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11_ Pervertido?

Eu queria socar ele por não ter ligado a porcaria do GPS e procurado pizzarias próximas. Agora estávamos andando num bairro escuro e medonho sem nem saber se estávamos na mesma cidade ainda.

ㅡ Francamente. ㅡ Resmunguei. ㅡ Francamente.

ㅡ Não estamos perdidos, Wendy. Só estamos...

ㅡ Estamos aonde?? Me fala! Porque eu não estou vendo pizzaria nenhuma por aqui, nem posto de gasolina e nem VIDA HUMANA! ㅡ Encarei o mesmo que parou o carro e me encarou. ㅡ Que foi? ㅡ Fiz uma careta para ele. ㅡ Se você encostar em mim eu te quebro inteiro.

ㅡ Não vou fazer nada com você. ㅡ Ele voltou a olhar para a frente e tocou o volante.

ㅡ Estamos perdidos.

ㅡ Não estamos perdidos.

ㅡ Estamos perdidos!

ㅡ Tá! ㅡ Ele exclamou. ㅡ Estamos perdidos. ㅡ Sorri satisfeita quando ele admitiu, mas meu sorriso logo desapareceu quando me lembrei que ESTÁVAMOS PERDIDOS.

ㅡ Tenho certeza que sua irmã me daria permissão para te matar nesse momento. ㅡ Olhei para ele que esfregava a testa.

ㅡ Para de reclamar e vê no seu celular onde estamos. ㅡ Ele murmurou.

ㅡ Eu sou pobre. Não tenho internet. ㅡ Encostei as costas no banco e encarei aquela rua escura. Aquele bairro era muito assustador. Senti que um assassino poderia sair de um daqueles becos e nos matar a facadas.

ㅡ O meu celular acabou a bateria. ㅡ Suspirou balançando o celular.

ㅡ Eu não vou dizer é nada mais. ㅡ Cruzei os braços e olhei para a janela. Meu coração começou a bater forte quando vi uma silhueta masculina parada em um dos becos. Seus olhos brilhantes estavam focados em nós. ㅡ Er... Bieber?

ㅡ Você não disse que não ia dizer mais nada? ㅡ Ele retrucou com deboche.

ㅡ Essa porta ta trancada, né? ㅡ Perguntei enquanto ainda focava no homem parado lá fora.

ㅡ Ta. ㅡ Ele respondeu. O homem abriu um sorriso esquisito e começou a caminhar na nossa direção de forma rápida.

ㅡ Justin, liga o carro. ㅡ Arregalei os olhos e olhei para ele que me olhava confuso. ㅡ Liga o carro!!! Vai!!! ㅡ O homem tocou com as duas mãos no vidro da minha janela me fazendo dar um pulo no banco. Justin deu partida rapidamente, quando percebeu o que estava acontecendo, e nós saímos dali deixando o homem que ainda nos olhava.

ㅡ Misericórdia. ㅡ Ele resmungou. Virei meu rosto para ele devagar.

ㅡ Misericórdia? Por que não ligou o carro quando eu pedi?? Poderíamos estar a caminho da morte agora.

ㅡ Não exagera, era só um homem numa rua escura.

ㅡ Ah, então vamos voltar lá para você bater um painho com ele. ㅡ Coloquei as mãos na cintura enquanto o encarava. ㅡ Essas coisas só acontecem comigo. Não é possível.

ㅡ Wendy? Relaxa, cara. ㅡ Justin pegou pista, o que me deixou mais aliviada. Aquele bairro era medonho. ㅡ Se olharmos pelo lado bom, você ainda não destruiu nada.

Olhei para ele enquanto o som dos carros passando era tudo o que eu ouvia. Queria esgana-lo, mas assim não chegaria na pizzaria, e eu estava morrendo de fome.

Voltei a encostar-me no banco e suspirei colocando as mãos nos bolsos do moletom.

ㅡ To entediada. ㅡ Resmunguei.

ㅡ E o que você costuma fazer quando está entediada?

ㅡ Durmo. ㅡ Dei com os ombros.

ㅡ Então dorme. ㅡ Ele riu.

ㅡ Não vou dormir num carro com você e no meio do nada. ㅡ Fiz uma careta. ㅡ Você pode ser um pervertido.

ㅡ Pervertido? ㅡ Ele riu. ㅡ Você está dormindo na minha casa. Se eu fosse alguém ruim, já teria feito algo com você a muito tempo. ㅡ Ele continuou com os olhos focados na pista.

ㅡ Prefiro não me arriscar, Bieber. ㅡ Encarei a janela. ㅡ Espera... ㅡ Voltei a olha-lo. ㅡ Esse carro chique de rica seu não tem GPS?

ㅡ Ele tinha. Um dos garotos pegou o meu carro para ir a algum lugar tem uns dias desde estão o GPS não funciona mais. Eu não faço ideia do que eles fizeram. ㅡ Ele respondeu. Bufei.

[...]

Meia hora depois...

ㅡ Ok, por que você não para pra perguntar? ㅡ Olhei para ele.

ㅡ Perguntar como chegar na pizzaria?

ㅡ Não, como chegar no nosso país! ㅡ Justin riu. ㅡ Eu tenho certeza que já devemos estar perto do Japão.

ㅡ Eu pediria informação, mas não tem uma alma viva por aqui. ㅡ Ele respondeu. Realmente, havíamos entrado em outro bairro e não tinha um ser vivo na rua. Apenas um cachorro que eu quis pegar, mas ele não deixou só porque era um Pitbull.

ㅡ Concordamos que a culpa é toda sua, certo? ㅡ Sorri para ele. O mesmo olhou para mim pelo canto dos olhos e abriu um sorriso ladino.

ㅡ Essa parte aqui já não me é tão estranha. ㅡ Ele começou a analisar a rua pela janela. O carro estava andando devagar. ㅡ Acho que devemos estar perto da pizzaria.

ㅡ Eu não to nem ai para essa pizzaria mais. Parece que tem dias que estou nesse carro. ㅡ Abri a janela e comecei a olhar lá para fora. O bairro não era assustador como o outro, era um bairro normal, só que estava tarde, então era natural estar tão deserto. ㅡ E aposto que nem o pessoal lá estão nos esperando mais.

ㅡ Eles acham que estamos fazendo outra coisa. ㅡ Ele murmurou.

ㅡ Seus amigos acham isso. ㅡ Olhei pra ele. ㅡ Minhas amigas devem estar achando que eu te matei e me livrei do corpo.

Justin riu e fez uma curva, logo depois comemorou.

ㅡ Eu sabia! Olha ali. ㅡ O mesmo apontou para uma placa na calçada de um morro. Uma placa bem grande, devo dizer, de uma pizzaria. ㅡ Ela fica lá em cima, agora lembrei. Tem uma vista até que legal. ㅡ Fiz uma careta olhando para ele.

ㅡ Nada, lindo, só vai. ㅡ Revirei os olhos. Minha última preocupação naquele momento era com a vista que o pizzaria tinha. Podia ser uma vista pro esgoto, contanto que eu saia desse carro.

Justin subiu o morro e lá em cima vimos a tal pizzaria. Ao seu lado realmente tinha um posto de gasolina, o que faz total sentido. Se minha gasolina está acabando, porque não subir num morro para reabastecer, não é mesmo?

A pizzaria tinha uma vibe muito chique. Quase tudo era de vidro e as pessoas estavam muito bem arrumadas. Resultado: eu me poupei de pagar esse mico e esperei perto do carro.

Povo tudo chique e eu de moletom e calça de pijama xadrez. Já passei vergonha demais por hoje com a piscina de espuma e todo o resto.

Justin entrou na pizzaria e eu me sentei num bloco de cimento presente ali no estacionamento. Realmente, a vista era bonita.

Enquanto ele não voltava eu me peguei pensando: se você é alguém caseiro, vai me entender completamente. Você já passou por aquele momento em que você olha em volta e olha a hora e se pergunta o que raios você está fazendo ali?

Eu já tive muito isso. A essa hora, geralmente, eu estaria no meu quarto segura e quentinha. Completamente sozinha. Mas não, eu estava numa cidade que eu não conhecia, num bairro que eu não conhecia, com um moleque que eu não conhecia e tarde da noite.

ㅡ Eu devo ser maluca. ㅡ Falei para mim mesma.

ㅡ Eu concordo. ㅡ A voz do Bieber atrás de mim me fez cair sentada no chão.

ㅡ Ai! Filho de uma borboleta azul! ㅡ Me levantei enquanto ele sorria. ㅡ O que raios está... ㅡ Parei de falar quando vi as caixas de pizza em suas mãos. ㅡ Não é possível.

ㅡ Eu falei que era rápido. ㅡ Ele riu de novo e abriu a porta de trás do carro colocando as caixas lá dentro. Como não sou boba nem nada, entrei atrás também. Só o cheiro do queijo já havia triplicado a minha fome.

Justin deu a volta e entrou no carro também. Logo deu partida e saiu do estacionamento do local.

ㅡ Ai que coisa mais linda. ㅡ Sorri quando abri a caixa. ㅡ Você comprou algo para beber?

ㅡ Tem um refrigerante dentro da sacola aí. Também tem copos. ㅡ Ele respondeu.

Ok, ok, foi burrice, eu sei. Mas eu também estava com sede. Tentei colocar um pouco de refrigerante no copo, enquanto o carro estava em movimento e me esqueci do morro. Assim que Justin desceu, o carro se inclinou e o copo virou molhando o banco todo.

ㅡ Er... Justin? ㅡ Fiz uma careta.

ㅡ O que foi?

ㅡ Assassinato é crime, ok? ㅡ Ele me olhou pelo espelho com uma careta. Dei meu sorriso torto.

ㅡ Wendy, o que você fez? ㅡ O mesmo olhou para trás rapidamente. ㅡ Ah, Wendy!

•••
Continua...

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