The great war
Taylor acordou sentindo-se um trapo. A discussão da noite anterior com Travis assombrava sua mente como um fantasma insistente. O olhar de raiva e mágoa dele se repetia em sua memória, uma cicatriz fresca em um coração já destroçado. A dor de suas palavras e a culpa insuportável pesavam sobre seus ombros, transformando o simples ato de se levantar em uma tarefa monumental. Cada movimento era como se estivesse carregando o peso do mundo, e a sensação de vazio em seu peito era avassaladora. Ela se perguntou se um dia conseguiria superar esse tormento, se algum dia encontraria paz dentro de si mesma.
Com muito esforço, Taylor conseguiu sair da cama e descer as escadas até a cozinha. A casa estava silenciosa, um reflexo de seu próprio estado interno. Com passos lentos, ela começou a preparar o café da manhã. Cada gesto parecia mecânico, desprovido de qualquer emoção, como se fosse uma marionete cumprindo uma rotina programada.
Sentou-se à mesa, olhando para o prato à sua frente. A comida parecia insossa e sem vida, um reflexo de como ela se sentia por dentro. Cada mordida era um esforço, mas ela sabia que precisava comer. Precisava encontrar forças para enfrentar mais um dia, mesmo que cada momento parecesse uma batalha perdida.
Enquanto forçava-se a engolir o café da manhã, Taylor não podia evitar os pensamentos que invadiam sua mente. Lembranças dolorosas do passado, da felicidade que um dia conheceu, agora pareciam distantes e inalcançáveis. A vida que ela tinha sonhado havia se desfeito em fragmentos, e ela estava presa em um ciclo de culpa e arrependimento.
Mas ela precisava continuar. Não importava o quanto estivesse quebrada, ela sabia que não podia desistir. E com essa determinação frágil, terminou seu café da manhã, preparando-se para enfrentar mais um dia de luta.
Taylor estava terminando de lavar a louça do café da manhã quando ouviu a porta da frente se abrir. O som de passos pesados ecoou pela casa, e em poucos segundos, Joe apareceu na cozinha. Ele não parecia bêbado, mas estava com uma expressão de cansaço e irritação.
"Finalmente decidiu aparecer," Taylor disse, tentando manter a calma. -"Você sumiu por três dias, Joe. Eu estava preocupada."
Joe bufou, jogando as chaves sobre a mesa. -"Eu não preciso dar satisfações a você, Taylor. Tenho a minha vida também, sabia?"
Taylor cruzou os braços, tentando controlar a raiva que começava a borbulhar dentro dela. -"Você poderia ao menos ter mandado uma mensagem. Não custa nada ser um pouco respeitoso."
Joe a olhou com desdém. -"Respeitoso? E desde quando você se importa com respeito? Olha para você, Taylor. Você está se destruindo, e ainda quer falar sobre respeito?"
Ela sentiu o golpe das palavras dele, mas manteve-se firme. -"O que quer dizer com isso?"
Joe riu, um som amargo que reverberou pela cozinha. -"Você sabe exatamente o que quero dizer. Olha para o seu corpo, Taylor. Você acha que está tudo bem? Está se matando lentamente e nem se dá conta."
Ela sentiu o estômago revirar. A insegurança sobre seu corpo era um ponto fraco que Joe sabia como explorar cruelmente. -"Isso não tem nada a ver com a conversa," ela respondeu, a voz tremendo de emoção.
Joe deu de ombros, como se suas palavras fossem insignificantes. -"Acredite no que quiser. Estou cansado dessa discussão."
Ele virou as costas e subiu para o quarto, deixando Taylor sozinha na cozinha, com as palavras dele ecoando em sua mente. Ela tentou respirar fundo, acalmar-se, mas a náusea era incontrolável. Lutou contra a vontade de vomitar, mas era inútil. A ansiedade e a dor eram avassaladoras.
Correndo para o banheiro, ela se ajoelhou ao lado do vaso sanitário e vomitou o pouco que havia comido no café da manhã. Sentiu-se miserável, tanto física quanto emocionalmente, enquanto lágrimas silenciosas escorriam por seu rosto.
Depois de algum tempo, levantou-se lentamente, tentando recompor-se. Enxaguou a boca e lavou o rosto, olhando para o reflexo no espelho. -"Eu preciso ser mais forte," murmurou para si mesma, a voz apenas um sussurro. -"Eu preciso sobreviver a isso."
Taylor seguiu em direção ao estúdio, a mente ainda presa na discussão com Joe. Cada passo parecia pesar toneladas, mas ela se obrigava a continuar. O estúdio era seu único refúgio, o lugar onde ela podia se perder na música e esquecer, mesmo que por um breve momento, a dor que carregava.
Quando chegou, encontrou Jack e Tree já na sala de reuniões. Eles a cumprimentaram com sorrisos, mas ela apenas conseguiu forçar um leve aceno de cabeça. Sentou-se à mesa, tentando focar no trabalho.
-"Estamos esperando mais alguém?" perguntou, tentando parecer interessada.
Tree olhou para Jack, depois de volta para Taylor. -"Sim, temos uma reunião importante hoje. É sobre um novo projeto."
Taylor arqueou uma sobrancelha, surpresa. -"Que projeto é esse?"
Antes que Tree pudesse responder, a porta se abriu e Patrick entrou, seguido por Brittany, Ross e Jason. Taylor sentiu o coração apertar ao ver o irmão de Travis. A presença deles era um lembrete doloroso do passado que ela tentava esquecer.
-"Bom, agora que estamos todos aqui, podemos começar," disse Jack, tentando quebrar o gelo. -"Recebemos uma proposta interessante da NFL e de alguns patrocinadores."
Patrick tomou a palavra. -"A ideia é promover uma campanha de conscientização sobre saúde mental e união. Eles querem que todos nós – amigos e colegas – passemos um mês juntos em uma casa isolada, participando de diversas atividades e projetos. Será tudo filmado para um documentário."
Taylor sentiu um frio na espinha. Um mês inteiro convivendo com pessoas que a odiavam? Era mais do que ela podia suportar.
-"Espera," ela interrompeu, a voz trêmula. -"Vocês estão dizendo que teremos que viver juntos por um mês? Todos nós?"
Jason cruzou os braços, encarando-a com um olhar frio. -"É isso mesmo. Acho que será uma boa oportunidade para resolvermos algumas coisas pendentes. O documentário será tipo uma competição. Seremos divididos em duas equipes e competiremos entre nós , serão algumas atividades de acampamento, como se fossemos adolescentes novamente."
Taylor mordeu o lábio, tentando não deixar a ansiedade transparecer. -"E Travis? Ele também vai estar lá?"
Patrick assentiu. -"Sim, ele é uma parte importante do grupo. Todos temos algo a contribuir."
Ela sentiu o chão desaparecer sob seus pés. A ideia de passar um mês inteiro na presença de Travis, enfrentando olhares e lembranças dolorosas, era aterrorizante. Mas não havia como recusar. Era uma oportunidade profissional que ela não podia deixar passar.
-"Então está decidido," disse Tree, tentando soar animada. -"Vamos todos participar desse projeto. Será uma experiência desafiadora, mas também pode ser uma chance de cura."
Taylor sentiu o peso das palavras de Patrick e a presença de Jason como uma pressão esmagadora em seu peito. A ideia de passar um mês inteiro na companhia de pessoas que a odiavam, incluindo Travis, era insuportável. Precisava de um momento para processar tudo isso.
-"Tree, podemos conversar um minuto?" Taylor pediu, a voz mais firme do que se sentia.
Tree olhou ao redor e percebeu a urgência nos olhos de Taylor. -"Claro, Tay," disse, levantando-se. -"Vamos lá fora."
As duas saíram da sala de reuniões e caminharam até um canto mais isolado do estúdio. Taylor sentiu um nó na garganta enquanto tentava encontrar as palavras certas.
-"Tree, eu... eu realmente não acho que isso seja uma boa ideia," começou Taylor, sua voz tremendo um pouco. -"Um mês inteiro com eles? Eu não sei se posso aguentar. Travis... Ele me odeia, e os outros não são diferentes. Isso só vai abrir feridas que estou tentando desesperadamente curar."
Tree colocou uma mão reconfortante no ombro de Taylor. -"Eu sei que parece assustador, Tay. Mas pense nisso como uma oportunidade de enfrentar seus demônios. De tentar, pelo menos, encontrar algum tipo de paz."
Taylor balançou a cabeça, desesperada. -"E se só piorar as coisas? Eu já estou no meu limite. Não sei se posso lidar com mais dor."
Tree respirou fundo, escolhendo as palavras com cuidado. -"Você é mais forte do que pensa, Taylor. Eu sei que tem sido difícil, mas essa pode ser a sua chance de realmente superar tudo isso. E eu estarei lá com você, o tempo todo. Não vai precisar enfrentar isso sozinha."
Taylor olhou para Tree, vendo a sinceridade nos olhos da amiga. Ela queria acreditar que isso poderia ser uma chance de cura, mas o medo era esmagador. Ainda assim, a determinação de Tree era contagiante.
-"Eu... eu não sei," murmurou Taylor, lutando contra as lágrimas. "E se tudo desmoronar?"
Tree apertou o ombro de Taylor, um gesto de encorajamento. -"Então nós lidamos com isso juntas. Você tem amigos que te amam e te apoiam. E quem sabe, talvez essa seja a chance de mostrar a eles que você ainda é a mesma Taylor. Que está tentando."
Taylor respirou fundo, tentando encontrar a força dentro de si. -"Ok," disse finalmente. -"Eu vou tentar. Mas só porque você acredita que isso pode funcionar."
Tree sorriu, aliviada. -"Obrigada, Tay. Vai dar tudo certo, eu prometo."
As duas voltaram para a sala de reuniões, onde os outros ainda discutiam detalhes do projeto. Taylor se sentou novamente, tentando reunir toda a coragem que tinha.
-"Estou dentro," declarou, olhando diretamente para Patrick e Jason. -"Vamos fazer isso."
Por dentro, seu coração ainda estava apertado de medo, mas a presença de Tree ao seu lado dava-lhe um fio de esperança.
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