Abro os olhos quando me convenço de que acordei e me deparo com a bela visão de meu noivo ao meu lado com o rosto pertinho do meu, está tão sereno que não sei se dorme ou se está aproveitando os restos mortais do sono. Aliás, a paz que está no quarto é tão gritante que pela primeira vez desde que nasci me sinto verdadeiramente bem, é ótimo poder se sentir vivo ao lado de quem ama, poder conquistar objetivos que não eram exatamente meus mas que acabaram entrando em minha vida por motivos diferentes. Planos que não eram meus mas que fizeram toda a diferença, assim como Hyunwoo.

Que essa paz continue até o final do dia, amém!

Acaricio o rosto de Hyunwoo levemente e logo vejo seus olhinhos se abrirem, sorrio

-A quanto tempo ia ficar velando meu sono?

-A tempo suficiente para guardar sua beleza

-E conseguiu?

-Descobri ser impossível. - Hyunwoo ri me puxando para si e me selando - Ah preguiça safada!

-Fique em casa hoje

-Pra que? Pro meu chefe descontar do meu salário e dar o troco na cama mais tarde? Não, obrigado. - ele ri novamente se levantando, olho pro corpo nú à minha frente. Hyunwoo é tão gostoso que porra... As vezes me esqueço o que tem embaixo dessas roupas e o nego.
Malditas roupas.

-Não me seque criança

-Não seja chato, não tenho culpa se você é gostoso - ele me olha sorrindo e eu pisco. Vontade de continuar na cama, a gente tem, oportunidade que é difícil, não quero ficar aqui sem ele. Tomamos um banho juntos que resulta num banheiro todo molhado graças a mim que resolvo brincar as 7h da manhã, me arrimo com dificuldades graças a Hyunwoo que tenta me pegar várias vezes por trás, e por fim saímos correndo de casa por já estarmos atrasados.

A escravidão começa quando coloco os pés dentro da empresa, minha salvação é Jooheon que me ajuda como pode, tadinho do meu bichinho deixo ele todo atrapalhado com papeladas que nem sei do que se tratam e o deixo sob aviso das funções de cada uma. Saio correndo literalmente da empresa indo buscar as encomendas de Hyunwoo. *As* porque são uma em cada lugar, ao todo, levo 15 caixas para o escritório mais o café que o chefe pediu. Volto pra empresa à pé enquanto as encomendas vão no carro com o motorista. Changkyun me ajuda a levar as caixas para cima e cinco delas vão pra sala da presidência onde rola uma reunião entre Hyunwoo e uma mulher loira muito bonita. Impecavelmente bonita. Deixo a sala sem olhar novamente ou sem ouvir sobre o que falam. Agradeço a Changkyun pela ajuda recebendo um sorriso lindo em troca, mata do coração mas não mata de fofura. Desço rapidamente para ajudar Jooheon com as papeladas, mas Hyunwoo requer minha presença na sala dele.

Eu acabei de sair de lá e ele não falou nada!

-Eu ainda mato esse puto - Jooheon ri

-Mata nada, vocês se amam

-Honey tô noivo! - sorrio dizendo ao sair da sala de xerox, corro para cima novamente e entro ofegante na sala

-Onde está sua compostura criança?

-Ficou lá embaixo... Fala o que quer

-Tenho uma reunião agora - um dos papéis caem da mesa dele, me aproximo e pego guardando dentro da pasta. E eu com isso? Não pergunto em você alta mas ele escuta - Quero que me acompanhe

-Porque não pede Lalisa? Ou Soyou? Dasom?

-Porque meu secretário e assistente é você - me olha, suspiro

-Tudo bem. - sorrio

-Mesmo? - assinto.

              ~................~

Reunião se segue tranquila sobre os lucros da empresa da qual não me interesso nem um pouco, e sugestões para ampliar. Tudo vai bem até que sinto a mão de Hyunwoo acariciar o interior da minha perna, levo um susto claro! Me afasto um pouco mas ele volta a me trazer pra perto e subir até chegar em minha virilha. Para minha sorte a reunião termina antes que uma catástrofe maior aconteça. Recolho a papelada de votação de cada um e guardo dentro da pasta, não percebo quando a última pessoa sai, mas logo sou puxado pro colo de Hyunwoo, de onde tento me levantar até ser posto na mesa

-O que está fazendo?!

-Tentando roubar um beijo seu, não recebi nenhum hoje. - faz bico

-E se eu não te der?

-Mais um item na lista de coisas a serem cobradas mais tarde - rimos - ainda será demitido

-Vai me demitir?

-Vou - afirma sério

-Você não vai me demitir, precisa de mim.

-Está demitido - sorrio

-Sem sexo por um mês - desço da mesa

-Não! Perai, volta aqui, criança! - saio da sala com um sorriso vitorioso, sei muito bem brincar com ele. Só não sei se a greve será brincadeira.

             ~...................~

-Psiu - chama quando ajeito minha mochila, vou até ele me sentando na mesa - vamos jantar fora, quero comemorar nosso noivado só nós dois.

-Eu tenho que passar no dormitório antes - circulo os braços no pescoço dele - preciso ver como estão as coisas por lá.

-Seu amigo não está lá?

-Jr não dorme mais lá amor, ele fica no trabalho. Basicamente só vai lá me ver

-Podíamos mudar isso né - me sela, sorrio - não posso ficar longe do meu amado noivo - meu sorriso alarga

-Repete

-O que?

-A última parte

-Amado?

-Também, mas a outra

-Meu amado noivo - encho ele de beijinhos, eu acho que a felicidade é tanta que eu poderia explodir em fogos artificiais. Nunca imaginei me sentir tão feliz com alguem como sou com Hyunwoo - eu te levo

-Não...

-Não adianta dispensar

-Ei amor, quero que vai pra casa tomar um banho e depois passe lá para me buscar, preciso ter meu momento de noivo - rimos

-Criança rebelde... Ok! Mas não vou demorar

-Não quero que demore, conto os segundos pra te ver quando estamos longe

-Que bom que isso também acontece com você - sorrimos

-Eu te amo Hyunwoo, amo demais. De todas as certezas que já passaram por mim você é a única fixa - ele me beija retribuindo minhas palavras de outra forma e mostrando todo seu amor.

                  ~.................~

Me aproximo da porta do apartamento e me surpreendo ao vê-la entreaberta, empurro ela entrando vendo a zona dentro da sala. Jr não é uma pessoa desorganizada mas parede que um furacão passou por aqui

-Júnior? - tento não pisar em coisas grandes como o abajur e televisão que estão no chão - Jonghyun porque nossa TV está no chão? - ouço um barulho vindo do quarto e percebo que a luz está acesa - Junior?! - vou até lá e adentro o quarto vendo um homem alto e forte todo sujo - Quem é você? - dou um passo pra trás, e mais outro mas sou agarrado e arremessado na cama me possibilitando ver outros dois homens, meu coração se debate contra o peito - O que vocês querem? Dinheiro? Levem o que quiser, só não me machuquem por favor

-A gazelinha está com medo de ser machucada - riem

-Por favor, por favor me deixem em paz

-Ah mas não se preocupe com isso - se aproxima ao tempo em que me arrasto pra trás e levanto - nós vamos te deixar bem na paz - o outro diz. Pego o abajur do quarto jogando em um deles, corro porta afora pegando rumo para porta mas sinto algo pontiagudo acertar minha nunca com força suficiente para me fazer bater com o rosto na parede. Meus cabelos são agarrados e novamente sou arremessado contra parede, minhas lágrimas começam a cair pela dor, pelo medo, estou sozinho e ninguém pode ouvir, por mais que eu grite por socorro, ninguém. Meu rosto é socado inúmeras vezes, assim como minha barriga, e os chutes que recebo, eles se divertem com meu sofrimento e tudo que mais peço é para que Hyunwoo apareça. Sou golpeado por algo mais pesado na barriga fazendo todo meu oxigênio sair, tento puxar o ar mas é como se tivesse algo tampando a entrada dele, minha visão fica turva, luto para permanecer consciente e respirar. Por favor Deus, não me deixe morrer agora, por favor, me ajuda. Tento novamente, e de novo, fecho os olhos aquietando no chão e consigo finalmente respirar. Não fico inconsciente, apenas aproveito o curto momento de sossego que eles me proporcionam, curto pois no momento seguinte sou arrastado novamente para o quarto e jogado na cama. Sinto as mãos sendo passadas em meu corpo, me debato novamente, tirem suas mãos sujas de mim seus doentes! Me deixem em paz!!

-Esse não foi o combinado

-Foda-se, mudança de planos. Vão amarelar ou vão dar uma de homens?

-Eu fico com a boca

-E eu fico com o que?

-Quando eu terminar, você fode depois. - não, não, não. Me arrasto para fora da cama mas sou puxado novamnte

-NÃO, NÃO!!! SOCORROOO!! SOCORROOOOO!!!! - berro com toda a força que ainda me sobra

-Isso gazela, grita mais - minha calça é aberta e abaixada, me debato e chuto o filho da puta atrás de mim - AH! Essa bichona me machucou. - um deles se senta a minha frente sem a calça enquanto sou amarrado e num segundo apago com a pontada em minha cabeça. Hyunwoo...

                     ~×××××~

Dirijo de volta pra casa apressado, acabei de estar com ele mas a saudade fala mais alto, já sinto falta de seus beijos. Estaciono na frente de casa lembrando a felicidade da minha criança, como eu amo fazê-lo feliz! Não existe nada mais importante do que sua felicidade. Saio do carro e entro em casa me deparando com minha mãe séria na sala

-Boa noite mãe - ela continua em silêncio olhando para frente - aconteceu alguma coisa? - não sei se por ansiedade, mas me parece uma eternidade até que ela responda, e quando o faz, soa fria novamente

-Kim Sue está de volta. - respiro fundo, o que há dessa vez? Virou sua cabeça de novo contra mim? - Ela me obrigou a dar o endereço de Minhyuk com uma arma apontada para minha cabeça. Ele está em perigo Hyunwoo, o ajude. - não, de novo não. -corro porta afora até o carro.

                    ~............~

Desamarro Minhyuk estando com a visão embaçada pelas lágrimas, subo a calça dele e o carrego para fora do quarto passando pelos corpos dos estupradores dos quais fiz questão de descontar todo meu ódio por aquela vagabunda, neles. Desço com Minhyuk em meus braços e corro com ele embaixo de chuva até tropeçar em alguma porra. Mas que inferno!

Me levanto rapidamente e o tomo em meus braços novamente

-Você vai ficar bem meu amor, eu prometo. - volto a correr com ele para o hospital com ele em meu colo. Coletam as informações que precisam do corpo dele e cuidam da minha criança. Informo primeiro a minha mãe que vem correndo, e é justamente ela que me impede de cometer uma loucura com Kim Sue. Mas só não faço porque Minhyuk precisa de mim, agora que já é tarde. Minha criança precisou de mim e eu não estava perto para salvá-lo.