Eu realmente pensei que Justin iria me enchendo o saco de onde estávamos até Flitof sei lá o que, estava pronta para joga-lo pela janela do ônibus na minha cabeça, mas, depois da lata de refrigerante, ele não me encheu mais o saco. O que me permitiu dormir durante a viagem.

ㅡ A gente podia deixar ela aí, ela só sabe reclamar. ㅡ Acordei com vozes perto de mim, estava com o tapa olhos, então permaneci imóvel. Reconheci a voz de Luen.

ㅡ Quem convive com você tem que reclamar mesmo. ㅡ Ouvi Léo.

ㅡ Ah, mas ela é muito chata. Deixa ela aí. ㅡ Novamente, Luen.

ㅡ Ela é a mais sensata de vocês. Acorda a garota! ㅡ Léo disse novamente.

ㅡ É claro que eu vou acordar ela, que ideia é essa? ㅡ Justin disse e logo após senti sua mão tocar o meu ombro, deduzi ser a dele, já que ele quem estava sentado ao meu lado. ㅡ Wendy? Acorda. Nós chegamos.

Tirei a venda e apertei os olhos com a claridade. Justin estava sentado ao meu lado segurando o chumbo que ele chamava de mochila enquanto Luen tentava sair com aquela mala gigante. O resto do pessoal também já tinha saído do ônibus.

Me levantei sem dizer nada, já que ainda estava em processo de acordar e só puxei a mochila dele para levar antes que ele começasse de drama.

Saí do ônibus sentindo o ar fresco e a luz ainda mais forte me fez apertar os olhos de novo.

ㅡ Eita, que sono, em amiga! ㅡ Beverly riu parando perto de mim. A galera toda estava ali fora, era um tipo de rodoviária.

ㅡ Han? ㅡ Olhei para ela, a mesma riu. Eu não era do tipo que acorda já cheia de ânimo e energia. Essa coisa de que temos que dormir para recarregar as energias é um grande mito para mim, já que acordo mais cansada do que quando fui dormir. Eu sempre tenho processo, digamos que não estou dormindo, mas também não estou acordada totalmente para conseguir raciocinar completamente.

ㅡ Nada, deixa. ㅡ Ela riu.

ㅡ Fica madrugando, é nisso que dá. ㅡ Colin disse olhando para mim.

ㅡ Vai lavar essa mão. ㅡ Resmunguei.

ㅡ Para dar foras ela está bem acordada. ㅡ Chelsea disse rindo.

ㅡ Eu falei para deixa-la no ônibus. ㅡ Luen revirou os olhos.

ㅡ Por que você não se enfia nessa mala? ㅡ Dei um passo a frente, mas Beverly segurou meu braço.

ㅡ Wendy... ㅡ Ela me observou com aquele olhar de mãe.

ㅡ Desculpa. Eu fico mau humorada quando acordo. ㅡ Bocejei e finalmente o Bieber saiu do ônibus.

ㅡ Partiu? ㅡ Ele sorriu.

ㅡ Não estou nem um pouco animada para andar por esse museu, mas... Vamos, né. ㅡ Luen resmungou.

ㅡ E é a Wendy que reclama de tudo, né? ㅡ Léo disse passando por ela.

ㅡ Óh, se eu sumir, não precisam nem me procurar. Estarei no ônibus dormindo. ㅡ Falei antes de sairmos da rodoviária.

O pessoal seguiu por uma rua e eu finalmente saí do meu processo de acordar. Finalmente pude olhar em volta e realmente perceber os detalhes. A cidade era um museu mesmo. As casas eram pequenas e antigas, tudo em cor madeira, haviam hotéis pequenos, bares do tipo cidade faroeste, brechós, lojas de conveniência e enxerguei até um pequeno cinema ao longe.

Eu não admiti em voz alta, mas eu amei a vibe de tudo ali. Era tão clássico...

ㅡ Ok, eu e a Luen vamos nos brechós ver se encontramos algumas roupas retrô. ㅡ Uma das meninas disse e logo puxou Luen, que eu não entendi porque trouxe aquela mala enorme.

ㅡ Eu vou dar uma passadinha no cinema. ㅡ Willy anunciou.

ㅡ Vou também. ㅡ Colin ergueu a mão.

ㅡ Eu vou procurar uma biblioteca, aqui tem uma em algum lugar, deve ter mó cheiro de livro antigo. ㅡ Léo sorriu.

ㅡ Eu vou com você. ㅡ Jaden concordou.

ㅡ Gente, não esqueçam que temos que estar na rodoviária antes das cinco, que é a hora que o ônibus vai sair. ㅡ Justin disse e os que estavam ali, assentiram.

ㅡ Eu e a Chelsea vamos dar uma olhada nas roupas também, aí avisamos às meninas da hora. ㅡ Beverly disse e logo depois olhou para mim. ㅡ Você vem?

ㅡ Não, estou de babá hoje. ㅡ Ergui a mochila e apontei com o queixo para Justin.

ㅡ Ah, é. ㅡ Beverly fez uma careta. ㅡ Boa sorte! ㅡ Em seguida segurou no braço de Chelsea para que elas fossem juntas para o tal brechó.

ㅡ Ai, amiga, acho que eu prefiro ir ver os livros também. ㅡ Chelsea falou enquanto olhava para Jaden.

ㅡ O que? ㅡ Beverly fez uma careta. ㅡMas, você nem gosta de ler.

ㅡ É claro que eu gosto de ler! Eu li um livro uma vez, não lembra? ㅡ Chelsea encarou Beverly e eu também observei a cena confusa.

ㅡ Não, não me lembro. Lembro que o professor de literatura passou O quebra nozes como trabalho uma vez e você não aguentou ler. E é um livro bem fino. ㅡ Beverly explicou parecendo confusa com a atitude da amiga.

ㅡ Ah, Beverly, isso faz muito tempo. ㅡ Chelsea negou com a cabeça. ㅡ Eu vou com eles, depois a gente se encontra. ㅡ Ela parou perto de Jaden e sorriu para o mesmo.

ㅡ Ok, então... ㅡ Beverly ficou confusa, mas seguiu na direção do brechó.

ㅡ Vamos? ㅡ Ela sorriu novamente para Jaden.

ㅡ Aham. ㅡ Ele concordou. ㅡ Wendy? ㅡ Olhou para mim. ㅡ Não quer vir com a gente? ㅡ Ele sorriu, porém Chelsea me encarou com um olhar não muito agradável e eu torci para que não fosse o que eu estava pensando.

ㅡ Não, eu tenho que tomar conta do bebêzão aqui. ㅡ Apontei para Justin.

ㅡ Pois é, eu exijo muitos cuidados. Ela não vai poder ir com você. ㅡ Justin sorriu para o primo.

ㅡ Então, vamos logo! Euem... ㅡ Léo apressou o passo na frente e Jaden e Chelsea o seguiram.

ㅡ Ta, para onde você quer ir? ㅡ Perguntei para Justin colocando a mochila dele no chão apoiada em minhas pernas.

ㅡ Hm... ㅡ Ele olhou em volta com uma expressão pensativa. ㅡ Vem. ㅡ Peguei a mochila de novo e o segui. Acabamos indo na direção oposta do resto do pessoal, mas não me preocupei, a cidade devia ser pequena demais para nos perdermos.

ㅡ Er... Bieber? ㅡ Chamei por ele enquanto caminhávamos pela rua de pedras. Não tinha muita gente nas ruas e nem muitos jovens, para falar a verdade, os poucos carros que vi também eram antigos, mas haviam muitos senhores de idade caminhando com bengala e calças sociais por cima da camisa.

ㅡ O que foi? ㅡ Respondeu sem me olhar, parecia procurar por algo em volta.

ㅡ Eu espero que não tenha se importado de eu ter dormido na sua cama ontem. Eu fiquei com preguiça de ir para o meu quarto. ㅡ Ele parou de procurar o que quer que fosse e olhou para mim.

ㅡ Não me importo. ㅡ Ele riu e voltou a olhar em volta. ㅡ Ali.

ㅡ Ali o que? Um lugar para eu largar essa sua mochila pesada e sair correndo? ㅡ Segui-o até perceber que ele estava falando do que me parecia ser um cafeteria. Uma cafeteria pequena e bem simples. ㅡ O que fazemos aqui?

ㅡ Não te vi comer desde acordou, então pensei que seria bom começarmos o dia com você se alimentando direito. ㅡ Ele disse puxando uma cadeira de uma das mesas para que eu me sentasse.

ㅡ Ah, que meigo. Está se preocupando comigo ou é culpa por me fazer de escrava? ㅡ Ele riu se sentando na cadeira da frente. A mesa que estávamos era ao lado da janela que dava para a rua. A sensação que eu estava tendo era que realmente estávamos no passado.

ㅡ Você sabe a resposta. ㅡ Ele sorriu.

ㅡ Culpa. ㅡ Sorri também.

Nós dois acabamos rindo e ele se levantou novamente para ir pedir o que comeriamos. Eu puxei o meu celular para ver a hora e vi que a barrinha de sinal estava completamente vazia. De fato, não havia sinal ali.

Eu e Justin comemos, conversamos um pouco porque eu queria enrolar ele para evitar de carregar aquela mochila, mas logo voltamos a caminhar pela cidade.

Devo admitir que eu descobri gostar mesmo de coisas clássicas. Nós dois encontramos uma loja de discos onde podíamos ouvir as músicas lá. Foi muito divertido. As músicas antigas tem uma vibe muito diferente, e é um diferente muito bom.

Justin me deu um disco de presente porque eu havia gostado da música Run To Me da banda Bee Dees. Eu não sei onde vou tocar isso, mas mesmo assim eu amei. Eu nunca havia tido o disco, guardaria muito bem.

Nós voltamos a caminhar pela rua até que eu ouvi um som familiar. Um som de piano. Parei no mesmo momento e olhei para o lado. Era uma pequena loja de um concertador de pianos.

Não pensei em nada antes de entrar no lugar e me vi encantada quando vi todos aqueles pianos. Eram muitos, bem... Muitos para mim que quase nunca via algum. A loja era pequena, então devia ter uns seis ou sete.

Um senhor tocava ao fundo, mas logo percebi que ele o estava afinando.

ㅡ Você gosta de pianos? ㅡ Justin perguntou atrás de mim e só aí me lembrei que estava com ele.

ㅡ Ah... É. Um pouco. Gosto de ouvi-los. ㅡ Disse um pouco sem graça. Não era uma paixão que eu costumava compartilhar. Era algo meu.

Justin foi até o piano mais perto, esticou sua mão esquerda e tocou algumas notas.

Os pontos se ligaram na minha cabeça e eu arregalei os meus olhos.

ㅡ Você quem estava tocando piano naquela noite! ㅡ Ele tirou a mão do piano e olhou para mim. ㅡ Quando eu entrei, só o Jaden estava lá, mas o livro caiu do outro lado sozinho... Era você se escondendo! Você quem estava tocando! O cara com fama de pegador e de babaca, é na verdade um tocador de piano! Isso é... Inusitado. ㅡ Justin me observou por um momento como se não soubesse o que dizer, mas segundos depois ele abriu um sorriso fraco.

ㅡ Sim, era eu. Eu toco, mas praticamente ninguém sabe. O Jaden sabe porque ele descobriu quando eu era mais novo. Desde então ele vem guardando o segredo para mim. Meu pai... Meu pai me proibiu de seguir com isso porque acha perda de tempo, e porque não combina com a pose de um pegador.

ㅡ Então... Por que me mostrou isso?

ㅡ Porque eu sinto que posso confiar em você. ㅡ Ele se virou totalmente para mim. ㅡ Na verdade... Eu quero confiar em você.

•••
Continua...