C A P I T U L O 08
O melhor beijo da minha vida.
Ainda não consigo acreditar no que aconteceu, enquanto sinto meu coração bater forte por causa de um estranho. Uma pessoa que nunca vi na vida me fez experimentar sensações que ninguém antes conseguiu despertar. Como é possível que algo assim seja real?
Estou nervoso ao tocar na maçaneta do banheiro. Minhas mãos tremem levemente só de pensar que finalmente poderei ver o rosto de Han-Gyeol. Abro a porta e sinto meu coração acelerar ainda mais, com cuidado, ergo o olhar até dar de cara com…
… A parede.
— Han-Gyeol? — Pergunto em voz alta, apesar de estar nítido que ele não estava ali.
Abro as portas das cabines do banheiro, mas ele não está em lugar algum. Não tenho seu número de telefone, não conheço sua aparência. Ele disse que nos encontraríamos novamente, mas como isso pode acontecer se ele não sabe quem sou e eu não sei quem ele é?
Me sinto desolado ao sair do banheiro, totalmente confuso sobre o motivo pelo qual Han-Gyeol desapareceu dessa forma. Mil e uma hipóteses passam pela minha cabeça, mas nenhuma delas ganha força o suficiente para parecer real.
Ainda estou baqueado quando noto Diana e Madelyn sentadas em uma mesa, nenhuma delas acompanhada, o que só me deixa mais intrigado. O que aconteceu com os casais que deveriam ter se formado messe encontro?
— Onde estão seus pares? — Pergunto as garotas que me olham com olhares tão curiosos quanto o meu.
Madelyn então sorri e mostra um papel com número de telefone. Como se estivesse se gabando de uma grande conquista, talvez esteja.
— Infelizmente Soon-Woo precisou ir embora logo depois que tiramos a máscara, mas conversamos bastante, e no final ele até me deu um selinho antes de sair e disse que eu parecia uma princesa. — Madelyn se gaba. — Os coreanos são tão tímidos, acho que dei sorte.
— E você? — Pergunto para Diana com o cenho franzido. Lembro de sua empolgação quando a chamaram para conversar.
— Conversamos bastante, ele parecia muito simpático e fez muitas perguntas. Infelizmente, teve um imprevisto antes de chegarmos à etapa de tirar as máscaras e precisou ir embora. — Diana suspira. — Madelyn está dizendo que ele era feio e ficou com vergonha.
— Se for isso, é até melhor para você. Pelo menos você não se decepcionou, pode continuar na expectativa de como ele realmente seria. — Tento animá-la, sabendo que minha situação é semelhante à dela.
— Mas e você, bonitão, onde está nosso garçom preferido? — Diana pergunta com o cenho franzido.
— Não o vi. Não pensei muito bem nisso. Era óbvio que não teria como reconhecê-lo no meio de uma multidão de pessoas vendadas. Eu deveria pelo menos ter mandado uma mensagem para ele. Mas, de certa forma, estou feliz por não tê-lo feito. — Digo e cerro o maxilar, ainda frustrado com o sumiço de Han-Gyeol.
— Como assim? O que rolou? — Madelyn pergunta com evidente curiosidade.
— Conheci outro cara. — Respondo simplesmente.
— E o que aconteceu com esse cara então? — Diana pergunta.
— Ele simplesmente desapareceu. — Dou de ombros enquanto falo.
— Como assim ele desapareceu? — Madelyn pergunta em voz alta.
— Começando do começo, esse homem veio e se sentou ao meu lado logo depois que Diana saiu. Ele tocou a mão na minha e começou a conversar. Trocamos algumas palavras e descobri que ele é de Seul e trabalha em uma empresa de atendimento ao público. Depois de um tempo de conversa, ele me convidou para tomar uma bebida, e eu aceitei. De alguma forma, acabamos encostados em uma parede qualquer. O cara beijava tão bem que, se ele dissesse fazer isso para sobreviver, eu acreditaria. Foi realmente incrível como ele colou sua boca na minha e encostou seu corpo no meu… mal conseguia respirar.
Paro de falar por alguns instantes antes de continuar a história, ainda agora, só de lembrar do nosso beijo, eu continuo com dificuldade de respirar.
— Após passarmos um bom tempo nos pegando ele disse precisar ir ao banheiro, como eu também precisava acabamos indo juntos, porém na hora que eu sai da cabine, logo após ser anunciado que poderíamos tirar as máscaras ele não estava mais lá, não estava em lugar nenhum. Quase como a Cinderela que virou abóbora quando deu meia-noite.
— A Cinderela não vira abóbora Glenn, ela perde o sapatinho. É a carruagem que vira abóbora. — Diana diz com uma gargalhada.
— Ele provavelmente era feio. Assim como o par da Diana. — Madelyn levanta as sobrancelhas enquanto diz.
— Ele não era feio. — Retruco para Madelyn com um tom quase agressivo, sentindo uma necessidade irracional de defender o cara que eu mesmo nunca vi.
— Como você sabe? — Responde ela de pronto.
— Porque vi ele. — Digo, sentindo a raiva subir por ser questionado por ela.
— Você tirou a máscara? Isso é contra as regras Glenn. Não é capaz de seguir uma mísera regrinha básica?
— Eu segui as regras Madelyn, não vi ele com os olhos, vi ele com as mãos. — Sinto meu rosto enrubescer conforme digo as palavras. Notando apenas após dizer o quanto elas podem ter soado ridículas.
Madelyn nem mesmo responde, ela se curva em um riso interminável. Como se eu tivesse acabado de dizer a mais engraçada das piadas. Seu riso morre só um bom tempo depois, quando ela mota eu e Diana olhando para ele de cara feia.
— Como assim viu ele com as mãos? — Diana pergunta quando Madelyn finalmente para de rir.
— Eu estava nervoso em não saber como ele era. Ai ele deixou que eu o tocasse para ter uma noção. — Respondo ainda envergonhado com o assunto.
— E como ele era? — Minha amiga pergunta, seus olhos brilham de uma forma que parece que estou contando realmente uma história de contos de fadas.
— Ele tinha um cabelo incrivelmente sedoso, curto embaixo, mas levemente volumoso na parte de cima. Mais ou menos como o do Min-Yoongi ou o do Childe. Sua pele era lisa e dava para ver que não tinha marcas de espinhas ou qualquer coisa do tipo. Ele tinha lábios macios, não muito grossos nem muito finos, na medida exata. Magro, mas ainda assim forte e poucos centímetros mais baixo do que eu.
— Você definitivamente não parece estar descrevendo um cara feio. — Diana diz.
— Se ele não é feio, o problema deve ser você, Glenn. Talvez ele tenha dado uma espiada em você antes de entrar no banheiro e tenha ficado desapontado. — Madelyn provoca.
— Isso é mais estranho ainda, porque pouco antes de eu sair do banheiro ele me prometeu que íamos ficar de novo. Se ele não tivesse gostado de estar comigo, sabendo ou não minha aparência, ele não ia dizer isso.
— Tudo isso não faz o menor sentido. — Madelyn finalmente diz e pela primeira vez na noite, todos concordamos com ela.
O tempo passa rapidamente, e quando percebo, estou a menos de dois dias da minha viagem de volta.
Vou sentir falta da Coreia; Diana e eu aproveitamos muito bem o nosso tempo aqui, às vezes na companhia de Madelyn e Soon-Woo, que saíram várias vezes depois do encontro às cegas.
Não consegui sequer mandar uma mensagem para Ji-Hoon depois do beijo com Han-Gyeol. Se eu o fizesse, sinto que estaria apenas enganando a nós dois e ele merece mais que isso. Choi Han-Gyeol, conseguiu arruinar toda minha experiência amorosa já quase inexistente. E sequer apareceu novamente. Procurei incansáveis vezes por seu nome nas redes sociais e nenhum mísero sinal mostrando que ele realmente existe. Em alguns momentos, penso que tudo o que aconteceu não passou de um sonho ou alucinação. Nesses momentos, foco em Childe para lembrar que ele, pelo menos, é real e eu sempre terei sua foto me abraçando.
Acordo cedo na manhã do meu penúltimo dia na Coreia e juntamente com Diana seguimos até o restaurante do hotel para tomar nosso café da manhã.
Ambos nos servimos com pães e bolos de diferentes tipos, além de café gelado para mim e chá-verde para minha amiga. Sentamos em uma mesa e vejo ela olhar as notícias — ou as fofocas — no celular e repassar para mim as informações que ela acha relevante.
— As coisas andam animadas para o lado do Childe, hein. — Ela diz com as sobrancelhas erguidas enquanto come um pedaço de pão recheado com creme.
— O que quer dizer?
— Tem várias notícias sobre ele hoje. Para começar essa daqui. — Ela passa o celular para mim enquanto fala.
Na manchete uma foto enorme de Childe saindo de um avião, escrito em letras grandes logo abaixo “Viagem animada: Childe retorna para Seul na companhia de um chupão”.
Passo os olhos pela foto novamente e é inegável, Childe tem uma marca roxa, enorme em seu pescoço. Curioso volto a ler a matéria “Já é do conhecimento de todos que o astro mais famoso da atualidade Childe Han-Gyeol viajou até Busan — sua terra natal — para encontrar com seus fãs. O que não sabíamos é que além dos fãs, Childe parece ter encontrado alguém mais… interessante. Em seu retorno para Seul, na tarde de ontem, Childe é flagrado com uma marca inegável em seu pescoço. O rapaz desconversa quando questionado sobre o assunto 'me machuquei na academia' ele diz, mas é claro que ninguém acredita nisso — que tipo de aparelho é esse que Childe está usando para deixar uma marca como essa em seu pescoço? Nenhum, profissionais da área respondem, 'esse não é o tipo de marca que você ganha no treino' afirma a personal trainer Min He-Bum. A pergunta que fica é: quem será a sortuda que teve oportunidade de deixar tal marca no pescoço do queridinho da Coreia? Afinal, a cantora Hana, que até pouco tempo atrás era vista em trocas de olhares com o astro, não deixou Seul em momento algum.”
Apenas devolvo o celular para minha amiga, ainda levemente perturbado com a notícia, uma frase teimosa e iludida passa pela minha cabeça… Podia ser eu.
— Ainda não terminou.
Diana corre os dedos no celular e estende para mim, uma nova manchete preenche a tela “Childe e Hana assumem namoro”.
Não faço questão de ler a matéria dessa vez, apenas devolvo o celular para minha amiga com meu coração doendo no peito.
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