Loml
Desde o momento em que a porta se fechou atrás de Travis, o mundo de Taylor desmoronou completamente. O som da maçaneta girando e o clique final da tranca ecoaram em sua mente como uma sentença de morte. A quietude que se seguiu foi ensurdecedora, e a solidão, opressora. Ela ficou parada por alguns minutos, sem conseguir se mover, como se seu corpo estivesse preso em um torpor gelado. Cada segundo parecia uma eternidade enquanto ela processava a realidade do que acabara de acontecer.
Assim que a sensação de entorpecimento começou a se dissipar, uma onda de desespero avassalador a atingiu. A culpa, que já era uma companheira constante, agora se agigantava, esmagando-a com seu peso insuportável. Taylor caiu de joelhos, abraçando o próprio corpo, como se tentar se conter pudesse impedir que se despedaçasse completamente. Lágrimas escorriam livremente por seu rosto, mas ela não tinha forças para enxugá-las. O choro era violento, arrancando dela sons roucos e descontrolados que pareciam vir do fundo de sua alma.
Aquilo era demais para ela suportar.
Taylor se perguntava: Porque isso teve que acontecer comigo? Isso não é justo! A loira pensou.
Ela sabia que não estava bem e que precisava conversar com alguém , ela precisava de ajuda. Ficar sozinha com aqueles pensamentos não era a melhor coisa a se fazer. Uma parte da loira queria pegar seu celular e ligar para as amigas. Uma parte dela queria ser consolada , queria um abraço. Mas a outra , aquela parte cruel de nós mesmos que é a que nos coloca no buraco na maioria das vezes , dizia que ela não merecia consolo ou um abraço, pois tudo isso era culpa dela. Taylor acabou concordado com a segunda voz. Tudo isso era culpa dela , e ela deveria lidar com isso sozinha, como sempre fez.
Nos dias que se seguiram, Taylor se afundou em um estado depressivo que fazia todos os seus episódios anteriores parecerem meras sombras. A dor emocional era tão intensa que se manifestava fisicamente, com um peso constante no peito que a fazia sentir como se estivesse sendo sufocada. Ela não conseguia comer, e mesmo se quisesse, a comida parecia virar pó em sua boca. Os poucos momentos de sono que conseguia roubar eram assombrados por pesadelos, deixando-a ainda mais exausta e desorientada ao acordar.
O mais cruel de tudo isso é que a loira se convenceu de que ela merecia tudo isso.
O apartamento em Cornelia Street, que antes era um refúgio aconchegante, agora parecia uma prisão sufocante. Cada canto do lugar trazia memórias que a torturavam — a caixa de madeira pintada, o sofá onde havia chorado tantas vezes, a cozinha onde deveria ter preparado refeições felizes para uma família que nunca existiu. As paredes pareciam se fechar ao redor dela, e a falta de ar era tão real que, por vezes, ela se pegava lutando para respirar.
Taylor se afastou de tudo e de todos. Ela ignorava ligações e mensagens, deixando seus amigos preocupados e confusos. A ideia de enfrentar alguém, de ter que explicar ou, pior, ver nos olhos dos outros o reflexo de sua própria dor, era insuportável. Ela se trancou em seu próprio sofrimento, isolando-se do mundo na tentativa de se proteger de mais julgamentos e de mais dor.
Sua mente era um campo de batalha constante. Cada pensamento era uma arma apontada para si mesma, uma acusação implacável de tudo o que havia feito de errado. "Egoísta," "Covarde," "Assassina." As palavras se repetiam incessantemente, martelando em seu crânio até que ela desejasse poder desligar seus pensamentos de uma vez por todas. Ela revisitou cada decisão que tomou, cada momento em que poderia ter agido de maneira diferente, e a culpa a corroía por dentro, como um ácido que dissolvia qualquer resquício de auto-perdão.
O pior de tudo era a dor física. Não era apenas o peso no peito ou a dor de cabeça constante; era uma sensação mais profunda, como se algo estivesse sendo arrancado de dentro dela. Taylor se encolhia, abraçando o estômago, o lugar onde sua filha havia crescido. A ausência daquela pequena vida, que ela nunca teve a chance de conhecer, era um vazio insuportável. Cada lembrança da bebê perdida era uma faca cravada em seu coração, e a dor era tão real que a deixava ofegante, lutando contra uma angústia esmagadora.
Ela não tinha mais forças. Não queria mais lutar, não queria mais sentir. Taylor estava cansada, exausta de carregar o peso de seus erros e de suas perdas. A cada dia, a escuridão ao seu redor parecia crescer, sugando a pouca luz que ainda restava. A ideia de simplesmente desaparecer, de se libertar de toda aquela dor, tornava-se cada vez mais tentadora. Ela não conseguia encontrar uma saída, não via esperança, não acreditava que merecesse perdão ou redenção.
Taylor estava à beira de um abismo, olhando para o vazio e sentindo o frio mortal da solidão e do desespero. Ela não sabia quanto mais poderia aguentar antes de finalmente ceder ao peso esmagador de sua própria culpa e tristeza. E enquanto o silêncio continuava a envolvê-la, Taylor se perguntava se algum dia encontraria a paz que tanto ansiava, ou se estaria para sempre condenada a viver nas sombras de suas escolhas e de sua dor.
Taylor se levantou da cama, sentindo o peso insuportável de sua dor, como se estivesse carregando o mundo inteiro em seus ombros. Cada passo que dava parecia um esforço monumental, mas ela sabia que precisava de um refúgio, um lugar onde pudesse ser honesta com seus sentimentos. A música sempre fora sua salvação, seu único escape. Sentando-se ao piano, ela deixou seus dedos tocarem suavemente as teclas, tentando encontrar algum alívio em meio ao caos de suas emoções.
Com os olhos fechados, ela começou a tocar uma melodia lenta e melancólica. Era como se o piano estivesse traduzindo suas lágrimas em notas musicais. Sua voz, rouca e cheia de emoção, começou a preencher o silêncio da sala. As palavras surgiram, carregadas de dor e arrependimento. A música, era uma tentativa desesperada de dar sentido à sua dor, de transformar suas perdas em algo tangível.
Who's gonna tell me the truth when you blew in with the winds of fate
And told me I reformed you
When your impressionist paintings of heaven turned out to be fakes?
Well, you took me to hell too
And all at once, the ink bleeds
A con man sells a fool a get-love-quick scheme
But I felt a hole like this, never before and ever since
As lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto, mas ela não parou de cantar. Cada palavra era uma confissão, uma exposição de suas emoções mais profundas e dolorosas. Ela se lembrava dos sonhos que compartilhavam, das promessas que faziam um ao outro. Agora, tudo parecia distante, como um sonho que se desvanecia ao amanhecer.
If you know it in one glimpse, it's legendary
What we thought was for all time was momentary
Still alive, killing time at the cemetery
Never quite buried
A melodia era triste, refletindo o vazio que sentia por dentro. A lembrança de Travis e da filha que perderam estava em cada nota, em cada acorde. Ela estava despida de todas as defesas, vulnerável e aberta, permitindo que a música carregasse o peso de sua tristeza.
You cinephile in black and white
All those plot twists and dynamite
Mister Steal-Your-Girl, then make her cry
Said I'm the love of your life
You shit-talked me under the table
Talking rings and talking cradles
I wish I could unrecall how we almost had it all
Dancing phantoms on the terrace
Are they second-hand embarrassed
That I can't get out of bed?
'Cause something counterfeit's dead
It was legendary
It was momentary
It was unnecessary
Should've let it stay buried
As lágrimas se tornaram mais intensas, mas ela continuou tocando. A música era sua forma de lamentar, de processar a perda que a consumia. Ela se lembrou dos momentos felizes, das risadas, dos abraços. Cada lembrança era uma faca em seu coração.
Oh, what a valiant roar
What a bland goodbye
The coward claimed he was a lion
I'm combing through the braids of lies
I'll never leave, nevermind
Our field of dreams engulfed in fire
Your arson's match, your somber eyes
And I'll still see it until I die
You're the loss of my life
Quando chegou ao fim da canção, o silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Ela se afastou do piano, sentindo-se exausta, mas de alguma forma um pouco mais leve. As lágrimas ainda escorriam, mas agora havia uma sensação de alívio, como se tivesse tirado um peso de seus ombros. A música, era um reflexo de sua dor, uma lembrança do amor e das perdas que havia sofrido.
Taylor estava sentada no sofá, encarando o vazio. A sala estava mergulhada em um silêncio opressor, interrompido apenas pelo som esporádico de sua respiração irregular. Ela não conseguia afastar os pensamentos que a atormentavam, repetindo-se como um ciclo vicioso em sua mente. A solidão em que se encontrava era sufocante, e o peso da culpa a esmagava cada vez mais. As lembranças dos últimos dias, da briga com Travis, e de tudo o que ela havia escondido, a faziam sentir como se estivesse se afogando em um mar de arrependimento.
O piano no canto da sala parecia chamá-la, mas ela estava exausta, física e emocionalmente, para se levantar. A composição anteriormente ainda ecoava em sua mente, a melodia crua e cheia de dor refletindo exatamente como ela se sentia. A cada repetição daquela canção, o desespero dentro dela crescia, tornando-se insuportável.
Enquanto ela afundava ainda mais em seus pensamentos sombrios, a campainha tocou, quebrando o silêncio como um trovão inesperado. Taylor sobressaltou-se, demorando alguns segundos para reagir. Ela não queria ver ninguém, não tinha forças para enfrentar mais uma conversa, mais uma tentativa de explicar o inexplicável. Mesmo assim, arrastou-se até a porta, como se seus pés estivessem pesados com o fardo que carregava.
Quando abriu a porta, lá estava Brittany. O olhar da ex amiga era uma mistura de apreensão e preocupação. A visão de Taylor, tão devastada, pareceu congelar Brittany por um momento, antes de ela se forçar a entrar, tentando parecer calma.
-"Oi, Tay," Brittany disse suavemente, fechando a porta atrás de si. -"Podemos conversar?"
Taylor hesitou, a vontade de se fechar ainda mais forte do que a necessidade de qualquer companhia, mas algo na expressão de Brittany a impediu de recusar. Ela assentiu lentamente e se afastou, permitindo que Brittany entrasse.
A sala parecia ainda mais pequena e sufocante com as duas ali. Brittany olhou ao redor, notando os detalhes que nunca antes haviam chamado sua atenção: a pilha de cartas e papéis sobre a mesa, a caixa de madeira delicadamente decorada, os resquícios de uma vida que Taylor havia cuidadosamente escondido do mundo.
-"Tay," Brittany começou, sua voz hesitante, como se escolhesse cada palavra com extremo cuidado. -"Eu... já sei de tudo. Travis me contou... sobre o bebê. Sobre o que você passou."
Essas palavras atingiram Taylor como um soco no estômago. Ela já sabia que Travis contaria, mas ouvir Brittany dizer em voz alta era diferente, era real. Ela não conseguiu encarar a amiga, os olhos fixos no chão enquanto sua mente se revolvia com sentimentos contraditórios: alívio por finalmente não estar mais sozinha com aquele segredo, e vergonha por ter escondido algo tão importante de pessoas tão próximas.
-"Eu... eu julguei você, Taylor," continuou Brittany, a voz embargada. -"Eu pensei que você tinha se afastado porque era covarde, porque não queria enfrentar as consequências... mas agora... agora eu entendo."
Taylor ainda não disse nada, a garganta apertada com o esforço de segurar as lágrimas. Ela sentia que se começasse a falar, não conseguiria parar.
Brittany deu um passo à frente, os olhos fixos na loira. -"Eu sinto muito, Tay. Por tudo. Eu deveria ter sido sua amiga, deveria ter estado ao seu lado, mas... eu falhei com você. Por favor, me perdoe."
Taylor tentou responder, mas as palavras ficaram presas na garganta. Ela havia suportado tanto sozinha, por tanto tempo, que agora não sabia como se permitir aceitar ajuda. Mas o arrependimento nos olhos de Brittany era sincero, e ela não conseguiu mais se conter. Uma lágrima escorreu lentamente por seu rosto, seguida por outra, até que todo o controle que ela havia mantido por dias desmoronou de uma vez.
Brittany não hesitou. Ela puxou Taylor para um abraço apertado, sentindo o corpo frágil da amiga tremer contra o dela. Taylor chorava descontroladamente, os soluços sacudindo seu corpo de maneira tão violenta que parecia que ela iria se despedaçar a qualquer momento.
-"Eu não consigo mais, Brittany," Taylor sussurrou entre os soluços, sua voz quebrada. -"Eu estou tão cansada... tão cansada de tentar ser forte."
Brittany segurou o rosto de Taylor entre as mãos, forçando-a a olhar para ela. -"Você não precisa ser forte sozinha. Eu estou aqui, Tay. Nós todas estamos aqui. Por favor, me deixe ajudar."
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Só estou postando esse capítulo hoje pq a sophisdataytay pediu :)
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