KIM DONGHYUN
point of view.

Depois daquela confusão toda eu só queria evaporar do colégio. Por que tinha que pedir a borracha justo naquele momento? Agora o Han ─ cara mais badalado da escola, ─ acha que eu gosto dele e é compreensível.

Na hora do intervalo, eu ainda estava pensando em uma forma de explicar tudo pra que ele acreditasse. Enquanto caminhava pelo corredor, tentei evitar o Taesan de todas as maneiras possíveis, mas o destino aparentemente tinha outros planos pra mim.

─── Leehan! ── a voz do garoto ecoou pelo corredor e eu congelei. Claro que ele iria me procurar. Respirei profundamente e virei de forma lenta, tentando parecer mais calmo do que realmente estava.

─── Ah, Taesan. ── minha voz saiu mais alta do que eu esperava e tentei disfarçar com um largo sorriso.

Ele se aproximou com aquele jeito descontraído que o tornava popular, mas havia algo diferente no olhar do Han agora, como se estivesse realmente tentando entender o que estava acontecendo. É normal ele estar confuso, afinal, o Dongmin pode receber muitas declarações, mas no fim das contas, eu sou um cara. Não deve ser lá muito comum garotos se declararem pra ele.

─── Sobre mais cedo... ── Taesan começou, coçando a nuca de forma meio constrangida.

─── Olha, aquela borracha não era minha, era da Chaeryeong, sacou? Ela gosta de você, não eu! ── falei rápido demais, as palavras disparadas num fluxo nervoso e que nem eu mesmo acompanhei direito.

Ele pareceu processar a informação, mas logo inclinou a cabeça para o lado, aparentando estar intrigado.

─── Por que você ficou nervoso, então?

Me pegou de surpresa.

─── B-bem... eu... porque parecia que eu estava me confessando pra você, e não passou de um mal-entendido. Não queria que você pensasse que eu... ── me calei, percebendo que quanto mais eu falava, mais confuso parecia.

Taesan olhou pra mim, por um momento que pareceu durar uma eternidade.

─── Donghyun, você sabe que tá tudo bem, né? Se você realmente gostasse de mim, eu não ficaria chateado. ── ele parecia sincero, o que me deixou mais desconfortável.

─── Não é nada disso! ── protestei, sentindo o rosto quente de novo ─── Eu só estava nervoso porque parecia que você achava isso, mas não é verdade.

Ele finalmente suspirou e assentiu como se tivesse entendido, mas ainda era possível ver um brilho de dúvida em seus olhos.

─── Tudo bem, então. Vamos esquecer isso.

Eu queria muito acreditar que ele estava disposto a esquecer, mas algo me dizia que essa confusão estava longe de acabar. E, para piorar, Chaeryeong continuava me observando à distância, como se estivesse esperando que eu fizesse alguma coisa ou esclarecesse de uma forma que o Taesan acreditasse.

Enquanto ele se afastava, me permiti escorregar pela parede do corredor, sentindo o peso do mundo sob meus ombros.

Como eu tinha acabado numa situação tão complicada? Só queria que as coisas voltassem ao normal, mas após esse mal-entendido, provavelmente nada seria como antes.