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Same Soul

1.

O hospital psiquiátrico fica a menos de três quilômetros da universidade. Não há razão alguma para eu chegar atrasado, absolutamente nenhuma. Prometi a Jimin que estaria lá quando ele saísse da sessão de terapia, e eu estarei. Sou um garoto que planejo.

Então, programo todas as minhas atividades do dia para que terminem no exato horário que coincide com os vinte minutos que preciso para pegar meu carro, sair da faculdade e dirigir até o hospital psiquiátrico.

Teria tudo dado certo.

Se não fosse por um idiota ter roubado de mim a única maldita vaga disponível no estacionamento inteiro do hospital.

Deslizo entre as fileiras de carros parados, procurando um espaço que seja para parar. O estacionamento é minúsculo e é horário de visita na ala de internação, o que significa que achar uma vaga é praticamente o mesmo que acreditar que mortos podem voltar à vida.

Um farol piscando chama minha atenção na fileira lá atrás e eu acelero até emparelhar com ele, sem acreditar na minha sorte. O dono do veículo entra, liga o carro e começa a manobrar para fora da vaga. Meu celular vibra no console, acusando uma mensagem. Eu a verifico enquanto aguardo a vaga ser disponibilizada para mim.

[Jiminie] 16:04

Vc vem?

Digito depressa:

[Eu] 16:04

Estou aqui.

Estacionando.

Espere só mais um pouco, ok?

As mensagens são visualizadas, mas ele não responde.

Jimin não é impaciente. Ele era um garoto sensível, equilibrado e compreensível, tão, tão doce. Mas, depois do acidente com nosso amigo, nosso mundo virou do avesso. O meu e o dele, ao mesmo tempo, para direções opostas, e isso é muito, se você considerar que somos gêmeos. Não gêmeos idênticos - que é o que a maioria das pessoas pensa quando ouve essa palavra - mas gêmeos bivitelinos. Jimin é cinco minutos mais velho que eu. Nossos corpos ficaram colados na placenta de nossa mãe por nove meses, separados apenas por uma parede fina e translúcida. Quando abrimos os olhos pela primeira vez, foi o rosto um do outro que olhamos. Dormimos com nossas espinhas dorsais alinhadas até os oito anos de idade, quando nossos pais decidiram que era mais sensato nos colocar em quartos separados.

Não adiantou muito.

Ainda migramos um para o quarto do outro no meio da madrugada. Fazemos isso a vinte e dois anos. É mais difícil agora que estamos na faculdade, em alojamentos separados, mas compensamos isso durante o dia. Nos intervalos entre as aulas, nos tempos vagos e nas tardes de estudo. Jimin é uma extensão o meu corpo, preciso dele para existir, é isso.

Apesar do que você possa pensar e julgar, eu não me importo. Sei que é estranho. Sei que a maioria dos irmãos não é tão ligada assim, especialmente garotos, mas não somos a maioria. Somos Taehyung e Jimin. E agora que perdemos uma parte importante de nossas vidas, eu preciso ser forte para ele. Ser sua metade, a metade que jamais cairá.

É difícil para mim. Yoongi também era meu melhor amigo. Meu... meu único amigo. Mais até, mas isso ainda é um segredo. Ele era a terceira peça da nossa existência, minha e de Jimin. Havia eu, havia Jimin e, na outra ponta, na distância de um esticar de braços, Yoongi. Eu nunca soube ao certo onde ele ficava exatamente, entre eu e Jimin, ou só do meu lado, ou só do lado de Jimin.

Talvez, pela forma como Jimin sofreu quando ele morreu, acho que ficava ao lado dele.

Embora eu desejasse com toda a força que Yoongi estivesse do meu lado.

Meus pensamentos se perdem enquanto olho para a tela do meu celular, que subitamente muda - a tela de bloqueio surge, causando pontadas em meu peito. E ali está a nossa foto juntos. Nós três. Yoongi sorri para a objetiva, a boca fina se esticando ao redor do sorriso gengival inteligente. Preciso trocar essa foto. Não quero trocar essa foto.

Quero...

Um chiado agudo chama minha atenção, pneus cortando o asfalto. O carro que eu estava esperando sair da vaga já se foi e um segundo carro, uma picape preta com vidros completamente escuros, surge de lugar nenhum e avança na minha frente, ignorando totalmente o fato de que estou bem explicitamente parado esperando a vaga, e a toma numa única manobra ágil.

Eu pisco, encarando aquilo num torpor de choque e incredulidade.

"Isso... mas o que...?"

E num instante meu sangue está fervendo. Embora sejamos gêmeos, Jimin ficou com toda a calma do todo que formamos. Ele é brisa e palavras suaves, e eu sou fogo e ventania contra uma rocha afiada.

Desço do carro no mesmo instante em que o dono da picape intrometida desliga o motor e desce também. Eu me aproximo pela traseira do carro e vejo a parte de trás de sua cabeça, a nuca clara exposta entre a faixa escura de cabelo e a gola preta do moletom.

"Ei", eu falo, mais corajoso do que realmente me sinto. "Você pegou a minha vaga!"

Ele se vira.

Eu paro.

Minha linha de visão se alinha com o emblema em seu moletom, no peito. Registro vagamente aquelas formas circulares e familiares antes de levantar o olhar para seu rosto. Ele é alto. Não mais alto que eu, mas mais alto que Jimin e certamente mais alto que Yoongi. Essas são as únicas comparações relevantes que tenho, e ele supera todas elas. Seus ombros são bonitos, bonitos de um modo masculino, mas não agressivo. Seu rosto é uma complexidade de ângulos suaves e fortes, uma mandíbula bem desenhada, uma boca pequena e rosada, um nariz que seria feio no rosto de uma garota, mas que fica perfeitamente correto no dele. Os olhos são escuros como café, grandes demais para o padrão coreano, lindamente arqueados. Por baixo da aba preta do boné perfurada de argolas, seu cabelo castanho avelã roça nas sobrancelhas bagunçadas.

A raiva em minhas veias aquece a ponto de ficar líquida. Sinto o calor emanando pela minha coluna em ondas.

O garoto olha para mim de cima a baixo, com se não entendesse porque diabos um garoto como eu está falando com um garoto como ele nesse tom.

"O que?", sua voz é surpreendentemente baixa, mas firme.

Ele olha para os lados, esperando que a situação de repente se resolva e eu esteja falando com outra pessoa, mas não há ninguém. Estamos sozinhos no estacionamento.

"Você pegou a minha vaga", murmuro. Estou respirando rápido agora e não acho que tenha a ver com a raiva. Quero encontrá-la, preciso dela preenchendo meu peito porque, desde que Yoongi se foi, é ela que me move. Mas não a encontro. Não consigo encontrar nada na minha cabeça a não ser a voz, o rosto desse garoto na minha frente.

Ele olha por cima da minha cabeça e avista meu carro parado ali. Eu espero que ele se desculpe ou pelo menos pareça constrangido, mas ele sorri. É um sorriso ácido, a boca repuxando para o lado de uma forma arrogante.

"Você não ligou o pisca alerta", ele acusa, simplesmente.

O que?

"Eu não tinha como saber que estava esperando essa vaga", ele dá de ombros, enfiando as mãos nos bolsos internos do moletom largo.

"O pisca aler...", eu balanço a cabeça, porque não posso deixar que esse garoto me vença, apesar de que seu argumento é bom. "Eu esqueci de ligar! Não achei que havia necessidade, porque eu era o único esperando pela vaga!"

"Mas você não era", ele me encara, inexpressivo. E então, sem me dar tempo para rebater, ele fecha a porta de seu carro, aciona os alarmes e desvia de mim para ir embora.

"Ei!"

Ele para e vira para mim. Na luz da tarde, a pele de seu rosto e pescoço é tão, tão clara que parece feita de algodão, refletindo os tons alaranjados e rosas do pôr-do-sol. Ele é possivelmente lindo, e é cruel que seja um idiota. Isso é algo novo para mim, desde que Yoongi era absolutamente incrível por dentro e por fora e meu irmão não está nada longe disso.

"O que é? Você não espera que eu saia da vaga, não é? Estou atrasado."

E ele se vai.

Algo vibra na minha mão e só então percebo que estive esse tempo todo segurando meu celular com mais força que o necessário, porque meus dedos estão dormentes. A vibração me traz de volta para a razão pela qual estou aqui - Jimin.

[Jimin] 16:12

TaeTae?

Onde vc está?

Droga!

Não perco tempo respondendo para Jimin. Olho ao redor do estacionamento, mas toda esperança que eu tinha de estar tendo um dia de sorte foi brutalmente levado embora por esse garoto inconveniente e grosseiro. Não tenho escolha a não ser abandonar o carro ali mesmo, não aguento mais fazer Jimin esperar, estou sufocando de agonia para vê-lo, então fecho a porta do carro que deixei aberta, aciono os alarmes e corro para dentro do hospital.

***

No momento em que o vejo, meu coração pulsa uma batida de alívio.

Ele está largado numa poltrona perto da janela no saguão de espera, cutucando o curativo em seu pulso. Sua expressão triste me faz ter certeza de que ele passou esses quase quinze minutos em que atrasei para chegar pensando no melhor amigo e no ato impensado que o levou a machucar a si mesmo depois da morte de Yoongi.

Quinze minutos entregues à dor.

Eu conheço a mente de meu irmão. Sei como ela pode ser sombria às vezes. Um poço perigoso na solidão.

Não consigo me perdoar por isso.

"Jiminie"

Ele levanta a cabeça e um sorriso suave dobra seus lábios cheios. A claridade do dia o pega por trás, acendendo todos os traços de seu rosto angelical, as maçãs altas, as linhas elegantes, os cabelos de um loiro claro como manteiga. As mechas estão despenteadas e onduladas porque ele esquece de penteá-los, mas o efeito é lindo. É tão lindo. Eu estico a mão para tocar a dele e o elo é reconectado. A mão de Jimin é pequena e clara na minha, grande e morena. É engraçado como sou tão maior que ele, ombros largos, voz rouca, quando costumava ser menor que ele, magricelo e frágil, não tem nem cinco anos.

Toda raiva, angústia e desespero somem do meu peito assim que o toco e eu sei, pelo que vejo em seus olhos, que também é um alívio para ele que finalmente estejamos juntos outra vez.

"Como foi a sessão?", pergunto.

"Como sempre", seu sorriso se alarga, relevando o dente ligeiramente torto, as bochechas apertando os olhos em traços. "A terapeuta sugeriu que eu faça um diário para expor meus sentimentos."

Meus dedos entrelaçados nos dele deslizam pela palma de sua mão até alcançarem o curativo na parte interna de seu pulso. Eu o toco, uma carícia que me custa o fôlego. Por baixo dessas camadas de gaze há um corte profundo que Jimin fez em si mesmo duas semanas atrás, quando tentou se matar. Eu não estava com ele, não estava ali para sustentá-lo e ele ruiu. Estava na nossa antiga casa de veraneio, por causa de Yoongi, e demorei para voltar. As estradas estavam cheias, era um feriado. É por isso que tenho medo, por isso não posso me atrasar nunca mais.

Não sei se consigo existir sem Jimin e Yoongi, mas a certeza que tenho é que Jimin não consegue continuar sem o melhor amigo e o irmão. Ele não consegue.

"Estou bem, TaeTae", ele esconde o pulso com a manga do suéter e levanta da poltrona. Eu olho para cima, para seu rosto acima do meu, iluminado pela luz como a face de um anjo. "Foi um erro. Você... um dia irá me perdoar?"

Procuro novamente sua mão. Ela é quente na minha, familiar como meus próprios membros. É estranho quando nossos dedos não estão entrelaçados. É vazio.

"Não temos que falar disso", desvio do assunto enquanto andamos em direção ao carro. Não estou com pressa. O sol é agradável em nossas costas e Jimin cheira a coisas limpas, mornas e macias, como uma manta de cachemira no inverno. "Você acha que está ajudando? A terapia."

"Você ajuda mais. Mas vou fazer o diário."

Trocamos um sorriso cúmplice. No fundo sei que ele pode ser tão dependente de mim, e também no fundo eu me convenço de que gosto que ele seja.

"Vamos comer torta de limão", eu o convido, e Jimin assente. As argolas em sua orelha cintilam ao sol.

Vamos até a cafeteria, peço duas tortas de limão e nós dois comemos numa mesa isolada do salão, debaixo de uma nesga dourada de sol. Isto é a síntese perfeita da nossa vida, isolados do mundo, atrelados, provando o sabor doce e azedo da existência em nossa língua ao mesmo tempo.

Não sou um garoto especial. Não sou exemplar ou estranho. Tive uma infância feliz com Jimin e Yoongi. Tenho pais bons e amáveis, apesar de ser constantemente zuado na escola por ser o garoto da funerária. "Ei, estão sentindo esse cheiro de coisa morta? São Jimin e Taehyung". Risos. Nossos pais tem uma funerária, o que não por si só não é muito convencional, mas ainda assim, eu não me considero diferente de ninguém.

Nossos natais são alegres. Viajamos todo ano para o sul da Inglaterra. Sinto muito, mas não tenho nada para entregar a vocês que possa explicar porque certas coisas acontecem comigo.

Elas só acontecem.

Como o garoto no estacionamento.

Ou o acidente com Yoongi.

Ou a conexão que tenho com Jimin.

Ou o fato de que Jimin vê demônios. Mais ou menos desde os oito anos. E, sempre que ele os vê, ele grita meu nome e corre para mim.

As coisas estranhas atravessam o meu caminho e, antes que eu perceba, minha vida está mudando, girando e girando e girando, e eu não sei mais para qual direção eu estava indo.

Quando terminamos de comer a torta de limão, Jimin paga a conta e volta para avisar que precisa ir ao banheiro antes de pegarmos a estrada de volta para casa. Ele passa pela nossa mesa, levando meu olhar consigo, que magicamente recai no sujeito sentado numa nas sombras da cafeteria, capuz puxado sobre a cabeça, fones de ouvido encaixados nas orelhas, olhar cortante fixo em mim.

É o garoto do estacionamento. Ele parece ainda mais irritantemente bonito no interior frio do hospital psiquiátrico, uma sombra negra, pele pálida, boca rosada. A franja do cabelo castanho avelã cai sobre seus olhos e ele a afasta com um movimento de cabeça, sem nem ao menos piscar.

Há algo nele que me deixa tonto. Como quando eu era criança e me afoguei no mar. A sensação de não conseguir respirar, de ter os pulmões inundados e o coração sendo esmagado é a mesma.

O garoto me olha como se tomasse uma decisão importante, ele me olha tanto e tanto e tanto que uma ruga nasce entre seus olhos grandes e redondos. A comichão em meu ventre se torna um borbulhar intenso. Ele se ajeita na cadeira, o moletom preto redesenhando sobre seu corpo forte. Seu rosto tem linhas suaves, quase infantis, mas seu corpo é grande e alongado, uma contradição. Ele pode ter qualquer idade entre dezessete e vinte e cinco anos.

"Ei", ele diz de repente, a voz se projetando pela cafeteria até a minha mesa.

Não sei o que dizer. Soa como um cumprimento, mas a forma como ele continua me olhando é intimidadora, então pode ser uma ofensa. Do tipo "o que você está olhando, idiota?". Ele acaba rindo, a boca repuxando para um lado e formando uma covinha, o que alivia a tensão esquisita por um momento.

"O que veio fazer aqui?", ele me pergunta.

Apesar de não ser da conta dele, sinto-me obrigado a responder. O humor dele muda depressa, agora ele está parecendo tentar uma trégua, principalmente porque tirou um dos fones num sinal claro de que quer me ouvir.

"Vim pegar meu irmão."

"Ele está em tratamento?"

"Mais ou menos isso."

Ele assente, parecendo realmente tocado. As pessoas não vêm para cá por estarem incrivelmente bem.

"Eu vi as...", ele faz um sinal para o próprio pulso, a voz baixando para um sussurro solene.

"É. Mas ele está bem agora. E você, por que está aqui?"

"Vim ver uma pessoa", o olhar dele fica insuportavelmente intenso em mim, cheios com um sentimento quente e ao mesmo tempo íntimo demais. Desvio o meu, incomodado. Ele acrescenta suavemente: "Alguém que amo."

Mordo o lábio, sem saber mais o que falar. Não sou bom com pessoas e sou pior ainda com flertes. Além disso, é incomum que o garoto que foi grosso comigo e roubou minha vaga esteja tentando algum tipo de aproximação. Não é assim que as pessoas flertam, em geral elas começam sendo gentis e não estúpidas. E ainda tem o fato de que ele nem ao menos tenha interesse em garotos.

Ele está aqui por alguém, não é? Alguém que amo. Possivelmente uma namorada.

Ergo o olhar novamente para ele. Por mais esquisito que seja tudo isso, não consigo parar de olhá-lo.

"TaeTae, vamos?", a voz de Jimin me alcança. Eu pisco, vendo o garoto estranho rir de canto e abaixar a cabeça, voltando a enfiar o fone no ouvido.

"Sim, vamos."

Saímos para o sol morno da tarde. Há um papel pregado embaixo dos limpadores de para-brisas do meu carro e enquanto Jimin se ajeita no banco do passageiro, eu arranco o papel e vejo, infeliz, que é uma multa.

Abro minha mochila e a enfio entre as páginas do meu caderninho de anotações, o que uso para listar trechos de músicas, rimas e frases de efeito que, no fundo, não causam efeito algum.

Gostaria de ter lembrado de perguntar o nome daquele maldito garoto que roubou minha vaga, porque assim eu poderia xingá-lo devidamente agora. É culpa dele. Tudo é culpa dele.

Tudo.

Tudo que aconteceu depois e depois e depois.

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