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Desabafos e surpresas

Hermione andava em direção à biblioteca para mais uma tarde de estudo. Os seus amigos, Harry e Ron, estavam em mais um treino de quidditch, não é como se a morena não preferisse vê-los treinar, mas como a nova namorada de Ron, Lavander Brown, estaria lá para gritar pelo seu "Uon uon" e para Hermione ela podia atirar-se da torre de astronomia que ninguém dava pela sua falta. Clarificando a história, Hermione não gostava nada da Brown e não se preocupava em esconder a repugnância e o desprezo ao vê-la colada ao seu amigo.

Uma hora já se tinha passado desde que tinha começado a dedicar aos estudos quando uma certa pessoa lhe aparece.

- Ora ora, se não é a Granger... que fazes por aqui? - Questionou Draco Malfoy, um Slytherin puro de sangue loiro e de olhos azuis quase cinzentos, que adorava humilhar o trio dourado.

- Caso não tenhas reparado, Malfoy, estamos numa biblioteca e eu tenho livros e pergaminhos espalhados pela mesa, logo, eu só posso estar a estudar, não achas?

- Uh... parece que a Gryffindor está de garras para fora...

- É o que acontece quando me interrompem o estudo, por isso, estás à vontade para me deixar em paz agora mesmo. - Respondeu seca, levantando o olhar para o loiro, que no seu rosto estava um sorriso sarcástico e sentou-se na cadeira em frente à morena, pegando num dos livros abertos.

- Runas antigas?  Um pouco chato, não? - Inquiriu Malfoy, aumentando seu sorriso ao notar a irritação de Hermione.

- Não tens nada melhor para fazeres além de me esgotares a paciência que me resta?

O loiro adquiriu uma expressão séria.

- Eu tenho que falar contigo, Granger.

Hermione surpreendeu-se e virou toda a sua atenção para Draco.

- E o que quererias falar com uma filha de muggles?

Draco bufou e olhou nos olhos castanhos da Gryffindor.

- Algo que não pode ser falado com pessoas à volta.

- 3 coisas, Malfoy: 1a não tenho tempo;  2a estamos em privado; 3a estou a estudar.

- 3 respostas, Granger: 1a não me interessa que não tenhas tempo; 2a não vai ser na biblioteca; 3a temos pena.

- Sem dúvida alguma és a simpatia em pessoa, tens a certeza de que estás na equipa certa? - Questionou a morena com a voz carregada de ironia.

- Eu sei, como é possível eu estar nos Slytherin? Devia de pertencer aos Hufflepuff. - Respondeu o loiro, da mesma forma que Hermione lhe falou. - Adiante, aparece na entrada da sala precisa às 23h.

- E o que te leva a pensar que eu vou?

- Estás curiosa para saber o tema da conversa.

Hermione mordeu o lábio inferior do lado direito discretamente.

- Está bem, Malfoy eu vou... - Cedeu a morena, criando um sorriso, que não conseguia chegar aos seus olhos. Draco pousou o livro de runas antigas de Hermione e levantou-se para ir embora, não sem olhar uma última vez para a morena antes de virar as costas para a mesma.

- Por favor, Harry, empresta-mo. - Pediu Hermione mais uma vez o manto da invisibilidade de Harry.

- Mas porque raio é que precisas do manto? - Questionou Harry confuso?

- Olha, porque vou precisar de sair e não ser apanhada, não achas? Vá lá, Harry, peço-te.

- Para onde vais?

- Eu não posso contar-te agora. Eu prometo contar depois. Harry é uma emergência.

O moreno olhou para a melhor amiga e acabou por ceder.

- Está bem, está bem. Eu empresto-te o manto.

Hermione abraçou-o com força pelo pescoço.

- Obrigada, Harry, és o melhor amigo do mundo.

- Não tens de quê, Mione, mas já podes parar de dar graxa. - Comentou Harry rindo. Mas o riso cessou ao ouvirem entrar para a sala comum, pelo retrato da dama gorda, Ron e Lavander.

- Bom, ajudas-me com o trabalho de casa de desefa contra as artes negras? - Pediu Harry à morena.

- Claro. Mas às 22h30 tenho de sair.

Os dois ficaram mergulhados nos livros até à hora estabelecida por Hermione e subiram até à porta do dormitório de Harry onde o mesmo foi buscar o manto e entregou-o a Hermione que logo o pôs por cima de si saindo da sala comum e caminhando em direção à sala precisa.

A morena chega à entrada da sala precisa com o soar das onze badaladas ao mesmo tempo que Draco. Hermione destapou a cabeça do manto, surpreendendo o loiro com o aparecimento repentino da cabeça da morena.

A porta sala apareceu e eles abriram-na, entrando na mesma e fechando-a em seguida.

Hermione tirou o manto.

- Muito bem, estou aqui, Malfoy, o que queres falar comigo?

- Vamos combinar uma coisa primeiro, Granger. Nesta conversa não vai haver provocações ou insultos quer da minha parte quer da tua, de acordo? - Propôs Draco de forma séria.

- Tudo bem, o que queres dizer-me?

- Preciso de falar com alguém que não pertença à minha equipa, mas ninguém me fala das outras equipas...

- E o que te faz pensar que eu também te falaria?

- Essa é a razão. Eu não posso simplesmente falar com qualquer pessoa sobre isto... A minha família quer que eu mantenha a honra do nome Malfoy, mas eu não quero nada disto... Eu comecei a aperceber-me que os valores e princípios que me ensinaram não são aquilo que eu acho que seja correto, não fazem sentido para mim... Nunca me imaginei a ter uma conversa calma contigo, Granger, mas foste a única pessoa que pensei que me fosse ouvir... - Falou tudo de rajada e de cabeça baixa. Hermione aproximou -se do loiro devagar.
- Então fala, Draco, eu vou ouvir-te.
- Eu só quis uma única coisa na vida, o orgulho dos meus pais. Queria que o meu pai dissesse que eu fiz algo certo, mas nunca disse... Eu tentei de tudo para o deixar orgulhoso eu até...
- Tu até o quê?

- Nada...

- Nada, não. Diz-me, Draco, tu até o quê?

continua....

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