A luz das tochas e das rochas de magma refletiam com um brilho intenso sobre o campo de treinamento do clã Kassin, tingindo tudo com uma tonalidade alaranjada quase abrasadora. 

O calor que emanava do solo de terra batida era sufocante, e o ar denso, carregado de poeira e faíscas, parecia quase palpável, flutuando ao redor das explosões que quebravam o silêncio. A arena, localizada no coração de um vulcão ativo, vibrava a cada impacto, enquanto as rajadas de magia ecoavam por suas paredes.

No centro da arena, Bakugo avançava com fúria. Seus olhos incandescentes brilhavam com determinação e uma empolgação perigosa, enquanto ele canalizava sua magia explosiva nas palmas das mãos. Cada movimento liberava uma nova onda de energia, com faíscas flutuando como se o próprio ar estivesse se incendiando. As explosões iluminavam o espaço, intensificando a atmosfera já relacionada.  Ele golpeava sem piedade, disparando rajadas de chamas e fumaça contra seu oponente.

Do outro lado, Riot — braço direito e elo de Lady Mitsuki e o guerreiro mais forte do clã — bloqueava cada investida com uma precisão quase sobrenatural. Seus olhos observavam Bakugo com um sorriso sutil nos lábios, um sorriso que misturava desafio e aprovação, como se estivesse saboreando o espetáculo.

À beira da arena, Kirishima assistia, os olhos brilhando de animação e respeito. Ele gritava incentivos quase inaudíveis no meio de todo aquele barulho, vibrando a cada movimento certeiro do amigo, com o coração batendo mais forte a cada nova explosão.

Bakugo respirava pesadamente, o suor escorrendo pela testa e pelas bochechas, mas sua exaustão parecia insignificante diante da determinação estampada em seu olhar. Ele precisava provar para Riot que estava à altura de qualquer desafio, que poderia encarar até os maiores guerreiros do clã Kassin.

Com um movimento ágil, Riot desviou do último golpe de Bakugo, recuando alguns passos e mantendo a postura firme, como uma rocha impenetrável.

— Isso é tudo o que você tem pra me mostrar, Bakugo? — provocou Riot, sua voz baixa, mas carregada de ironia.

Bakugo ergueu o queixo, o sorriso desafiante tomando conta de seu rosto.

— Ha! Isso aqui é só o aquecimento, velhote. — sua voz saía com um tom ríspido, como sempre, mas seus olhos brilhavam com uma intensidade perigosa.

Ele abriu as mãos ao lado do corpo, e a energia começou a vibrar através de seus punhos, moldando-se em palavras arcanas que surgiam no ar quente e denso, cada uma se inscrevendo rapidamente como se fossem lâminas de luz. As palavras formavam um arco de energia ao redor de seus braços, cada sílaba pulsando antes de se fundir com a magia que ele canalizava. O chão parecia tremer com a força do feitiço que estava prestes a ser lançado. Chamas dançavam ao redor de seus punhos, iluminando suas feições tensas e determinadas. Riot o observava, impassível, sem mover um músculo.

De repente, Bakugo liberou uma explosão devastadora, uma onda de choque que levantou uma nuvem de poeira e chamas, iluminando a arena com flashes cegantes de luz. O impacto foi colossal, mas quando a fumaça se dissipou, Bakugo estava caído no chão, ofegante, suas mãos queimando pelo esforço. Ele limpou o suor da testa com o antebraço, mas um sorriso ainda mais determinado tomava conta de seu rosto. Seu semblante se tornou atento — Riot tinha desaparecido de vista.

A voz de Riot ecoou pela arena, profunda e calma, quase como um sussurro no vento.

— Você tem força e controle... — A voz de Riot ecoou pela arena, profunda e calma, quase como um sussurro no vento — ...mas não baixe a guarda para se vangloriar.

Um calafrio percorreu a espinha de Bakugo. O calor subiu repentinamente à sua esquerda, e, antes que ele pudesse reagir, sentiu um aperto firme em seu pulso. Riot o havia imobilizado com a rapidez de uma serpente, surgindo do ar como se tivesse se fundido com as sombras.

Instintivamente, Bakugo conjurou uma explosão curta, mas potente, que fez ambos se afastarem em uma nuvem de fumaça e poeira.

Sem hesitar, Bakugo avançou novamente, agora usando a névoa como cobertura. Seus movimentos eram rápidos, quase cegos, mas cada um carregava uma força imensa. Ele disparou três golpes explosivos no ar, cada um mais potente que o anterior, o último vindo de cima, em uma tentativa de surpreender Riot com uma força esmagadora.

— Morraaaa! — gritou Bakugo, sua voz cheia de fúria e adrenalina.

— KATSUKI BAKUGO! ATÉ QUE ENFIM EU TE ENCONTREI! — uma voz firme e cortante atravessou a arena, impondo-se sobre o som das explosões.

Bakugo congelou. Ele havia reconhecido aquela voz, e a distração foi fatal. Com uma precisão calculada, Riot se moveu como um raio, desviando com facilidade do ataque de Bakugo e usando o impulso do próprio ataque contra ele. Em segundos, Bakugo estava no chão, imobilizado, sem espaço para escapar. Sua luta era inútil, e a pressão sobre seu corpo era esmagadora. Ele estava completamente preso.

Ainda no chão, Bakugo virou o rosto em direção à porta da sala de treinamento. A figura de Lady Mitsuki apareceu à beira da arena, com seu manto vermelho e vestes de couro reforçado, parecendo uma sombra de vulcão. O olhar dela era gélido e implacável, um reflexo perfeito de sua autoridade.

— Perdeu de novo? — perguntou ela, com um tom ácido e impessoal, como se estivesse apenas observando um erro trivial.

Bakugo resmungou, ainda irritado, mas visivelmente envergonhado.

— A culpa foi sua! — sua voz estava carregada de frustração, mas também de um orgulho ferido.

Ela cruzou os braços, lançando - lhe um olhar afiado como uma lâmina.

— Um verdadeiro Kassin nunca abaixa a guarda. — o tom dela não deixou espaço para discussão. — Agora, levante-se e vá se preparar. Temos uma viagem longa pela frente.

Ela se virou sem esperar resposta, saindo da arena com passos firmes e decididos. Riot o soltou, Bakugo se sentou, ainda ofegante — Como assim? Do que você tá falando, sua velha? 

O olhar de Mitsuki foi frio, sem hesitação.

— Quem você tá chamando de velha, seu pirralho?! Levanta essa bunda daí e vá se aprontar! Yūei não fica logo ali na esquina, sabia? — o tom dela foi impiedoso, e Bakugo sabia que não havia como argumentar.

Com um último resmungo de reprovação, Lady Mitsuki se virou, saindo da arena com passos firmes e decididos. Bakugo se manteve irritado, mas também tentando esconder a vergonha que sentia. Ele não queria admitir, mas a reprimenda da mãe o atingira mais do que ele gostaria.

Kirishima, sempre ao seu lado, reprimiu uma risada, estendendo a mão para Bakugo.

— Eu nunca me canso de ver essa dinâmica de vocês dois... — ele brincou, olhando para o espaço vazio deixado por Mitsuki.

— É um porre, isso sim. — Bakugo resmungou, aceitando a ajuda de Kirishima para se levantar. — Mas... Yūei? Do que ela tava falando?

— Como assim? — Kirishima franziu o cenho, inclinando a cabeça para o lado como um cachorro curioso. — A gente tava falando disso ontem. Já esqueceu?

Bakugo o encarou com olhos frios — É claro que eu não esqueci, seu imbecil! — sua voz era baixa, mas carregada de impaciência.

Kirishima, sem perder a oportunidade, sorriu de canto — Então por que você perguntou? — provocou, rindo da confusão do amigo.

Bakugo corou, sua raiva misturada com vergonha. Ele tentou desviar a atenção, dando um forte soco no braço de Kirishima.

— Por nada, seu idiota. Melhor eu ir logo antes que ela me torture ainda mais. — murmurou, lançando um último olhar irritado para a porta da arena. Ele se virou e saiu, resmungando sobre como sua mãe havia interrompido bem na melhor parte.

Kirishima observou Bakugo se afastar, ainda divertido com o jeito do amigo de tentar esconder suas emoções. Ele olhou para o centro da arena, onde Riot o esperava.

— Certo, Kirishima. Enquanto eles se aprontam, mostre-me o que você tem. — a voz de Riot era séria, firme, um claro convite e um desafio

Kirishima sorriu, seu semblante agora sério e determinado. Ele se concentrou, seus punhos se apertando, os músculos tensionados. A empolgação de antes se transformou em uma energia focada, sua confiança brilhando em seus olhos.

— Oshi! — sua voz reverberou pela arena, e ele se preparou para demonstrar a força de sua nova técnica.