4
Crystal Harper
Estacionei o carro em frente à imponente mansão Harper e entrei em casa com passos apressados, o eco dos meus saltos ressoando pelo hall de entrada. O peso do dia estava sobre meus ombros, mas eu tentava manter a compostura.
— Finalmente a madame decidiu aparecer — disse Wiliam, a voz carregada de sarcasmo, cruzando os braços e me encarando com olhos frios.
— Desculpe pela demora. Estive muito ocupada na empresa e depois fui ao restaurante — respondi, enquanto Lisa, sempre eficiente, tirava meu casaco e pegava minha bolsa.
Wiliam arqueou uma sobrancelha e, sem perder tempo, mostrou-me um vídeo no tablet que segurava.
— Você esteve ocupada cantando? — perguntou ele, a irritação evidente na sua voz.
Suspirei, tentando manter a calma que me escapava a cada segundo. — Wiliam, só fiz isso porque a garota que contratei estava atrasada e os clientes estavam impacientes.
Ele balançou a cabeça, desaprovador, e começou a andar pela casa como um leão enjaulado. — Você sabe o que eu penso sobre isso.
Segui-o com o olhar, sentindo uma mistura de frustração e cansaço transformando-se em raiva. — Sim, sei. Mas às vezes, precisamos fazer o que é necessário para manter as coisas funcionando.
Ele parou abruptamente e se virou para mim, os olhos cheios de uma preocupação que beirava a condescendência. — Crystal, só quero que você se cuide. Você já tem responsabilidades demais.
Sorri, tentando aliviar a tensão, mas sentindo meu controle escorregar. — Eu sei, Wiliam. Mas você também sabe que cantar não é um trabalho para mim e sim uma maneira de eu me expressar.
— Você carrega o sobrenome Harper, então não admito que você passe uma vergonha dessas — disse ele, a irritação crescendo.
— Onde está a vergonha? Eu estava vestida decentemente e minha voz estava impecável — rebati, a raiva agora presente na minha voz.
— Crystal, você não tem talento para tal, okay? Enquanto você for minha esposa, você não pode cantar — falou ele, gritando.
Senti a raiva borbulhando dentro de mim. — Como o senhor desejar — respondi, tentando evitar uma briga maior, mas minha voz mal conseguia esconder a fúria.
— A propósito, amanhã temos uma entrevista. Coloque o seu melhor sorriso e desça — ordenou ele, como se eu fosse uma marionete.
— Você acha que eu sou sua boneca? Crystal, faça isso. Crystal, faça aquilo. Crystal, não faça isso — falei, minha voz elevando-se num grito que reverberou pelo hall.
— Por que você está levantando a voz para mim? Por quê? Você só entende as coisas quando eu grito? — rebateu ele, a raiva escorrendo em cada palavra.
— Não grite comigo — disse eu, a voz agora um sussurro de raiva e dor.
— Se seu pai grita com você, por que eu não posso gritar? — falou ele, e essas palavras foram a gota d'água, fazendo algumas lágrimas caírem dos meus olhos.
Eu me virei, engolindo o choro, sentindo cada pedacinho da minha dignidade se despedaçar. A raiva e a dor se misturavam, e eu me perguntava até quando conseguiria suportar.
Afastei-me de Wiliam, tentando recuperar o controle sobre minhas emoções. As lágrimas queimavam meus olhos, mas eu me recusava a deixá-las cair na frente dele. Meu coração batia descompassado, a raiva e a dor se alternando em ondas avassaladoras.
Subi as escadas rapidamente, sentindo o peso de cada passo. Quando cheguei ao nosso quarto, fechei a porta com força, como se isso pudesse barrar a realidade lá fora. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor, mas proporcionou um momento de alívio.
Fui até o espelho e encarei meu próprio reflexo. Meus olhos estavam vermelhos e inchados, as lágrimas ameaçando cair. Respirei fundo, tentando acalmar meus nervos. "Você é mais forte do que isso, Crystal", murmurei para mim mesma.
As palavras de Wiliam ecoavam na minha mente. "Você não tem talento para tal." "Você carrega o sobrenome Harper." "Enquanto você for minha esposa, você não pode cantar." Cada frase era uma facada na minha autoestima, uma tentativa de me aprisionar em um papel que eu não queria desempenhar.
Minha mente voltou àquela tarde no restaurante. Os clientes estavam impacientes, e a cantora contratada ainda não havia chegado. Sabia que tinha que fazer algo para manter a situação sob controle. Peguei o microfone e comecei a cantar, sentindo a música fluir através de mim. Pela primeira vez em muito tempo, senti-me viva, livre.
Mas agora, aquele momento de liberdade parecia uma distante memória, esmagado sob o peso da desaprovação de Wiliam. Ele não entendia. Ele nunca entenderia. Para ele, eu era apenas a esposa Harper, uma extensão de seu próprio ego.
Com um suspiro pesado, retirei minha maquiagem rapidamente, quase como um reflexo automático, e me deitei na cama. O cansaço não era apenas físico, mas também emocional, como se cada camada de rímel e batom removida levasse consigo um pouco da minha própria identidade. Fechei os olhos, buscando na escuridão algum alívio, alguma paz, mas a inquietação permanecia, persistente como um eco.
Acordei com o som irritante do despertador ecoando pelo quarto. Antes mesmo de abrir os olhos, senti a presença familiar de Ophelia, minha assistente e amiga, entrando silenciosamente no quarto. Ela só fazia isso quando Wiliam já estava fora, garantindo que não invadisse nossa privacidade.
— Bom dia, minha flor — disse ela com um sorriso caloroso, seus olhos brilhando de entusiasmo.
— Bom dia, minha lia — respondi, rindo e espreguiçando-me na cama.
Ophelia era sempre um raio de sol pela manhã, cheia de energia e pronta para enfrentar o dia. Ela se aproximou da cama com uma expressão de expectativa.
— Pronta para a entrevista? — perguntou, enquanto ajeitava uma mecha do meu cabelo. — Já preparei os vestidos que você vai usar e escolhi os locais para as fotos. Inclusive, fiz um energético para você e para o Wiliam.
Sua organização e atenção aos detalhes sempre me impressionavam. Eu sorri, sentindo a gratidão crescer em meu peito.
— O que eu faria sem você, minha lia? — perguntei, levantando-me da cama e me dirigindo ao banheiro.
— Vou preparar suas joias enquanto você toma banho! — gritou ela, já saindo do quarto em direção ao closet.
O vapor quente do chuveiro e a água batendo contra minha pele começaram a despertar meus sentidos. Enquanto a água escorria pelo meu corpo, pensei na sorte que tinha por ter alguém como Ophelia ao meu lado. Ela não era apenas uma assistente, mas uma verdadeira amiga que sempre sabia exatamente do que eu precisava.
Depois de um banho revigorante, saí do banheiro e me deparei com Ophelia organizando cuidadosamente as joias sobre a penteadeira. Cada peça brilhava sob a luz suave do quarto, criando um espetáculo de cores e reflexos.
— Você tem um talento especial para escolher as joias perfeitas — elogiei, aproximando-me para dar uma olhada nas peças.
— Apenas faço o que amo, minha flor — respondeu ela, piscando um olho. — Agora, vamos transformar você na estrela que é.— disse ela, pegando um colar delicado e segurando-o contra meu pescoço para ver como ficaria.
Enquanto ela ajustava o colar, observei meu reflexo no espelho. A combinação de Ophelia e as joias fazia milagres, transformando-me de alguém sonolenta recém-saída da cama em uma figura elegante e confiante.
— Você sempre sabe exatamente o que vai me deixar mais bonita — comentei, sentindo uma onda de gratidão.
— É fácil quando se tem uma tela tão bonita para trabalhar — respondeu ela, piscando um olho.
Depois de escolhermos as joias perfeitas, Ophelia me ajudou a vestir um dos vestidos que havia separado para a entrevista. O tecido era suave e fluido, abraçando meu corpo de maneira confortável e elegante. Ela ajustou os últimos detalhes com um olhar crítico, certificando-se de que tudo estivesse perfeito.
— Pronta para arrasar? — perguntou ela, dando um passo para trás para admirar o resultado final.
— Prontíssima! — respondi, sentindo-me invencível com sua ajuda.
Descemos juntas para a cozinha, onde o aroma de café fresco e energético enchia o ar. Wiliam já estava lá, com um sorriso de aprovação quando me viu.
— Você está deslumbrante, como sempre — disse ele, entregando-me um copo de energético.
— Obrigada, amor. Ophelia fez mágica novamente — respondi, dando um gole na bebida revitalizante.
Ophelia juntou-se a nós, e por um momento, ficamos todos em silêncio, desfrutando da companhia uns dos outros. Era nesses momentos simples e tranquilos que eu mais apreciava o quanto éramos uma equipe unida.
— Vamos lá, temos um dia cheio pela frente — disse Ophelia, quebrando o silêncio com seu habitual entusiasmo.
Antes que pudéssemos responder, Marcus apareceu de repente, como se tivesse surgido do ar.
— O primeiro local que vocês fotografarão é na sala enquanto comem o café da manhã — anunciou ele, com um sorriso confiante.
Ophelia assentiu e se levantou, já com um plano em mente.
— Vou verificar a entrada de casa enquanto vocês fotografam aqui — disse ela, começando a se afastar.
— Eu vou ajudar você! — disse Marcus, rapidamente seguindo-a.
Observei os dois saírem juntos, uma faísca evidente entre eles. Wiliam, percebendo minha expressão, inclinou-se e perguntou em voz baixa:
— O que há entre eles?
Sorri, lembrando-me de como Ophelia e Marcus se comportavam um com o outro.
— Estão apaixonados, mas lia ainda não sabe — respondi, com um brilho nos olhos.
Wiliam riu suavemente, mas logo seu sorriso vacilou. Ele olhou para mim com um ar sério, claramente buscando as palavras certas.
— Desculpa por ontem — disse ele, finalmente, a sinceridade em sua voz.
Estendi a mão e toquei a dele, apertando-a gentilmente.
— Está tudo bem, amor — respondi, olhando para ele com um sorriso tranquilizador. — Todos temos nossos momentos.
Ele suspirou, aliviado, e trouxe minha mão aos lábios, beijando-a suavemente. Sentia a conexão entre nós se fortalecer a cada gesto de carinho.
Nesse instante, o fotógrafo entrou na sala, ajustando sua câmera e se preparando para capturar o momento.
Wiliam se inclinou e sussurrou em meu ouvido:
— Vamos mostrar a eles como fazemos.
Sorri e dei um leve aceno, concordando.
O fotógrafo começou a tirar as primeiras fotos, capturando a nossa rotina matinal. O aroma do café fresco se misturava ao cheiro de pão torrado, criando uma atmosfera acolhedora. Entre uma mordida e outra, trocávamos olhares e risadas, tentando ignorar a presença da câmera.
De repente, a porta da frente se abriu com um rangido suave, e Ophelia e Marcus voltaram. Havia uma energia palpável entre eles, como se tivessem compartilhado um segredo. Ophelia parecia mais radiante, enquanto Marcus tinha um brilho nos olhos que não passava despercebido.
— A entrada está impecável — anunciou Ophelia, sorrindo ao se juntar a nós. — Prontos para mais uma sessão de fotos?
Marcus assentiu, posicionando-se ao lado dela. O fotógrafo, percebendo a dinâmica entre nós, sugeriu uma foto em grupo.
— Vamos capturar essa energia de vocês juntos. Venham para mais perto — disse ele, gesticulando para que nos aproximássemos.
Nos reunimos ao redor da mesa, formando um círculo de união e amizade. Ophelia e Marcus trocaram um olhar rápido, e eu não pude deixar de sorrir. Era evidente que algo estava crescendo entre eles, algo bonito e genuíno.
Enquanto posávamos para a foto, Wiliam segurou minha mão e sussurrou novamente:
— Obrigado por estar ao meu lado.
Apertei sua mão de volta, sentindo uma onda de emoção.
— Sempre — respondi, com um sorriso.
O fotógrafo capturou o momento, uma imagem que dizia mais do que palavras poderiam expressar. Não era apenas uma fotografia de um grupo de pessoas; era um reflexo de nossa jornada juntos, de nossas conexões e do amor que compartilhávamos, não apenas entre casais, mas como uma verdadeira família.
Após a sessão de fotos, fomos guiados para o jardim da minha casa, onde uma pequena equipe de jornalistas nos aguardava para uma entrevista. As luzes suaves e o ambiente confortável ajudaram a criar uma atmosfera descontraída. O ar estava preenchido pelo aroma das flores, e o crepúsculo pintava o céu em tons de rosa e laranja.
Sentamo-nos em um semicírculo, com William ao meu lado. A jornalista principal, uma mulher de cabelos curtos e sorriso acolhedor, começou com as perguntas iniciais.
— Primeiramente, quero agradecer a todos por estarem aqui hoje. Vocês são um casal muito inspirador. Gostaria de saber como se conheceram e como essa dinâmica tão especial entre vocês se formou.
Senti uma onda de nostalgia e um sorriso se formou em meu rosto.
— Eu adoro essa história — comecei. — A empresa dele organizou um evento em um dos nossos restaurantes. Eu estava tão ocupada com os preparativos que acabei confundindo William com um dos funcionários. Pedi a ele que servisse duas mesas!
William riu, lembrando-se do momento.
— O mais engraçado é que William, em vez de me corrigir, simplesmente pegou a bandeja e começou a servir! — acrescentei, mal conseguindo conter o riso ao me lembrar da cena.
A jornalista sorriu, encantada.
— Os melhores casais são estes que começam com um mal entendido — falou ela, com um brilho nos olhos.
Ela fez uma pequena pausa antes de continuar.
— E para vocês, como tem sido essa jornada de casal?
William segurou minha mão novamente, um gesto que já se tornara familiar e reconfortante.
— Tem sido incrível. Viver a minha vida com a pessoa que eu mais amo no mundo é algo mágico. E claro, ter a parceria e o apoio mútuo torna tudo mais significativo.
Eu concordei, apertando carinhosamente a mão dele.
— A jornada tem sido cheia de altos e baixos, mas saber que temos um ao outro para contar faz toda a diferença.
A jornalista fez uma pausa, aparentemente tocada por nossas palavras, antes de prosseguir.
— E quais são os próximos passos para vocês? Há novos projetos ou iniciativas que gostariam de compartilhar?
Troquei um olhar cúmplice com William antes de responder.
— Temos alguns projetos empolgantes em andamento, focados em sustentabilidade e inclusão social. Não podemos revelar todos os detalhes ainda, mas estamos muito animados com o que está por vir.
A jornalista sorriu, intrigada.
— Em termos de expansão familiar? — perguntou ela.
O rosto de William ficou um pouco tenso, mas ele manteve a compostura.
— Somos jovens e não pensamos nisso agora — falou William, um tanto sério.
A jornalista, percebendo a sensibilidade do tópico, mudou de assunto rapidamente.
— Senhora Harper, a senhora quase nunca fala sobre o seu passado. Por quê? — perguntou ela, com delicadeza.
Eu sorri, tentando manter a leveza.
— O que falar? Não há nada a ser dito afinal é passado certo?
A entrevista continuou com perguntas sobre nossas motivações, desafios enfrentados e momentos memoráveis. Cada resposta revelava um pouco mais sobre nossa conexão e compromisso com o que fazíamos, reforçando a ideia de que éramos mais do que uma equipe; éramos uma comunidade unida por valores compartilhados.
Quando a entrevista chegou ao fim, nos levantamos para nos despedir da equipe de jornalistas. A jornalista principal nos agradeceu novamente, expressando sua admiração por nossa história e missão.
— Qual título a senhora sugere? — perguntou um dos membros da equipe, com um sorriso.
Eu ri, pensando por um momento antes de responder.
— Minha vida maravilhosa.
A equipe riu junto, e nos despedimos calorosamente. Ao caminhar de volta para dentro de casa, senti uma sensação de satisfação e gratidão. Olhei para William, e ele me devolveu um sorriso que dizia tudo sem precisar de palavras. O futuro era incerto, mas juntos sabíamos que poderíamos enfrentar qualquer coisa.
— Minha Flor, você foi incrível — disse Ophelia, surgindo do nada como uma ninja.
— Obrigada, minha Lia. Você poderia vir me ajudar na cozinha com a comida? — falei, piscando para ela.
— Minha chefinha está chamando, então eu tenho que ir — respondeu ela, fazendo uma reverência exagerada antes de me seguir.
Chegando na cozinha, olhei para Lia enquanto ria.
— Você está fazendo cosplay do Coringa? — perguntei, segurando o riso.
— Não, por quê? — ela perguntou, confusa.
— Seu batom está todo desarrumado. Ou será que foi um homem alto chamado Marcus que fez isso? — falei, rindo ainda mais enquanto ela me olhava incrédula.
— Crystal, vou te matar! Não faça piada agora e me ajude! Ele me convidou para jantar — disse ela, pegando um guardanapo para limpar a boca, visivelmente agitada.
— Calma, vocês se beijam e depois se convidam para jantar? Que estranho. — falei, provocando.
— Crystal, cala a boca! — retrucou Lia, devorando um pedaço de bolo que estava na mesa.
— Uau, que romântico. Nada diz "eu gosto de você" como um pedaço de bolo roubado na cozinha. — falei, piscando para ela.
— Pelo menos eu tenho um encontro, sua casada! — disse ela, jogando um guardanapo em mim.
— Touché, Lia. Touché. Agora, vamos preparar essa comida antes que você saia para seu jantar romântico. — falei, rindo enquanto começávamos a cozinhar juntas.
Enquanto cozinhávamos, a cozinha se enchia de aromas deliciosos e de risadas. A conversa fluía naturalmente, e era evidente como cada uma de nós apreciava a companhia da outra. Lia sempre teve uma habilidade especial para transformar tarefas cotidianas em momentos memoráveis.
— Então, como foi que Marcus te convidou para jantar? — perguntei, curiosa.
— Ah, foi meio desajeitado, na verdade. Ele estava todo nervoso, gaguejando... mas foi tão fofo! — respondeu Lia, com um brilho nos olhos.
— Eu sempre soube que ele tinha uma queda por você desde o primeiro dia de trabalho dele. Só precisava de um empurrãozinho. — falei, sorrindo.
— Talvez. Mas agora vamos falar de você, Senhora Casada. Como estão as coisas com William? — Lia perguntou, mudando o foco da conversa.
— Estamos bem. Ele tem sido um grande apoio durante esses tempos incertos. Sabe, é engraçado como pequenas coisas como cozinhar juntos ou passear no parque se tornaram tão importantes para nós. — respondi, pensativa.
— Isso é ótimo de ouvir, Crystal. Vocês são perfeitos juntos. — disse Lia, sinceramente.
O tempo passou rapidamente enquanto preparávamos a refeição. A cozinha estava um caos, com ingredientes espalhados por todo lado, mas o resultado valia a pena. O cheiro de pão recém-assado e de especiarias enchia o ar.
— Pronto! Acho que fizemos um banquete digno de um rei. — declarei, admirando nosso trabalho.
— Com certeza! Agora só falta a sobremesa. — disse Lia, pegando uma colher e provando um pouco do creme que tinha feito.
— Você e suas sobremesas. Mas, falando sério, estou tão feliz por você. Marcus é um cara legal e vocês formam um belo casal. — falei, dando um abraço nela.
— Obrigada, Crystal. E obrigada por sempre estar ao meu lado, seja nos momentos bons ou ruins. — respondeu Lia, retribuindo o abraço.
Enquanto arrumávamos a mesa e finalizávamos os últimos detalhes, senti uma onda de gratidão. A vida pode ser cheia de incertezas e desafios, mas são essas pequenas alegrias e conexões que fazem tudo valer a pena. E, com amigos como Lia e um parceiro como William, eu sabia que poderia enfrentar qualquer coisa.
— A própria senhora Harper preparou isso com suas belas mãos! — brincou William, pegando minha mão e dando um beijo gentil.
— Claro, com a ajuda indispensável da Lia — respondi, lançando um olhar cúmplice para minha amiga.
— Meu amor, preciso te dizer uma coisa. Recebi um convite para um jantar de negócios de última hora. Sei que você e Lia se esforçaram muito, e sinto muito por ter que sair assim. — disse William, me abraçando de forma reconfortante.
— Não se preocupe, meu querido. Entendo perfeitamente. Apenas diga aos senhores que eu estava exausta com a entrevista e a sessão de fotos. — falei, dando-lhe um beijo rápido.
— Obrigado por entender, amor. Talvez eu chegue tarde, então não me espere acordada. — disse William, saindo pela porta com um último olhar de desculpas.
Assim que a porta se fechou, voltei minha atenção para a mesa. Lia estava lá, um sorriso compreensivo no rosto.
— Parece que a noite será só nossa, então. — disse ela, tentando animar o ambiente.
— É, parece que sim. — respondi, tentando disfarçar a leve decepção.
Lia e eu nos sentamos à mesa, e apesar da ausência de William, a noite fluiu maravilhosamente. Conversamos sobre tudo e nada, rimos até as bochechas doerem e aproveitamos cada momento. A comida que preparamos juntas estava deliciosa e, de certa forma, a ausência de William fez com que apreciássemos ainda mais a companhia uma da outra.
— Sabe, Crystal, às vezes as coisas não saem como planejamos, mas isso não significa que não possam ser maravilhosas. — disse Lia, pegando minha mão.
— Você tem razão, Lia. E eu sou grata por ter você ao meu lado. — respondi, sentindo um calor reconfortante no coração.
Quando a noite chegou ao fim, Lia se levantou, ainda com um sorriso suave nos lábios.
— Minha flor, nos vemos amanhã, está bem? — disse ela, inclinando-se para me dar um beijo carinhoso na testa.
— Está bem, Lia. — respondi, retribuindo o sorriso com gratidão.
Enquanto ela se dirigia à porta, senti uma onda de serenidade e satisfação. A presença de Lia tinha transformado uma noite que poderia ter sido solitária em um momento memorável e cheio de significado. Fechei a porta atrás dela, ainda sentindo a energia positiva da nossa conversa, e soube que, com amigas como Lia, eu sempre teria um porto seguro para onde voltar.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro