Capítulo 19
Aviso de Gatilho: Novamente o capítulo tem descrição de violência. Boa leitura!
ANTES
2011
Na solidão restou nós de mão dada
Sem trava o papo fluía, ela ia onde eu ia
Corda e caçamba nessas ruas sombrias
De um beco nessa noite em meio à friagem
Num mundo de dar medo ela me dava coragem, morô?
E a sintonia monstra, neguim?
Número bom, tamanho perfeito pra mim
Que as outra era pesada, B.O., flagrante
Ela não, bem cuidada, ela era brilhante
(9nha, Emicida)
Não pense, não hesite. O que ele havia dito ao César era o que ele mesmo havia feito anos atrás.
Quando Juan morreu, a guerra contra os Profetas foi retomada. As ruas ficaram ainda mais perigosas, e ele, sobrevivente ao atentado, havia se tornado o alvo principal.
Ele não foi a escola nos dias que se seguiram, era muito perigoso. Alguns Santos vigiavam a sua casa e César estranhou a movimentação, enquanto a mãe dos garotos alternava entre ficar alheia a tudo ao seu redor ou reclamar que não estava podendo sair de casa.
– De tal palo tal astilla* – murmurava ela.
Amália ligava todos os dias, perguntava como ele estava, pedia para vê-lo, o que ele negava. À noite, Juan estava em seus pesadelos.
Ele vestiu um terno preto no dia do funeral, sentia-se morto por dentro. Juan não era nenhum anjo, mas era jovem demais para ter aquele fim, sem ter feito nada a seus assassinos. Amália segurava sua mão com firmeza, procurava em seus olhos respostas que ele não podia dar. Não, ele não estava bem. Nada estava.
No dia seguinte, ao cair da tarde, Oscar saiu com um membro mais velho dos Santos, a noite estava amena, mas ele vestia moletom com capuz. Eles sabiam onde um dos Profetas estavam, vendendo drogas em seu ponto, como tem ise não tivesse nenhuma preocupação por ter matado um membro da gangue rival. Naquele lugar, não havia câmeras por perto. Algumas pessoas ao redor, mas longe o suficiente. Ninguém saberia quem era e se soubessem, quem teria coragem de falar?
Nenhum dilema moral o atravessou. Naquele ponto, ele faria qualquer coisa para não continuar a escutar o choro convulsivo de sua tia em sua mente. Uma das poucas parentes, ainda viva, que havia amado Oscar. Ele sempre pudera levar César para passar um tempo na casa dela quando precisava, e era convidado todos os domingos, para almoçar. A irmã de seu pai cozinhava muito bem, e gostava de ensiná-lo. Como seria agora? Toda vez que olhasse o sobrinho lembraria do filho morto?
Ele não disse nada, enquanto caminhava. Os Profetas estavam distraídos, e quando viram as duas pessoas encapuzadas, já era tarde demais. Duas armas apontadas para duas faces assustadas. Eles abriram a boca, talvez para falar, implorar. Ou para amaldiçoar.
Oscar nunca soube. A arma, fria e segura na sua mão, a única coisa sólida que o prendia ao mundo, e mostrava o caminho. Aquele dia, ele tomaria o Destino nas mãos. Seu amigo atirou primeiro, ele logo em seguida, segundos de hesitação e não mais. Sua primeira bala atingiu o peito do garoto de cabelo raspado, a boca abriu, ele cambaleou. Spooky recuou alguns passos, e atirou novamente, até que não havia mais balas. A grama verde ficou vermelha. Ele correu.
GLOSSÁRIO
* Ditado popular de língua espanhola, cujo significado seria similar ao nosso "Tal pai, tal filho".
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro