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Mirrors

Eu não acredito que consegui atualizar Nocte, estou muito feliz aaa

As coisas vão ficar realmente intensas daqui pra frente, estamos na reta final, e por mais que vcs pensem que os acontecimentos não fazem sentido ou são loucos demais, não fiquem ansiosos, tudo vai se encaixar.

Boa leitura <3

__________

1.

Jungkook está conversando com um dos funcionários da marina. Ele está, como sempre, de preto dos pés à cabeça, um corvo destacando-se do horizonte cinza opaco chuvoso. Já comi todas as minhas unhas enquanto espero Jungkook negociar um barco, mas ele volta para mim de cabeça baixa, a expressão contrariada.

"Nenhum deles quer alugar um barco, Taehyung."

"Você disse que pago qualquer preço, certo?"

Jungkook balança a cabeça.

"Tae, não é seguro. Uma tempestade vai cair, a guarda costeira está mandando alertas, seria ilegal alugar um barco agora."

"Jungkook, eu preciso ir atrás do meu irmão", insisto, o desespero tornando minha voz irritadiça.

Jungkook enfia as mãos no bolsão frontal do moletom, como um canguru, e me encara. Quero recuar diante de sua expressão intensa e desafiadora, mas finco pé. Desde que bati em sua porta depois de ter lido o diário de Jimin e o arrastei para cá, ele está mal humorado e hesitante, como se tentasse de todas as formas deixar claro que não está comigo nessa.

É tão revoltante e sem sentido o quanto Jungkook odeia Jimin e eu não aguento mais esse ciúme idiota dos dois, porque sempre sou dividido ao meio.

"Jungkook, o que você quer que eu faça? Que desista do meu irmão?", eu me aproximo dele, peitando-o, porque não vou ser intimidado por sua aura negra. Eu o empurro no peito quando ele ainda me olha como se estivesse perto de perder a paciência. "Heim, você quer que eu desista do Jimin?"

"Sim!", ele agarra meu pulso com força e meu queixo cai. Jungkook enfim está no limite, mas quando ele fala, sua voz tem tons esganiçados de desespero e não de raiva. "Eu quero que você desista de Jimin e o deixe ir embora para onde quer que seja em paz. Eu não quero mais ouvir falar de Jimin, ou qualquer coisa relacionada a ele! Eu quero sair daqui, dessa marina e desse lugar horrível e quero levar você comigo, Taehyung!"

Eu o encaro, pasmo. Eu não posso acreditar que Jungkook está sendo tão egoísta simplesmente por ciúmes. E, ironia máxima, estamos aqui agora brigando porque Jimin teve um ataque de ciúmes. Deus, não posso mais lidar com isso.

"Você é louco", eu cuspo e me afasto de Jungkook, indo em direção aos barqueiros no final do deque.

"Ele pode estar em qualquer lugar dessa ilha!", Jungkook grita atrás de mim, tentando me convencer no último segundo. "Por que temos que procurá-lo no mar no meio de uma tempestade?"

Meus punhos se fecham, não porque estou com raiva de Jungkook, o que é parte verdade, mas porque lembro dos trechos do diário de Jimin.

"Jimin se afogou quando éramos crianças, aqui, nessa praia", eu aponto brutalmente para a faixa de areia cinzenta na encosta do precipício. "A partir daí, ele desenvolveu uma conexão estranha com o mar, um fascínio obscuro. Depois que ele se afogou, nas noites seguintes, ele ia para o precipício, sentava ali e ficava olhando para o mar como se esperasse uma resposta. Como se tentasse entender porque o mar o tragou e porque o devolveu de volta à vida", eu paro de andar e me viro para Jungkook; ele está logo atrás de mim e freia subitamente, nossos peitos quase colidindo. Os olhos dele sob o capuz repuxado do moletom são escuros, intensos e brilhantes, tão vivos em sua palidez de cal. "Jimin é meu irmão de alma. Eu sei onde ele está, e ele está lá agora", aponto para o horizonte negro. Jungkook segue meu olhar e não sei ler o que há nele, apenas vejo toda luz nos olhos dele morrer por um instante antes que ele suspire e aceite com um aceno de cabeça.

"Tudo bem, Tae", a voz dele é mansa, quase afetuosa. De repente, o brilho nos olhos ele é intenso demais, úmido demais. Ele funga e passa por mim. "Fique aqui, eu vou tentar negociar outra vez."

Dez minutos depois, Jungkook consegue um barco.

2.

Se encontrarmos Jimin logo, voltaremos antes da tempestade desabar. Ele não pode ter ido muito longe, certamente está atracado em alguma praia ao longo da encosta, o que me dá medo. Jimin sozinho, perto do mar, é um pensamento tão aterrador que sinto meu estômago apertando enquanto olho para a espuma branca que o motor do barco cria nas ondas.

Jungkook está na cabine, ao lado do timoneiro, mas ele desce assim que estamos longe o bastante para não enxergarmos mais as docas, ou a praia, ou os penhascos. Eu faço um sinal para que o timoneiro se aproxime da orla e vá mais devagar. Ele parece angustiado, olhando sem parar para as nuvens escuras deslizando para cima de nós como uma mortalha.

"Então", Jungkook puxa conversa, encostando na proa ao meu lado e olhando vagamente na direção das praias, "o que aconteceu com Jimin?"

"Ele viu o desenho que você fez", eu conto. Aperto os olhos e varro cada centímetro da encosta. As vezes tenho a impressão de que vi algo se movendo, mas é apenas a crista das ondas quebrando na areia me pregando peças. Ainda estamos um pouco longe demais da praia.

"E...?", Jungkook pressiona.

"Jungkook, Jimin sofreu um trauma. Ele perdeu o melhor amigo, Jimin é sensível, sempre foi, ele não lida bem com morte e perdas. Ele tentou suicidar depois que Yoongi morreu no acidente, ele está em tratamento, droga. Eu o trouxe para cá para nos afastarmos de tudo, para que ele se sinta amado e protegido, mas então você aparece, e eu não sei como, mas estamos transando e eu não consigo dar atenção suficiente a Jimin. Ele não entende o que está acontecendo e eu sinto que ele não deveria estar passando por nada disso agora, é desnecessário, mas aí ele encontra o desenho que você fez de mim, e nós dois sabemos que não era um desenho inocente, e então é demais para ele, Jungkook. Jimin está fugindo."

Jungkook me olha por tanto tempo que minhas bochechas coram. Sinto-me julgado, Jungkook é o anjo do julgamento, intocável, estoico e ele sabe de tudo, tudo. Ele me vê tão claramente como se minha alma fosse água translúcida, ele me conhece, meu corpo, meu prazer e meus medos, ele sabe quais são os meus pecados e ele sabe até mesmo o que eu não consigo lembrar.

Ele é a mão que desenha tudo isso. Ele me desenha.

Os dedos dele tocam minha bochecha e eu não sei como ele pode ser tão quente mesmo no vento gelado.

"Tae", ele murmura, inclinando a cabeça contra a minha para roçar os lábios no meu pescoço. Eu fecho os olhos e suspiro, de repente aquecido por dentro. "Eu sei disso. Eu vi você no hospital psiquiátrico, lembra?", ele fala comigo com cuidado e eu abaixo o olhar para minhas mãos torcendo-se nervosamente no parapeito. Jungkook deixa um beijo terno na pele da minha jugular. "Eu sei sobre Jimin, e está tudo bem."

"Jungkook", meu peito treme e eu sinto que minhas barreiras vão romper, então respiro fundo, mas não posso fazer nada quanto ao temor em minhas palavras, "Se você não me ajudar eu não sei como fazer isso funcionar."

"Eu vou ajudar você, meu amor", os dedos quentes dele tocam minhas mãos, separando-as para entrelaçar nossas palmas. Ele me aquece, minha pele, meu coração. Fecho os olhos e solto uma respiração de alívio. "Vai ficar tudo bem."

Eu sei que vai. Porque é Jungkook, e ele é o anjo do julgamento. Enquanto ele estiver ao meu lado, eu não andarei pelo caminho errado.

3.

O timoneiro grita para irmos até ele e, quando eu e Jungkook nos aproximamos, ele grita acima do ruído alto do vento:

"Temos que voltar! Se a tempestade desabar, a maré se agita e sobe e pode acontecer um acidente! Semana passada um barco pesqueiro foi achatado contra as colinas! Temos que voltar!"

"Não, ainda não, não demos a volta na ilha ainda!", eu tento argumentar, mas Jungkook aperta minha nuca de forma apaziguadora.

"Eu vou voltar!", o timoneiro alerta, a cara fechada que não dá chances para mais conversa.

Eu me viro para Jungkook.

"Podemos dar a volta na ilha pela faixa de areia", eu proponho. Jungkook arregala os olhos e abre a boca para discutir, mas muda de ideia quando vê que não vai adiantar, sou irredutível. Sem esperar que ele responda, eu ordeno para o timoneiro: "Deixe-nos na praia!"

"Vocês não vão ter como voltar!", ele avisa, "nenhum barco sai para pegar pessoas no meio da tempestade, já é loucura termos saído."

"Damos um jeito."

O timoneiro me olha atemorizado. Ele balança a cabeça e murmura algo que soa como deus esteja com vocês, e então gira o timão e o barco embica em direção à praia.








4.

A tempestade cai. Raios cortam o céu negro em bifurcações luminosas, o mar é da cor do piche. Não deve ser nem duas horas da tarde, mas parece oito da noite. As nuvens encobrem toda luz e está tão escuro que só o que nos impede de tropeçar nas pedras da praia é a lanterna ligada de nossos celulares, mas temos que guardá-los quando enfim a chuva alcança a praia e nos açoita sem piedade.

"Taehyung!", Jungkook berra, a chuva pesada tamborilando em nossos crânios e ouvidos. "Está difícil de andar, vamos procurar um abrigo!"

"Uma caverna!", eu respondo, minha voz grossa rasgando o zumbido do vento e da chuva. "Como na vez em que você caiu do penhasco!"

Jungkook está andando na minha frente, mas ele para e se vira para me olhar por cima do ombro, a expressão furiosa e eu sei que ele está pensando em me corrigir, eu não caí, eu fui jogado, mas acho que ele decide não me estressar ainda mais agora.

A única coisa que penso é que estamos andando em círculos nessa ilha, nas minhas memórias perdidas, no passado e no presente. É a mesma coisa sempre, tempestade e perdas e a mão de Jungkook me guiando. Tenho a impressão de que sempre estou buscando alguma coisa importante que perdi e por mais que eu estique os dedos para tocar algo concreto, só existe a ilusão.

Os dedos de Jungkook, duros e firmes, enlaçam os meus.

Ele me puxa pela encosta até acharmos uma reentrância na parede rochosa, não é tão profunda quanto a que nos abrigou na noite em que o resgatei, mas serve para nos proteger do vento forte e do aguaceiro.

Sentamos lado a lado, encolhidos de frio e fome, olhando a escuridão nos cercar.

"Jungkook, você acha que ele voltou para casa?"

Jungkook me olha, e lá está outra vez, sua mente escolhendo o que me entregar e o que não me entregar e, como água desviando das pedras, ele chega suavemente aonde quer:

"Jimin sempre vai voltar para você, Tae."

"Então você... você não acha que ele está pensando coisas ruins? Não acha que quando ele saiu de casa e veio se esconder em algum lugar por aqui, ele, sabe...?", meus olhos ardem e eu pisco depressa, passando a mão por eles para limpá-los. Eu não sei se consigo suportar passar pelo que passei da primeira vez que Jimin tentou se matar. Eu não sei como existir sem ele, é pesado demais, difícil demais.

"Ele sempre foi um bom garoto", Jungkook afaga minhas costas e sua voz é tão, tão doce comigo que posso derreter. "Um garoto muito especial."

"Então você não o odeia?"

"Nunca, Tae. Eu não posso odiar nada que você ame", Jungkook se move ao meu lado, sentando de modo que fique de frente para mim, então pega meu rosto entre as palmas quentes e me faz encará-lo. Há carinho nos olhos dele, um tipo de afeto esmagador e transcendental, o mesmo que vi quando transamos, nosso corpo se tornando um só. "Escute, Tae, preste atenção. Eu amo você. Com Jimin ou sem Jimin, com Yoongi ou sem Yoongi, eu amo você. Eu amo você completamente a absolutamente, eu amo todas as suas versões, eu amo você de trás para frente e do lado oposto. Eu amo você."

A força das palavras dele me deixa engasgado. É bom ser amado dessa forma, mas também é apavorante. Um amor assim é quase um fardo. Não acredito que mereço, mas não posso evitar sorrir de felicidade por não estar sozinho.

"Jungkook, eu sinto muito por não lembrar. Eu sei que temos uma história, mas eu não lembro dela e, se eu não lembro, é como se não tivesse existido para mim. É como se você estivesse percorrendo uma estrada muito mais longa que a minha, eu sinto que... você me ama muito mais do que eu consigo te amar."

Ele sorri, rugas se formando na extremidade dos olhos e no alto do nariz, os dentes da frente aparecendo sob o lábio superior. É raro ver Jungkook sorrir assim, ele parece mais jovem, uma criança, e algo nesse sorriso é totalmente descabido, por mais adorável que seja.

"E não tem problema se for assim", ele diz, ainda sorrindo. Jungkook está feliz, apesar de eu não lembrar de como tudo isso começou, apesar de eu não conseguir retribuir seu amor como deveria, ele está feliz enquanto nos sentamos aqui nessa gruta com cheiro de túmulo procurando por Jimin e isso é macabro.

"Ele voltou para casa", murmuro, assentindo, sentindo-me de repente tão, tão exausto, "Eu acho que Jimin já voltou para casa."

Jungkook acena que sim, o sorriso se alargando até que suas bochechas espremam seus olhos e seu nariz esteja franzido como o de um coelho.

"Eu também acho isso, Tae."

5.

A tempestade só dá uma trégua quando já é noite, mas não existe chance alguma de encontrarmos algum barco de pescador atracado na praia para nos levar de volta às docas, então andamos e andamos pela praia até que Jungkook avista uma trilha subindo pela encosta. Ela é íngreme, mas pelo menos não é de pedras, é grama e lama. Nós subimos com dificuldade, e então atravessamos a planície negra sob o luar baixo. A pradaria está úmida e chapinha sob nossas botas.

Chegamos à pé até a estrada e entramos na loja de conveniência do posto de gasolina. O atendente olha torto para nossas roupas ensopadas e enlameadas, porque é claro que apenas dois garotos problemáticos andariam pela ilha durante uma tempestade. Jungkook dá de ombros e vai até a prateleira de bebidas, pega uma garrafa de whisky barato e depois migra para a parte das comidas. Eu o sigo, tiritando de frio. Observo Jungkook escolher sanduíches de peru, pagar tudo no balcão e então passar um sanduíche para mim enquanto abre a garrafa de whisky. Ele bebe um gole longo e faz uma careta.

"Beba", ele instrui, empurrando a bebida no meu peito. "Vai aquecer."

Eu obedeço, tossindo e engasgando com a queimação que rasga minha garganta e meu estômago. Olho ao redor, limpando a boca.

"Temos que encontrar uma carona", há furgões de transporte de peixe parados na beira da estrada. Não parece agradável pegar carona num caminhão cheio de peixes eviscerados, mas é a opção que temos e eu preciso chegar em casa depressa para verificar Jimin.

Jungkook vai até um dos furgões e conversa com o motorista, um homem atarracado usando um uniforme branco e azul e botas amarelas impermeáveis. Jungkook acena e gesticula na direção do outro lado da ilha, onde fica minha casa, e o motorista parece relutante antes de concordar em nos levar, mais pelo nosso estado do que pela distância.

Chegamos em casa cheirando a peixe e sangue e lama, um aroma tão intragável que faz nossos narizes contorcerem, mas é mais do que eu estava esperando para o final disso, o que basicamente se resume em ficar preso com Jungkook naquela gruta até o dia amanhecer e sermos encontrados por pescadores locais, congelados e roxos. 

Jungkook para na soleira da porta, incerto sobre se deve ou não entrar.

"Não vá embora", eu entrelaço me mindinho no dele.

"Eu acho que", ele escolhe as palavras com cautela, sempre tão gentil, "você precisa de um tempo agora, Tae."

Ele fala nas entrelinhas, mas sei que quer dizer para que eu fique a sós com Jimin, sei que quer preservá-lo de sua presença e eu me sinto grato por isso. Jungkook é alguém melhor que eu.

Depois que transamos, me conectei a ele com mais força ainda.

"Sabe onde me encontrar", ele beija minha testa e minha boca, é só um selar doce, mas minhas entranhas ronronam; eu já sinto falta dele, de me unir a ele e da sensação de completude plena, "Tae, descanse, tome um banho quente e durma um pouco."

"Venha me ver depois da meia-noite", eu peço. Eu quero Jungkook aqui, em minha casa, na minha cama. Eu quero tê-lo aqui.

Ele parece receoso por um momento, talvez pela presença de Jimin, mas eu o conforto com um beijo suave no canto de sua boca macia.

"Vocês precisam conviver, porque não posso abrir mão de nenhum dos dois."

Jungkook me olha e há tristeza em seus olhos bonitos, uma tristeza antiga como uma cicatriz que ele carrega, mas ela é necessária. Ele afaga meu rosto, e mais uma vez está me olhando em adoração e compreensão.

"O que você quiser, Tae."

Ele se afasta e atravessa a distância até a casinha amarela e eu me viro para entrar em casa, metade do meu coração batendo depressa na expectativa de ver Jimin, a outra metade apagando conforte Jungkook se vai, uma estrela morrendo no céu negro do meu peito.

6.

Jimin está embolado na banheira quando entro no banheiro. Ele é como um pássaro frágil encolhido na água, a camisa branca grudada ao peito, cabelos loiros de cetim ondulados sobre a testa e olhar perdido. Eu me aproximo, minhas roupas imundas criando um rastro negro nos ladrinhos portugueses. Tiro a calça e o moletom ensopados de chuva e lodo, tiro a boxer e entro na banheira com Jimin.

Pela temperatura da água, já fria, sei que ele está aqui a mais de uma hora, pelo menos.

"Ei, vamos trocar essa água, ok?", falo suavemente e Jimin apenas pisca, olhos cravados nos próprios joelhos. Sua boca está pálida e sua pele é tão clara como algodão.

Puxo o ralo no fundo da banheira, o som da água escoando preenche o silêncio. Lentamente, o corpo frágil de Jimin vai surgindo conforme o nível da água desce, calças de brim grudadas nas coxas, o contorno alongado das panturrilhas, os pés descalços.

Os olhos dele estão inchados como se estivesse chorando e inconscientemente as unhas arranham as cicatrizes nos pulsos. Olho para Jimin e sinto o tranco apertado em meu coração anunciando que eu o amo, eu o amo de um modo incompreensível e infinito.

"Ei, pare com isso", murmuro docemente e toco a ponta de seus dedos com os meus, afastando-os das cicatrizes. A pele ao redor delas já está irritada. Quando toda a água fria escoa, eu me estico para girar as torneiras atrás de Jimin, a água jorra entre nós e aproveito a posição para ajudar Jimin a se despir. "Venha, vamos tirar essas roupas, você está gelado."

Ele não protesta. Jimin fica de joelhos na banheira para remover a camisa, e em pé para desabotoar as calças e abaixar a boxer. Jogamos tudo no chão para se somar à minha pilha de roupas sujas. Quando ele se abaixa outra vez, é para se acomodar no meu colo.

Puxo fôlego para falar com ele, confortá-lo, mas a boca de Jimin toca meu ombro e é ele quem está me acalmando. Ele envolve meu pescoço com os braços e eu consigo acomodá-lo melhor sobre mim, puxando suas coxas para envolverem minha cintura. Jimin é leve e sua pele é macia na minha, nossos ângulos se conectam naturalmente, corações alinhados. Respiro o cheiro de chuva e maresia em seus cabelos. Abraço-o até que estejamos apertados e fundidos.

Murmuro uma canção de ninar em seu ouvido, Jimin ofega no meu pescoço, a respiração cálida arrepiando minha nuca. Nossos corpos balançam devagar, para frente e para trás, um único corpo, Jimin lentamente afasta o rosto do meu pescoço e sua boca resvala na minha bochecha, no meu queixo e na minha boca. Ele tem gosto de sal. Seus lábios são frios contra o calor dos meus.

Eu canto para ele e o mantenho perto enquanto a água morna sobe e sobe até transbordar.

7.

A imagem do corpo de Jimin recortado contra o vidro negro da janela é clara, roupas brancas e folgadas, cabelos loiro cetim espalhados sobre o travesseiro numa explosão frizada. Ele está de costas para mim na cama, de modo que os calombos de sua espinha dorsal desenham o arco perfeito de sua nuca até o cóccix por baixo do tecido fino da camiseta. Suas pernas estão dobradas e ele as abraça em posição fetal.

O quarto todo tem o cheiro dele, o cheiro doce, suave e persistente de Jimin, o cheiro da pele dele e dos cabelos dele e da respiração dele.

Eu o puxo mais para mim, até que seu corpo esteja abrigado no meu.

"Me desculpe", eu digo, minha boca repuxando para baixo. Devagar, conforme me aproximo, o corpo de Jimin vai relaxando na cama, os músculos das costas cedendo, e ele suspira baixo, quase um gemido de alívio quando me encaixo atrás dele, encontrando a posição familiar que nossos corpos conhecem.

"Você deveria ter me dito que estavam transando."

Meu sangue gela. Isso é algo que Jimin aprendeu, usar as palavras como socos quando você menos espera. Não é a natureza dele, mas Jimin é como um camaleão, adaptável, e ele se sente ameaçado. Ele se mexe nos meus braços, ficando de frente, e é ainda pior. Seus olhos ainda estão inchados e rosados nas bordas, o nariz vermelho na ponta. Meu amor esteve chorando, meu pequeno Jimin.

"Está tudo bem, Tae" ele diz. Seus dedinhos curtos tocam meu rosto e afastam minha franja molhada. Ele beija minha bochecha e meus olhos e me deixa respirar seu aroma reconfortante. "Agora está tudo bem."

"Você sumiu sem dizer nada, eu fiquei tão preocupado."

"Mas eu me arrependi, eu percebi que você ficaria tão enfurecido e eu não quero deixar você chateado, Tae. Então eu voltei para casa. Onde você esteve?"

"Por aí", agora que Jimin está aqui, quente e suave nos meus braços, tudo parece bobo e sem importância, exceto por uma coisa. "Jimin, eu li seu diário."

Ele pisca, de repente em alerta. Sua postura corporal altera depressa de vulnerabilidade para rigidez.

"Um dia você ia descobrir, ele diz apenas, e fecha os olhos. "Estou tão cansado."

"Nós deveríamos voltar para casa, você deveria voltar para a clínica psiquiátrica. Não significa que o tratamento não está dando certo, foi só uma recaída, não desista."

"Eu estou muito cansado", ele repete, a voz doce sumindo em meu pescoço. "Me deixe ficar, TaeTae, sim? Só... me deixe ficar com você."

Eu beijo suas pálpebras até que ele esteja ressonando.

8.

Jungkook é um vulto negro na cozinha. Ele está em pé no meio dela, usando jeans pretos que se ajustam em suas coxas e um moletom cinza escuro com capuz repuxado sobre a cabeça. Eu sinto fome, tanta fome.

"Jimin dormiu", digo, molhando o lábio com a língua. Venço a distância até Jungkook, engolindo em seco ao experimentar os efeitos da presença dele. Não sei se é porque ainda estou afetado com o susto que Jimin me deu hoje, ou se é pelo sexo, mas estou vibrando por dentro de vontade de ter Jungkook, não é mais algo que eu possa conter.

"Tae, eu", ele começa, mas então vê a escuridão nos meus olhos, a necessidade em meu rosto. Isso parece assustá-lo, porque Jungkook fica imóvel, em alerta. Minhas mãos seguram seu moletom e o puxo para mim, aspiro seu cheiro, movendo o nariz por seu pescoço.

"Eu quero você, preciso de você, Jungkook", arquejo, sentindo que estou ficando duro só de imaginar tê-lo. Diferente da vontade que tive antes, de tê-lo me mim, eu quero possuí-lo.

"Tae", ele murmura, segurando meu rosto e me beijando, uma coleção de selos apertados que se tornam beijos afoitos. Ele ofega e chia, mordendo minha boca e me empurrando contra a parede. Derrubamos alguma coisa ao nos movermos pela casa, nos beijando e salivando na boca um do outro.

Jungkook agarra minhas coxas e me puxa para cima, eu o abraço com força e subimos as escadas. Mal conseguimos respirar entre os beijos. Eu quero fodê-lo tanto. Jungkook abre uma porta, não faço ideia de qual porta seja, e em seguida estou sendo imprensado no colchão. Ele arranca o moletom e eu puxo meu suéter pela cabeça, tiramos as roupas com raiva. O corpo de Jungkook é gloriosamente esculpido e eu preciso tanto tê-lo que minha ereção está doendo.

Ele sabe disso, como sempre sabe de tudo.  Ele se deita e com uma única troca de olhar estou fluindo sobre ele. Jungkook me deixa beijá-lo e chupá-lo, mamilos, abdômen, coxas, ele geme com a minha boca em seu pau, eu o engulo até chorar lágrimas de desejo. Os dedos dele, melados de saliva, esbarram nos meus em sua entrada, ele treme, ereção lindamente pingando na barriga dura. Eu me alinho, chiando de prazer conforme o preencho, Jungkook não é nem um pouco vulnerável embaixo de mim, ele é músculos e força e suas pernas se fecham num nó em minha cintura, me puxando para que eu enterre até o fim, apesar da dor, apesar de estarmos quase gozando.

Ele grita e xinga, rosto contorcido pela estiramento, eu quero me afastar um pouco, mas ele não permite. Seu aperto em volta da minha cintura é esmagador. Eu me ergo nos braços, olhando-o por baixo da minha franja bagunçada. Os ângulos do rosto de Jungkook são viris, dentes mordendo o lábio, pescoço esticado para trás, cabelos de veludo negro espalhados no travesseiro. E ele é absolutamente perfeito assim.

"Taehyung", ele rosna, "Me fode com força."

Ele sabe que é isso que eu preciso, e ele também precisa.

Não dura muito, não é esse o propósito. Não é romântico ou elucidativo como a primeira vez, é só necessidade e desejo desesperado. Eu transo com Jungkook apertando-o e enterrando fundo, os estalos da minha virilha contra suas nádegas é seco e rápido. Ele é apertado e quente e pulsante em minha volta, a sensação de possuí-lo, de rasgá-lo e dominá-lo é alucinante.

"Ah, po...rra, Jung...kook...", meu ritmo aumenta, minhas coxas pegam fogo e minha barriga repuxa. Eu sinto o orgasmo chegando vertiginosamente rápido e afasto mais as pernas, querendo mais do que tudo atirar em Jungkook o meu sêmen, eu posso senti-lo vindo, o fantasma da liberação amadurecendo em minhas bolas a cada chicotada que elas dão no traseiro de Jungkook. Sinto que estou fundo, muito fundo, porque o calor do interior dele me envolve da cabeça à base, e Jungkook está chorando e implorando.

Ainda estou vindo quando me afasto, gozo escorrendo e esguichando sobre o pau de Jungkook. Ele lamenta o vazio súbito, rosto vermelho e suado contorcido pelo prazer cada vez mais próximo. Ele envolve o pênis vermelho com a palma da mão e se masturba, eu me abaixo para chupá-lo, mas o jorro quente vem sem aviso, atingindo minha boca no instante em que a abro para tomá-lo. Jungkook olha para baixo e capta a visão, gemendo sem parar, mãos subindo e descendo no pau molhado para ordenhá-lo até a última gota. Os jatos vem e vem na minha boca, a glande batendo no meu lábio inferior.

"Mais", eu dito e Jungkook choraminga de prazer e dor conforme extrai o máximo que pode de seu clímax para me satisfazer. Ele enfim afasta a mão do pênis sensível e cai na cama ainda gemendo e chiando, pernas tremendo. Eu me ergo de joelhos entre elas e me masturbo, com tesão apesar de ter acabado de vir.

Jungkook e eu nos olhamos na meia escuridão do quarto, ele ainda está desnorteado, mas vira de barriga na cama e se posiciona de quatro. Eu me aproximo e me preparo para tomá-lo mais uma vez.

9.

Em algum momento da madrugada, acordo. Reconheço o calor do corpo de Jungkook colado ao meu, seu cheiro bom misturado ao perfume do nosso sexo. Meus olhos amortecidos de sono giram pelo teto do quarto, os lençóis de cetim deslizando pelas minhas costas conforme me viro para a janela. O rosto de Jimin toma forma diante do meu, lábios rosados, bochechas febris.

Ele está olhando para mim. 

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Usem a #noctetk para comentar no tt, ok? Quero saber o que vcs estão pensando dps desse capítulo loooouco, quero as teorias, risus

Até breve <3

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