10:[Estou aqui]
KIRA MARSHALL
"'Pera aí, que horas são?" Kai mandou alguns fios de cabelo para a nuca.
Bufei antes de me sentar em cima da sua cintura fina. "Quase 16:30, porquê? Estás com ideias de ir para a aula?" Mordisquei de novo os seus lábios carnudos.
"Bem, sim."
"Ah, está bem. Preferes a escola do que a tua própria namorada!" Saí de cima dela. "Bom saber!" Peguei na minha camisa branca e vestia. "E eu com ideias de te comer agora." Sussurrei com um sorriso safado no rosto. Mesmo sem olhar para ela, pude senti-la corar. Kai pegou o meu pulso e puxou-me de novo. Obrigando a queda na sua cama.
"10 minutos não fazem mal a ninguém...!" Agora foi a sua vez de se sentar em cima de mim. Naquela posição podia ter a visão mais bela de todas. Kai estava apenas coberta pelo meu casaco felpudo branco e com a sua típica lingerie negra. Esta menina podia ser modelo. As suas pernas puras e finas circundavam a minha barriga, as suas mãos estavam sobre os meus ombros e a sua cara estava perto da minha.
Dois anos com estava gostosura...
"Ainda bem que pensas assim, meu doce" Encostei os meus lábios aos dela enquanto o sinal tocava bem alto. Isso não nos incomodava. Há medida que os segundos passavam, o beijo tornava-se mais quente e selvagem. Empurrei a alça esquerda do seu sutiã, porém ela voltou a subi-lo. Rosnei pelo seu ato.
Sentei-me com ela ainda no meu colo e agarrei as suas pernas, deixando-as vermelhas com a força. Parei com o beijo e ataquei o seu pescoço, fazendo com que ela apertasse a minha cintura. Sem que ela percebesse, tirei o elástico que prendia o seu tufo de cabelo negro e muito encaracolado. Sabia que aquele ato a enfurecia demais. "Que brochante..."
"Eu não, ainda estou com uma tesão com esse cu em cima de mim." Mordi a curvatura do seu ombro. Ela puxou-me os cabelos e afastou os meus dentes da sua pele.
"Não vai ficar mais!" Saiu do meu colo e tirou o meu casaco, deixando-me incrédula.
"Kaaai, vá lá. Não deixe a mamã assim!" Choraminguei. Sem poder fazer nada, via vestir a saia do colégio por cima das meias negras. Ela estava de costa de propósito e vestia-se sensualmente só para me deixar louca. "Amor..." Abracei-a por trás e tentei apanhar um pouco do seu cheiro, o que era impossível, infelizmente. Já com a camisa e a sweater vestida, ela virou-se para mim e entrelaçou os braços no meu pescoço.
"Nossos dez minutos acabaram." Abriu um sorriso desafiador e vitorioso, antes de beijar a ponta do meu nariz.
"Estás-me a dever esse teu lindo rabo." Larguei-a e acabei de me vestir, pus a mala nas minhas costas e seguimos até à aula.
Os corredores estavam vazio, apenas o som de professores a gritar o preenchiam. Dei-lhe a mão e pu-la no bolso do meu casaco. Olhava para ela, pelo canto do olho: tão sossegada quanto a conhecia. Não mudou nada, mas eu não me importava com a sua timidez. Amo-a de todas formas.
Ela bateu à porta da nossa sala. Quando ouvimos um sim, separamos as nossas mãos e entramos na aula. Senti falta do calor da pele dela. Sentei-me no meu lugar, na primeira fila, e a Kai foi para o seu, uma carteira atrás.
Pus a mão que outrora estava colada à da minha menina dentro do mesmo bolso, na tentativa de preservar o pouco calor que ainda estava fixo na pele. Tínhamos este ato desde o começo da nossa relação.
Relação que eu pensei que nunca iria encontrar.
Foi ela que me pediu em namoro há 2 anos. Foi ela que deu o primeiro passo, e foi ela que disse que gostava de mim. Nunca previ que uma rapariga tão inocente, tão doce e tão gentil, podia amar uma menina com maus hábitos, diabólica e pervertida.
Afinal, os opostos atraem-se.
Este relacionamento mudou-me completamente. Aprendi a amar alguém e amar-me a mim mesma, coisa que não fazia. Ela viu alguma coisa em mim, que nem mesmo eu sabia que tinha. Agradeço todos os dias à Lua por ma ter dado. Acredito que sem ela, não estaria aqui, sentada a não ouvir a professora de Biologia. Devo-lhe a vida.
Amo-te, Kai.
🌑🌒🌓🌔🌕🌖🌗🌘🌑
TERA MARSHALL
"Queres um?" Max entregou-me uma bolacha caseira. Agarrei-a com cuidado e levei-a à boca. Não era necessariamente o que queria, mas servia para descontar parte do meu nervosismo.
Estávamos a apreciar o por do sol, na bancada mais alta do campo de futebol. Era eu, o Max, e a Camoren. Ela estava deitada em cima de mim, com as barrigas coladas uma na outra. Fazia carícias no seu couro cabeludo escuro. Max estava sentado ao pé de nós, a tocar na sua guitarra acústica, enchendo o ar com uma melodia calma, acompanhada por alguns murmúrios dele. Era o nosso vício.
"Queria era um cigarro."
"Também eu..." A mão da Camoren encontrou a minha.
Havia pouco vento e ainda havia alguma humidade no ar. Embora eu apreciasse mais o Sol e o calor, aquilo estava a me acalmar bastante. Acabei com a bolacha de chocolate e voltei a por a minha mão na cintura da Camoren.
Ficamos assim por mais alguns minutos, antes de voltarmos para os corredores da escola. Não teríamos mais aulas hoje, mas tínhamos de ficar dentro da escola. Apesar de já ter dado todas as voltas que pretendia dar, ainda queria estar do outro lado dos portões.
Camoren rodeava a minha cintura com o seu braço, enquanto eu tinha o meu por cima do seu pescoço fino e branco. Max caminhava à nossa frente, dizendo às pessoas que o "casal maravilha" estava a chegar. Casal maravilha. Não podia dizer que estava triste com este relacionamento, porque, até que, a Camoren me satisfaz a todos níveis, mas não assumia que éramos uma maravilha ou o melhor casal da escola. Tínhamos os nossos defeitos.
"O Omega não é aquele?" Uma menina apontava para trás de mim. Virei-me.
Era ele.
Ele estava um pouco distante de mim com o capuz da sua camisola a tapar os seus cabelos ruivos, concentrado nalguma coisa no seu cacifo.
Ele não estava bem.
Podia dizê-lo só pela sua postura.
Ariel...!" Tirei o braço de cima do braço de cima do corpo da Camoren e apressei o passo até ele.
Incrédula, pegou no meu braço com força. "Então!" Resmungou.
"Larga-me, Camoren!" Puxei o meu braço. Quando olhei para o cacifo do Ariel, ele já não estava lá.
"Vais onde?" Perguntou depois de eu sair do seu espaço pessoal e tentar encontrar o ruivo com o olhar.
Onde foste, Ariel...
Corri contra a corrente de gente que estava naquele corredor largo. Empurrava pessoas e nem sequer pedia desculpas. Algumas delas perguntava o que se passava ou se era maluco, mas em ignorava, completamente. O meu foco, de repente, direcionou-se aos caracóis dele.
Acelerei ainda mais o passo, quando captei de novo o seu capuz cinzento. Estava cada vez mais perto. "Ariel!" Chamei-o. Ele simplesmente olhou para trás com os olhos inchados e seguiu caminho até sair do colégio. Quando sai pelas portas do edifício, já ele estava a entrar no dos dormitórios. Ele estava quase a correr, pela velocidade que ia. Já ia ofegante, quando o vi virei à direita, em direção ao seu dormitório.
Ele estava do seu corredor, e sabia se ele entrasse no seu quarto, não tinha como falar com ele. Conhecia-o o bastante para saber que ele ia se trancar.
"Caramba, Ariel podes parar de fugir e falar comigo?!" Exclamei quando o vi por a mão na maçaneta. Ele não se atreveu a olhar para mim, apenas fechou os olhos com força e virou a cabeça. "Podes me contar o que aconteceu?"
""Eu n-não posso contar. N...Não insistas por favor!" A sua voz sucumbia na minha frente, estava cada vez mais frágil. Ariel tirou a mão na maçaneta e afastou-se da porta, olhando para o lado inverso ao meu.
"E porquê? Porra, faltas ao treino e às putas das aulas, e não queres que fique preocupado contigo?" Vi as lágrimas a cair dos seus olhos e o seu corpo se encolher nos tornozelos. Não, não, não. "H-hey, desculpa ter falado assim." Agachei-me perto dele, ficando da sua altura. Ouvia pequenos múrmuros dele, mas não consegui perceber no que consistiam. "Desculpa. Não era a minha intenção deixar-te assim." Estúpido, Tera, estúpido!" Não queres entrar no quarto? Estávamos mais tranquilos."
Assentiu.
Entrámos.
Acabei por abraçá-lo, sentido o seu corpo tensar no mesmo instante. Alguns segundos depois, acabou por relaxar e corresponder. Com essa permissão dele, encostei a minha cabeça na curvatura do seu ombro e pousei as minhas mãos um pouco acima da sua cintura.
Aquele afeto durou o tempo suficiente para que ele acalmasse o choro e formar um pequeno sorriso. Lentamente, fomos nos separando, e eu tentava decifrar o que aqueles olhos tentavam-me dizer em silêncio.
"Melhor?"
"Tha."
ARIEL MURPHY
Aquela foi a gota de água para que as minhas forças ruíssem. A dor que me devorava por dentro era incontrolável. Queria tanto contar tudo, desabafar, tirar isto tudo de mim, mas a ameaças dele abafavam toda essa vontade. Não queria que nada acontecesse com o Tera, mas eu não podia continuar assim. Já sofri durante 16 anos, não ansiava sofrer mais. Tudo o que tinha de fazer era confessar.
"Ariel, sê sincero comigo, está bem? Porque me pediste para tirar de casa?" Ele olhou diretamente para mim e os meus olhos começaram a ficar cristalizados.
"Promete-me que não contas a ninguém." Sentei-me na minha cama e suspirei com a cabeça baixa. Quando voltei a olhar para ele, concordou com o meu pedido.
É agora.
Respira.
"Começou quando eu tinha dez anos." Iniciei, depois de o ver agachar-se na minha frente, pondo as mãos sobre os meus joelhos. "Desde o dia em que a minha mãe decidiu fugir do meu pai e deixar-me sozinho naquela casa, com aquele monstro." As lágrimas desciam sem a minha permissão ao me relembrar dos seus cabelos. "Ele batia-nos sempre. Fazíamos o que ele mandava, mas havia sempre algo e-errado.
"O quê...?" As suas mãos vieram à boca.
"E, claro, isso não mudou mesmo depois da minha mãe me abandonar. Apenas...piorou." Eu já chorava em demasia, tentado encontrar as palavras certas. "Eu faço sempre tudo o que ele pede. S...sempre. Fico dias sem comer, fico dias sem tomar banho, fico dias a não lhe chatear a cabeça, mas apenas por estar na mesma divisão que ele, era o suficiente para ser alvo da sua raiva." A minha respiração já estava destabilizada à que tempos. "Ele bate-me com as cervejas, prend—prende-me na arrecadação, queima-me com os seus cigarros." Levanto uma das mangas da camisola e revelo algumas das marcas redondas provocadas pelas queimaduras.
"M-Minha Lua..." Ele tocou no braço, fazendo com que eu soluçasse mais.
"Tera, e-eu não aguento mais..."
Caio nos seus braços, já sem forças no meu corpo para suportar tanta angústia. Ele abraça-me com força e sinto o seu lábio tremer contra os meus cabelos. Tudo em mim ruboriza de calor e aflição pelo toque e pelo futuro. Apenas aperto-o mais os meus braços aos seus ombros e respiro o seu perfume a laranja.
"Temos de contar ao meu pai, Ariel."
"Não, não, não, não, Tera, ele matava-me!" As palavras saiam de mim sem a minha permissão. Já as sabia de cor: Se eu sonho que a polícia aparece à porta, parto cada ossinho do teu corpo.
"Eu não deixo." Garantiu, afastando o seu rosto do meu. Ele chorava. "Se contares ao meu pai, ele de certeza que te tira de lá." Disse enquanto tirava o meu corpo de cima do seu e, de joelhos, limpava as minhas lágrimas com o polegar. "E se não conseguires dizer, eu digo, Ariel. Eu estou aqui para ajudar-te. Deixa-me ajudar, Ariel, por favor. Não posso deixar-te viver assim!"
"Eu não quero que tenhas problemas por minha causa." Aperto a mão que ainda estava colada ao meu rosto.
"Eu não vou arr—"
A porta abriu de repente.
Max.
"Está aqui, pivete, sabe que é hora de jan— Ah! Eu sabia! Vocês dois, estav—"
"Nã--"
"Eu entendi, gente!" Ele fechou a porta devagar, sussurrando: "Isso aí, Ariel! Continue!"
🌑🌒🌓🌔🌕🌖🌗🌘🌑
"Amor, encontrei-te finalmente!" Camoren sentou-se no lugar ao lado do Tera. Estávamos sentados frente a frente, a jantar. Quando ela reparou em mim, soltou um pequeno sorriso, um sorriso falso. Max ao meu lado, riu-se da situação. "Onde foste?"
"Fui ao dormitório do Ariel."
"Porquê?"
"Porque sim."
"Fazer?"
"Falar com ele."
"Sobre o quê?"
"Camoren, já não estás a fazer perguntas a mais?"
Não. Eu preciso saber o que o meu namorado foi fazer no teu quarto?"
"Foi trair você." Max respondeu, com tom de gozo.
Tera riu-se ao ver a cara assustada da sua namorada. "Achas, Camoren? Confia em mim, minha Lua. Estive a tratar de um problema no computador do Ariel."
"O Ariel tem computador?"
"Camoren." Tera rosnou.
Bufou. "Desculpa. Mas, esta noite já estás reservado." Camoren passou com o dedo pelos lábios do capitão.
"Ai, estou?"
"Estás. Afinal, disseste que me recompensavas..." Max soltou todas as gargalhadas que contia.
"Se lascou."
"Mas...eu já tinha combinado com o Ariel de o ensinar a jogar PS4."
"Ai, tinhas?" Levantei uma sobrancelha.
"Tinha."
"Mas, querido--"
"Camoren..." Tera aproximou-se da orelha da namorada. Apenas consegui ver os seus lábios a mexer e o sorriso invadir a boca dos dois.
"Hm. Está bem." Camoren beijou os lábios do seu namorado e mordeu o nariz. "Adeus, amor."
"Adeus." Camoren saiu das nossas visões, deixando-me sozinho com dois Alphas.
Não me proibi de sorrir corado.
"A Camoren ficou insuportável quando você saiu. Dizia, "O Tera deixa-me assim, sem explicações! Já não quer saber de mim! Troca-me pelo Omega!"
"Porque é que ela me trata por Omega? É que eu tenho nome."
Tera acabou de comer e pôs os talheres em cima do prato. "Ela tem problemas com Omegas. Não a julgues." Levantou-se do lugar e pegou no seu tabuleiro, saindo de perto de nós.
"E aí? Como foi?"
"Os pegas!"
"Nós não nos..."
"Mas quer dar uns pegas nele!"
"Não..." Escondi a minha face rubizada no meu cachecol branco. Como ele tem tanta ousadia?!
"Nem se nota que está escrito na sua testa que o quer!"
"O quê?!" Se eu estava parecido com um rubi, agora eu estava um tomate.
"Você tem sorte, por ele ser cego no que toca a isto. Digo a sério, o menino é mais cego qu--"
"Sou mais cego que o quê?!" Antes do Max abrir a boca, levantei-me com o tabuleiro nas mãos e fugi daquela situação que -de certeza- se iria tornar constrangedora. Pus o chapéu em cima da minha cabeça e sai do refeitório. Senti um arrepio a subir-me na espinha quando notei o frio que estava. Max estava com uma t-shirt larga verde-tropa e com a sua sweater vermelha por cima dos ombros. Tera, no entanto, estava mais coberto, mas não tanto quanto eu.
"Tu não tens frio?!" Perguntei pondo-me perto deles.
"Eu sou uma brasa."
"Sim, sim, claro!" Tera riu-se. "Vê-se pela quantidade de meninas que tens atrás."
"Tenho algumas na fila, mas só tenho uma no meu coração: Zoe Smith."
"Max, ela não te deu atenção até hoje."'
"Quem é?"
"Uma das amigas da Camoren. Ela é a louca aqui do grupo." Max deu um estalo na nuca do Tera, que quase não caiu para a frente. "A-Au!"
"Ela não é louca. É fofa da maneira que é!"
Nesta conversa toda, tínhamos chegado a um dos dormitórios desconhecido por mim. Ficava no segundo andar do prédio. Quando a porta abriu, foi revelado um quarto um pouco maior que o meu, com paredes trajadas de cinza com vários pósteres e prateleiras de madeira. A cama estava no canto direito do quarto, e a televisão considerada moderna estava na sua frente, a alguns metros de distância. O chão era coberto por um tapete branco felpudo, com comandos de consola espalhados.
"Wow." Foi o que consegui dizer.
Ao entrarmos no espaço, um cheiro forte a Alphas inundou as minhas narinas, o mais, obviamente era o do Tera, mas o do Max e da Camoren também eram presentes.
"Descalça-te." Tera ordenou-me. Senti os meus pés frios, no momento em que tirei as minhas sapatilhas velhas e sujas. Os dois rapazes sentaram-se no tapete e ligaram a televisão e a consola e eu continuava em pé, pasmado com aquilo que estava a acontecer.
"Você está bem?" Max tocou-me na perna. "Pode-se sentar, se quiser."
"Estou." Sentei-me ao pé deles, um pouco afastado.
"Estás bem?" Tera virou a cabeça para mim e olhou-me com preocupação. Sabia que ele estava a tocar naquilo.
"Sim..." Abri um sorriso, que se logo desfez, quando senti uma mão gelada no meu tornozelo e ser puxado para a frente, ficando entre eles.
"O que queres jogar? Tenho Fifa, Call of Duty, Need For Spead".
"Escolhe Call of Duty" Max sussurrava no meu ouvido.
"Call of Duty."
E foi o início de uma longa noite, diferente de todas as outras que alguma vez já tive. Estava rodeado de amigos verdadeiros, com um comando nas mãos, a jogar pela primeira vez um video-game, envolvido com gargalhadas causadas pela minha má jogabilidade -e mais importante, com um peso enorme tirado de cima de mim-.
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