Delirium
Eu ia postar só um cap, mas resolvi postar dois pq se eu não quebrasse no meio não ia ter o efeito desejado, então vcs acabaram ganhando dois caps de att :)
Leiam as notas no final do cap se quiseram saber do meu sumiço
Boa leitura! <3
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1.
Já passou da hora do almoço quando volto para casa. Jimin está enrolado num edredom grosso na varanda, o caderno que está usando como diário apoiado nos joelhos recolhidos contra o peito. Seu olhar queima no meu à medida que eu me aproximo, subo os degraus da varanda a paro o lado dele.
"Como foi seu dia?", ele pergunta, mais sério que de costume.
Há algo aqui. Uma chama perigosa que queima lentamente à nossa volta, o prenúncio de um incêndio, e tudo isso acontece por trás da expressão suave de Jimin.
"O que você fez?", ele insiste, e só então percebo que não respondi.
"Estive na praia."
Ele assente, aceitando minha resposta. Olho para o interior da sala através da porta aberta e vejo a lareira estalando. Jimin a acendeu, e no entanto está aqui fora, no frio. Não quero acreditar que esteve me vigiando. Ele não é assim.
Toco seus cabelos macios, afastando-os de seus olhos. Geralmente meu toque amansa Jimin como a um gatinho. Não dessa vez. Dessa vez, ele afasta milimetricamente a cabeça do meu alcance. Eu o encaro, magoado, mas Jimin apenas ajeita o caderno nos joelhos e volta a escrever.
De noite, entre um intervalo e outro de sono, escuto sua respiração procurando meu pescoço. Eu me ajeito, entrando mais no casulo de calor que nossos corpos formam debaixo das cobertas. Os lábios de Jimin roçam minhas clavículas e no meio do sono eu penso, sonolento, que ele está me beijando. Mas há uma ordem no modo como sua boca se mexe, formando uma palavra, e então duas. Soa tão fraco como o adejar das asas de uma libélula.
Não sei se é um delírio.
Não sei se realmente o escuto.
Mas pode ser que Jimin esteja dizendo meu. Apenas meu.
O que me deixa em choque é a dúvida de que eu esteja respondendo, não com minha voz, mas com meu corpo apertando-se mais contra o dele, cada vez mais, buscando se tornar um só.
É um sonho.
Uma febre.
Tem que ser.
2.
"38,7", Jimin diz ao retirar o termômetro da minha boca. "Não está cedendo."
Ele suspira e se recosta na cadeira em que esteve largado nas últimas cinco horas, saindo apenas para pegar água, remédios e comida para nós. Não vejo o tempo passar, estou sonolento e mole debaixo das cobertas, meu hálito tem cheiro de febre.
"É esse lugar", Jimin murmura. Eu abro os olhos e o encontro encarando o mundo opaco lá fora, a expressão intensa e magoada. "Não devíamos ter vindo. Tudo aqui é molhado, molhado o tempo todo, só chove", ele tosse. "Até meus pulmões estão encharcando."
Pego no sono outra vez. Não sei quantas vezes acordei e dormi, mas a única constante em meu sono turbulento é Jimin ao lado da minha cama, seu contorno magro e muscular na regata branca recortado contra o vidro da janela. Sei que o tempo passa porque o vejo escrevendo, e então girando um cubo mágico entre os dedos, e depois escrevendo outra vez, cochilando como um anjo caído com a testa no vidro gelado.
"Eu amo você", as palavras deslizam pelos meus lábios secos. É só um cochicho, mas Jimin ergue a cabeça e me olha. Espero que ele responda, mas ele fica em silêncio enquanto a noite cai e o mundo mergulha na escuridão outra vez.
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Estive viajando no mês de Setembro praticamente inteiro, e embora eu já tenha alguma coisa de Nocte adiantada, sempre gosto de reler para acrescentar ou melhorar coisas, então, quando voltei de viagem, precisei desse tempinho para organizar tudo e, além disso, meu teclado está realmente ruim a ponto de eu não estar conseguindo digitar nele, aperto as teclas e elas não "registram" e isso me estressa e eu tenho vontade de dar com a cabeça na parede :) tô com preguiça de comprar um teclado novo, mas vai ser o jeito, neam
não sei vcs, mas eu amo esse cap. apesar de ser curtinho, ele diz MUITA coisa, vcs não acham?
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