C A P I T U L O 2 3
Após Mat sair, me viro para Diana com uma expressão de poucos amigos. Ainda sentindo quase como se tivesse sido traído por ela.
— Sobre o que estavam conversando, hein? — Pergunto e ela dá de ombros em resposta — Você sabe que ouvi, certo?
— Não disse nada que não fosse verdade, Glenn, você precisa decidir o que vai fazer da sua vida. Se vai continuar vivendo nessa ilusão do coreano que nunca vai voltar para sua vida ou vai seguir em frente, com um cara legal que realmente gosta de você. Você está sendo um babaca com um cara que não merece nada disso, e pior, realmente gosta de você. Ele devia te deixar a ver navios, pois você não merece ele.
Arregalo meus olhos enquanto ouço ela falar tudo aquilo, o sangue corre até meu rosto, pintando minhas bochechas de vermelho. Eu realmente não esperava por tanta honestidade.
— Achei que você fosse minha amiga…
— Eu sou, é por isso que sou honesta com você. É isso o que amigos de verdade fazem. Agora, por favor, mexa sua bunda até a cozinha e faça um café antes que eu bote meu estômago para fora.
— Você não merece que eu faça café para você. Olha o jeito que você me trata. O Matthew me odeia agora.
— Se ele te odeia, odeia com razão, você não é um menino inocente Glenn. Embora eu não ache que todo esse ódio vai durar muito tempo… você realmente devia dar uma chance para ele, sabe?!
— Eu… não posso controlar meus sentimentos, Diana. Não posso mudar o meu coração.
— Então, para de dar esperanças para o Matthew, é simples. Se não gosta dele, se não quer nada com ele e acha que isso não vai mudar, deixe isso claro para ele. Ele merece saber.
— Eu só… — suspiro — você tem razão, estou sendo um grande babaca. Vou mudar isso. Vou falar com o Matthew.
— Faça isso. E faça um café também, estou com dor de cabeça.
— Não estou a fim de cozinhar, vamos tomar um café fora.
— Por que você está me castigando? — Ela protesta em tom de birra — ah, seu café é muito melhor que de qualquer lugar e você sabe disso.
— Você falou mal de mim. Merece todo o tipo de castigo. Venha, vamos — digo ela e a puxo para fora do apartamento que sai, com alguma resistência.
Do lado de fora, vemos uma movimentação no apartamento vizinho. Pessoas levando móveis e caixas para dentro do apartamento enquanto um cara dá ordens.
— Vizinho novo? — Diz ela, tentando investigar o movimento.
— Acho que sim, mas ainda não o conheci… deve ter acabado de comprar a casa, preciso passar ali mais tarde para recebê-lo.
— Deve ter dinheiro… contratar uma equipe de mudança assim, deve ser caro…
— E o que um cara rico ia fazer nesse prédio? Não é nem o melhor prédio do bairro, muito menos da cidade, menos ainda do país. Alguém com dinheiro ia para um lugar muito melhor, sem sombra de dúvidas.
— Bem, você tem um ponto. — Diz minha amiga, ainda tentando encarar a movimentação da casa que fica para trás conforme seguimos até o elevador.
Caminhamos até uma cafeteria próxima, ainda falando sobre o novo vizinho e teorizando quem ele poderia ser. Chegando lá, peço um cappuccino e um cinnamon roll enquanto Diana pede um café expresso e uma fatia de red velvet. Enquanto aguardamos a comida, sentamos em uma das poucas mesas do lugar.
— Mas imagine, se ele fosse alguém famoso. Você poderia ficar amigo dele e até ficar famoso também. Ele podia conhecer o Childe — ela ri.
— Nem todos os famosos se conhecem, você sabe disso, certo? Além disso, achei que já tínhamos chegado à conclusão que não é nenhum famoso. É muito mais provável que ele seja um psicopata maluco que mata vizinhos.
— Não seja dramático, Glenn, até parece… — diz Diana, ficando em silêncio logo em seguida quando a comida chega em nossa mesa.
Diana come uma boa garfada do bolo e uma colherada do seu bolo, em seguida, um longo gole de café e faz uma cara feia.
— Seu café é mil vezes melhor que isso — diz ela e sinto dizer que ela tem razão, mesmo meu cappuccino parece ralo e sem graça — você viu que o Childe está na cidade? Aparentemente, ele veio antes para fazer algumas programações. Várias pessoas tiraram fotos dele ontem, quando ele chegou no hotel onde está ficando. Devíamos ir lá também. Será que ele ainda lembra de nós?
— Até parece que um homem como ele ia lembrar de mim…
Já é fim da tarde quando me separo de Diana, depois de um dia juntos. Quando volto para casa, a movimentação no vizinho acabou, e dou risada sozinho, pensando como seria se meu vizinho fosse o próprio Childe. Entro em casa, chacoalhando a cabeça para dispersar os pensamentos e tento ligar para o Mat.
Depois de alguns toques, ele atende, sua voz grave é audível do outro lado da linha e me pergunto por que eu não posso simplesmente gostar dele ao invés do coreano, seria tão mais fácil se eu gostasse dele.
— Está tudo bem, Glenn? — Ele pergunta.
— Preciso falar com você… eu… não fui justo com você e meu comportamento não tem sido dos melhores. Sinto muito…
— Não sinta — ele corta — gostei sozinho de você o tempo todo, você foi honesto comigo… eu me iludi, mas isso não tem nada a ver com você, foi culpa minha. Não devia ter criado expectativas num relacionamento que nunca existiu fora da minha cabeça.
— Eu queria que fosse diferente, queria poder decidir por quem eu me apaixono, se eu pudesse só escolher… eu escolheria você, um milhão de vezes — digo embargado, sentindo as lágrimas salgadas escorrendo.
— Glenn, não chore. Não estou bravo com você, somos amigos ainda.
— Me desculpe, Mat…
— Sim, eu te desculpo. Amanhã vou até aí e conversamos pessoalmente, o que acha?
— Certo.
Desligo a ligação e envolvo a mim mesmo, formando uma bola com meu corpo, as lágrimas escorrem, lágrimas por um amor que nunca daria certo e por um amor que poderia dar certo se eu pudesse retirar todos os sentimentos de dentro de mim.
É nesse momento que meu telefone toca, com uma nova mensagem no Instagram. Abri o aplicativo e sinto meu coração acelerar apenas de ler as palavras ali escritas. Leio e releio várias vezes a mensagem, ensaio todos os tipos de resposta até mandar algo que eu considere razoável.
“Você tem razão, não merece minha atenção, não merece meu tempo, não merece nada de mim. Estou seguindo minha vida e nem penso mais em você.”
Mentiras, cada palavra mentirosa arde em mim, apesar de tudo, queria que fosse verdade. Queria estar seguindo minha vida, queria não sentir mais falta dele, não pensar nele a cada maldito segundo do meu dia. Ainda assim, preciso disso, preciso ser firme e enfatizar a mentira tanto quanto possível, mesmo dilacerando meu coração a cada nova mensagem.
“Eu sinto sua falta” ler a declaração me faz querer gritar, como uma adaga. Sinto a dor apunhalar meu peito quando digito que o amo, e apago logo em seguida, quando digito sobre a falta que ele me fez a cada maldito momento desde que nos falamos pela última vez. Sinto meu peito rasgar com a agonia dos sentimentos tumultuados.
Deixo o celular de lado, antes que eu faça uma besteira, antes que eu acredite em um sonho. Queria que fosse tudo fácil, queria poder mandar uma mensagem e corrigir toda nossa situação, mas e depois? Diana tem razão, isso que houve entre nós esteve fadado ao fracasso desde o início. Somos de realidades, de planetas diferentes, não importa o quanto eu queira viver esse sonho, isso não foi feito para mim.
Pego o celular depois de um tempo e decidido, escrevo a mensagem que termina de romper cada veia no meu coração.
“Também sinto sua falta, mas não devíamos conversar mais.” Digito e com o coração sangrando, eu bloqueio seu Instagram. No meu coração, sempre um espaço estará reservado ao Choi, mas não posso continuar fazendo isso comigo, penso e deixo meu celular de lado.
Tento dormir, mas apenas rolo na cama. Ainda está escuro do lado de fora quando me levanto e faço um bolo para entregar ao novo vizinho quando o dia realmente amanhecer.
Deixo o açúcar em minhas mãos, disfarçar e retirar tudo o que nubla o meu ser. Não tenho nem noção da hora quando saio porta afora com um bolo bonito na mão e aperto a campainha do vizinho, mas infelizmente, ninguém sai.
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