressão muito séria e grave.
Bem... Se ele sabia do nome Anunnaki de minha irmã, então ele sabia de todo o resto.
— Tiamat. Contaminação convertina. — foi a sua resposta.
Do nada, um óculos de grandes lentes circulares surge na mão do loiro e coloca em sua face em seguida. Um óculos muito similar ao de um velho conhecido.
Depois de alguns segundos, o cientista loiro revelou:
— Nenhum dos dois está contaminado. Obviamente, eu já fiz uma varredura nesta área. O meu sistema não indica agentes microscópicos em formação. Inclusive em meu corpo, não há agentes externos. Estabeleci uma bolha de segurança de trinta metros. Creio que estamos seguros... — declarou o cientista loiro.
— Como num tanque de nanorrobôs de um velho conhecido... — joguei a isca.
Otávio não estava com muita paciência para continuar o "joguinho".
— Eu sou o verdadeiro Doutor Erickson Von Brown. Aquele que você conversou era um clone falho meu. — revelou Otávio de uma forma seca.
— Uau! "Quem engorda o gado é o olho do dono". — citei um velho ditado popular.
A expressão de desprezo do "Bom Doutor" foi hilário.
— Brasilianer... — desdenhou em alemão. — Sugiro chamar uma amiga para saber se ela foi contaminada. Se ela foi, realmente, teremos problemas. — observou o ex-nazista.
O loiro fez mais alguns gestos e acabou por cruzar os braços.
— Ela está chegando. — concluiu.
Curioso, perguntei uma coisa óbvia.
— Se você era assim em 1940, como se conservou tão bem?
O antigo Otávio Augusto olhou-me como se fosse um rato de laboratório.
— Não me conservei, apenas rejuvenesci. Se você tem um poder ou um conhecimento, você não usaria em benefício próprio? — perguntou.
— Quando iria me contar sobre isso, Doutor Von Brown?
— Quando a sua mãe biológica desse sinal verde. Infelizmente, o que está acontecendo é um sinal de emergência. Esse Dragão maldito estragou tudo! Vamos ter que revisar todo o plano. — revelou o cientista alemão.
Qual não era a minha surpresa (de forma irônica) quando veio aquela loira perfeita caminhando às pressas em direção ao nosso domo de segurança improvisado.
Quando ela me viu, Olga e Otávio Augusto de óculos de lentes circulares juntos, a sua expressão foi de preocupação.
E as suas primeiras palavras ao entrar na área de segurança foram:
— Qual hecatombe vamos enfrentar, Doktor Von Brown?
O alemão riu.
— Adoro vê-la angustiada, mein alter Freund. É apenas um Dragão Shaniano resolveu dar uma de penetra no casamento dos vampiros. — foi a sua resposta.
Quando ela me viu junto com a Olga, a loira foi direta.
— Estragaram o ritual de ocultamento das larvas. Imagino que esteja irritada, Hator.
Olga retrucou:
— Eu estava contaminada. Tive sorte que a minha mãe apareceu. — revelou a garota ruiva. — Foi durante o teleporte. Foi um choque quântico, Tiamat colidiu comigo durante a viagem, invadiu a minha consciência e dominou a minha personalidade. Se não fosse a minha mãe, eu ainda estaria como marionete da maldita.
Lady Lira ajeitou as suas luvas de couro. (Hábito, que eu descobri mais tarde, que indicava que estava nervosa).
— O que faremos? Como eu imagino, os seus nanorrobôs já devem ter feito todo o trabalho de varredura nesta área e no meu corpo. — disse a loira para o jovem Doutor Von Brown.
O cientista loiro deu um pigarro.
— Se eu conheço a Senhora Ísis, ela é conhecida por sua falta de paciência. Por isso, devemos ser muito mais rápidos, então comecei a adiantar as nossas ações. Os meus nanorrobôs já começaram o processo de análise dos nanorrobôs do Dragão Tiamat e descobri que, individualmente, são do tipo filamento, em forma de macarrão, que se ligam para transmitir do tipo toque. Ao contrário dos Anunnaki que são do tipo esfera que usam energia do tipo eletroquímico, similar a água. Os nanorrobôs de Tiamat só contaminam por contato, já dos Anunnaki são mais avançados, contaminam de forma similar ao "vapor", como se imaginava as possessões da Idade Média. Por isso a facilidade de eliminação do "agente contaminante" de Tiamat. O verdadeiro problema é que a produção dos nanorrobôs Tiamat foi muito maior, mais efetiva e contou com o elemento surpresa. — explicou o cientista alemão.
— Ela teve tempo para contaminar o máximo de pessoas possível. — cogitei.
— Ela estudou o máximo de superseres possível. Ela teve tempo de sobra para contaminar os humanos e, caso não desse certo o plano, uma rota de fuga. Quando ela se revelou para vocês, ela já tinha contaminado todos os humanos desta cidade, Horus. Ela foi cuidadosa em não contaminá-los. Ela fez que os humanos os aceitassem para que pudesse estudar os superseres, os meus superseres! — ligou os pontos o ex-nazista.
— Espere um pouco?! O que os seus superseres têm de tão especial? — perguntei.
— O quarteto que fiz é imune a todas as vulnerabilidades dos superseres naturais dos Anunnakis. Eles "quebram" algumas "Leis Fundamentais da Física Universal". Eu os criei para isso. Eu criei Deuses que não sabem que são Deuses. São Titãs na Mitologia. Simplesmente, Gigantes ou Nefilins. Eu os fiz, desgraçadamente, humanos. Por pura diversão. — e o cientista alemão sorriu.
Eu fico sem palavras.
— Foi por causa disso que eu pedi para que ele "fabricasse" a minha caçula, a Tabata! — disse Gabriela Lira toda feliz. — Eu li o projeto dos superseres do Doutor Von Brown. Eram várias tentativas, clonagem, reprodução natural, adulteração genética e etc. Digamos que os chamados "Gigantes Originais". O quarteto, Geraldo, Mônica, Arnaldo e Marisa, é a última "geração" de superseres. As mais poderosas e extraordinárias criaturas que essa mente maligna pôde conceber. Recebeu até elogios da própria Ísis! — disse a empresária loira.
Sem muita paciência, a minha irmã biológica, Olga perguntou:
— Vamos parar de "massagear" o seu Ego e nos concentrar em derrotar a Tiamat! E como vamos fazer isso?
A jovem versão do Doutor Von Brown sorriu orgulhoso.
— Minha cara, Fräulein Gosdevantirmir! Eu já resolvi o problema, a questão é se você irá aceitar o que vamos oferecer... — disse o cientista alemão rejuvenescido.
— Como assim? — perguntou a minha irmã biológica.
— Os Emaranhamentos Quânticos ocorrem em situações bastante especiais. Como em colisões entre partículas subatômicas como ocorrem dentro de Buracos Negros, Buracos de Verme, Colisões de Estrelas de Neutrons e Teleportes usando o Subespaço. Logo, no seu caso, temos um Entrelaçamento do seu corpo com a Tiamat, provocando uma "ligação" do local a qual a Tiamat ainda está presa e a você. Por isso, devemos adiantar o seu processo de metamorfose, transformando totalmente a sua biologia e rearranjando as posições moleculares, para que o Emaranhamento Quântico não "reconheça" a sua posição neste Universo. — explicou o gênio.
— Entendi. Vão forçar o meu crescimento para romper a ligação de Tiamat com este universo.
— Exatamente!
— Legal... Acabei virando uma antena cósmica de um dragão... Posso fazer isso. Não tem problema. Só daqui a quatro anos terrestres eu volto com uma "roupa" nova. Só isso resolve? — perguntou minha irmã.
O cientista alemão faz uma expressão de desagrado.
— Não. Eliminamos setenta por cento do problema. Sem a sua presença, impedimos que Tiamat use todo o seu corpo para produzir mais filamentos. Foi isso que a sua mãe conseguiu fazer enquanto esteve aqui. Ela neutralizou a produção dos nanorrobôs da Tiamat que saíam a todo momento do seu corpo no ambiente. Temporariamente! A sua metamorfose será uma "cura" em definitivo. O real problema são os nanorrobôs que já saíram do seu corpo. — observou o cientista.
— É verdade! Quando a minha mãe atacou a suposta superser Princesa Gama-Beta o seu corpo era composto totalmente de microfilamentos igual o que aconteceu com o nosso pai, Olga. — recordei do incidente de minha mãe cortando a cabeça de Gama-Beta e o seu corpo "desapareceu" durante o conflito. — A garota se transformou em milhões ou, quiçá, bilhões de microfilamentos para contaminar todos os humanos.
O Doutor Von Brown cogitou mais um pouco e bateu o seu pé no solo com raiva. Ele teve uma ideia, mas dava para entender que isso não vai resolver todo o problema.
— Eu tenho uma solução para neutralizar os nanorrobôs da Tiamat, mas, graças à mãe de vocês, posso neutralizar em definitivo o funcionamento dos filamentos draconianos. Infelizmente, não posso fazer isso numa escala global. Segundo a Teoria da Cordas, podemos provocar uma colisão entre dois Branas numa pequena área no planeta e destruir qualquer instrumento quântico macroscópico. Não os cérebros humanos, só os entrelaçamentos quânticos. Todavia, não posso usar todo o planeta, pois, segundo a "Teoria das Perturbações", podemos fazer alterações complexas em pequenas áreas, mas em grandes áreas podem provocar uma reação em cadeia que colocaria a própria Realidade do Universo em risco. A mãe de vocês isolou a cidade inteira para impedir a fuga de Tiamat deste local. Todavia, se ela tiver um "corpo" reserva fora dessa área, não poderemos fazer mais nada. — explicou o cientista.
Curioso, eu pergunto o porquê.
— Devido ao próprio tecido espaço-tempo dos D-Brana. Uma simples colisão como iremos fazer, vai provocar uma reverberação na própria Realidade, provocando "ecos" e "falhas" na nossa Realidade e em algum outro Universo adjacente. É como usar uma bomba de napalm, num formigueiro. Liquidaremos um problema, mas vai provocar outros... — disse o cientista alemão um pouco chateado.
Todos nós ficamos em silêncio.
Lady Lira, que estava em silêncio, comentou:
— Daremos um jeito nisso. O nosso mundo é bastante caótico. Uns problemas a mais como... — ela fica em silêncio esperando o cientista completar as possibilidades.
— Buracos de Verme de outras dimensões, Universos e Realidades. "Visitantes" de outras dimensões serão os resultados mais comuns... — acrescentou o cientista.
— Bah! Temos essas "gracinhas" para lidar com eles. — e nos abraça, tanto a mim, quanto a Olga. — Além dos superseres e os "antigos" deste mundo. O que pode dar errado?! — e a loira mais linda e sexy do mundo sorriu de forma despreocupada.
O alemão ficou incrédulo.
— Lonneke... — balbuciou o loiro.
— Gabriela. — corrigiu a loira. — Gosto mais desse.
Nunca entendi muito sobre a amizade desses dois.
Agora temos um plano e começamos a agir.
O Doutor Von Brown começou a criar alguns dos equipamentos mais estranhos que eu já vi na minha vida. Como num passe de mágica. Isso me fez recordar aqueles axiomas do escritor Arthur C. Clake das suas leis:
Quando um cientista distinto e experiente diz que algo é possível, é quase certeza que tem razão. Quando ele diz que algo é impossível, ele está muito provavelmente errado.
O único caminho para desvendar os limites do possível é aventurar-se um pouco além dele, adentrando o impossível.
Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da magia.
Este escritor é um notório ateu, mas o uso para certas divagações científicas. E o Doutor Von Brown é a prova que ele tenha alguma razão em suas opiniões.
Logo os equipamentos começam a funcionar.
Ficamos todos assustados, pois era uma "pressão" bizarra dentro daquela pequena esfera que estávamos envolvidos, mas, externamente, não observamos nenhuma diferença. Nossos corpos sofriam alterações estranhas, ou as nossas percepções apresentavam isso.
E tão rápido que começou...
A operação se encerra.
Altivo, o Doutor Von Brown declarou aos presentes:
— Hator... Agora é a sua vez. — disse o alemão com óculos de lentes finíssimas.
Resignada, a minha irmã biológica disse para mim:
— Horus! Sei que você irá passar por isso em breve. Infelizmente, sou mais velha do que você e a necessidade que adiantou o meu ritual de "Segundo Nascimento". Quero que saiba que vou procurá-lo assim que isso terminar! — disse Olga.
Não estava muito confortável com essa ideia dela me procurar.
Não estava nada "feliz" com esses "rituais" e tradições que foram arbitrárias e impostas em mim. Tanto ela, quanto a minha mãe foram crueis comigo e com as minhas preferências e escolhas. As duas colocaram-me uma redoma de vidro e virei uma espécie de "rato de laboratório" das duas.
Porém elas são a minha família.
A minha verdadeira família...
— O que me causa estranhamento é esse conceito de "incesto". Não acha que este tipo de "prática" não provocaria uma piora no desenvolvimento genético de nosso povo? — perguntei recordando do que aprendi nos meus estudos com os animais do planeta Terra.
Olga riu.
— Somos Deuses, Rodrigo! — disse ela o meu nome humano pela segunda vez desde a sua revelação. — Não temos os mesmos limites dos animais que criamos aqui na Terra. Quando tiver asas, irás entender a sua divindade. Bem... Foi o que a minha mãe sempre disse para mim. — ela sorriu de forma simpática e, de certa forma, inocente. — Eu acredito nela.
Neste momento, ela segura a ponta dos meus dedos.
— Desculpa por tudo que fiz contigo. Eu menti, eu te magoei, eu te persegui e eu fiz coisas questionáveis na sua limitada ótica humana. Eu também fui, desgraçadamente, humana... — então ela me deu um beijo em meus lábios tão rápido que nem tive tempo de retribuir.
— Vamos, Doutor Von Brown! Coloque-me no meu sarcófago! — ordenou a minha irmã.
Neste momento, Lady Lira se aproximou de mim e disse:
— Vocês são estéreis na forma de larva. Não existe, entre os Anunnaki, gravidez na adolescência. — e a "diaba" loira pisca o seu olho.
— Fique longe dele, vadia!!! — apontou Olga com raiva.
— Vai dormir, Hator... Confia no seu taco, afinal eu sou apenas uma "humana". — a loira provocou ainda mais a garota ruiva segurando os seus seios fartos e deliciosos.
Hator ficou mais agitada e furiosa com a Marquesa de Cunhãypia, porém quando o seu sarcófago se materializou e a garota ruiva se deitou nele sem hesitar.
Para acalmá-la, eu a beijei. Um beijo longo e demorado como na época quando estávamos namorando.
— Eu vou te esperar, Hator. — disse eu sem certeza do futuro que me reservava.
— Eu espero o mesmo, Rodrigo. — disse ela o meu nome humano pela terceira e última vez.
Tão logo começa o processo de mumificação na ruiva, ou melhor, faixas para proteger da crisálida que iniciaria depois do processo de hibernação que é induzido através do sarcófago. E este é fechado logo em seguida.
Qual não é a minha surpresa, quando a minha mãe surge tão rápido que nem ouvi as suas asas.
— Optaram por isso? Foi idiota, Horus! Era mais fácil um extermínio. — disse a Deusa angelical de longos cabelos negros como a noite.
— Guarde-a bem, Senhora! — Tanto o Doutor Von Brown, quanto a Lady Lira se ajoelham em sinal de reverência e submissão.
Só eu que fiquei em pé.
— Últimas palavras, Horus, a sua irmã? — perguntou a minha mãe.
— Tudo que eu tinha que falar com ela, eu já disse! — respondi.
O seu olhar de desprezo é contundente.
— Parabéns por sua tentativa FALHA, Rodrigo! Sua larva mal formada! Como eu disse antes que você iria pagar por seu erro! Tiamat ainda está neste mundo. Por isso, sofra por suas consequências do seu erro. Fique com os seus "humanos"... — o seu sorriso de desdém é tamanha que eu senti que o chão se abriu debaixo dos meus pés.
— Por que, mãe?! Por que me cobras tanto? O que te fiz para ter tanto ódio de mim? Você mesma me entregou aos humanos. A minha irmã sempre esteve ao seu lado. Enquanto a mim, sou jogado às traças. Isso é justo, mãe?! — eu fiz essas perguntas que corriam dentro de mim.
Por mais que achasse que aquela Deusa emplumada fosse a minha mãe biológica, o meu coração sempre pendia ao lado daqueles que me criaram e deram-me carinho e afeto. Por que ela não me criou? Por que ela não quer ser tolerante aos meus erros?
Em seguida, a sua resposta foi muito intrigante.
— Simples. Você é filho do seu pai. Só isso... — aquele seu sorriso de triunfo de uma inimiga diante o seu adversário derrotado, magoou-me muito.
Logo, a Deusa bate as suas asas rumo a um local desconhecido e levando o sarcófago que voa ao seu lado.
Fim do Capítulo Nove.
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