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Ally Brooke

Mordo os lábios nervosa com a pergunta do amigo de minha pequena, então, apenas dou de ombros, percebendo que terei que improvisar para não passar vergonha em Mila.

- Estou treinando para ser mãe novamente... Amo bebês, então... Por que não?- Ofereço um sorriso um tanto forçado ao mentir, observando minha menina relaxar visivelmente.

- Ah sim... Camila é uma ótima amiga, isso significa que a senhora e suas esposas fizeram um bom trabalho.- Elogia o menino com simpatia se colocando de pé.- Obrigada pela recepção e por me deixar ver Camila senhorita, mas, agora preciso ir... Não quero deixar minha mãe preocupada.- Comunica me encarando os olhos e sorrio para tanta educação.

Pelo menos minha menina sabe escolher suas amizades.

- Ah que isso... Eu que agradeço por se preocupar com minha filha, Camila tem sorte por te ter como amigo.- Retribuo os elogios ao que vejo o mesmo se despedir da colega com um abraço.- Venha mais vezes, para um almoço talvez?

- Ficaria muito grato.- Agradece novamente sendo educado e me apaixono por seu jeitinho respeitoso.

- Te levo até a porta.- Ofereço com carinho, vendo que se depender de Camila, a mesma deixa o menino plantado no meio da sala para o resto da vida.

- Sim, obrigado.- Aceita com gentileza, se virando uma última vez para minha filha.- Fique bem Mila.- Deseja em tom carinhoso e logo o encaminho para a porta de entrada da casa, onde o mesmo se retira se despedindo de mim com um beijo na bochecha.

Volto para dentro de casa, ainda com a mamadeira de suco de laranja em mãos e vejo minha bebê me encarar com cara de poucos amigos.

- Que merda você tem na cabeça Ally? Ele viu a mamadeira, reparou em minhas roupas, ele podia muito bem descobrir o que acontece aqui!- Grita a menina, sentindo a garganta arder ao falar mais alto do que realmente podia.

- Olha esse tom de voz... Não grite com a mamãe.- Peço com carinho me sentando a seu lado no sofá.- Sei que fui bastante descuidada ao trazer a mamadeira, me desculpe.- Olho em seus olhos, mostrando que sou sincera ao pedir.- Mamãe não queria te deixar com vergonha.

- Queria o que então? Ele podia descobrir Ally... E já basta tudo que você e suas esposas tiraram de mim... Minha reputação é a única coisa que me resta além dos muros dessa casa.- Volto a morder os lábios com sua resposta, triste, por saber que em parte há verdade em suas palavras.

- Já faz um ano Camila, quase dois... Pensei que agora gostasse daqui agora, de suas mães, de mim!- Expresso o que sinto em forma de palavras, e acabo por falar um pouco mais alto do que o hábitual.- Eu tô tentando ser uma boa mãe para você... Ser o que a sua não era e...

- Não se compare a ela Ally!- Sou interrompida pela mesma, que também não abaixa o tom.

- Essa família aqui... É tão ruim assim pra você? Eu sei que Normani passa do limite as vezes, mas, somos tão ruins assim?- Pergunto chateada, abaixando a cabeça, sem forças psicológicas para continuar a lhe encarar.

- Claro que não Ally...- Sinto suas mãozinhas pequenas agarrarem as minhas com carinho, e não entendo sua reação.- Você não se compara a minha mãe biológica, porque a mesma não chega nem a seus pés no quesito maternidade.- Sinto afeto disfarçado em seu tom, e volto a subir o olhar, totalmente surpresa com sua resposta.- Eu não gosto de muitas coisas dentro dessa casa... Mas, vocês estão tentando me proporcionar a infância que eu nunca pude ter.- Admite aproveitando talvez para desabafar, então passo a ser "todo ouvidos".- Nunca recebi tanto carinho em minha vida. Ok... às vezes me sinto muito sufocada, mas, é bem melhor do que se sentir muito sozinha... Sei que estão fazendo o melhor que podem, e agradeço por isso, por pelo menos tentarem. A cada banho, a cada beijo de boa noite, e talvez até mesmo em cada tapa desferido em mim... Me sinto mais amada, protegida, e tudo graças a vocês, minha família.- Sinto amor em sua fala, e respiro fundo para não deixar sair às lágrimas presas em meus olhos.- Sei que não sou muito boazinha...

- Você é a melhor.- Abraço seu corpinho pequeno, trazendo a mesma para mais perto de mim e sinto minha primeira lágrima descer, ao que também sou acolhida por seus bracinhos.

Ficamos alguns instantes assim... Ela praticamente ajoelhada em cima do sofá, me abraçando apertado. Sei que o começo com minha baby não foi o melhor... Mas, não mudaria minha atitude ao tirá-la da mãe. Prefiro ver Mila sendo minha criança, do que tê-la sendo puta de bordel barato.

- Ok... O que eu perdi?- Escuto a voz de Mani se fazer presente, quebrando o momento "mãe e filha" que tínhamos ao fazer Camila se soltar de mim; disfarçando que tem sim sentimentos.

- Não perdeu nada Mommy.- Responde nossa baby se pondo de pé e indo até minha namorada, levantando os braços ao estar próxima da mesma, em um pedido mudo de colo.

- Aquele amigo bonitinho dela veio aqui.- Conto limpando os resquícios de lágrimas do rosto, observando o momento em que Normani puxa nossa filha para seus braços.- Ele ficou preocupado por nossa filha não ter ido para o colégio.- Exponho o fato sem relevância, e vejo o rosto de minha pequena se tornar vermelho

- Mamãe!

- Devo me preocupar com esse rapaz mocinha?- Observo a morena perguntar, sem deixar passar despercebido a calma em seu falar.

- Não Mommy...- Responde a adolescente revirando os olhos para a pergunta de Mani.

- Qualquer coisa, você pode me falar bebê. Pego uma faca e corto rapidinho o negócio dele...

- Mommy!- Repreende a menina que fica mais corada a cada momento.- Ele é gay!

- Estou brincando minha princesa, está na cara que ele é gay.- Confessa a mulher gargalhando da pequena em seus braços.- Se sente melhor? Parece que a febre está voltando...- Fico em alerta com o que a mesma fala e me aproximo das duas em passos rápidos.

- Me deixe ver.- Coloco as mãos sobre as bochechas vermelhas de minha filha e noto como novamente sua temperatura volta a subir.- Parece que você está certa meu amor...- Concordo entortando a boca, já sabendo o que terei em resposta.

- Se não melhorar vamos levá-la ao médico ok?- Concordo com a cabeça, observando o medo nos olhos de nossa menina.

- Fique tranquilo querida, vai ficar tudo bem.- Afirmo passando as mãos em suas costas como carinho.

- Não quero ir ao médico mamãe...- Confessa fazendo bico e concordo com a cabeça, sabendo que é um medo bobo.

- Eu sei meu amor, mas, caso não melhore vamos te levar e você irá se comportar direitinho, sim?- Pergunto com afeto e a mesma concorda sem pestanejar; provavelmente por estar na presença de Normani e saber que a mesma não é tão mole quanto eu para pirraças.- Isso mesmo bebê, vem com a mamãe... Preparei um suquinho bem gostoso de laranja.- Mostro a mamadeira cheia, coisa que certamente lhe atrai a atenção.

Pego minha menina nos braços com bastante dificuldade, mesmo com a ajuda de Normani, e a levo de volta para o sofá, onde me sento mais a vontade e seguro a mamadeira presa entre os lábios de minha baby; que suga sem fazer barulho, aproveitando o conforto de meu colo.

Não quero irritar minha menina, mas... Cuidar não é machucar. Então, caso a febre não deixe seu corpo, terei que concordar com Mani e levá-la, nem que seja a força, para nosso médico de confiança.

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