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His Shadows




           

1.

Jungkook chegou atrasado na aula, por isso está sentado lá embaixo. Eu também cheguei atrasado, por isso estou na mesma fileira que ele, na outra extremidade em forma de U onde os assentos se alinham. O professor está falando, a voz se projetando por sobre nossas cabeças. Eu olho para o meu caderno de anotações, a ponta do lápis desliza suave pela folha. O perfil de Jungkook é complexo. Não consigo traçar sua mandíbula por mais que eu já esteja na décima tentativa, acumulando bolinhas de papel dentro da minha mochila. Chego a algo satisfatório e então me deparo com outro problema, o nariz. Não há como conseguir acertar o exato contorno empinado da ponta de seu nariz. É exasperador. Mas eu consigo. Faço algo que se assemelha a Jeon Jungkook olhando disperso na direção da janela. A gola de seu moletom é larga e está um pouco repuxada para baixo, expondo a base do pescoço e eu não sei por que faço isso, se não posso ver daqui, mas encosto o lápis na folha de papel e coloco uma pequena pinta na lateral de sua garganta. É o único detalhe que me parece perfeito no desenho inteiro. Todo o resto é um desastre.

Meus dedos se movem, buscando um último retoque. Falta algo. Talvez a boca esteja proporcional demais - a boca de Jungkook é cheia embaixo e fina em cima, rosada como um doce cristalizado. Eu a acerto, afastando minha franja dos olhos quando ela cai, escondendo meu alvo. Jungkook está tão imóvel e alheio que nem ao menos pisca quando um garoto sentado atrás dele espirra alto. Ou quando o professor diz algo engraçado e a turma ri.

Ou quando nossos olhares se cruzam sem aviso e eu coro. A aula acabou. Fecho meu caderno e guardo meu material. Espero que a maioria dos alunos saia - Jungkook também espera - e o intercepto na saída.

"Terminou com o livro?"

Ele ajeita a mochila no ombro e suspira, me olhando com desinteresse estudado. Sua pele parece mais clara esta manhã, talvez porque o tempo esteja fechado, e detalhes que nunca percebi em Jungkook saltam diante dos meus olhos como sinais. Há uma pinta bem embaixo do lábio inferior dele. E outras duas na bochecha, minúsculas. É uma sensação sinistra e eu deslizo os olhos pelo pescoço dele devagar... e ali está. A pinta que eu desenhei. Ela desafia a minha lógica, desafia meu orgulho e desafia minha petulância.

"Você não me disse o seu nome", a voz dele soa pragmática, programada.

"Taehyung", dou a ele o que ele quer. "Olha, eu realmente preciso daquele livro. O prazo para entregar o trabalho está se esgotando e não tenho bibliografia suficiente para finalizá-lo."

Ele pisca.

"Estou esperando chegar a parte em que eu vou ter algo a ver com isso."

Meu Deus.

"Qual é o seu preço?", abro as mãos em rendição. "Pode falar, eu cubro. Só me entregue o maldito livro."

Jungkook recua, as sobrancelhas se unindo numa expressão de ofensa. Ele abre a boca para responder, mas nesse momento Jimin surge no vão da porta da sala. Seus cabelos estão uma desordem, as argolas e os piercings em sua orelha brilham em prata na luz do sol, ele usa um suéter bege claro e todo o seu conjunto é tão radiante que ofusca.

Ele olha fixamente para mim, sua atenção não se desviando nem por um segundo para Jungkook. É quase forçado.

"TaeTae, venha, o refeitório está ficando cheio", ele estende a mão para mim. Eu olho para esse estranho par de garotos, Jungkook, escuro e inalcançável e Jimin, um foco de luz e alívio. Meu coração pulsa por eles como um chamado. Jungkook também não fez questão de olhar para Jimin, é como se ambos ignorassem a existência um do outro enquanto seus olhos me cravam no lugar.

Não consigo processar isso. Jimin e Jungkook. Escuridão e luz. Desejo e necessidade. Jungkook parece estar esperando que eu o escolha, que eu dispense meu irmão para continuar a conversar com ele, ou talvez seja só uma vontade patética minha de acreditar que esse garoto lindo pode me querer de alguma forma.

"Vou dar baixa no livro", ele fala, já se virando para sair da sala. Sua voz nem ao menos se eleva e não precisa - meus ouvidos filtram qualquer coisa que ele diga e o mais assustador é que eu sinta que ele sabe.

Sabe o quanto já estou hipnotizado por ele.

"Obrigado!", eu grito quando pego o pulso de Jimin e saio para os corredores. Jungkook se mistura à multidão de estudantes, indo contra o fluxo. Ele se destacada entre os outros, alto e escuro, e ainda não posso entender como nunca o vi antes. É praticamente impossível, como uma falha num tecido, um fio puxado que depois de percebido se torna gritante.

Ele se vira para me olhar por cima do ombro, a língua cutucando a parte interna da bochecha e a boca curvada num sorriso irônico.

2.

Depois do almoço, passo na biblioteca e o livro de John Waterhouse está disponível. A bibliotecária me informa que foi registrado com uma reserva exclusiva no meu nome. Eu fico um pouco chocado. Jungkook deixou o livro no meu nome, para que apenas eu possa pegá-lo. É um gesto de gentileza que me deixa zonzo, porque não espero isso dele.

Quando ela me entrega o livro, eu o folheio, procurando tolamente o cheiro dele nas páginas. Jungkook tem um perfume tão único que impregna o ar. Aderiu nas folhas, suave, muito suave. Minha boca seca porque imagino se um dia vou sentir esse cheiro na ponta do meu nariz, nas minhas roupas e na minha língua.

"Próximo!", a bibliotecária carimba minha ficha de empréstimo com um baque seco e eu desperto das minhas ilusões.

           

3.

A balsa para Jeju corta o mar devagar, o motor chiando sobre o silêncio do vento. É uma paisagem desolada - o céu cinza, o mar plúmbeo, as nuvens com suas barrigas peroladas de chuva. 

Saímos do carro, eu e Jimin, e estamos encostados na parte superior da balsa, olhando para o vulto negro da ilha se aproximando. Lá embaixo, os carros estacionados formam listras coloridas e as pessoas caminham inquietas entre elas como formigas. Faz frio, mas o corpo de Jimin está perto do meu, tão perto que nossos pulsos se entrelaçam. O calor dele me mantém aquecido, o meu calor o mantém aquecido. Nossas respirações se embolam no ar frio da manhã.

"Desculpem", uma voz tímida nos aborda. Viramos para ver quem é. Uma moça sorri para nós. "Pode tirar uma foto? Por favor?"

Eu faço que sim, mas é Jimin quem pega o celular e vira na direção da moça. Ela recua até que o braço de seu namorado proteja seus ombros, e então ambos sorriem para a foto. Não é um ângulo bom, é um pouco sem graça. Não há nada ao fundo a não ser um horizonte sombrio. Jimin devolve o celular para ela.

"Querem uma também?", ela oferece, nos olhando com cumplicidade.

Nem eu nem Jimin nos damos ao trabalho de ficar sem graça, apenas recusamos educadamente e voltamos a nos acomodar na balaustrada da balsa, braços entrelaçados. Não lembro quando começou, quando as pessoas começaram a achar que parecemos namorados, mas lembro quando foi que eu percebi que não me importava. Foi no primeiro ano do Ensino Médio, quando os cochichos nos corredores pararam de ser eventuais. Os boatos me perseguiam. Eles só silenciavam quando eu me trancava no banheiro abandonado do ginásio. As pessoas se incomodavam mais comigo e com Jimin do que nós com elas, e eu não entendia o porquê. O que estávamos fazendo de errado? Não era como elas diziam. A língua do meu irmão não entrava na minha boca, embora eu conhecesse o toque dela na minha pele. Não era sujo, então porque elas falavam como se fosse?

Dois garotos juntos, e ainda por cima irmãos.

Por mais incrível que seja, Jimin nunca se afetou. Ele se importava com o que eu pensava, com o que nossos pais pensavam, mas não com o que todo o resto do mundo tinha a dizer sobre nós. Então, com o tempo, eu também parei de me importar.

Viro a mão de Jimin na minha. Ela é pequena para um garoto, com dedos gordinhos de unhas curtas e limpas. Ele a abre com a palma virada para cima e sopesa a minha, é uma brincadeira que fazemos sem nos dar conta, como a maioria delas. Nos medir. A proporção de nossos corpos, os encaixes. Jimin é macio e quente, enquanto sou resistente e firme.

"Está com medo?", pergunto a ele, empurrando seu ombro de leve.

Os lábios dele se partem num meio sorriso.

"Não."

"Está fazendo o diário? Quando poderei vê-lo?"

Estou rindo, porque é claramente uma provocação, mas Jimin não entra na brincadeira. Seu rosto bonito fica tenso e ele solta minha mão quase bruscamente.

"É pessoal, TaeTae. Não vou mostrar."

Engulo o gosto amargo que sobe por minha garganta.

"Achei que não tínhamos segredos", eu estava só brincando, mas agora estou sinceramente magoado.

"Você tem", Jimin murmura, a unha descascando uma lasca da pintura da balaustrada. "Todo mundo tem, até nós dois." Soa como uma acusação e não uma certeza. Vejo a aflição moldar seu maxilar e no mesmo instante eu me derreto. O movimento de sua mão no batente expõe a cicatriz em linha reta em seu pulso e eu me amaldiçoou por ser tão rígido com ele.

"Desculpe", mas não volto a entrelaçar nossos dedos. Jimin precisa de espaço. Ele é frágil assim. Não é algo que sei apenas agora, aprendi durante esses 22 anos. Sempre soube quando não sufocá-lo, só espero não estar perdendo o jeito.


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não demorei tanto dessa vez, né?

estou animada porque agora começam as melhores partes da fic <3

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