C A P I T U L O 05
A luz da manhã irrompe pela fresta das cortinas, invadindo meu quarto e me arrancando de um sono agitado. A primeira coisa que sinto é uma dor pulsante na cabeça, como se alguém estivesse martelando minha testa. Com esforço, estico a mão até a mesa de cabeceira e pego meu celular. Um olhar rápido no visor revela o pior cenário possível: estou quase duas horas atrasado para meus compromissos do dia. Merda.
Com dificuldade, saio da minha cama confortável e arrasto-me até o banheiro. Um banho é a única coisa que me ocorre para aliviar a dor de cabeça que me atormenta. Ligo o chuveiro e deixo a água quente cair por cima de mim, lavando meu corpo e minha alma. Quando termino, faço minha rotina da manhã e pego o celular para verificar as notícias. Muitas páginas falam de mim, mas nenhuma manchete chama a minha atenção.
Depois de um certo tempo, percebo que não posso mais ficar procrastinando. Abandono o celular na bancada do banheiro e me dirijo à cozinha, onde um aroma tentador de café recém-preparado paira no ar, misturando-se com o cheiro reconfortante do meu pão favorito. Não hesito em encher uma xícara com o café quente e devorar meu pão com pressa. O prato e a xícara sujos são deixados negligenciados na pia, não tenho tempo sequer para fazer o mínimo.
Com passos apressados, chego à garagem e entro no meu carro. Disco o número de Jung, meu melhor amigo, e ativo o viva-voz enquanto espero ele atender. A voz dele surge do alto-falante do carro no terceiro toque.
— Espero que esteja vindo para a empresa, o senhor Kim está ficando louco por aqui, e está deixando todos nós loucos junto com ele. — A voz de Jung é uma mistura de preocupação e reprovação.
— Sim, estou indo. Consegue arrumar dois comprimidos de analgésico para mim? Minha cabeça parece que vai explodir. — Minha voz soa cansada até mesmo para mim, e o dia está apenas começando.
— Eu disse para você não beber tanto ontem, Childe. Mas você é um grande teimoso. — Jung faz uma breve pausa antes de ceder. — Vou pegar os comprimidos para você.
— Obrigado, chego aí em alguns minutos. — Agradeço e encerro a ligação.
Jung e eu nos conhecemos na empresa onde trabalhamos, a Vibe Entertainment. Quando cheguei como novato, ele já estava na carreira há algum tempo. Em vez de me ver como um rival, ele me estendeu a mão e se tornou meu amigo. Sou profundamente grato a ele por isso e por todas às vezes que me ajudou a enfrentar desafios.
Quando finalmente chego à empresa, estaciono o carro e praticamente corro até a sala do senhor Kim, meu empresário. Jung está encostado ao lado da porta, segurando uma garrafa de água e uma cartela com dois comprimidos. Pego-os rapidamente e os engulo com a água gelada. Jung, por sua vez, me lança um olhar que indica que os desafios estão apenas começando.
— Posso saber onde o senhor estava? — Kim diz com uma voz firme, mas comedida assim que abro a porta.
— Tive um imprevisto em casa. — Minha voz sai em um murmúrio, evitando confrontar seus olhos severos que agora me encaram.
— Não preciso falar com você de novo, certo Childe? Não posso aceitar esse seu comportamento irresponsável. Hoje é um dia importante e você precisa levar tudo isso muito mais a sério do que leva. Você não é uma criança mais, então já passou da hora de agir como um homem. — Seu rosto estava vermelho, e ele enfatizou cada palavra com uma intensidade palpável. Eu não ofereci resistência, apenas permiti que ele expressasse sua desaprovação.
— Desculpe, senhor Kim. — Minhas palavras eram um reconhecimento do erro, uma aceitação das consequências.
— Não faça isso de novo. Agora vamos, temos muito trabalho pela frente.
O dia se desenrola velozmente, e eu sou arrastado de um lado para o outro, orientado repetidas vezes sobre como devo interagir com os fãs. Embora tenha uma equipe de seguranças me acompanhando o tempo inteiro, compreendo a necessidade de precaução, pois alguns fãs podem se tornar histéricos na proximidade de seu ídolo. Portanto, ouço repetidas vezes a advertência de não aceitar nenhum alimento ou bebida dos fãs e de não permitir que eles me toquem. Concordo com veemência a cada repetição, mas, após a quinta vez, começo a sentir que estão me tratando como uma criança.
Após toda essa enxurrada de conselhos, sou jogado de um lado para o outro, seja por uma equipe de maquiadores, estilistas ou de cabeleireiros. Cada gesto é meticulosamente planejado, cada detalhe considerado para criar a imagem perfeita que devo apresentar ao mundo.
A medida que o momento de ir para o local do evento se aproxima, um arrependimento sutil começa a se insinuar em meu peito. Estou exausto, uma ressaca leve persiste, e tudo o que desejo é passar o dia na minha cama aconchegante. Mas, em vez disso, serei forçado a sorrir e apertar a mão de duas centenas de pessoas, droga.
Apesar de tudo isso, quando finalmente chego ao local do evento e sou recebido por uma multidão que grita meu nome e expressa seu amor por mim, meu sorriso é genuíno, não há necessidade de fingir. É verdadeiramente gratificante perceber como minha música toca o coração de tantas pessoas.
Sigo em direção à sala onde o meet&greet acontecerá, encontrando o senhor Kim já presente. Ele não perde tempo em reiterar as instruções de segurança.
— Lembre-se, Childe, nada de aceitar comida ou bebida, e não permita que as pessoas toquem em você. Há muitas pessoas lá fora, e nem todas podem ser confiáveis. É preciso ter cuidado.
— Entendi senhor Kim. Não sou uma criança, entendi isso da primeira vez. — Resmungo.
— Estou falando sério Han-Gyeol.
— Eu também. Tem uma duzia de seguranças aqui. E eu tomarei cuidado, nada de ruim acontecerá. Relaxe.
— Certo… Certo, mas qualquer coisa… — Ele começa, mas o interrompo.
— Chamarei os seguranças, senhor Kim. Não se preocupe.
— Ok. Vou relaxar, eu consigo relaxar. — Ele diz e respira fundo, embora nesse momento ele pareça tudo, menos relaxado. — Vou liberar a primeira pessoa para entrar, qualquer coisa, estarei ali nos fundos.
— Ok. — Digo e respiro fundo, está na hora de receber meus fãs.
Ao abrir as portas, sou imediatamente inundado por um mar de amor e carinho vindos de cada pessoa que enfrenta a fila para me conhecer. É uma sensação única, completamente diferente de um show, diferente de qualquer outra coisa. Sentir tanto amor é simplesmente avassalador. No entanto, o cansaço começa a pesar sobre meus ombros. Os comprimidos que tomei para aliviar a dor de cabeça estão começando a me deixar sonolento, e percebo que, após receber a décima pessoa, minha receptividade não está há altura do que deveria ser.
Isso me deixa triste, estou de mau-humor o dia inteiro, mas amo meus fãs e realmente queria que cada um que entra aqui tivesse uma experiência inesquecível. Se fosse em qualquer outro dia, eu não estaria agindo como uma velha ranzinza, Jung tinha razão. Eu não devia ter bebido tanto.
— Olá! Estou feliz em te conhecer. Qual o seu nome? — Digo de forma automática quando uma nova pessoa surge em minha frente.
— Glenn, Glenn Moss. — Ele diz, sua voz parece fraquejar quando as palavras saem de sua boca.
Minhas mãos se estendem na direção dos álbuns que ele colocou diante de mim, e uma surpresa misturada com frustração toma conta da minha mente quando noto que eles ainda estão envoltos no plástico protetor. Um pensamento perturbador me ocorre: ele planeja vendê-los no eBay?
— É um presente? — Indago, usando o inglês para garantir que entenda minha pergunta.
— Não, são meus. — Ele responde em coreano, seu coreano é carregado de sotaque e acho fofo que ele tenha se preocupado em tentar falar na minha língua, ainda que claramente não seja muito bom nisso.
— Nem mesmo tirou do plástico. — Comento, curioso sobre sua motivação. Por que manter os álbuns intactos?
— São novos. Não queria estragar. Esses deixarei guardados.
No instante em que entendo sua intenção, sinto uma onda de felicidade me envolver. Um sorriso genuíno se forma em meus lábios.
— Você comprou outro, especialmente para isso. Legal. A maioria das pessoas nem ouve mais CDs, não se importariam com isso. — Compartilho minha surpresa e alegria.
— Eu me importo. — Ele responde com sinceridade, seu olhar fixado no meu.
Nossos olhos se encontram, e meu coração bate descompassadamente no peito. Perco-me na profundidade de seus olhos azuis por alguns momentos, então pergunto de onde ele é.
— Missouri, nos Estados Unidos. — Ele responde, confirmando minhas suspeitas de que ele é americano.
— Vou fazer um show lá em breve, espero te ver na plateia.
Apesar de minhas palavras, nenhum show nos Estados Unidos está planejado em um futuro próximo. Precisarei tomar medidas para tornar isso realidade. Farei o que for necessário para convencer o senhor Kim a marcar um show por lá.
A reação de Glenn é cheia de entusiasmo, aquecendo ainda mais meu coração. Sinto meu estômago se contorcer e minha respiração se torna irregular. Tiro meus olhos dos seus e foco em assinar os álbuns para distrair minha mente do foco nesse garoto.
“Para Glenn, com muito carinho. Espero que se lembre desse dia para sempre.
Childe Han-Gyeol”.
Escrevo essa mensagem nos álbuns e volto meu olhar para ele. Percebo que ele parece pronto para se despedir, mas não quero que ele vá embora ainda. Então o chamo para uma foto ao meu lado.
Com uma expressão nervosa, Glenn se aproxima de mim. Contudo, ele mantém uma distância segura, evitando que nossos corpos se toquem. Isso me frustra, e eu deliberadamente ignoro todas as regras de segurança que ouvi tantas vezes, sugerindo que ele coloque a mão em minha cintura. Meu coração acelera quando ele, apesar de nervoso, obedece e posiciona sua mão com cuidado.
Estendo meu próprio braço até ele e puxo seu corpo levemente na direção do meu. Tiramos diversas fotos, mas para prolongar ainda mais o momento peço fotos com meu celular também, não quero que esse momento passe batido para mim. Invento uma desculpa trivial para justificar essa decisão, e ele não parece se importar.
Tudo acaba antes do que eu gostaria, me afasto dele, mas não sem antes roçar levemente meus dedos em seu braço. Sinto sua pele e meu corpo aquece. Não queria que esse toque se resumisse a um simples roçar de dedos, mas, tem tantas pessoas na fila, tem tantas pessoas vigiando meus passos que não posso fazer mais do que estender minha mão para ele.
Glenn aperta minha mão com firmeza, e nossos olhos se encontram mais uma vez. Parece que o azul de seus olhos fica mais profundo nesse momento. Respirar se torna um desafio quando ele me olha intensamente, seus dedos fazem um carinho leve em minha mão. Preciso que esse menino se afaste, ou acabarei beijando-o aqui mesmo. Na frente de todas essas pessoas.
Tiro minha mão da sua, interrompendo o toque que abala meu coração. Mal consigo respirar nesse momento, apenas desço os olhos por ele, tentando fixar em minha memória cada detalhe de seu corpo. É nesse momento que percebo que… Puta merda.
Não tenho tempo de pensar em algo para dizer, antes que ele praticamente corra para fora. De qualquer forma, o que eu poderia dizer? O que eu poderia fazer? Quando estou tão abalado quanto ele.
— Preciso de um minuto. — Digo aos seguranças antes de pegar meu celular de volta e praticamente correr para a sala dos fundos, anexa a essa.
Senhor Kim está sentado em um sofá ali, e passo por ele tentando ao máximo disfarçar minha situação.
— Childe? Está tudo bem? — Ele pergunta apreensivo. Merda agora ele ficará de olho em mim porque está preocupado.
— Só preciso ir ao banheiro. — Respondo automaticamente, ele acena com a cabeça e volta ao celular.
Respiro aliviado quando entro no banheiro e percebo que ninguém veio atrás de mim. Tiro o celular do bolso e abro na galeria. A foto ficou muito bonita, Glenn tem olhos verdadeiramente lindos e eles estão brilhando ao meu lado.
Ao olhar para a foto, minha mente volta para o momento em que apertamos as mãos, seu olhar devorador nos meus olhos, o carinho de sua mão na minha… E o volume em suas calças.
Não tenho dúvidas sobre o que rolou ali, até porque se ele tivesse olhado para além dos meus olhos, teria percebido o mesmo volume nas minhas próprias calças.
Abro a braguilha da calça e tiro meu membro para fora, ele chega a estar dolorido de tão duro. Desço minha mão sobre ele e seguro firme, minha mente viaja enquanto penso no que poderia ter acontecido senão tivéssemos cercados por tantos seguranças.
Eu o teria puxado em minha direção e tomado sua boca na minha. Minhas mãos correriam por sua pele, por baixo da roupa. Me ajoelharia em sua frente e liberaria o seu pau para envolvê-lo com minha língua até ele se derramar em mim.
— Porra. — Gemo baixo enquanto aumento minha velocidade com a mão. Em poucos momentos estou gozando no vaso sanitário.
Respiro fundo antes de me limpar e me vestir novamente. Pego o celular e abro-o no Instagram usando uma conta que ninguém sabe que me pertence. Abro a pesquisa e digito “Glenn Moss”, logo vejo seu rosto com um lindo sorriso em seus lábios.
Abro sua página e vejo seus stories, fotos de lugares pela Coreia bombardeiam meus olhos. Até que vejo algo que faz meu coração bater apertado.
Glenn, em uma sequência de fotos com uma mulher negra. Eles estão abraçados e sorrindo com ar de felicidade. Em seguida uma foto num espelho de hotel, meu nome está marcado na foto e o dela também. Mas, o que verdadeiramente me choca é o que posso ver na foto, duas malas, uma rosa e uma preta. Uma cama, com os dois lados bagunçados e a mesma mulher negra se arrumando no fundo.
Clico em seu perfil e abaixo pelas fotos, não demora até que encontre Glenn, em uma foto com ela. Suas bocas estão coladas e na legenda embaixo diz “amor da minha vida todinha @oglennmoss” no meu peito sinto uma mistura de raiva e tristeza. Pelo visto, eu estava apenas imaginando coisas. Me senti tão abalado com aquele homem que me deixei levar pela fantasia. Não importa, afinal eu provavelmente nunca vou vê-lo novamente.
Levo alguns segundos para me recuperar e atender o resto dos meus fãs, até que olho para a pessoa em minha frente e meu coração dispara, cheio de sentimentos que não deveria sentir. Não tenho dúvidas quando olho em seu rosto, é ela. A namorada de Glenn.
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