Capítulo 21
ANTES
2013
Quase ninguém o chamava de Oscar, apenas César e Amália. Ele era Spooky nas ruas, e isso significava muito mais do o nome de batismo. As pessoas o olhavam com medo, ninguém sabia o que ele era capaz de fazer e suas ações frias, calculadas e por vezes brutais tinham garantido que fosse promovido rapidamente dentro da gangue.
Amália tinha olhado com pena quando cortaram seu cabelo após ele ter lidado com o cara que matou seu primo, mas após dois anos estava acostumada. E um dia confessou a ele que o novo corte não lhe caía mal.
Oscar sentia-se partido em dois. Durante quase todo o dia era Spooky e por breves momentos, quando havia só César e Amália, podia ser ele mesmo, como antigamente.
Em casa, o problema era sua mãe, que adquirira o hábito de beber durante a maior parte do dia, e já não conseguia ser independente o suficiente para realizar tarefas cotidianas por iniciativa própria.
— Oscar, será que não seria melhor pagar um psicólogo para sua mãe? — questionou Amália, em um dia qualquer.
— E você acha que eu não falei? Eu não consigo lidar com essa merda também.
E era verdade. Ele se sentia sobrecarregado demais, tendo de cuidar do irmão e da própria mãe aos dezesseis.
Certa tarde, ele flagrou a mãe ajoelhada no chão da cozinha, tentando catar cacos de vidros com mãos já feridas, enquanto lágrimas grossas escorriam pelo rosto vermelho e inchado. Da sua boca saíam lamentos quase inaudíveis.
A cena perturbou Oscar sobremaneira.. Constrangido, foi até sua mãe , sentou-a em um banco e pegou o necessário para limpar o ferimento. Não havia sido fundo o suficiente para precisar de pontos.
— Por que você está tão triste?
— Ah, mijo.... Eles negaram a saída do seu pai em condicional, de novo. Não há justiça nesse mundo... Por que não pagaram um advogado melhor pra ele, por que?
Ray era o grande amor da sua vida. Era difícil para ela superar sua ausência.
— Mãe, eu sei que tem sido difícil, mas... César ainda é pequeno, mãe, ele precisa de você. Eu não consigo sozinho.
Ela sorriu, tão culpada e triste.
— E você também, não é, Oscar? Me desculpe, querido.Eu vou melhorar, eu prometo.
Ela tentou, era verdade. Tentou tanto que Oscar quase chegou a acreditar que uma vida melhor era possível, e que um futuro brilhante o esperava.
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