Capítulo 1- Inferno
Passei um ano em Paris fazendo um curso de dança, dançar era minha vida, era a profissão da minha mãe e tudo o que eu sei sobre isso eu aprendi com ela, voltei pra casa no verão para comemorar meu aniversário de 18 anos com meu pai, morávamos no Brasil, por causa de uma das empresas do papai e também porque aqui foi onde eu nasci, você deve estar se perguntando que embolada é essa, mas é o seguinte: meus pais se conheceram em Londres, minha mãe era brasileira e professora de dança lá, então quando eles casaram vieram pra cá, moramos aqui até eu completar 14 anos e depois voltamos a Londres, meu pai queria que eu comemorasse meus 15 anos lá, então depois que minha mãe morreu voltamos pro Brasil, acho que era um jeito de sentir ela mais pertinho da gente. Foi aí que o inferno se tornou mais quente (se é que isso é possível!!), meu pai estava todo feliz com a minha volta e porque teria outro filho (pasmem! A bruxa engravidou), era tão bom vê-lo feliz já que ele não tinha mais minha mãe por minha culpa.
Fui pro meu quarto e quando cheguei lá quase infartei, estava todo pintado de rosa, com bonecas em todo canto e coisas tipo super Pink sabe? Aquelas coisas bem fresquinhas de crianças de 6 anos, não que eu não goste da cor (TÁ, EU NÃO GOSTO DE ROSA!!), isso tipo NÃO COMBINA COMIGO!! já que tenho um jeito meio moleque de ser (meu pai diz que adora isso em mim), minhas roupas não estavam lá, tipo tinha um monte de roupa justa, mini vestidos e outras peças que eu simplesmente jamais iria usar,com certeza se eu vestisse aquilo eu ficaria a versão pavorosa da Penélope Charmosa! Voltei correndo para perguntar o que tinha acontecido e a bruxa disse que foi ela quem mudou porque eu precisava ser como ela, e foi aí que a discursão começou...
-Você não tem direito de mudar meu quarto, jogar minhas roupas fora e me comprar essas roupas ridículas Verônica!! Quem você pensa que é? Onde estão minhas coisas? - falei muito brava
-Claro que tenho esse direito, quem manda nessa casa agora sou eu e você tem que aprender a ser feminina, você acha mesmo que eu e seu pai vamos sair com você vestindo esses trapos?
- O que é que tem minhas roupas?
- São tão ridículas quanto você! Nós temos vergonha de você, do seu modo de se vestir, de se comportar, você parece um moleque com essas blusas folgadas e tênis, e esse cabelo? Você precisa mudar e parar de envergonhar seu pai.
- Meu pai não tem vergonha de mim! E cadê o retrato da minha mãe que estava no meu criado mudo?
-Você realmente acha que não? Por que você acha que seu pai vive te mandando viajar, estudar fora? Acha memso que ele tem orgulho de você? Você é igualzinha a sua mãe, pobre, simples demais, apagadinha demais pra andar com um homem como o Alexandre! Fico me perguntando o que ele viu nela e, aliás, o retrato? Joguei fora, tirei todas as fotos dela dessa casa, já estava na hora daquele fantasma desaparecer! Agora EU sou a mulher dessa casa!
-Você não tinha esse direito e não abre sua boca para falar da minha mãe. Porque com certeza ela não era uma oportunista barata como você - Quando falei isso Verônica veio até mim e me deu um tapa na cara, ela estava com muito ódio de mim e quando ela foi descer a escada, tropeçou e rolou os degraus, Ela perdeu o bebê e disse ao meu pai que eu a tinha empurrado.
Meu pai me culpou pela morte do bebê e eu me lembrei da minha mãe, pela segunda vez eu havia tirado dele a coisa mais importante, me senti culpada e saí de casa, peguei o carro dele e comecei a dirigir sem destino chorando e em alta velocidade, até que perdi o controle da direção numa curva e só me lembro do carro ter capotado uma vez, acordei num quarto de hospital com meu pai sentado numa cadeira segurando minha mão.
-Pai...- exclamei ao abrir os olhos
-Graças a Deus você acordou filha!- ele chorava e me abraçava, eu sentia tanta falta daquele abraço!
-Quanto tempo eu tô aqui?
-Você estava em coma a 5 dias- ele disse com lágrimas nos olhos
-E a Verônica? Ela tá bem?- perguntei aflita
-Sim, está muito triste, mas bem. – falou com voz triste.
-Sinto muito pai- não aguentei e comecei a chorar compulsivamente, meu pai me abraçou.
-Tudo bem filha, vamos esquecer esse assunto, eu não suportaria perder você também, você me deu um baita susto, por favor não faz mais isso. – falou com aquele sorriso que fazia minhas dores desaparecer.
Tive alta do hospital e voltei pra casa, a Lupe me mimou muito durante o meu tempo de repouso, entrei numa deprê, Verônica me culpava pela perda do bebê, meu pai só falava comigo o necessário, eu passava os dias trancada no meu quarto chorando e ouvido musica, até que numa manhã de domingo, ele veio conversar comigo.
-Filha faz dois meses, que toda aquela tragédia aconteceu e você não sai desse quarto, sei que a nossa relação não tá tão boa, mas eu estou preocupado com você e tomei uma decisão!
- Pai...
-Me deixa terminar, por favor.
-Tudo bem
-Você vai morar em Londres
-Mas pai, foi lá que a mamãe morreu...
- Eu sei e é por isso que você vai pra lá, filha você precisa superar isso, se encontrar, encontrar um rumo pra sua vida, já que aqui você não tá conseguindo isso- comecei a chorar compulsivamente, ele me abraço me deu um beijo nos cabelos e disse- Arrume suas malas que seu vôo é daqui a três dias.
Last Exit -- Última Saída
Lives opened and trashed (Vidas nascidas e destruídas)
look ma, watch me crash ("Olhe para mim, veja eu me ferrar")
no time to question (Sem tempo para questionar)
why'd nothing last (Porque nada restou?)
grasp and hold on (Engasgue e segure-se)
we're dying fast (Nós estamos morrendo rápido)
soon be over (Logo vai acabar)
and i will relent (e então eu vou ceder)
-Mas pai me perdoa, me deixa ficar aqui, eu vou me comportar, não vou mais discutir com a Verônica, eu faço o que você quiser, mas me deixa ficar aqui com você por favor! – eu pedia aflita.
- Filha me entenda, está na hora de você crescer, você já tem 18 anos, precisa amadurecer e reconstruir sua vida, eu sei que tudo que nos aconteceu desde que sua mãe morreu afetou nossa relação e talvez eu não tenha sido um bom pai pra você, mas eu te amo muito e tenho certeza de que essa viajem vai te fazer bem, vai mudar sua vida, confie em mim por favor!
- Tudo bem Pai, eu não vou discutir, eu vou, mas não perde o contato comigo não, eu te amo, preciso de você pai.
- Eu jamais vou esquecer você minha filha, manteremos contato e eu vou estar sempre ajudando você, nunca vou te abandonar. – ao dizer essas palavras ele me abraçou bem apertado e pude sentir todo carinho do meu pai ali, como há muito temnpo eu não sentia.
Let the ocean swell dissolve way my past (Deixe o oceano elevado dissolver o meu passado)
three days and maybe longer (Três dias e talvez um pouco mais)
won't even know i've left (Não vão nem notar que eu parti)
Under your tongue i'm like a tab (Sob sua língua sou como uma lâmina)
i will give you (Eu vou dar a você)
what you're not supposed to have (o que você não devia ter)
under my breath i swear by sin (Sob meu alento eu juro por meus pecado)
for better or for worse (Para melhor ou pior)
a best we began (é melhor começarmos)
Era difícil pra mim aceitar a decisão do meu pai, eu só queria ter uma família, a minha família de volta, o meu pai, ter carinho, atenção, paz, mas eu atraía desgraça, era só eu chegar que algo de ruim acontecia. O ano que passei longe não foi um dos melhores, eu aprendi muito, mas sentia muita falta do meu pai, não é fácil ser brasileira no exterior, sozinha e com uma personalidade como a minha, uma corpo como meu e com uma auto-estima tão baixa eu reconheço, mas agora eu não tinha mais saída, eu teria que ir embora, tentar recomeçar mais uma vez, sozinha outra vez e num lugar que não me trazia boas lembranças, por que?
Let the sun climb, oh burn way my mask (Deixe o sol subir, oh queimar a minha máscara)
three days and maybe longer (Três dias e talvez um pouco mais)
shed my skin at last (Finalmente soltar a minha pele)
shed, shed... (soltar, soltar...)
Let the sun shine burn way my mask (Deixe o sol subir, oh e queimar a minha mascara)
three days and maybe longer (Três dias e talvez um pouco mais)
won't ever find me here (Não vão me achar aqui)
Let the ocean dissolve way my past (Deixe o oceano dissolver o meu passado)
four days and not much longer... (Quatro dias e não muito mais)
Let my spirit pass. ooh... (Deixe meu espírito passar. Ooh..).
this is, this is (Esta é, esta é...)
this is, this is (Esta é, esta é...)
this is, this is (Esta é, esta é...)
this is, this is (Esta é, esta é...)
my last exit (Minha última saída)
Fiz minhas malas e ele me deu os documentos, me explicou onde eu moraria, me matriculou num curso de dança lá e após os três dias que ele disse, me levou ao aeroporto:
-Desculpe fazer isso com você filha, mas essa situação entre você e Vê tá insuportável, você precisa viver você já tem 18 anos.
-Tudo bem pai, vou sentir sua falta – eu falei com os olhos cheios de lágrimas.
-Vou sentir sua falta minha princesinha, seja feliz por mim, pela sua mãe, por você... Me prometa que vai ser feliz- e me abraçou
-Eu prometo paizinho – e não consegui conter minhas lágrimas.
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