Mark

Eu estava acordado mas ainda não tinha me dado o trabalho de abrir meus olhos, e foi só ao abrir que percebi que estava sozinho ali na sala. Alguns dos cobertores já estavam dobrados.

Demorou alguns minutos para me recordar do fato de ainda ser uma quarta-feira. Vasculhei debaixo do travesseiro até encontrar meu celular. 8:20 da manhã.

— Ah meu Deus! - levantei correndo e fui até a cozinha. Não tinha ninguém, nem sinal dos meninos.

À essa altura já estava tendo a segunda aula, eu não podia ter faltado mais um dia. Ninguém me acordou, ninguém está aqui. Eles tinham feito de propósito, com certeza, nem mesmo chinelos ou qualquer pertence estava ali.

O carro! Pensei.

O carro de Jayb  tinha que estar na garagem, mas quando eu saí para checar não estava.

— Bom dia dorminhoco - Ouço uma voz familiar falar atrás de mim.

— Cadê os outros? - pergunto me virando rapidamente.

— Foram para a aula.

— E por que ninguém me acordou?

— Não sei, vai ver não queriam te incomodar.

— O que? - pergunto incrédulo — Sabe o que me incomoda?

— Não precisa dar xilique tá, mais tarde  você briga com eles, agora... Vai lá tomar café e depois vamos sair.

— Olha aqui, eu estou na minha casa não me diga o que fazer - falo passando por ele e entrando.

— Ah então não come - ele diz dando de ombros me seguindo.

— Eu vou comer porque estou com fome - falo mais uma vez o deixando sozinho e indo para cozinha. Jackson é mesmo um encrenqueiro de primeira, mais uma vez ele me seguiu sentando-se de frente para mim enquanto sorria.

— Não quer saber para onde vamos hoje? - ele pergunta ainda sorrindo

— Aonde?

— Não faço idéia - ele ri e eu apenas reviro os olhos.

— Você quer uma sugestão?

— Seria bom!

— Você vai no mercado fazer umas compras para mim e eu fico aqui desfrutando do meu dia, não planejado, de descanso - falo começando meu café da manhã.

— Folgado você né? Pois saiba que eu não vou.

— Ah então também não sei.

— Vai Mark, por favorzinho, vamos fazer algo, o dia mal começou e eu já estou entediado.

— O dia sequer começou, ainda são nove da manhã.

— E que horas começa?

— uma da tarde.

— Aigoo, preguiçoso... Vamos, por favor. - ele diz insistindo.

— Fazer o que?

— Sei lá, dar uma volta, tomar sorvete, alugar uma bike e andar na pracinha.

— Você andou assistindo filmes de romance?

— É da minha lista "coisas legais que não gastam muita energia".

— Tá mais pra "coisas de casais, eca!"

— Você não acha que amigos tomam sorvete ou andam de bicicleta juntos?

— Tanto faz, mas... mais tarde podemos sair em grupo.

— Sim, mas vamos lá, vai - ele diz juntando as mãos.

— Tá, tá... - suspiro saindo dali e indo para o meu quarto tomar banho e me arrumar.

Não demorei muito para descer pois não queria que Jackson ficasse me apressando. E quando voltei à sala ele já estava deitado de sapatos no sofá da minha mãe enquanto passava a mão pelo tapete felpudo que ficava no centro junto com a mesinha. É claro que eu joguei os pés dele no chão, até porque eu seria culpado se houvesse qualquer marca no sofá.

— Tá maluco? - ele pergunta ficando em pé rapidamente.

— Desculpa - falo rindo um pouco — Vamos? - pergunto, ele assente e em seguida saio dali indo até o meu carro que estava na garagem há um bom tempo.

     [...]

— O que é isso, Mark Tuan? - Jackson pergunta olhando o lugar com os braços cruzados.

— É um aquário, Jackson Wang - falo deixando ele para trás pela terceira vez no dia.

— E desde quando combinamos isso? E por que diabos eu ia querer vir a um aquário? - pergunta me alcançando.

— A questão é a seguinte: meu carro vai aonde eu quiser e se você não sabe um aquário serve para observarmos os animais aquáticos - falo entrando na recepção que já tinha suas paredes de vidro cheias de água por trás.

— E você acha que eu sou o que? Uma criança que acredita em mulheres com sacola amarrada se dizendo sereia? Ah me poupe, eu quero fazer algo legal - ele diz cruzando os braços, e sinceramente, eu tive que me segurar para não rir na parte da sacola.

— Você não sabe quão legal um aquário pode ser.

— Ah Mark, vamos embora, por favor. Já vejo animais todos os dias e sinceramente se eu quisesse ver outros eu iria a um zoológico.

— Ah mas eu gosto de Arraias.

— "Ah mas " nada, vamos em outro lugar! - ele diz seriamente e eu apenas suspiro concordando.

— Tudo bem, mas não vamos alugar bicicletas não. Pense melhor - falo já entrando no carro.

— Vamos andar de barco?

— Eu espero que você não esteja falando daquelas canoinhas de casais, porque se for...

— Então vamos embora, não quero mais fazer nada.

— Ai, que mimadinho...

— Vamos ao Cinema!!

— Sério isso? - o olho com tédio — Cinema às dez da manhã? - volto a olhar a estrada enquanto dirigia.

— Sim. - ele diz empolgado e eu apenas respiro fundo seguindo para o shopping.

  [...]

Assistir um filme com Jackson não foi tão chato como eu imaginava. Ele é capaz de ficar quieto por mais de uma hora. IMPRESSIONANTE!

Sem falar que foi ele quem pagou a pipoca, já que eu paguei as entradas. Quando saímos da sala ele parecia o Jackson entusiasmado de sempre e quando olhei para ele o mesmo me olhava com um sorriso, mas não era um sorriso comum. Era um sorriso sugestivo, o que me fez revirar os olhos e mandar ele falar logo.

— Que tal... Se a gente jogar lá no parque do Shopping?

— Está falando daqueles joguinh--

— Quem chegar por último é um Sapo! - ele diz saindo correndo.

— Nossa que criatividade você tem - falo ironicamente indo atrás dele.

Claro que Jackson ganhou de mim, afinal ele é um ladrão, o que resultou no meu novo apelido: Sapo. Minha vontade era afundar aquele sorrisinho irritante de Jackson até não vê-lo mais, porém eu não fiz nada, ele ficava fofo mesmo agindo como uma criança de cinco anos.

No final eu ganhei dele naquele jogo de quem acerta mais cestas, e também no joguinho de corrida que tinha um volante real para controlar o carro, e no jogo que tinha um bichinho no qual eu deveria dar marteladas para marcar ponto. Claro que ele era ágil, e muito, muito competitivo, mas a ansiedade dele atrapalhou tudo e eu como não sou um maluco por primeira posição acabei ganhando sem querer, querendo.

Quando cansamos já era praticamente a hora do almoço, o que significava que tínhamos que encontrar os meninos.

[...]

Jaebeom
                  

O sinal tocaria após os dois minutos seguintes. Todos já estavam com suas mochilas nas costas e de pé esperando o barulho irritante soar por todos os corredores.

Bambam estava conversando sobre algo com Jinyoung e o Jae parecia estar participando, pude ver Yugyeom entrando pela porta da nossa sala, o garoto sorriu e eu retribui, porém os outros não pareceram notar a presença dele ali.

Assim que o sinal tocou e todos começaram a bater ombros para sair de suas salas. Aproveitei que os outros estavam batendo papo e resolvi acompanhar Yugyeom pelos corredores em direção a saída.
Claro que como um dos mais velhos aprendi a notar as coisas mais facilmente, como quando um dos garotos estavam tristes, e pelo que eu via poderia dizer que Yugyeom estava pensando em algo. Algo que o fazia hesitar.

— Como foi a aula? - pergunto com intuito de saber se estava tudo certo, mas eu não queria ser invasivo e nem soar preocupado demais.

— Foi legal - ele diz sorrindo, mas não era seu sorriso adorável de sempre.

— Tá tristinho hoje? - Droga! Eu sou muito curioso, não dá.

— Não... por que eu estaria?

— Eu sei lá, você quem deve responder - dou de ombros e percebo que já estávamos do lado de fora, então apenas puxei Yugyeom um pouco afastado da manada que passava para esperar pelos outros.

— Jayb, como você começou a namorar o Youngjae? - ele pergunta e eu apenas sorrio me lembrando.

        Flashback (N/A)

Era noite e JB estava andando ao lado de Youngjae ao longo do Rio Han e a cidade estava muito bonita.

Estava frio por causa do inverno, ambos estavam agasalhados e em silêncio caminhando lado a lado.

JB parou para admirar um pouco o rio e Youngjae parou ao seu lado e o olhou com curiosidade, mas JB apenas sorriu.

— Por que paramos? Está frio, tem certeza que quer ficar parado? - Youngjae perguntou naturalmente curioso.

— Não é nada.

Youngjae fez uma careta. Ele se perguntava por que JB estava sorrindo tanto. Não era típico de seu hyung parecer tão disperso.

— Sabe Youngjae... - Ele diz de repente chamando a atenção do outro — Nos conhecemos há muito tempo mas...

— Mas o que? - pergunta Youngjae novamente com sua curiosidade se aflorando, mas JB apenas sorriu e o encarou por alguns segundos.

           Flashback (N/A off)

— Eu pedi ele em namoro ele ficou tão sem jeito - falo me dando conta de que estava sorrindo o tempo todo — Foi o dia mais feliz da minha vida porque ele aceitou... me lembro bem de dormir sorrindo.

— Mas e o primeiro beijo de vocês... como foi?

— Foi roubado - Rio.

 
       Flashback (N/A on )

Youngjae sempre foi um menino quieto viciado em desenhos e vídeo games. Enquanto Jayb era uma criança que gostava de sair para jogar futebol e brincar com os garotos do bairro.

Jayb nunca soube o porquê de Youngjae ter aberto a cortina de seu quarto certo dia e ter passado tanto tempo lhe observando pela janela, mas desde aquele dia ele se sentiu obrigado a olhar para lá todos os dias. Youngjae sempre estava lá.

Jaebeom chamou Youngjae para jogar futebol depois da escola, mas ele recusou. Ele fazia de tudo para se aproximar de Youngjae, mas o garoto era muito quieto e reservado.

Com insistência sua amizade foi conquistada. E Jayb foi o primeiro e único amigo que Youngjae considerou verdadeiro durante toda sua adolescência.

Era comum Jayb ir todos os dias à casa de Youngjae desde então. Os únicos a ficarem incomodados com isso foram os antigos colegas de Jayb, mas isso não importava mais. Para Jayb era muito mais divertido assistir desenhos com Youngjae do que brincar na rua, porque aquele menino tinha algo bom nele, e Jayb gostava de estar ao seu lado.

Foi em uma brincadeira boba de criança que Jayb e Youngjae se empurraram com o objetivo de derrubar um ao outro para ganhar o ' jogo'. Youngjae tinha um sorriso divertido em seu rosto ao ver que Jayb precisou de mais força para se manter de pé. E foi quando Jayb derrubou Youngjae e olhou para o mesmo que tinha uma expressão um pouco assustada, que ele encostou seus lábios contra os do seu amigo de forma inocente, se separando logo em seguida. Era uma coisa de garoto, os dois tinham seus quatorze anos.

Jaebeom apenas riu sem jeito, mas Youngjae não pareceu achar engraçado quando se levantou e saiu do quarto. Então Jayb apenas seguiu o garoto até a sala, olhando de forma curiosa enquanto Youngjae estava parado parecendo quase irritado com Jaebeom que sorriu pegando a mão de seu amigo e saiu correndo para o jardim. Em menos de um minuto tudo tinha sido chutado para longe e os dois já se divertiam novamente .

     Flashback  (N/A off)

— Ei, mas vocês eram novos... isso vale como primeiro beijo?

— Para mim, tudo começou a valer desde que vi ele na janela - falo e posso ver os outros chegarem ali.

— Vocês dois formam o casal perfeito - ele sorri.

— Ei, por que estava triste?

— Deixa pra lá! - diz saindo saltitante e indo até Bambam.

Dou de ombros vendo Jae vir em minha direção com seu sorriso, sempre deslumbrante.

Na minha outra vida eu devo ter sofrido muito, porque nessa eu só tenho motivos para estar feliz.
Youngjae com certeza era minha alma gêmea, caso contrário dúvido que o destino nos deixasse próximos por tanto tempo.

— Sentiu saudades?

— Eu sempre sinto - sorrio o abraçando.

     [...]

Foi uma surpresa e tanto encontrar Mark e Jackson nos esperando no restaurante. Claro que Mark estava com aquela expressão que combinava perfeitamente com seus braços cruzados, mas eu estava tranquilo, porque quem receberia aquela olhar seria Jackson, que implorou para que ninguém acordasse o hyung mais cedo. E todo mundo sabia que ele só queria ter um tempo sozinho com o outro.

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Att 2024. Capítulo modificado.