(010) exibição do clube e memórias preciosas.
KIM DONGHYUN
point of view.
O sol brilhava suavemente no horizonte quando o último sinal da escola tocou. Era a nossa deixa pra correr até o clube de artes e terminar os preparativos pra exibição anual, mas mesmo com a pressão, eu não conseguia parar de sorrir. Dongmin tava do meu lado, como sempre e desde que assumimos nossos sentimentos, tudo parecia mais certo.
Tínhamos nos encontrado de uma forma que nenhum de nós esperava, e agora os dias estavam mais leves e cheios de uma sensação totalmente nova.
─── Acha que o Sungho vai surtar hoje? ── Taesan perguntou, rindo enquanto acariciava minha mão entrelaçada na sua.
Acabei caindo na risada também. Se tinha alguém que ficava ansioso com os preparativos, era o Sungho. Desde que nos tornamos o centro das atenções no clube de artes, o Park tava sempre checando e revisando tudo mil vezes.
─── Ele já deve tá surtando. ── respondi, imaginando a cena do Sungho correndo de um lado para o outro e preocupado com cada mínimo detalhe.
─── Aposto que o Riwoo está tentando acalmar ele com alguma piadinha, o Sungho se estressando com a piada e o Jungwon apartando os dois. ── Taesan brincou, rindo baixinho.
─── Enquanto o Woonhak provavelmente já começou a planejar algum jeito de zoar todo mundo no meio da exibição. ── completei, imaginando a confusão que isso ia causar.
Mais tarde, vi que conseguimos premeditar tudo que aconteceria no clube. Sungho estava de frente para um mural, analisando cada centímetro com uma expressão crítica.
─── Isso tá torto! ── ele exclamou, andando para lá e para cá ─── Eu disse pra ajustarem a tela em um ângulo exato de 90 graus! Como conseguiram deixar entortar?
─── Relaxa, Sungho. Ninguém vai perceber isso no meio da exposição. ── Riwoo retrucou, sentado em uma cadeira com uma cara de tédio ─── Além disso vai ficar lotado, ninguém vai parar pra medir ângulos.
Jaehyun estava ao lado do Riwoo, mastigando sozinho um pacotão de salgadinhos.
─── Riwoo tem razão. Sem falar que todo mundo só vai querer tirar fotos das obras e correr pra barraca de lanches depois. ── o Myung deu de ombros, como se toda a situação fosse o menor dos problemas.
Sungho lançou um olhar mortal pra ambos, com as duas mãos posicionadas em cada lado da cintura.
─── Estamos falando da exibição anual, é a nossa reputação! Vocês poderiam levar as coisas um pouco mais a sério?
Eu e Dongmin trocamos olhares assustados e nos aproximamos do grupo. Antes que Sungho pudesse começar outro discurso, Woonhak apareceu do nada, com um sorriso travesso no rosto.
─── Ei, gente! Eu estava pensando, o que acham de fazer uma apresentação surpresa no meio da exposição? ── o Kim sugeriu, os olhos brilhando de empolgação.
Jungwon, que finalizava uma paisagem pintada com aquarela, olhou para o mais novo com uma sobrancelha levantada.
─── Woonhak, todas as suas ideias de surpresa acabam no puro caos. Lembra da última vez que você quis fazer uma "performance artística" no meio do clube? A gente quase foi expulso.
Woonhak riu, sem um pingo de arrependimento.
─── Ah, mas aquela foi irada! Vocês que são muito formais. Arte é sobre quebrar barreiras, viver o momento.
Sungho suspirou e massageou as têmporas, claramente preocupado com o rumo que essa conversa tava tomando.
─── Não! Sem surpresas, sem caos, sem... improvisos. A exibição precisa ser impecável.
Eu, tentando aliviar o clima, me aproximei do Sungho e coloquei uma mão no ombro dele.
─── Calma, Park. Tudo vai sair melhor do que você imagina, sabe disso! Todos aqui deram o máximo e vai ser incrível.
Sungho respirou fundo e assentiu, ainda um pouco tenso, mas menos agitado.
─── Tá, tá, eu confio em vocês. Mas se algo der errado... vou pessoalmente cobrar de cada um! ── ele apontou o dedo, meio brincando, meio sério.
─── Fica de boa, chefia. ── Riwoo respondeu
com um sorriso, dando um tapinha nas costas de Sungho ─── Se algo der errado, a culpa é sempre do Woonhak.
─── Ei! ── Woonhak protestou, mas todos riram e não discordaram.
O restante da tarde foi ocupada com os últimos preparativos, e quando tudo finalmente estava no lugar, decidimos que merecíamos uma pausa.
─── Vou buscar uns sorvetes pra gente na lanchonete da escola. ── Jaehyun disse, já levantando da cadeira com energia demais para alguém que passou o dia todo organizando uma exposição.
─── Só não esquece o meu de chocomenta. ── lembrei, já sabendo que o Myung tinha uma tendência a esquecer as coisas quando estava distraído com comida.
─── Ugh, não entendo como você gosta disso. ── Woonhak acrescentou, fazendo uma careta
exagerada ─── É tipo escovar os dentes enquanto come chocolate.
Eu revirei os olhos, já acostumado com as piadas sobre meu gosto peculiar para sorvete.
─── Vocês que não têm paladar refinado. ── respondi, cruzando os braços de brincadeira.
─── Refinado ou esquisito, amor? ── Taesan provocou, me dando um sorriso sarcástico.
Meu coração quase deu um pulo, não sabia se estava mais bravo com a piadinha ou tímido por ele ter me chamado de amor na frente dos outros. A expressão de surpresa dos nossos amigos era nítida, menos Woonhak, que arqueou a sobrancelha e sorriu malicioso.
─── Não começa, Dongmin. ── brinquei, mas não consegui evitar sorrir. Taesan sabia como me provocar de um jeito que ninguém mais conseguia.
Nesse momento, Chaeryeong entrou na sala do clube trazendo consigo uma aura mais leve do que nas últimas semanas. Ela tinha tido que processar muita coisa, mas parecia estar bem comigo e com o Taesan, além de ter se tornado amiga dos meninos e ajudado bastante na exposição.
─── Desculpa a demora, gente. Tive que resolver umas coisas com o comite. ── ela sorriu, sentando-se ao nosso lado ─── Estou animada pro festival. E um pouco nervosa também.
─── Você vai mandar bem sendo a guia da exposição. ── Jungwon falou com confiança ─── O clube não estaria tão organizado sem você lidando com tudo.
─── Tenho que concordar. ── Sungho acrescentou, surpreendentemente calmo agora.
Chaeryeong corou um pouco, tocada pelas palavras. Era bom vê-la sorrindo de novo, depois de tudo que passamos.
─── Obrigada, pessoal. De verdade. Isso significa muito. ── ela olhou pra todos nós, com os olhos brilhando de gratidão.
⏳
O sol começava a se pôr no horizonte, pintando o céu com tons de laranja e rosa, quando a exibição finalmente chegou ao fim. O clube de artes, que mais cedo estava lotado de estudantes curiosos, agora estava silencioso, iluminado apenas pela luz suave das lâmpadas.
Restávamos apenas nós, os membros do clube de artes, cansados, mas cheios de uma sensação de realização. Eu e o Taesan estávamos encostados na parede, de mãos dadas, observando o cenário ao nosso redor. Riwoo e Jungwon guardavam as telas da exposição, enquanto Jaehyun e Woonhak brigavam pelo último frango frito que pedimos. Sungho, mesmo exausto, ainda inspecionava cada cantinho da exposição, tentando observar cada detalhe do seu trabalho árduo.
Chaeryeong, que foi a guia da nossa exposição, se aproximou de mim e do Taesan com um sorriso cansado, mas satisfeito.
─── Conseguimos. ── ela disse com uma risada suave ─── E foi melhor do que eu imaginei!
─── Você fez um trabalho incrível, Chaeryeong. ── respondi, com sinceridade ─── O clube de artes é bem melhor com você.
Taesan assentiu ao meu lado, apertando minha mão levemente.
─── Todos nós contribuímos, mas você manteve
tudo junto nos conformes.
Chae corou, mas antes que pudesse responder, Woonhak interrompeu com sua voz animada.
─── Manos, é sério? Discurso emocional? ── ele disse revirando os olhos e todos caímos na risada.
A verdade era que aquele momento representava mais do que apenas o fim de uma exposição. Era o fechamento de um ciclo. E embora o ano letivo estivesse acabando, algo dentro de mim sabia que o que construímos aqui ia muito além disso.
Todos nós crescemos, não só como artistas, mas como pessoas. E, principalmente, nos encontramos ─ na arte, na amizade e no amor.
Dongmin se inclinou para mim e sussurrou no meu ouvido, com um sorriso brincalhão no rosto.
─── Parece que está finalmente tudo acabando, hein? ── ele comentou, olhando pra mim ─── Mas de algum jeito eu sinto que isso tudo foi só o começo.
Sorri para ele, notando seus olhos brilhando suavemente com a luz do entardecer.
─── Você tá certo. O festival foi incrível, mas nós, nossos amigos, as memórias... ainda temos muito pela frente.
Fiz uma pausa, ainda segurando sua mão com uma certa firmeza.
─── Lembra de como estávamos no começo? ── perguntei, rindo suavemente ─── Eu nunca teria imaginado que chegaríamos até aqui.
─── Ah, eu lembro. ── Taesan riu, balançando a cabeça ─── Você era tão difícil de decifrar. Ficava enrolando e me confundido. Mas sei lá, sempre senti que tinha algo mais por trás do que você falava. Algo que eu queria descobrir.
Minha risada foi leve, mas senti meu coração acelerar com a lembrança de nossos primeiros momentos juntos e de como as coisas foram mudando tão naturalmente entre nós.
─── E você não era muito diferente, sabia? ── provoquei, apertando sua mão de volta ─── Sempre tão frio por fora, mas também escondia muito de si mesmo.
─── Talvez. ── ele deu de ombros com um
sorriso travesso ─── Mas você foi o único que conseguiu quebrar essa barreira. ── Taesan me olhou nos olhos, sua voz ficando mais suave ─── Acho que desde o começo, sabíamos que éramos diferentes. Mas de um jeito que completava um ao outro.
Meu coração bateu mais forte ao ouvir suas palavras. Era verdade. Desde o início havia algo entre a gente, um sentimento que nenhum de nós conseguia colocar em palavras até finalmente admitir nossos sentimentos. E agora ali, cercados pelos nossos amigos, tudo parecia se encaixar de forma perfeita.
─── Donghyun... ── Taesan começou, um leve sorriso brincando em seus lábios, enquanto ele se aproximava mais de mim ─── Você sabe que não importa o que aconteça a partir de agora, eu vou estar com você sempre. Certo?
Senti meu rosto esquentar e desviei o olhar por um momento, tentando conter o sorriso que insistia em aparecer.
─── Claro que eu sei. ── respondi, a voz um pouco mais baixa, mas cheia de certeza ─── Eu sinto o mesmo, Dongmin. E é bom saber que não tô sozinho.
Ele soltou uma risada suave e me puxou um pouco mais para perto, de modo que agora estávamos a poucos centímetros de distância. O ar entre nós parecia vibrar com a tensão e a antecipação.
─── Você nunca esteve sozinho, Leehan. ── Ele murmurou, com os olhos fixos nos meus ─── E nunca vai estar.
Antes que eu pudesse responder, Taesan se inclinou e, em um movimento suave, encostou seus lábios nos meus. O mundo ao nosso redor pareceu parar, e naquele momento, tudo o que existia era nós dois. O toque de seus lábios era suave, mas cheio de sentimentos ─ de promessas silenciosas, de amor e de tudo o que ainda estava por vir.
Quando nos separamos, ambos sorrindo de forma boba, nossos rostos ainda próximos, eu senti meu coração disparado, mas ao mesmo tempo, uma paz enorme. Era como se aquele beijo tivesse selado algo entre nós que já sabíamos desde o começo.
─── Você é impossível! ── brinquei, tentando não deixar o sorriso bobo dominar meu rosto
Os outros podem ter visto.
─── Impossível ou.. irresistível? ── ele mordeu o lábio inferior ─── E o que tem se os meninos verem? Não é como se fosse surpresa.
Rolei os olhos de brincadeira, mas acabei deixando um sorriso transparecer. Ele me puxou para um abraço e ficamos ali, ao redor podíamos ver nossos amigos ainda rindo e se divertindo, mas naquele momento éramos só nós dois. No nosso pequeno mundo.
─── Donghyun. ── ele começou a falar de novo, em um tom mais sério desta vez ─── Eu tô realmente feliz que tudo tenha terminado assim. Nós dois, aqui juntos. E quero que continue assim para sempre.
Olhei pra ele, sentindo uma onda de emoção atravessar meu corpo. Taesan não era do tipo que falava abertamente sobre seus sentimentos, mas quando decidia falar, era sempre de uma forma que me atingia lá no fundo.
─── Vai continuar assim, Sanie. ── respondi com um sorriso e apoiando minha testa contra a do Han, usando o apelido dele na borracha que causou tudo isso ─── Porque não importa o que aconteça, eu também quero ficar com você. Sempre.
Ele sorriu, e mais uma vez o mundo ao nosso redor parecia desvanecer. Eu sabia que com o Dongmin qualquer coisa seria possível. E naquele momento, com os nossos amigos e a exibição terminada, eu soube que a nossa história estava apenas começando.
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