C A P I T U L O 1 7
A viagem para os Estados Unidos se encontra cada vez mais próxima, poucas horas para o voo, menos de uma semana me separa do primeiro show. Os ingressos foram esgotados no primeiro dia de venda e toda a turnê parece ter sido um grande sucesso. O que me deixa feliz por um lado, e preocupado por outro.
Não sei se Glenn conseguiu um lugar no primeiro show, não sei nem mesmo se ele conseguiu um lugar em qualquer uma das apresentações. Minha mente me prega peças, como se algo em meu interior gritasse que ele sequer continua acompanhando o meu trabalho. Tenho evitado entrar nas redes sociais e a angústia tem marcado presença enquanto arrumo a mala.
Faz algum tempo desde que Glenn tentou interagir comigo, a notificação de seu comentário em minha foto como uma notificação permanente em meu celular, jamais aberta, mas nunca esquecida. Suspiro forte e fecho a mala, antes que eu possa me impedir estou clicando na notificação, em seu perfil e vendo suas fotos depois de tanto tempo longe.
Glenn continua lindo, meus olhos varrem suas fotos novas e meu coração ameaça parar quando encaro uma foto em seu feed. Glenn lado a lado com um homem, o sorriso estampado em sua face enquanto o grande ruivo o abraça. Desligo a tela antes que eu acabe abrindo a foto. Como pude pensar que ele pararia a vida por minha causa? Como pude sequer imaginar que tivemos algo especial.
Coloco a mão sobre o meu coração que dói no meu peito. As lágrimas escorrem por minhas bochechas antes que eu possa impedir. Sou um tolo por me apaixonar, por me deixar acreditar nas ilusões que criei.
Chego nos Estados Unidos com listas e mais listas de afazeres. Desde que a equipe me buscou em casa até a hora que desci do jato particular, me foram passadas dezenas de recomendações, horários, treinos, compromissos, mal tenho tempo para dormir na minha primeira noite no país, uma vez que meus compromissos começam cerca de seis horas da manhã.
Não terei um único momento de folga nessa semana que antecede a primeiro apresentação, mas de alguma maneira prefiro assim, não tenho tempo para pensar, não tenho tempo para lembrar de Glenn e de seu namorado ruivo. Raiva e tristeza invadem meu corpo toda vez que penso na maldita foto.
— Childe? Vamos repassar a música mais uma vez? — A mulher na minha frente parece ansiosa.
— Claro, desculpe, estou meio distraído hoje. — Digo antes de repassar a música novamente.
Depois de mais algumas horas de passagem de som, preciso ir a uma emissora de televisão gravar um programa de entrevistas e ainda tenho duas sessões de fotos depois disso. Mal tenho tempo de respirar, muito menos de comer entre uma coisa e outra.
O relógio mostra que são nove horas da noite e eu ainda nem almocei até esse momento. Se o senhor Kim souber quão pouco comi no dia de hoje, levarei uma bronca. Espero o fotógrafo encarar a câmera alguns minutos, decidindo se as fotos ficaram boas para só então poder me preocupar em seguir até um restaurante para comer após as fotos.
— Tudo certo, senhor Han-Gyeol, pode ir se quiser. O senhor deve estar com fome. — O fotógrafo diz com um olhar tão intenso que tenho certeza que ele ouviu meu estômago roncar.
— Obrigado. Pode me chamar de Childe, estou morrendo de fome, mas se precisar de algo é só dizer. — Forço um sorriso ao dizer as palavras.
— Claro, obrigado Childe. Vamos, eu te acompanho até a saída. Ainda tenho um longo trabalho para fazer.
O homem caminha na minha frente, indicando um caminho ao qual eu já conhecia. Fora do estúdio, meu segurança espera para me acompanhar até o carro.
— Para o hotel, senhor? — Ele pergunta com um tom de voz sério.
— Não, preciso comer. Pode me levar até algum restaurante? De preferência algum que tenha um setor privativo, o senhor Kim estava certo, os americanos são todos malucos. — Digo. O homem dá um risinho antes de responder.
— Sim senhor.
O motorista dirige por um tempo e eu permaneço em silêncio no banco de trás, olhando para as ruas do lado de fora do carro, o homem acaba decidindo parar em um restaurante italiano, muito bonito, com uma aparência de ser um lugar refinado. O cheiro da comida faz meu estômago roncar enquanto a hostess me acompanha até o reservado do lugar.
— Seja bem-vindo senhor, nosso garçom logo irá atendê-lo. — A hostess diz com um sorriso logo que eu me sento.
— Obrigado.
O ambiente do restaurante é calmo e luxuoso, o lugar onde estou além de ter um acesso restrito dos demais clientes é privativo, com paredes de madeira fina separando uma mesa da outra. A mesa coberta por uma toalha de linho vermelha é confortável e a louça parece cara.
Em poucos minutos o garçom chega, um jovem de cabelos loiros e boca rosada. Ele não se parece com Glenn nem um pouco, ainda assim, não consigo desviar o pensamento do fotógrafo.
— Boa noite, senhor, meu nome é Victor e será um prazer atendê-lo. O senhor já conhece o restaurante? — Ele pergunta com um olhar avaliativo, a falta de reconhecimento me diz o suficiente.
— Não conheço, mas trabalhei o dia todo e estou com muita fome. Me desculpe se estou sendo mal-educado, mas não quero ouvi-lo explicar o cardápio. Apenas me sirva algo rápido como entrada e um macarrão a bolonhesa como prato principal.
Os olhos do pobre garçom se arregalam, ele não parece acostumado a lidar com clientes ligeiramente rudes, me pergunto se essa é a primeira semana dele, pessoas que trabalham com o público estão geralmente habituadas a lidar com gente grossa. Quem trabalha com gente com dinheiro o suficiente para reservar uma mesa privada em um lugar como essa, deveria estar ainda mais habituado.
— Sim senhor. — Ele responde apenas, anotando o pedido e se afasta apressado.
Victor traz a entrada e chego a dar um suspiro de satisfação ao sentir o gosto das especiarias e do queijo enchendo minha boca. Quando termino de comer o prato principal, estou satisfeito. Até meu estômago parece feliz com a saborosa comida que acabei de comer. Teria sido bom dividir esse jantar com Glenn.
Glenn, não posso evitar que minha mente faça voltas em torno dele. Preciso arrumar um modo de esquecê-lo, preciso ocupar meu coração que sofre a falta dele, antes que eu volte para o estado em que me encontrava há pouco tempo. Essa viagem não será como eu esperava, então preciso me esforçar para não voltar para o fundo do poço.
— Preciso de alguém para foder e esquecer aquele maldito homem.
— Perdão senhor? — Apenas ao ouvir a resposta de Victor percebo haver dito as palavras em voz alta. O garçom me encara com olhos arregalados e as bochechas tão vermelhas quanto um pimentão.
— Desculpe, estava pensando em voz alta. — Respondo, é a minha vez de enrubescer.
Me apresso em pagar a conta e levantar para ir embora, antes que eu acabe fazendo o pobre Victor passar por mais algum constrangimento. Entretanto, sinto seus dedos em minha roupa quando passo por ele.
— Estou disposto se estiver realmente interessado, senhor. — Ele diz sem me encarar nos olhos. Percebo que ele não acreditou que estava pensando, ele pensou que eu o estava cantando, mas quem sou eu para corrigir um equívoco tão banal.
Me aproximo um pouco mais dele e roço o dedo em seu pescoço. Sua pele é macia e ele parece estremecer com meu toque, medo ou nervosismo? Não sei dizer.
— Tem um banheiro por aqui, onde pode satisfazer suas necessidades. — Ele diz em um tom formal e segue sem olhar para trás.
Eu o sigo de perto e entro no banheiro atrás dele. Trancando a porta atrás de mim. Puxo seu corpo contra o meu e enfio minha língua em sua boca. Só então Victor parece perder a vergonha. Ele leva as mãos até minha calça e aperta com delicadeza meu volume.
O beijo se torna mais voraz conforme meu corpo começa a dar sinal de vida. Victor não diz nada quando abre a calça e tira meu membro para fora, muito menos quando se ajoelha e me lambe até me deixar realmente pronto.
Também não digo nenhuma palavra quando abro sua calça e o faço se debruçar sobre a pia e enfio meu dedo dentro dele, ou quando coloco a camisinha e me ajeito em suas costas.
Seguro seu quadril e não consigo ver seus olhos enquanto centímetro a centímetro entro em seu corpo. Apenas quando já estou completamente dentro dele, ouço sua voz baixa e sofrega.
— Qual o seu nome?
— Isso importa agora. Não faz diferença você saber ou não meu nome, prefiro que não saiba. — Respondo, em seguida começo a me mover, ele não insiste por uma resposta.
O som de corpos batendo e os gemidos sufocados são o único som audível do banheiro nos próximos minutos. Me movo com rapidez dentro dele. Estocando com tanta força que o homem parece quase cair. Ele não pede que eu diminua o ritmo, então não o faço.
Fecho os olhos quando o clímax toma meu corpo, e grito mais alto do que deveria seu nome enquanto me derramo dentro de Glenn. Até que me afasto, retiro a camisinha e jogo no lixo. Fecho minha calça e me aproximo dele, pronto para beijar sua boca novamente quando ele fala com a voz trêmula.
— Do que você me chamou?
Encaro o rosto de frente para mim e percebo, não é o Glenn. Não é o maldito loiro que não some da minha cabeça. Saio do banheiro sem me importar se sou um babaca e vou embora sem dizer nada.
Não digo nada a ninguém, deixo a maior nota da minha carteira em cima da mesa onde eu estava com um bilhete pedindo desculpas e saio do restaurante, não falo nada até chegar ao meu quarto do hotel. Onde jogo coisas na parede e grito até perder a voz.
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