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Track 5 • My foolish heart

•Track  5•
My foolish heart

"Take care, my foolish heart
There's a line between love and fascination
That's hard to see, on an evening such as this
For they both give the very same sensation
When you're lost in the magic of a kiss"

Se já era estranho só pensar em outros, imagine o que significava para ela ir para um encontro, o primeiro depois de quase dois anos. Ela que ainda sou eu. Era esperado que eu estivesse ansiosa, mas eu sabia que me sentia dessa forma mais por estar fazendo algo que havia perdido totalmente a prática, do que por quem eu encontraria. A expectativa era de que essas duas coisas se misturassem em algum momento e que eu conseguisse ver esse encontro como o que ele de fato era: apenas um encontro e não uma armadilha criada pelo meu irmão.

Justamente por achar que eu estava caindo em uma cilada, a minha resposta à empolgação do meu irmão com o match que arranjou para mim tenha sido dar de ombro quando nos cruazamos no corredor.

— Onde você está indo assim, toda arrumada, Chunnie? — ele se esgueirou da porta do escritório quando me viu passar e eu não consegui conter minha virada de olhos que compunha uma expressão, no mínimo, sem paciência.

— Eu estou de jeans e tênis... Tecnicamente, isso não pode ser considerado arrumada e... Você sabe, exatamente, para onde estou indo. — meu olhar cortante disse até mais que minhas palavras e Jin só conseguiu abrir aquele sorriso bobo amplo, com certeza muito satisfeito em saber que seu "plano" estava dando certo.

— Qual é a minha culpa se vocês jovens não tomam iniciativa? —  disse como se fosse séculos mais velho que nós e eu girei a maçaneta antes que ele quisesse mesmo retomar aquela conversa sobre seguir em frente que vem com toda a carga de irmão mais velho preocupado com a sua irmã caçula que andava se comportando como uma senhora.

—  Você sempre tão solícito... — e intrometido onde não é chamado, fui irônica e quis completar a frase, mas deixei pra lá, pois estávamos evitando, como já mencionado, aquela conversa. Aparentemente, os argumentos de Jin eram infindáveis e ele tinha certeza de que estava fazendo muito bem o papel, que acreditava ser seu, de me "desencalhar".

— Melhor irmão do mundo, pode falar. — ele bateu no peito se achando digno do posto e eu apenas balancei a cabeça incrédula com sua absulota falta de modéstica, ainda que concordasse em partes, enquanto fechava a porta do apartamento, deixando ali dentro um irmão orgulhoso, convencido e cheio de expectativas para a minha tarde que, muito provavelmente, eu não seria capaz de corresponder. Se meu irmão parecia apostar todas as suas fichas naquele encontro, eu estava somente torcendo para que consegíssemos travar uma conversa ao menos interessante. Me divertir estava muito além das minhas pretensões.

O meu desânimo fez com que eu recusasse meu reflexo no espelho do elevador com medo de me arrepender da roupa que escolhera, ou mesmo de ter saído de casa. Eu não queria parecer ingrata com o meu irmão, ou mesmo rude com a pessoa que estava prestes a encontrar, eu só não conseguia transpor essa barreira pesada de insensibildiade e pessimismo que parecia ter cercado meu coração. Mas eu estava tentando empurrá-la, mesmo que devagar, ao aceitar ir a esse encontro. A ideia não era das piores, o pretendente me despertava certo interesse e, se a tarde fosse ao menos mediana, meu interesse poderia até aumentar. Era esse combustível que me movia por entre as linhas do metrô de Seul, de Hanam até o centro da cidade. 

Quando adentrei o café e não vi nenhum sinal do meu date, notei que minha ansiedade havia me feito chegar quase vinte minutos antes do horário marcado. Fui até o caixa e pedi uma água, pois sabia que não me deixariam ocupar uma mesa só para passar o meu tempo aproveitado do ar condicionado e da música agradável que saia da caixa de som, e vi a atendente forçar uma simpatia que estava difícil de comprar, ainda mais quando ela fez uma careta esquisita quando eu verbalizei "uma água com gás, por favor". Eu poderia estar enferrujada com esse coisa toda de encontros, mas com certeza seria um banho de água fria no meu acompanhante  já começar a tomar o meu café antes que ele chegasse.

Passei devagar explorando o local, andando por entre as mesas de madeira que compunham a decoração minimalista, enquanto por fora a fachada do café era inspirada na arquitetura do complexo de palácios que ficava à frente. Ao fim, escolhi uma mesa no segundo andar, perto de uma varanda que nos daria uma vista, tanto do Palácio Gyeongbokgung, quando do Museu de Arte Contemporânea, somado ainda ao dia bonito que fazia lá fora. As temperaturas estavam amenas, o que me permitia estar de jeans e  usar apenas um casaco leve sem derreter ou congelar, os benefícios da primavera. As árvores estavam verdinhas e o céu tinha um azul anil desenhado por nuvens ralas, quase transparentes, anulando qualquer possibilidade de chuva. Um belo dia para um encontro, eu deveria admitir.

Não tive muito tempo para ficar entretida com a vista, pois em poucos minutos lá estava a minha frente quem eu esperava. Entre o "olá" que trocamos e o meu movimento atrapalhado de levantar da cadeira, observei rapidamente o garoto de cabelos loiros e sua roupa,  vestido com uma camisa de botões clara para dentro de uma calça justa preta, mostrando que mesmo que não fosse tão alto quanto Taehyung, Park Jimin tinha um porte físico atraente. Ainda que também fosse magro, ele me pareceu mais atlético, na medida em que sua roupa alinhada ao corpo exibia, mesmo que de forma discreta.

— Olá! — ele disse entusiasmado e, ao mesmo tempo um pouco esbaforido, o que atribui ao lance de escada que deve ter subido depressa para me encontrar. Seu sorriso era bonito e parecia mais sincero e menos ou nada enigmático como o sorriso quadrado de um outro alguém.

Um discreto impasse tomou conta das nossas primeiras interações, pois fiquei em dúvida sobre como deveríamos nos cumprimentar. Abraço, muito íntimo, aperto de mão, formal demais. Por via das dúvidas, me curvei discretamente e acenei com as duas mãos enquanto sorria tentando parecer ao menos simpática.

— Chegou tem muito tempo? — neguei com a cabeça e posicionei minha bolsa no ombro, depois de ter me levantado desajeitada. Jimin me encarava como se quisesse entender os meus gestos, aparentemente preocupado em escolher suas palavras. — Não precisa, sunbaenim, eu posso pedir para nós...

Quando Jimin fez questão de usar um pronome mais formal, conclui que talvez a nossa curta diferença de idade estivesse impactando sua forma de me tratar. Pelos meus cálculos, eu não deveria ser mais que dois anos mais velha que ele. Ou seja, sem motivos para alarde, ou alguns motivos. Afinal, se sua falta de jeito não fosse por causa da diferença de idade, talvez um dos meus temores se confirmassem e, na verdade, o Park estava mais para o monitor que não sabia formular mais que duas frases na frente de uma garota do que o universitário "'pegador" que meu irmão tentou me vender, mesmo que eu não estivesse interessada por nenhum dos opostos.

— Tudo bem, vamos juntos. Melhor do que ficar aqui sozinha encarando a rua... — disse realmente em dúvida se aquele era o melhor conjunto de palavras, mas a forma que ele sorriu discreto me indicou que talvez, bem talvez, eu estivesse indo bem, nota 7,5 para Chung-Hee até o momento. Na média.

Não deixei espaço para que Jimin pagasse o meu matcha latte e tentei não comparar o seu pedido, um buble tea de pêssego com bolinhas de tapioca, com o iced coffee sem açúcar do "falecido", que estava vivíssimo nas minhas digressões e, especialmente, na parte do meu cérebro que fazia as comparações. Hoje, o fantasma parecia vivo como nunca.

Voltamos à mesma mesa que cativei para nós no andar de cima e o silêncio esquisito de "dates de primeira viagem" logo foi substituído por uma śerie de perguntas que poderiam ser confundidas com uma entrevista de emprego, ou um interrogatório. Apesar de não adorar ser o assunto principal, não era como se eu fosse só mais uma no banco dos réus. Até que me sentia confortável em responder e, mais que isso, eu sabia exatamente como era estar no lugar de quem quer saber.

  — Então, por que sociologia?  — quando entramos no assunto sobre carreira minha mente deu um giro de 360 graus, ou melhor, atravessou as barreiras do tempo para me lembrar, sem que eu tivesse dado autorização, sobre uma conversa que já tive com alguém que o nome não precisa ser mencionado para que seja (ainda mais) lembrado, me fazendo questionar se ele não era uma espécie de Ikiryou, aquela lenda japonesa sobre fantasmas de pessoas de vivas, em que as almas saem de seus corpos só para atormentar outras pessoas.

Certamente esse era o caso de Taehyung, me atormentando de olhos abertos.

Então, me conta... O que fez você querer ser saxofonista e não cantor de k-pop? — lembro-me de perguntar curiosa, fazendo com que seu sorriso se rompesse em uma gargalhada. Na época, eu queria saber tudo sobre ele, não queria deixar nenhum detalhe passar. Era a tal síndrome do amor total, eu queria ser tudo para ele e queria que ele também fosse para mim, mal eu sabia que tudo é demais, excede e transborda.

Mas, Chunnie, k-pop? Eu não sou tão bonito assim... na ocasião, ele segurava duas taças de vinho na mão com um sorriso nos lábios que se transformou em uma careta, suas mãos envolviam as taças com cuidado, uma diferente da outra, as duas únicas que ainda não tinham quebrado no meu antigo apartamento. E enquanto o vi aproximar-se eu só conseguia pensar como podia ser tão bonito assim?

Ele me estendeu a maior taça, lembrando que eu sempre dizia que era melhor para decantar o vinho e mais de perto vi as ruguinhas que se formando próximas aos seus olhos com a satisfação que viu na minha expressão quando recebi a taça que queria. No fundo, era menos sobre a taça e mais sobre ele estar aos poucos gravando detalhes sobre mim nos nossos primeiros meses de noamoro.

Não é bonito? Você... Não diga coisas só para que eu te elogie! sua risada grave tomou conta do pequeno cômodo mais uma vez e minha mão pousou sobre a camiseta preta de algodão macia que você vestiu depois de tomar banho no na minha casa. Passamos aquele dia todo juntos, eu lembro. Acordamos tarde, tomamos um café da manhã demorado, deitamos no sofá preguiçosos, almoçamos no restaurante que ficava no final da minha rua, cochilamos depois do almoço, assistimos um filme e agora estávamos ali ouvindo uma música e bebendo vinho, enquanto o nosso sushi não chegava.

Eu simplesmente adorava dias assim, em que todas as horas eram nossas e que poderíamos esticá-las de forma preguiçosa, do nosso jeito. Eu estaria mentindo se dissesse que não sinto saudade disso.

Ele é a minha maior inspiração, por isso Trane Quartet... disse depois de brindarmos, fazendo referência a música que ouvíamos. Eu sei que você deve estar pensando o que um saxofonista da década de setenta tem a ver com um sul-coreano de vinte e quatro anos, mas música é isso... É como amor, rompe todas as barreiras culturais e temporais... E fala só uma língua.

Agora, avaliando em perspectiva, Taehyung às vezes dizer frases que, de tão clichês, pareciam prontas. Mesmo que hoje soe piegas demais, não consigo deixo de me abalar com a memória, precisando ser chamada para que voltasse do plano das menórias para o plano terrestre.

Noona, tudo bem? — aquele que estava presente de corpo e alma disse, me resgatando do passado. Olhei para os olhos confusos a minha frente e tive certeza de que o meu primeiro encontro depois de quase um ano estava sendo assombrado por um fantasma com nome e sobrenome.

Maldito ikiryou.

Bebi um gole generoso, acabando com o resto da minha bebida, e decidi devolver a pergunta, já que não havia me alongado na resposta. Por enquanto, estava de bom tamanho Jimin entender que eu e SeokJin vínhamos de uma família de acadêmicos, fruto de um casamento que nasceu em uma conferência de Ciências Socias, quando meu pai decidiu assitir à exposição do painel da minha mãe e deixá-la furiosa com as suas provocações ao final. Deixei de fora, para não pesar tanto a conversa, todas as pressões e ansiedade que esse histórico familiar me causavam, ainda mais agora que estava no processo de escrita da minha tese de conclusão curso. Do último assunto, por outro lado, não conseguiu escapar. Afinal, é a sina de todo concluinte criar correlações de qualquer coisa com o seu TCC, e eu não era diferente.

— Nossa, eu tenho medo só de ouvir a sigla "TCC". — Jimin gargalhou enquanto se equilibrava no meio-fio da calçada estreita.

Depois quase uma hora de conversa dentro do café, decidimos dar uma volta pelas ruas da Hanok Village, com as suas casinhas tradicionais preservadas e moradores rabugentos que faziam com que tomássemos ainda mais cuidado com o nosso tom de voz.

— Eu tinha pensando em fazer sobre modernidade líquida, aceitação estética e medo... Mas o seu irmão não gosta tanto dessas coisas de pós-modernidade... — Jimin deu de ombros, mesmo que parecesse estar disposto a mudar seu tema só para se adequar à linha de pesquisa do meu irmão.

—  Hm, você poderia ser orientado pelo Hoseok... — comentei interessada no seu tema e, finalmente, nele. Além de ser muito atencioso, Jimin não era só um universitário "padrão" que tinha como foco esportes, bebedeira e calouras. E talvez não fosse nada disso, mas ainda era muito cedo para dizer.

— Você quer dizer, o Professor Jung? — por um momento, me esqueci de que Hoseok não era o melhor amigo do irmão de todo mundo e sim um professor universitário respeitado, o que me fez rir de forma anasalada e assentir com a cabeça. — Sabe que pode ser uma boa ideia, Chunnie...

E, felizmente, ele havia parado de me tratar de maneira tão formal.

Em uma de suas peripécias, se equilibrando no meio fio, ao passar por uma calçada estreitíssima, Jimin tombou de forma desajeitada, quase caindo sobre mim e causando gargalhadas mútuas. Paramos de rir, contudo, quando notamos o desequilíbrio nos colocou próximos o suficiente para que eu sentisse minhas bochechas esquentarem. Jimin sorriu sincero e deixou seus olhos nos meus por alguns segundo para repentinamente voltar  a andar na minha frente como se nada tivesse acontecido. De fato, nada aconteceu.

Não por fora, mas por dentro eu senti um incômodo e supûs que talvez fosse o meu coração querendo sair.

Jimin me deixou em casa e pediu autorização para me abraçar e me beijou na bochecha. Ainda assim, nada aconteceu.

Ao menos nada que pudesse ser visto aos olhos. Por fora, eu não movi os braços e deixei que ele encorroscasse os seus em volta da minha cintura e o beijo foi rápido na minha bochecha esquerda. Eu não fui capaz de retribuir, mas agradeci pela companhia algumas vezes antes de entrar na portaria do condomínio.

Por dentro, contudo, eu estava petrificada. Meu coração parecia ter parado de bater por alguns segundos, totalmente desacostumada com essas proximidades e possibilidades. Entrei em casa e, felizmente, Jin e Chaeri haviam saído para fazer compras, o que me permitiu ir para o meu quarto sem ter que dar nenhum feedback sobre a tarde de hoje, ao menos por enquanto.

Deitei na minha cama e encarei o teto, o coração ainda apertado, a garganta seca, indicativos que estava prestes a chorar. Respirei fundo, mas não adiantou, eu já estava chorando e não importava o quão legal tinha sido ver o pôr-do-sol conversando com Jimin, ou quantas gargalhadas ele tinha roubado de mim, eu sabia que para viver aquilo, mesmo que em partes, pouco a pouco, eu teria que cruzar uma linha invisível aos olhos que, aparentemente, só o meu coração tinha a codificação para transpassar: o medo de me apaixonar de novo.


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notas

ikiryō (生霊), é uma lenda japonesa em que se acredita que se alguém mantém um rancor suficiente por outra pessoa, uma parte ou a totalidade da sua alma pode temporariamente deixar o seu corpo e aparecer perante o alvo de seu ódio, para jogar-lhe uma maldição ou prejudicá-lo. Acredita-se também que as almas saem de um corpo vivo, quando este está muito doente ou comatoso, tais ikiryō não são mal-intencionados. (fonte: Wikipédia). Há uma explicação fantástica, além de referências dessas "criaturas" na literatura japonesa no livro "Kafka à beira-mar" do Haruki Murakami. Eu não me recordo a página, mas está mais para o meio/final do livro (estamos falando de um livre de mais ou menos 500 págs.! haha). Super recomendo a leitura!

TCC (Tese de Conclusão de Curso): trabalho acadêmico apresentado, geralmente, ao final de uma graduação
como requisito obrigatório para conclusão do curso (nem para todos os cursos é obrigatório, ex. medicina).

Hanok Village: " Aldeia Hanok de Bukchon é uma aldeia tradicional coreana com uma longa história localizada entre os palácios Gyeongbokgung, Changdokkgung e o santuário real de Jongmyo. A aldeia tradicional é composta por lotes de becos, hanok e é preservada para mostrar um ambiente urbano de 600 anos" (Fonte: Wikipedia).

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hello lovers 💞

passando para desejar um feliz ano novo para todxs! Meu desejo é que vocês sejam felizes no agora. Muito muito amor e saúde, o resto a gente corre atrás!

Trouxe como resolução de ano novo me dedicar mais às coisas que eu gosto e que são importantes para mim, e isso inclui a escrita. Por essa razão, decidi desengavetar esse capítulo e já seguir para os próximos. Então, simmmm... nos vemos em breve!

Não esqueçam de deixar um votinho e o comentário para incentivar a autora, combinado? 

Beijos da Maria 💖

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