Capítulo 10
PRESENTE
Amália não estava mais morando com a mãe e a avó. Ela alugara uma casinha minúscula,, na rua de trás, perto o suficiente para que pudesse ficar de olho nas duas, mas longe o bastante para ter o mínimo de privacidade.
Esse era o motivo de sua volta ao bairro, afinal. Estar próxima à mãe, que passaria em breve por sessões de quimioterapia para tratar um câncer na tiroide. Sua abuela já não tinha força o suficiente para acompanhar a filha naquelas longas horas do tratamento, e com o pai morto, Amália sabia que era ela quem devia cuidar das duas.
Os dias haviam passado tão rapidamente, que quando Amália deu por si já era Halloween. Aquele dia havia sido corrido, mas muito divertido pela manhã, na escola, com as e crianças fantasiadas e animadas. À tarde, ela havia ido com a mãe ao hospital e voltou já ao anoitecer. Em todos os lugares, havia a excitação e crianças e jovens fantasiados, esses últimos às vezes escassamente vestido. Era uma sensação nostálgica, e também estranha, pois esse ano, pela primeira vez, ela não iria a uma festa, como fazia na época da faculdade. A ausência desse hábito parecia dizer que ela era uma adulta, afinal.
Após deixar a mãe em casa, ela preparou um recipiente com vários tipos de doces para que as crianças se servissem. Ela não queria abrir a porta a cada cinco minutos, ainda mais naquele bairro. Talvez pudesse assistir a um filme de terror ou falgo assim.
Ela fazia pipoca quando a campainha tocou, foi atender amaldiçoando as crianças gulosas que não se contentavam com apenas pegar os doces e ir embora.
Fosse porque há algum tempo ela não o via, fosse porque ela nunca o convidara para sua casa, afinal, mas ficou surpresa ao se deparar Spooky parado do outro lado da porta. As mãos no bolso, tão sério que parecia pesaroso.
— Spooky.— como sempre, o coração parecia que falhava uma batida quando o via.
— Eu queria falar com você. Posso entrar?
Amália suspirou, abrindo passagem. O tom desarmado da voz dele desmanchava suas defesas com facilidade.
Oscar passou os olhos pelo pequeno cômodo, uma sala simples, com uma cozinha aberta no canto esquerdo. Havia vários pontos coloridos na decoração, bem ao estilo de Amália. Um quadro de uma mulher que flutuava em meio a nuvens róseas pareciam remeter a uma atmosfera de sonhos. Algumas plantas estavam espalhadas em pontos estratégicos da casa, uma estante com livros próxima ao sofá.
— Lugar legal. — ele disse, quase constrangido. A diferença da casa dos dois parecia gritar à sua consciência que ela era boa demais para ele, afinal.
— Obrigada. Não é muito, mas eu precisava de um lugar barato e que fosse próximo à minha mãe.
— Está bonito. Você sempre conseguiu tornar as coisas melhores. Lembra do que você fez com o quarto do César?
Quando eles eram adolescentes, ela havia pensado que o quarto do garoto era triste e cinza, e então decorado e pintado as paredes com a ajuda de Spooky. Foram dias especiais, eles costumavam ficar sujos de tinta e cansados, mas se divertiam também, entre risos e beijos. Era doloroso lembrar.
— Eu me lembro Spooky. Eu me lembro de tudo.
O silêncio era incômodo.
— Eu vim falar com você. Sobre o que você me disse da última vez.
Amália cruzou os braços, preparando-se para resistir.
— Você já deve ter percebido, Amália, que eu nunca ia me sentir atraído por Monse, ou qualquer garota dessa idade....
— Eu percebi, Spooky, você tem razão, eu acredito em você. — ela respirou fundo, passando as mãos nos cabelos, em desamparo. — Mas esse não é o único problema entre nós.... ainda que eu pudesse esquecer o jeito torpe que você me abandonou, ainda que eu pudesse te perdoar isso.... eu tento justificar, inventar motivos plausíveis para você colocar seu irmãozinho na mesma vida que você. E por mais que eu tente, não consigo fingir que exista uma razão boa o bastante, forte o bastante....
— Você não entende? Essa é a vida da minha família, ele está em perigo só por ser meu irmão! Desse jeito, ele tem como se defender.
— Mas você poderia defendê-lo, Oscar, ele não precisa virar um dos Santos para isso.
— Cuchillos....
— Cuchillos?
— Esquece, eu estou falando demais.
Amália comprimiu os lábios, com raiva.
— Eu odeio esse nome, essa desgraça de gangue...
— Amália, fala baixo.
— O que? Pode ter alguém ouvindo até dentro da minha própria casa?
Ela bufou . Tinha esquecido como a vida em Freeridge podia ser injusta e difícil. Naquele momento, o celular de Oscar vibrou. Ele leu rapidamente, a preocupação no seu rosto.
— Lil Spooky está com problemas, eu tenho que ir— ele isso, enquanto Amália assentia, apreensiva.
— Me manda notícias.
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Notas da autora: Olá! Eu não sou muito de escrever, mas eu iniciei essa fanfic para lidar com minha ansiedade até a estreia da quarta temporada da série e estou amando escrever, tenho me divertido bastante. Obrigado a quem tem lido, eu gostaria de lembrá-los que, caso estejam gostando, deixem uma estrelhinha e quem sabe um comentário?
Quero saber o que estão pensando! Beijos!
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