Era por volta das 07:00 da manhã de um dia aparentemente normal. O sol brilhava forte, o céu estava azul celeste e eu abotoava minha camisa para ir até o colégio U.A . Meu sonho ia ser realizado finalmente, pois eu estava indo para o exame de admissão do curso de heróis. Peguei minha mochila e corri até a porta quando ouvi uma voz calma vindo da cozinha.

(Vovô) Boa sorte Samy, não vá se machucar muito.

Era o Chie, meu avô de consideração me dando um chá de ânimo.

(Samy) Pode deixar vovô! Vou te deixar orgulhoso.

Acenei para ele e fechei a porta correndo até a esquina para pegar o ônibus. Me sentei na janela, estava explodindo de ansiedade e alegria, só queria chegar logo no exame e quebrar alguma coisa. Olhei pela janela as pessoas andando pela rua, cada um com sua vida, seus planos e preocupações do dia, mas eu só tinha que me preocupar em passar no exame.

Ao descer na porta da escola não imaginava que teria tanta gente, todos pareciam muito fortes e inteligentes, seriam bons adversários. Entrando no local eu passei um menino de cabelos verdes e vi que ele ia tropeçar, mas meio que foi salvo por uma menina que fez o flutuar. Passei sem dar bom dia aos dois, não por grosseria, mas porque eles começaram a conversar e não quis ser inconveniente. Já dentro do prédio dava pra sentir uma certa animação no ar, mas aquele lugar tinha tantos corredores e entradas que eu acabei me perdendo. O nervosismo bateu forte até que um rapaz de óculos me chamou.

(Lida) Ei você, vai para a orientação do exame de admissão de heróis?

Ele falou rápido, mas de um jeito direto enquanto mexia um dos braços.

(Samy) *nervoso* Eu... Sim, acho que me perdi. Poderia de dar um help?

O rapaz foi super gentil e me acompanhou até um anfiteatro gigante, agradeci a ajuda e fui logo caçar um lugar para me sentar. Como estava fazendo um pouco de calor eu abri um botão da minha blusa, pra quem é gordinho como eu os lugares fechados são um forno as vezes. Fiquei mexendo no celular por alguns minutos até que todos chegaram e se sentaram. De repente as luzes do palco se acenderam e um rapaz de cabelo loiro extravagante logo começou a falar.

(Present Mic) Atenção examinandos, bem vindos ao meu show ao vivo, todos digam "ei".

Aquele no palco era o Present Mic, um herói profissional e um cara que eu admiro muito pela animação. Como ninguém falou nada eu acabei soltando um "ei'' baixinho quase não dando de se ouvir, igual quando na hora da chamada em vez de falar presente você fala presunto ou presidente.

(Present Mic) Vamos começar a orientação do exame, estão prontos?!

Ele novamente perguntou de forma animada. Olhei para os lados e todos estavam sérios e com um olhar frio. Admito que naquela hora deu um medo leve, perdi até vontade de fazer uma piada que estava na ponta da língua. O Present Mic começou a falar sobre o exame, disse que seria uma simulação de batalhas onde teríamos que destruir 3 tipos robôs que valiam certa quantidade de pontos. Teríamos 10 minutos e cada pessoa recebeu um cartão com a área do exame. Em certo momento o mesmo rapaz de óculos que me ajudou antes se levantou e perguntou sobre um quarto robô no teste que valia zero pontos, o Present Mic explicou que aquilo era apenas uma distração e que deveríamos evitar. Enfim, meu cartão com a área de exame estava dizendo que eu iria para a área B. Após a orientação todos saíram, apenas segui o fluxo, todos foram trocar de roupa para fazer o exame. Eu logo vesti uma camisa de um time de futebol que levei, minha calça tactel preta e meus tênis com amortecedores, nada é mais confortável que isso. Ao sair do vestiário corri para acompanhar os outros participantes, não queria ser deixado para trás. Fomos em um ônibus climatizado até o local, ar condicionado é tudo de bom apesar de no Japão fazer frio.

{Papai e mamãe... Agora é hora de deixar vocês orgulhosos de verdade!}

Depois de alguns minutos de viagem nós paramos em frente de um portão gigante e todos desceram as pressas. Aquela animação de antes passou, o sentimento ali era de calma e tranquilidade, pelo menos para os outros porque eu mesmo estava fervendo por dentro. Olhei para trás e vi o mesmo garoto de cabelos verdes, ele estava todo nervoso e murmurando alguma coisa.

{Coitado... Vai se lascar logo nos primeiros minutos. Menos concorrência... Melhor assim}

De repente o Presente Mic aparece e avisou que o exame começou. Foi uma correria danada e ao entrar na área de teste eu vi que era um tipo de cidade, um espaço muito grande para pouco tempo, mesmo assim eu corri e fui para um lugar isolado para dar uma respirada e bolar uma estratégia. Tentei descansar um pouco, mas o edifício na minha frente foi destruído e três robôs de 2 pontos apareceram na minha frente. Era hora de usar minha individualidade. Senti uma corrente de ar passando pelos prédios naquele exato momento.

(Samy) Não é meu elemento favorito, mas vai ter que servir!

Me concentrei e usando o elemento ar bati as mãos fazendo uma onda de vento forte o suficiente para destruir dois robôs e o que sobrou outro participante veio e destruiu. A cor do meu cabelo mudou de preto para branco rapidamente e depois de um minuto voltou ao normal, toda vez que eu uso algum dos elementos isso acontece.

Sai pelas ruas procurando mais robôs, estava desesperado, pois só tinha 4 pontos, achei outros 3 robôs só que um deles era de 3 pontos e outros eram de 1 ponto. Um deles passou por cima de um hidratante o quebrando e fazendo um chafariz de água. Aquilo era perfeito para mim. Corri até o hidrante quebrado e me molhei todo para usar o elemento água .Novamente me concentrei e destruí os robôs com uma torrente de água poderosa. Dessa meu cabelo ficou em um tom azul claro devido o uso do poder de água. Após usar o elemento água coloquei o hidrante no lugar e sai dali indo até o centro destruir mais robôs. Perdi até a conta de quantos pontos eu tinha.

{É disso que o pai gosta! Se as aulas na U.A forem fáceis assim eu tô feito na vida}

Continuei até chegar em uma rua e ver vários participantes, alguns deles estavam machucados. Sem pensar duas vezes fui lá para ajudá-los a se levantar, não tem graça ganhar quando seus oponentes estão fraquinhos. Olhei para o meio da rua e vi mesmo menino de cabelos verdes de antes, vi também uma menina embaixo de escombros e decidi ir lá ajudar depois de tirar os outros alunos machucados da zona de perigo. Depois que acabei corri até o menino primeiro para ver como ele estava, ele tremia muito, então fui até a menina e retirei os escombros dela. De repente um tremor intenso seguido de uma sombra assustadora e ao olhar pra cima eu vi um robô gigante com olhos vermelhos.

(Samy) *assustado*Mas que ... Melhor a gente dar o fora!

Falei e vi que a menina que ajudei tinha saído dali. Me afastando dali não vi mais o menino de cabelos verdes, me preocupei com ele, acho que não passou um minuto e ao olhar para o robô gigante só vi ele ser destruído e alguém lá em cima caindo. Quando ele caiu no chão eu vi que era o mesmo menino de antes, só que ele estava com as pernas e o braço direito quebrados. Aquilo era nojento e assustador, eu quase vomitei, mas vi que uma senhorinha estava chegando, era a Recovery Girl, a enfermeira da U.A e ela deu um beijo na testa do menino machucado, quase que imediatamente ele ficou curado.

{Olha só, que show! Não sabia que existia individualidades assim. Maneiro}

Enquanto saia do local de teste em direção alguns dos alunos que ajudei vieram me agradecer, já outros não deram muita bola. Voltei pra casa cansado e feliz, em específico cansado, só queria tomar um banho e dormir. Ao chegar o Chie já estava me esperando com meu jantar favorito: carne assada com macarrão.

(Chie) E aí filho? Como foi? Muito difícil?

(Samy) Do jeito que tinha pensado: legal e difícil. Se as aulas na U.A forem assim vou sair de lá blindão.

Tomei banho, jantei e fui dormir, estava todo doido pelo esforço em excesso, mas ainda estava feliz imaginando como seriam as aulas da U.A.

{É rir pra não chorar... Cai na real Samy. Se isso tudo foi só pra você entrar na escola... Imagina como serão as aulas? Misericórdia}

Na manhã seguinte acordei ainda meio dolorido, é isso que acontece quando você não se alonga depois de fazer muito exercício físico. Fui pra sala e vi uma carta em cima da mesa de centro, era a carta da U.A. Balancei o envelope e dentro tinha um um pequeno dispositivo eletrônico.

{Mas foi rápido assim? Será que os outros já receberam?}

Estava me indagando enquanto me sentei para abrir a carta até o Chie vir correndo e gritou:

(Vovô) Espera aí! Deixa eu pegar o celular e tirar um foto

(Samy) Pra que foto vovô? Deixa eu abrir logo por favor.

(Vovô) Não começa com suas frescuras Samy, você já tá muito velho pra isso.

Ele ia pegar a carta da minha mão, mas eu abri ela bem rápido e de dentro do envelope o dispositivo caiu. Quando aquilo caiu no chão apareceu uma projeção de vídeo de alguém que eu nunca tinha visto, apenas tinha ouvido falar.

(All Might) Jovem Samy vim aqui falar sobre seu resultado do exame de admissão da U.A. Por destruir aqueles robôs você conseguiu um total de 26 pontos, porém o trabalho de um herói não se resume a apenas derrotar os vilões. Os avaliadores viram você ajudando alguns participantes enquanto os outros fugiam, por causa disso você ganhou pontos de resgate. Fico feliz em informar que você foi aceito na turma do curso de heróis do colégio U.A. Será um enorme prazer para mim ser um dos seus professores e ajudá-lo a se tornar um herói.

Aquele falando era o All Might, o Símbolo da Paz, ele era mais incrível do que eu tinha pensado. Arrepiei muito quando ele falou meu nome com aquele voz firme que ele tem. Assim que a projeção acabou um silêncio ficou no apartamento seguido por gritaria minha e do Chie.

(Vovô) Não queria que você abrisse por medo de você não ter passado, mas agora o meu medo passou. Moleque esperto! Finalmente!

(Samy) É... Finalmente... Eu vou ser um herói, vou ser um herói como meus pais foram um dia.

Alguns vizinhos do condomínio onde moramos foram até nosso apartamento querendo saber que gritaria toda era aquela. Quando meu vovô falou que eu tinha passado na U.A todos se juntaram a nossa bagunça e o vovô até colocou uma música antiga pra tocar na caixa de som.

(Caixa de som) "Alô, alô, alô papai. Alô mamãe. Põe a a vitrola pra tocar. Podem soltar foguetes que eu passei no vestibular".

(Samy) É... O negócio é mais ou menos por aí. Caramba graças a Deus que consegui entrar.

A festança durou pouco, faltavam apenas 3 semanas antes das aulas começarem, então eu tinha que treinar minha individualidade , assim como minhas habilidades físicas. Como eu ia para um curso de heróis é de se esperar que exijam muito do corpo e da mente. Meu tio me dizia que esse curso seria como o exército, só que sem armas ou palavrões. Meu personal trainer era o vovô, ele que me ensinou a falar japonês fluentemente e a lutar.

(Vovô) Não dá pra pedir arrego, pois os vilões não vão dar chance.

(Samy) Eu sei, força e concentração 100%.

Todos os dias eu fazia 40 flexões e 40 abdominais para preparar o corpo e mente para as aulas na U.A. Pode parecer pouco, mas tenho que optar por um treino de baixo impacto devido a minhas próprias limitações, mas com a ajuda do vovô eu consegui ficar mais resistente em poucos dias, só não sei se seria suficiente para o que viria pela frente.