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6


Crystal Harper

O despertador tocou estridentemente após uma noite de sono conturbado, e eu sabia que seria um daqueles dias. Antes que eu pudesse me enfiar de volta sob as cobertas, a porta do quarto se escancarou.

— Parabéns, flor do meu jardim! — exclamou Lia, minha melhor amiga, entrando com um bolinho em mãos e um sorriso que poderia iluminar um estádio.

— Como assim? Hoje é meu aniversário? — perguntei, piscando os olhos inchados e olhando para o calendário, ainda incrédula.

— Você definitivamente esqueceu — disse ela, com uma expressão de decepção exagerada, digna de um Oscar.

— Feliz 28 anos de vida atrapalhada! — continuou, me puxando para um abraço apertado.

— Muito obrigada, minha irmã preferida. — sorri, tentando ignorar o fato de que ela era minha única amiga verdadeira.

— Hoje, nada de trabalho! Vamos às compras e depois vamos fofocar até nossos ouvidos caírem! — anunciou Lia, com a animação de uma criança em uma loja de doces.

Levantei-me, lançando um último olhar para ela antes de me dirigir ao banheiro. Lá, completei minha rotina de higiene matinal, sentindo a água limpa e fresca contra minha pele. Com a mente mais desperta, caminhei até o closet, onde minha decisão de roupa começou a tomar forma.

Escolhi um blazer marrom, de couro com acabamento brilhante, que exalava elegância e sofisticação. A combinação perfeita veio na forma de uma calça de cintura alta, do mesmo material e cor, criando um conjunto coeso e estiloso. Para equilibrar o visual, optei por um top cropped branco, simples e casual, proporcionando um contraste agradável ao marrom do conjunto e adicionando um toque de leveza.

Completei o look com óculos de sol grandes e redondos, que além de protegerem meus olhos, adicionavam um toque de sofisticação ao meu visual.

Para o cabelo, escolhi um rabo de cavalo alto, com um leve volume no topo, cuidadosamente desfiado e texturizado para criar um efeito encorpado. As mechas onduladas adicionavam um aspecto volumoso e natural ao penteado, enquanto alguns fios soltos emolduravam meu rosto, suavizando ainda mais o visual. Para finalizar, coloquei brincos grandes de argola, que se destacavam e complementavam tanto o penteado quanto a maquiagem, realçando a minha expressão.

Quando voltei para o quarto, notei que Lia já não estava mais lá. Imaginei que ela tivesse descido. Antes de sair, passei um perfume suave e apliquei um batom nude nos lábios, dando os toques finais ao meu visual.

— Crystal, seu café da manhã está pronto! — anunciou Lia assim que me avistou.

— E o Wiliam, fugiu de casa? — perguntei, sentando-me à mesa com um sorriso travesso.

— Ele saiu mais cedo hoje — respondeu Lia, com um ar de falsa seriedade.

— Ah, sempre fugindo das minhas perguntas difíceis, hein? — brinquei, convidando-a. — Vem comer comigo!

— Tudo parece delicioso! — exclamou Lia, aceitando o convite e sentando-se à mesa.

— Bon appétit! — declarei, erguendo minha xícara de café como se fosse uma taça de champanhe.

— Merci hein! — respondeu Lia, rindo, enquanto começava a comer. — Espero que você tenha trazido a sua fome, porque eu não vou deixar sobrar nada!

— Ah, você me conhece, Lia. Eu sempre trago minha fome e um pouco mais! — repliquei, piscando para ela.

O café da manhã foi regado com risadas e conversas descontraídas, tornando a refeição ainda mais saborosa.

— Wiliam esqueceu meu aniversário, não foi? — perguntei, tentando esconder a decepção enquanto olhava para Lia.

— Acho que sim. Ele não mencionou nada antes de sair — respondeu Lia, lançando-me um olhar compreensivo.

Decidi mudar de assunto para evitar que a melancolia tomasse conta do momento.

— De qualquer forma, me conta como foi seu encontro? — perguntei, curiosa.

Lia imediatamente iluminou-se, um sorriso radiante surgindo em seu rosto.

— Ele foi um verdadeiro cavalheiro do começo ao fim. A comida estava maravilhosa e, para completar, recebi outro buquê de flores. Ele foi tão fofo, Crystal... acho que me apaixonei — confessou Lia, com olhos brilhantes.

— Fico muito feliz por você! — falei, genuinamente contente, enquanto um sorriso se espalhava pelo meu rosto.

Ver a alegria de Lia me fez esquecer momentaneamente a decepção com Wiliam. Afinal, momentos felizes e boas companhias sempre têm o poder de curar qualquer tristeza.

Enquanto o carro deslizava suavemente pelas ruas da cidade, a conversa com Lia continuava fluindo de maneira descontraída. Falávamos sobre as novas tendências de moda, comentando sobre os últimos desfiles e como algumas peças poderiam se encaixar em nosso estilo pessoal.

— Estou ansiosa para ver o que Mimi preparou desta vez. Ela sempre tem algo surpreendente — disse Lia, com os olhos brilhando de expectativa.

— Verdade. Mimi tem um talento único para transformar qualquer peça em algo extraordinário — respondi, sorrindo.

Ao chegarmos à boutique de Mimi Cuttrell, fomos recebidas com um caloroso abraço pela própria estilista. O ambiente era sofisticado, com araras repletas de roupas deslumbrantes, sapatos elegantes e acessórios que chamavam atenção.

— Crystal, Lia! Que prazer vê-las! Tenho algumas peças que acho que vão amar — disse Mimi, conduzindo-nos para uma área reservada onde estavam expostas suas últimas criações.

Mimi apresentou uma coleção de peças que misturavam elegância e modernidade. Havia vestidos de seda com cortes impecáveis, jaquetas de couro com detalhes artesanais e acessórios que pareciam verdadeiras obras de arte. Cada peça parecia contar uma história, e era impossível não se encantar.

— Este vestido é absolutamente maravilhoso! — exclamou Lia, segurando um vestido de seda azul-escuro com um corte assimétrico.

— Experimente, Lia. Tenho certeza de que vai ficar incrível em você — encorajei, enquanto eu mesma me dirigia a uma jaqueta de couro marrom-escuro que parecia ter sido feita sob medida para mim.

Passamos a próxima hora experimentando roupas, rindo e tirando fotos. Mimi nos ajudava com sugestões e ajustes, tornando a experiência ainda mais divertida e personalizada. Acabei escolhendo a jaqueta de couro e alguns acessórios que complementavam meu estilo, enquanto Lia optou por um vestido que a fazia parecer uma verdadeira estrela de cinema.

Quando finalmente saímos da boutique, estávamos carregadas de sacolas, com um sentimento de satisfação que só uma boa sessão de compras pode proporcionar.

— Que dia maravilhoso! — exclamou Lia, rindo enquanto entrávamos no carro.

— Concordo plenamente. E agora, que tal um almoço em algum lugar especial para comemorar nossas novas aquisições? — sugeri, com um sorriso conspirador.

— Ou seja, Mangé time! — falamos as duas ao mesmo tempo, caindo na gargalhada.

Chegamos ao Mangé, um bistrô acolhedor com mesas ao ar livre, decorado com flores frescas e uma atmosfera encantadora. Fomos recebidas pelo maître, que nos conduziu a uma mesa com vista para o jardim.

— Este lugar nunca decepciona — disse Lia, suspirando de contentamento andávamos.

— E a comida é sempre divina. Mal posso esperar para ver o que o chef preparou hoje — acrescentei, olhando para ela.

Mas, ao chegarmos ao jardim, uma visão inesperada nos surpreendeu. O espaço estava decorado com balões coloridos, guirlandas e uma mesa repleta de doces e um bolo magnífico. Amigos e familiares de Wiliam estavam reunidos, todos sorrindo e prontos para celebrar. Uma festa de aniversário surpresa havia sido cuidadosamente preparada.

— Surpresa! — todos gritaram em uníssono, enquanto eu tentava absorver a cena.

No meio de tudo isso, estava Wiliam, segurando um buquê de flores nas mãos. Ele se aproximou e me envolveu em um abraço apertado.

— Minha vida — disse, sentindo um sorriso a se formar. — Você sabe que eu não gosto muito de surpresas — acrescentei, olhando para ele com um misto de emoção e brincadeira.

— Eu sei, mas achei que essa valia a pena — respondeu Wiliam, sorrindo. — Feliz aniversário, meu amor.

Os convidados aplaudiram, e eu senti uma onda de felicidade e gratidão tomar conta de mim. Lia estava ao meu lado, sorrindo e claramente cúmplice de todo o plano.

— Você estava por trás disso também, não é? — perguntei, dando-lhe um olhar acusador, mas brincalhão.

— Talvez um pouquinho — respondeu Lia, piscando.

A festa continuou com muita alegria. O jardim do Mangé estava perfeito para a ocasião, com luzes delicadas penduradas nas árvores e uma mesa de refeições decorada com elegância. O chef do bistrô havia preparado uma seleção impecável de pratos, desde canapés sofisticados até entradas deliciosas e sobremesas que pareciam obras de arte.

No meio da animação da festa, enquanto eu me dirigia à mesa de cocktails para pegar uma bebida, uma voz familiar e ligeiramente provocadora se fez ouvir:

— Cunhadinha? — disse Adrian, aproximando-se com aquele sorriso que sempre conseguia me tirar do sério.

Revirei os olhos, já antecipando a conversa que viria a seguir.
— Castigo de Deus, só faltava você para completar o dia — respondi, com uma ponta de irritação enquanto pegava minha bebida.

Adrian riu, claramente se divertindo com a minha reação.

— Ah, Crystal, sempre tão calorosa — provocou ele, pegando uma taça de champanhe e erguendo-a em minha direção. — Feliz aniversário, mesmo que você não esteja tão feliz em me ver.

— Obrigada, eu acho — retruquei, tentando ignorar o quanto ele conseguia me desestabilizar. — Espero que você aproveite a festa, mesmo que eu preferisse que você estivesse em qualquer outro lugar.

Ele arqueou uma sobrancelha, um brilho desafiador em seus olhos.

— Não se preocupe, vou aproveitar bastante. Afinal, festas de aniversário são sempre mais interessantes quando você está por perto — disse ele, dando um gole em sua bebida.

Suspirei, tentando manter a calma. Adrian sempre soube como me provocar, mas eu não estava disposta a deixar que ele estragasse meu dia.

— Só não cause problemas, Adrian. Já tenho o suficiente para lidar sem suas provocações — avisei, antes de me virar para voltar à mesa principal.

— Não se preocupe, cunhadinha. Vou me comportar... por enquanto — respondeu ele, com aquele sorriso enigmático que me deixava com a sensação de que ele tinha algo planejado.

Enquanto me afastava, sentia o olhar dele em minhas costas, e uma parte de mim não podia deixar de se perguntar o que ele estava tramando. Mas, por ora, decidi focar na festa e nas pessoas que estavam ali para celebrar comigo, mantendo Adrian e suas provocações em segundo plano, pelo menos por agora.

Depois do brinde, senti a necessidade de um momento de pausa e decidi voltar à mesa de cocktails. O ambiente estava repleto de risos e conversas animadas, e eu queria aproveitar cada segundo desse dia especial.

— Senhora Harper, feliz aniversário — disse uma voz educada. Olhei para ver um dos amigos de Wiliam, um homem de aparência elegante e sorriso cordial.

— Muito obrigada, senhor...? — perguntei, tentando disfarçar que não o reconhecia.

— Stan. Senhor Stan — respondeu ele, estendendo a mão para um cumprimento.

Apertei sua mão com um sorriso.

— Prazer em conhecê-lo, Senhor Stan. Parece que Wiliam às vezes esquece de me apresentar a seus amigos — comentei, rindo e lançando um olhar brincalhão na direção de Wiliam, que estava ocupado conversando com outros convidados.

Stan riu também, compartilhando da minha brincadeira.

— Ah, Wiliam e sua cabeça... Ele sempre foi assim, um tanto distraído — disse Stan, lançando um olhar cúmplice para Wiliam também.

— Foi um prazer conhecê-lo — respondi, pegando minha bebida. — Espero que aproveite a festa.

— O prazer foi meu, Senhora Harper. E feliz aniversário mais uma vez — disse Stan, sorrindo.

Com minha bebida na mão, me afastei da mesa de cocktails e voltei para perto de Lia, que estava envolvida em uma conversa animada com alguns outros convidados. Ela me viu se aproximando e abriu espaço ao seu lado.

— Como está se sentindo, aniversariante? — perguntou ela, com um sorriso caloroso.

— Muito melhor agora. Tive uma conversa interessante com um dos amigos de Wiliam, o Senhor Stan. Parece que Wiliam esqueceu de me apresentá-lo antes — respondi, rindo.

— Ah, o Stan. Ele é um bom sujeito. Wiliam tem uma coleção de amigos interessantes, não é? — disse Lia, piscando.

— Definitivamente. E você, está se divertindo? — perguntei, querendo saber como ela estava aproveitando a festa.

— Claro! A comida está maravilhosa, a música está perfeita e a companhia, como sempre, é a melhor — respondeu Lia, levantando a taça em um brinde simbólico.

Conversamos mais um pouco, observando os outros convidados se divertirem. A festa estava em pleno andamento, com risos, música e uma atmosfera de alegria que era quase palpável. Cada detalhe, desde a decoração até a comida, havia sido cuidadosamente planejado para criar uma noite inesquecível.

Enquanto isso, Wiliam se aproximou, trazendo uma nova rodada de bebidas.

— Como estão minhas duas pessoas favoritas? — perguntou ele, entregando uma taça a cada uma de nós.

— Estamos muito bem, obrigada. E você? — respondi, sorrindo.

— Melhor agora, com você por perto — disse ele, puxando-me para um breve abraço.

O resto da noite passou em uma mistura de conversas calorosas, danças e momentos de pura felicidade. E, naquele instante, percebi que, apesar das surpresas e das provocações, estava cercada por pessoas que realmente se importavam comigo, tornando meu aniversário verdadeiramente especial.
Quando decidimos que era hora de ir embora, seguimos para casa ouvindo música e aproveitando o momento, como meu padrasto sempre diz: "Carpe Diem".

Ao chegarmos em casa, deixei meu sapato e bolsa na entrada, sentindo o alívio imediato de me livrar daqueles saltos altos.

— Meus pés estão doloridos. Vou colocar um pouco de gelo — disse, caminhando em direção à cozinha.

Wiliam me seguiu, parecendo curioso e talvez um pouco desconfiado.

— O que você estava conversando com Stan? — perguntou ele, casualmente, mas com um tom que indicava mais do que mera curiosidade.

Revirei os olhos levemente, tentando manter o tom leve.

— Eu não perguntei o que você conversou com Sophie ou Clara — respondi, sorrindo enquanto abria o freezer.

— O que vocês estavam conversando que foi tão engraçado que riram na minha direção? — insistiu ele, agora com um olhar mais intenso.

Suspirei, sentindo a exaustão do dia pesar sobre mim.

— Vou colocar gelo nos meus pés — disse, tentando encerrar a conversa e voltando a andar.

— O que vocês conversaram? — repetiu ele, desta vez visivelmente chateado.

Parei e o encarei, sentindo a tensão aumentar.

— Wiliam, vamos fechar esse tópico, por favor. Estou cansada — falei, tentando manter a calma.

Ele se aproximou, sua expressão endurecendo.

— Venha aqui, porque se eu for até você, vai ser pior — disse ele, antes de se virar e ir para seu escritório.

Hesitei por alguns momentos, o coração acelerado. Algo na sua postura me deixou alarmada. Com passos lentos e hesitantes, segui-o até o escritório.

Ao entrar, senti a atmosfera pesada. Wiliam estava de pé, os olhos fixos em mim. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele se aproximou rapidamente e, sem aviso, me deu um tapa no rosto. O impacto foi chocante, deixando-me atordoada e sem palavras, com a dor irradiando pelo lado do meu rosto.

Eu estava parada em frente ao espelho, observando meu rosto machucado. A marca vermelha no meu rosto parecia pulsar, uma lembrança dolorosa do que havia ocorrido. Olhei para mim mesma por alguns minutos, tentando processar a mistura de dor e traição. Finalmente, decidi esconder o machucado. Peguei minha base de maquiagem e comecei a aplicá-la com cuidado, camada por camada, até que a marca desaparecesse. Quando terminei, a habilidade com que escondi o machucado me surpreendeu parecia quase profissional.

Enquanto ainda estava diante do espelho, a porta do quarto se abriu e Wiliam entrou. Ele se aproximou lentamente, seus olhos cheios de arrependimento. Sem dizer uma palavra, ajoelhou-se diante de mim e pegou minha mão.

Ele apertou minha mão com mais força, seus olhos suplicantes encontrando os meus.
Enquanto ainda estava parada diante do espelho, a porta do quarto se abriu e Wiliam entrou. Ele caminhou lentamente na minha direção, seus olhos cheios de arrependimento e tristeza. Sem dizer uma palavra, ajoelhou-se diante de mim e pegou minha mão com delicadeza.

— Peço perdão, meu amor — disse ele, com a voz embargada. — Eu estava com raiva e prometo mudar. Juro que foi um momento de raiva.

Olhei para ele, sentindo uma mistura de emoções conflitantes. Lágrimas ameaçavam cair, mas mantive a compostura, erguendo o queixo com determinação.

— Tenho outra escolha a não ser te perdoar? — perguntei, minha voz tão fria quanto o gelo.

Ele apertou minha mão com mais força, seus olhos suplicantes encontrando os meus.

— Vamos, temos que tomar café da manhã com Adrian e Georgina — disse ele, se levantando e olhando para mim com uma expressão que misturava insistência e esperança.

Levantei-me devagar, sentindo o peso das emoções recentes ainda pairando sobre mim. Peguei minha bolsa e meu celular, tentando me recompor. Descemos juntos em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos.

O motorista já estava à nossa espera no carro. Entramos e, enquanto ele nos levava até a casa de Adrian e Georgina, olhei pela janela, a paisagem passando em um borrão. O silêncio entre nós era pesado, carregado de sentimentos não ditos.

Chegamos à casa de Adrian e Georgina, uma bela residência com um jardim bem cuidado e uma fachada acolhedora. O motorista abriu a porta para nós, e Wiliam estendeu a mão para me ajudar a sair do carro. Aceitei sua ajuda, mas a conexão entre nós parecia frágil, como se uma simples brisa pudesse quebrá-la.

Adrian e Georgina nos receberam com sorrisos calorosos, sem suspeitar da tensão que ainda pairava no ar. Tentamos nos integrar à conversa e à refeição, mas minha mente estava longe, revivendo os acontecimentos da noite passada.

— Crystal, você está bem? — perguntou Georgina, preocupada ao notar minha expressão distante.

— Sim, estou — respondi, forçando um sorriso. — Só um pouco cansada, acho que a festa me desgastou mais do que percebi.

Ela assentiu, aceitando minha explicação, e a conversa continuou. Wiliam tentou ser afável, mas eu podia sentir sua preocupação e culpa a cada olhar que lançava na minha direção.

— Minha vida, você não está comendo nada. Está tudo bem? — perguntou Wiliam, tentando disfarçar a tensão em sua voz.

— Estou sim, só um pouco cansada — respondi, forçando um sorriso enquanto olhava para ele.

De repente, meu celular começou a tocar. Era uma chamada dos meus pais. Aproveitei a oportunidade para me afastar por um momento.

— Preciso atender, já volto — disse, levantando-me da mesa e saindo para o jardim.

— Mamãe? — atendi o celular, tentando soar o mais normal possível.

— Como você está, meu amor? Você viu as fotos que enviamos para você? — perguntou ela, sua voz cheia de entusiasmo.

— Estou bem, mamãe. E sim, eu vi as fotos — respondi, tentando igualar o tom animado dela.

— Fico feliz em saber. Minha menina, preciso desligar agora, tá bom? — disse minha mãe, com aquele carinho característico.

— Tá bom, mamãe. Te amo — respondi, antes de ela desligar.

Respirei fundo, sentindo a brisa suave do jardim no meu rosto, e tentei absorver um pouco da tranquilidade que o ambiente oferecia. Precisava disso para me recompor antes de voltar para dentro.

Ao retornar para a mesa, Adrian e Georgina estavam animados discutindo planos para um evento futuro, enquanto Wiliam permanecia atento à minha presença, ainda visivelmente preocupado.

— Era minha mãe — expliquei, sentando-me novamente. — Eles estão bem e mandaram lembranças.

A conversa continuou de forma mais descontraída, e fiz um esforço consciente para participar mais ativamente. Queria que Adrian e Georgina não percebessem a tensão que havia entre mim e Wiliam.

— Vou aproveitar e ver a mãe de vocês. Gigi, você me acompanha? — sugeriu Wiliam, lançando um olhar carinhoso para Georgina.

— Claro, mas você terá que empurrar minha cadeira de rodas — respondeu ela com um sorriso.

Wiliam sorriu de volta e começou a empurrar a cadeira de rodas de Georgina, ambos saindo da sala juntos.

Adrian se voltou para mim, notando que eu mal havia tocado na comida.

— Você não gostou da comida? — perguntou ele, com um olhar inquisitivo.

— Gostei, estava muito boa — respondi, evitando contato visual.

O silêncio entre nós se prolongou por alguns momentos, quebrado apenas pelos sons distantes de conversas e risos vindo de outros cômodos.

Após algum tempo, Wiliam e Georgina retornaram, parecendo mais leves após a visita.

— Minha vida, estamos de saída — anunciou Wiliam, aproximando-se de mim.

— Vocês irão para o leilão desta noite, certo? — perguntei, olhando para eles com curiosidade.

— Claro, claro — respondeu Adrian prontamente, com um sorriso que sugeria animação.

Wiliam me estendeu a mão, ajudando-me a levantar. Despedimo-nos de Adrian e Georgina, agradecendo pela hospitalidade. Enquanto caminhávamos em direção ao carro, senti o peso da tensão do dia começar a se dissipar, substituído pela expectativa do evento noturno.

Dentro do carro, Wiliam quebrou o silêncio.

— O leilão deve ser interessante. Tenho certeza de que você vai adorar — disse ele, tentando aliviar a tensão ainda presente.

Assenti enquanto observava a paisagem que deslizava pela janela, tentando acalmar as emoções conflitantes que fervilhavam dentro de mim. Decidi que precisava focar no presente e aproveitar a noite que ainda tinha pela frente, apesar do cansaço que me invadia.

— William, você poderia me deixar em casa? Estou exausta — pedi, virando-me para ele com um olhar suplicante.

Ele me olhou por um momento, avaliando minha expressão, antes de acenar com a cabeça e se virar para o motorista.

— Claro, vamos para casa — respondeu William, sua voz suave como sempre, enquanto assentia para o motorista que rapidamente mudou a rota.

Eu me recostei no assento, deixando escapar um suspiro de alívio. A cidade lá fora continuava sua dança frenética, mas dentro do carro, tudo parecia mais calmo, quase sereno. Estava pronta para um momento de paz.

— Está tudo bem? — ele perguntou, sua voz suave quebrando o silêncio.

— Sim, só preciso de um pouco de descanso — respondi, tentando oferecer-lhe um sorriso tranquilizador.

O carro parou em frente à minha casa, e William rapidamente saiu para abrir a porta para mim. Agradeci com um aceno de cabeça enquanto descia do veículo, sentindo o ar fresco da tarde envolvê-la.

— Obrigada, William. Você sempre sabe o que eu preciso — disse, com um tom de sarcasmo.

— Sempre estarei aqui para você — ele respondeu, com um sorriso caloroso.

Subi os degraus da entrada lentamente, cada passo me aproximando do meu refúgio. Quando finalmente girei a maçaneta e empurrei a porta, uma onda de alívio e familiaridade me envolveu ao pisar dentro de casa. O aroma suave de lavanda do difusor no corredor era um lembrete reconfortante de que eu estava em um lugar seguro.

Assim que entrei, uma das empregadas, Louise, surgiu da sala de estar com uma expressão solícita.

— Senhora Harper? — chamou ela, com uma voz suave mas atenta.

Eu a olhei, percebendo a preocupação em seus olhos, mas o cansaço pesava sobre mim como uma manta densa.

— Louise, agora não posso. Estou exausta e preciso descansar. Se houver qualquer emergência, por favor, ligue para o William — falei, tentando manter a voz gentil, mas firme.

Ela assentiu, compreendendo minha necessidade de descanso.

— Claro, senhora. Tenha um bom descanso — respondeu Louise, recuando discretamente.

Agradeci com um leve aceno de cabeça e me dirigi ao meu quarto, cada passo mais leve do que o anterior. Ao fechar a porta do quarto atrás de mim, senti finalmente o peso do dia se dissipar. A cama parecia me chamar, e eu não perdi tempo em me acomodar entre os lençóis macios. O silêncio da casa, quebrado apenas pelo som distante do carro de William se afastando, era uma melodia reconfortante para meus ouvidos cansados.

Fechei os olhos, sabendo que, no abrigo do meu lar, poderia finalmente encontrar a paz e o repouso que tanto precisava.

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