Vegas nunca imaginou que um dia iria ficar incomodado com o silêncio que fazia na sua casa. Normalmente  tinha o som alto com músicas obscenas que ele fingia não saber sobre o que falavam para o bem da sua sanidade mental, seu marido e filha brigando no dialeto do sul, ou eles murmurando para si mesmos pelos cantos da casa, ele sentia falta até mesmo de Porsche e Khun invadindo a sua casa para levar o seu marido pra deus sabe onde pelo simples fato de que somente Pete poderia entender seja lá o que eles tenham em mente.

Seu mau humor só piorava, junto com a sua frustração por saber que não poderia realizar o seu desejo de tomar um banho quente e logo depois poder ser mimado pelo esposo. Pete estava em uma viagem de negócios junto de Porsche e Venice.

Depois de tudo Porsche e Pete se uniram para unificar as duas famílias, ambos já sabiam como funcionava quase tudo relacionado as duas família e quando Kron cometeu o erro de falar que Venice e os gêmeos deveriam ser preparados para a tradição da família Teerapanyakun ele nem teve tempo de pensar de onde veio o golpe.

Quando ele e Kinn conseguiram raciocinar o que tinha acontecido e o porquê, a única resposta foi somente que ninguém iria foder com a cabeça de seus filhos.

Afundando na sua cadeira de couro, passou os olhos pelo seu escritório que estava sendo iluminado pela luz da tarde, em um dos sofás estava o gato gordo e preguiçoso da sua filha quase passando despercebido com os pelos brancos se misturando com o branco do sofá,as paredes tinham algumas pinturas que foram escolhidas por Pete quando ele resolveu redecorar a mansão, na sala tinha estantes repletas de livros que apenas ele e Venice gostavam, seus olhos focaram nas várias fotos de família que tinha na sua mesa e espalhadas pelo escritório, a grande parte era somente fotografias de Pete e Venice que mostravam como eles evoluíram com o passar dos anos, algumas tinham os três juntos ou acompanhados de Macau.

Sua foto favorita foi tirada por ele mesmo no dia do seu casamento, nela Pete estava sentado vestido em um lindo terno branco feito sob medida e em seu colo estava uma Venice em seus quatro anos com um lindo vestido azul claro e uma coroa de flores enfeitando os cabelos negros que caiam como seda sobre os ombros, ambos tinham sorrisos que só os deixavam ainda mais adoráveis.

Ele conseguia lembrar desse dia vividamente como se tivesse acontecido a poucos minutos, não a quinze anos atrás. Os detalhes da cerimônia eram simples borrões em suas memórias, já que o  seu foco em tudo foi somente para memorizar o quão bonito e brilhante seu Pete estava no dia mais importante da sua vida.

Ao lado da foto de Pete e Venice no casamento, tinha a foto de Venice em seus seis anos junto com o cachorro da família, Macau tinha tirado no dia em que resolveu que seria um presente maravilhoso dá um filhote para a sobrinha.

Na foto Venice tinha um grande sorriso que mostrava a falta de um dos dentes da frente, suas bochechas estavam coradas, seu cabelo tinha uma trança em forma de tiara e em seus braços tinha um pequeno cachorro marrom com um enorme laço vermelho no pescoço. Ele lembrava da animação da garota enquanto andava pela feira de adoção ao lado de Macau e tinha tropeçado no filhote quando ele fugiu do cercadinho, segundo ela o filhote tinha escolhido ela para ser sua dona.

Essa crença sobre o destino vinha da vovó Jie, depois da primeira visita, a família de Pete organizava pelo menos duas viagens no ano para que Venice pudesse ficar na ilha por algumas semanas. Vovó adorava levar Venice para uma cartomante para ter sempre a certeza que o futuro de sua neta sempre seria brilhante.

A moldura seguinte o fez relembrar o motivo do seu mau humor, nela estava a fotografia mais recente que Pete resolveu adicionar no seu escritório, nela estava ele e Venice ambos estavam esparramados na grande cama que tinha no seu quarto, o gato preguiçoso estava no colo de Venice enquanto ela estava lendo um livro. Nesse dia ambos estavam fugindo de Tankhun e suas ideias malucas, quando o marido tinha plantões ele sempre procurava por alguém para ocupar o seu tempo, normalmente os escolhidos eram Porsche e Pete, em último caso Venice, para o desespero de Venice seu pai e padrinho não estavam disponíveis para ser a distração de seu outro padrinho.

Com Porsche e Pete em uma viagem de negócios de última hora, Venice teve que pedir a sua ajuda para fugir do furacão Tankhun. Ele conseguia se solidarizar com a sua filha, no dia a dia  era somente os três, a maior fuga de realidade que eles tinham eram quando visitavam a ilha, apesar de amar a animação, pra eles sempre acabava sendo um pouco demais para suportar, o máximo de agitação que a sua família enfrentava normalmente era as discussões sobre o curry de Bangkok não ser temperado o suficiente ou ele disputando atenção de seu marido com a filha.

Olhando para a foto ele entendia o porquê Porsche e Tankhun reclamavam tanto por Venice ser sua cópia  versão feminina. Venice tinha os cabelos negros e lisos, seus traços faciais eram idênticos aos seus, a única diferença era a delicadeza dos traços de Venice, era impossível negar os genes Teerapanyakun.

Para muitas pessoas Venice sempre tinha sido uma miniatura sua, apesar de todas as semelhanças, Venice se parecia muito mais com  Pete. Desde o sorriso fácil até o coração mole que ajudaria qualquer pessoa independente da situação, ou a mania de murmurar para o nada é conseguir a resposta.

Saber que sua filha sempre era amada e querida por todos em todos os  lugares que ela iria deixava seu coração e mente tranquilos, por saber que ele era melhor que o seu pai, que não tinha falhado e que Pete sempre esteve ao seu lado.

Sua filha ser um pequeno raio de sol nunca tinha lhe dado nenhum sentimento ruim, não antes de perceber que sua filha não era mais uma garotinha.

Ela não fugia mais para os pais quando tinha um pesadelo, nem criava histórias onde a mansão era um reino antigo em que ela era uma princesa que mandava em tudo e todos, e o seu cachorro era o seu dragão-guarda-costa.

Agora ela  era uma mulher que estava se preparando para assumir o posto de líder da família Teerapanyakun, seu tempo era gasto entre a faculdade e aprender as funções que teria que assumir quando chegasse o momento. Era um sentimento assustador perceber que sua garotinha não era mais uma criança, não parecia que tinha passado tantos anos desde que Pete o convenceu a adotá-la e ambos saíram do hospital com um bebê rabugento.

" Você está fazendo isso de novo." a voz de pete o tirou de seus pensamentos, ele estava encostado na porta com os braços cruzados, ele não usava mais a primeira peça do terno e a blusa de linho branca estava com alguns botões abertos e as mangas dobradas até o cotovelo.

Pete às vezes parecia que tinha parado no tempo, o único indício que ele estava envelhecendo era algumas mechas de cabelo branco, que ele afirmava que só serviam para deixá-lo ainda mais charmoso, afirmação que ele nunca poderia negar.

" Eu não fiz nada." apesar de usar sua voz mais neutra possível, ele sabia que Pete iria pegar a sua mentira no momento que saiu de seus lábios.

" Humm, que tal começarmos com você ameaçando deixar um dos seus estagiários cego, talvez você poderia me contar sobre a intimação que você deu para todos os funcionários de não olharem diretamente para Venice, ou o fato de você e o Kinn terem tirado todas as fotos que vocês tinham das crianças do escritório."

Era muita ingenuidade acreditar que Pete não teria sido informado do seu pequeno incidente, é se Pete sabia Porsche também, talvez ele pense em faze uma oração para a alma de seu primo.

"Não foi exatamente assim." Não tinha como ele fugir de Pete, não com o olhar afiado que ele lhe lançava, que significava que nada que saísse da sua boca iria ajudar a melhorar sua situação.  

"Então como foi exatamente?, você simplesmente acordou e resolveu que seria um belo dia para ameaçar cada ser humano que cruzasse sua visão junto com o seu primo." Apesar da voz calma, ele sabia que Pete estava no limite de sua paciência. " Céus, não tem nem 24h que eu te deixei sozinho."

"Venice não é mais uma garotinha." Sua voz não foi nada além de um sussurro, mas ele sabia que Pete tinha escutado.

" Achei que tínhamos superado essa fase."

Pete tinha entrado na sala e estava sentando na beirada da grande mesa bem na sua frente, eles já estavam acostumados com aquele tipo de conversa.

" Sempre achei que quem não aceitaria que Venice teria que crescer seria eu."

Pete estava certo, em algum momento ao longo dos anos os papéis se inverteram.

Sempre foi um acordo que eles iriam criar Venice para o mundo, ela iria ter todo apoio para ser oque quisesse, ela teria o mundo aos seus pés se esse fosse o seu desejo e nada nem ninguém iria para-lá.

Vegas sempre soube que Venice teria que crescer, um passarinho nunca fica no ninho para sempre. Mas o aperto em seu peito que aparecia sempre que imaginava não ter sua filha por perto,sempre o lembrava que ele não estava pronto para deixá-la ir.

Parecia que tinha sido apenas alguns dias atrás que Venice ainda usava fraldas e corria atrás dele com um tuntum para participar de alguma festa imaginária com dezenas de ursos de pelúcia e bonecas.

" Mais ela ainda é muito nova, e sempre tem esses abutres rondando ela como cachorros famintos, Venice ainda é uma criança."

" Vegas, ela é sua filha, ela literalmente é uma cópia sua." Pete sabia que isso não era uma afirmação tão reconfortante. " E você sabe que não estou falando sobre aparência, ela tentou mandar Tankhun para algum lugar na américa do sul quando ela tinha só dez anos."

" Quantas vezes eu tenho que dizer,eu não tive participação na quase deportação do louco do meu primo, nossa filha sempre foi um gênio, com dez anos o máximo que eu tentei foi enterrar o kinn."

" Vegas isso não é uma coisa pra se orgulhar." Uma coisa que Pete a muitos anos já tinha aceitado era como a família a qual tinha entrado era disfuncional. " Uma criança de dez anos não deve pensar em se livrar de alguém."

" Mas você tem que concordar, que ela teria tido sucesso se não fosse pelo Arm."

Discutir sobre isso com Vegas nunca chegaria a lugar nenhum, apesar da relação de cão e gato que ele e Venice tinham, Vegas penduraria estrelas no céu se a garota pedisse.

Porsche que gostava de apontar o quão parecidos eles eram, da forma como eles adoravam Pete como se ele tivesse sido o responsável por pendurar a lua, a serem dois loucos obsecados por limpeza ou a forma em que ambos apesar de tentar não conseguiam disfarçar as feições quando algo saia do seu controle ou simplesmente escutavam algo que eles julgavam ser estupido.

" Venice sempre vai ser a sua garotinha e nada nem ninguém vai roubar ou tirar ela de você." Pete falou quando Vegas colocou a cabeça em seu colo e o abraçou. " Você vai ser sempre a pessoa que ela vai chamar quando precisar sair de algum problema ou só ter alguém pra fazer as vontades dela, você é o pai dela e vai ser sempre assim, nada nem ninguém pode mudar isso."

" O tempo passou tão rápido, parece que foi ontem que ela era uma bola de baba e ranho."

" Nossa filha não era uma bola de baba e ranho, até quando você pretende implicar com a sua filha, acredito que na sua idade isso já está mais que ultrapassado."

" Ela é uma pequena ladra de marido e duas caras, ela vira outra pessoa quando você não está perto e você nunca acredita quando eu digo que ela quer se livrar de mim."

" Esse é seu lado do genes em ação,sua culpa querido e ela nunca tentou se livrar de você, acho que eu lembraria se acontecesse."

" Que tal da vez em que ela me abandonou em outro país sozinho."

" Você não pode culpar ela por isso, ela só estava ansiosa, seria a primeira reunião dela como herdeira e sucessora da família e eu já perdi as contas de quantas vezes você esqueceu ou perdeu ela na empresa quando ela era pequena."

" Paii." Interrompendo qualque argumento que Vegas iria usar, Venice entrou no escritório e se jogou no sofá para brincar com o seu gato. " Como o tio Macau tá voltando e ele provavelmente só vai ficar alguns dias, eu reservei um resort pra gente passar o fim de semana.

" Não estamos comprando um resort." Pete respondeu sem nem olhar para Venice.

"Mas eu não disse nada sobre comprar o resort."

" Da última vez que você usou as palavras provavelmente e reserva, você e seu pai voltaram pra casa com uma fábrica de queijo, é eu conheço você muito bem mocinha."

" Pai, isso já faz quase dez anos, tá na hora de superar,seguir em frente, tocar a vida, ficar remoendo coisas do passado faz mal pro seu coraçãozinho, aliás foi o melhor investimento que ele já fez na vida."

" Seu pai é intolerante à lactose."

" Se o Tankhun podia ter uma fábrica de chocolate porque eu não podia ter uma de queijo?" Vegas parecia totalmente indignado.

" Eu não vou ter essa conversa de novo."

" Mais o senhor tem que concordar que o velho mandou bem na escolha do nome da marca,aliás foi um bom presente de aniversário." Venice respondeu vangloriosa.

" Você só fala isso porque é o seu nome."

" Sabe onde meu nome também ficaria bonito, em uma rede de resorts de luxo."

" Não vamos comprar um resort, muito menos uma rede deles."

" Tio Kinn comprou uma pista de kard pro Nik, porque eu não posso ter um resort?" Venice estava exatamente igual ao seu pai Vegas,indignada. " Da vez que o velho comprou uma imobiliária, o senhor não falou nada."

" As decisões imprudentes do seu pai não estão sendo discutidas agora."

" Ok, mais vai ser um bom investimento, Honey quer investir em salões de beleza e o tio Tankhun queria construir um mini campo de golfe na mansão, eu comprando o resort posso alugar pra ele e poupa o tio Kinn de uma dor de cabeça."

" Você manufaturaria o aluguel para o seu tio, e desde quando você se preocupa com as dores de cabeça do seu tio Kinn?."

" Bem, eu amo fazer boas ações."

" O'Que o Porsche te prometeu por essa boa ação?."

" Um capital de investimento de 45%."

" Então é por isso que você estava querendo que o Macau voltasse."

" Bem, eu vou precisar de um bom arquiteto, é quem seria melhor que ele."

" Então oque está faltando pra você ?."

" A aprovação do vice-líder da família, já que o líder autorizou e ele precisava da resposta do segundo, e como meu paizinho mais lindo coincidentemente é o vice, eu pensei que ele super apoiaria a filha favorita dele." Venice falou com um sorriso que deveria ser inocente.

" Você é filha única." Vegas bufou.

" E continuo sendo a favorita dele, acima de tudo e todos,ninguém se compara a mim." Respondeu com um sorriso provocador em seus lábios.

" Você não é a favorita número um, eu sou, eu cheguei primeiro que você." Vegas retrucou.

" Velho a idade está finalmente te alcançando, lógico que eu sou a favorita do papai, você obviamente pode ocupar o segundo lugar."  Venice falou com total convicção.

Pete já tinha se desvencilhado de Vegas para sair do meio da discussão do marido e filha, ambos teriam energia e argumentos para durar dias em uma briga.

" Como vocês já estão com a vida ganha, eu vou preparar algo pra comer."

" Eu preparo algo pra você." Vegas se levantou e deu um beijo na sua testa.

" Eu também quero." Venice pulou do sofá em qual estava,indo em direção à porta.

" Não lembro de ter oferecido nada pra você."

" Não seja um velho rabugento." Venice resmungou.

" Eu não sou velho, sua pirralha." Vegas se aproximou de Venice e bagunçou seus cabelos.

" Você é insuportável, não sei o que o meu pai viu em você."

" Eu sou maravilhoso."

Venice soltou uma gargalhada com a afirmação do seu pai, ambos saíram da sala, se cutucando e trocando farpas,enquanto conversavam sobre uma nova receita.

Pete sempre acharia engraçado as discussões do marido e da filha, apesar de ambos serem número um em seu coração, eles não precisavam saber.

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* Nik e Honey são o nome dos filhos do Kinn e do Porsche.

* uma curiosidade sobre a fábrica de queijo que Vegas comprou, na minha cidade tem uma marcar de queijo com o nome de Veneza, daí a ideia dele comprar uma pra Venice.

* Vegas vê muito do Pete na Venice, enquanto Pete vê muito do Vegas na Venice. Ela é uma mistura dos pais.

* Venice e Vegas são dois gremlins que poderiam dominar o mundo se não estivessem competindo pra vê quem é o favorito do Pete( Venice leva nessa), Venice é um mini Vegas só que com um pouco do Pete.

* Nada vai tirar da minha cabeça que o Vegas com o passar do tempo seria um pai babão e ciumento, qualquer coisa que os daemi falarem contra isso vou me fazer de surda.

* Pete e Porsche deram um golpe no velho necrosado e se tornaram líderes, pra mim eles acabaram com esse negócio de primeira e segunda família, agora tem um conselho que todos tem um lugar.

* Na minha cabeça eu tinha postado essa fic a uns dois meses, mais arrumando minhas história percebi que não.