Infalível?
Mei Ling estava farta de tudo aquilo, Lucas nem ao menos se esforçava para compreender seus sentimentos e isso a deixava extremamente magoada. Por alguns minutos decidiu repensar a ideia de continuar mantendo seus sentimentos por ele em segredo, contudo estava quase cedendo a desistir também. Seus passos rápidos buscavam encontrar Yun o mais rápido possível, queria terminar aquele teste logo e sair da trilha para nem pensar na discussão de poucos instantes atrás. Assim que a brisa soprou, ela pôde ouvir alguém chamar seu nome. Odiava admitir, mas ficou feliz por saber que Lucas havia ido atrás dela.
— Mei! Espera aí! — o garoto se aproximou correndo.
— Yo... — Mark pronunciou-se com uma feição um tanto desconfortável.
Mei Ling nem cogitou a ideia de esconder seu descontentamento e continuou a encarar Lucas com os braços cruzados.
— O que foi, veio se desculpar? Por que é o mínimo que você deve fazer, sabe disso né?
— Melhor ainda! — Lucas sorriu — Hoje faremos o que você quiser.
— O que? — ela expressou bem sua confusão.
— Nós íamos cabular aula e ficar na casa do Lucas. — Mark comentou — E então você...
— Ah, acharam que eu ia ficar feliz e esquecer tudo o que ele disse cabulando aula com vocês? — desistiu da conversa virando-se e continuou andando — Mereço...
Os dois passaram a segui-la calmamente e Mark cutucou Lucas sussurrando:
— Eu disse que isso não ia funcionar...
— Relaxa, vamos ao plano B...
— Não tenho certeza de que seja uma boa ideia Lucas... Eu não tenho nada a ver com isso e se der algo errado...?
— Ela vai falar com você, vai logo... São amigos, ela está brava comigo e não vai querer me ouvir...
— Claro que está brava, você devia ter começado pedindo desculpa...!
Mei Ling os encarou rapidamente, virando-se ainda caminhando para descobrir se falavam sobre ela. Os dois garotos, no entanto, fingiram que estavam observando a natureza, Lucas até mesmo sorriu para ela lhe lançando uma piscadinha ao ter seus olhares cruzados. Com um suspiro e revirando os olhos, Mei Ling voltou seu foco para a trilha adiante.
— E você acha que ela não ia ficar brava do mesmo jeito se eu chegasse e falasse "olha desculpa tá"...? Por favor, né... — voltaram a sussurrar.
— Meu Deus... Por que eu inventei de me meter nisso...? — suspirou.
Com passos mais longos, Mark se aproximou de Mei Ling fazendo uma careta para Lucas, que o incentivou o empurrando pelas costas. Melhorando sua expressão, Mark engoliu saliva e buscou as palavras certas.
— Se veio me pedir para perdoá-lo... — Ela iniciou, contudo Mark negou com ambas as mãos rapidamente.
— Não, não vou. — sorriu desajeitado — Eu não diria isso nem se ele me pedisse, porque ele sabe que a culpa foi dele. — riu brevemente.
Mei Ling fitou Mark neste instante um pouco surpresa, mas acabou sorrindo fino brevemente. Lucas mais atrás, tentava ouvir a conversa, mas seria difícil de se aproximar demais, visto que o plano era Mark acalmá-la e se ele fosse visto bisbilhotando, ela ficaria ainda mais irritada. Mesmo curioso em saber como Mark conseguiu arrancar um sorriso dela tão facilmente, Lucas teve de se conter.
— Ele sabe e mesmo assim não se desculpou. — ainda de braços cruzados ela persistiu em sua raiva.
— Ele sabe que a culpa foi dele, mas não entende porque a culpa é dele. — e Mark permaneceu sorrindo ao seguir a trilha ao lado de Mei Ling.
— E eu devia explicar? — ela acabou pensando alto.
— Ele é lento, dá um desconto.
— O que, espera... — Mei Ling sentiu as bochechas esquentarem lentamente — Você...?!
— Sim, eu sei que você gosta dele... — sussurrou para que Lucas não os escutasse — Você deixou isso muito óbvio Mei Ling...
A garota quis esconder-se em qualquer buraco que encontrasse no caminho, contudo não havia para onde fugir.
— Não... Só não fale isso em voz alta por favor...! — empurrou de leve o ombro de Mark que caiu na gargalhada.
Lucas sentiu uma palpitação dolorosa vendo a cena, porém a ignorou ao lembrar o que Mark havia lhe dito sobre controlar seu ciúme. Estava morrendo de curiosidade e rezando para que Mark conseguisse fundir o plano A com o B, assim como combinaram.
— Minha boca é um túmulo. — um sorriso de lado e suas palavras a fizeram sorrir sem jeito — Eu posso te ajudar, se quiser é claro.
— Como exatamente me ajudaria?
— Primeiro, você está fazendo tudo errado.
— Como é? — Mei Ling o encarou ultrajada.
— Calma! — ele riu — Olha me escuta, você se irrita por que fica com ciúmes, mas ele também se irrita por estar com ciúmes. — Mei Ling permaneceu o encarando o que o fez rir por ela ainda não ter compreendido — Isso significa que você tem uma chance.
— Você acha?!
Sua surpresa foi tamanha que acabou se exaltando e assustando Lucas logo atrás com Mark tendo uma crise de risos.
— Quer dizer... — recobrou sua postura — Você acha?
— Com certeza. Mas toda oportunidade que aparece, você desperdiça. Hoje, por exemplo, ele queria ter ido com você no ônibus, por isso ficou tão irritado.
— Ah... Entendi o que quis dizer... Acha que eu devia tomar mais a iniciativa?
— Eu acho que você devia tentar conquistá-lo ao invés de se estressar por ele não notar sozinho seus sentimentos e depois desistir sem tentar.
— Como você...?
— Mei Ling, por favor, quem vê de fora nota tudo. — sorriu largamente — Agora, se aceitar minha ajuda, lhe darei meu primeiro conselho.
— Tudo bem... Isso é um pouco vergonhoso... Mas tudo bem...
— Sem timidez, Lucas é meio lerdo, se ficar tímida e não falar o que está pensando ele não vai entender nunca. De verdade, eu tô falando super sério.
— Você acha?
— Não, eu tenho certeza. Ele pode ser inteligente e esperto, mas nisso ele se confunde. — Mark notou que a garota quis discordar, por isso concluiu — Se você fosse uma garota da sala sem muito contato com ele, ele saberia de cara que gosta dele. Mas! Você é a melhor amiga dele, são próximos, por isso ele não sabe quando é amizade ou amor.
— Oh...
— Viu? É isso que acontece. E por este motivo, hoje você devia aceitar nossa oferta.
— Cabular aula vai me ajudar a conquistar o Lucas? — ela ainda não estava muito confiante.
— É claro, ele disse que faria tudo o que você quisesse, não é uma vantagem? Ah, e também temos uma boa saída sem detenção. Podemos pedir que finjam ser você também na chamada dentro do ônibus de volta para o colégio.
— Então é assim que vocês fazem... — descruzou os braços — Ok, eu vou aceitar seu conselho, mas não sei o que fazer...
— Aonde gostaria de ir com o Lucas se fossem ter um encontro?
— Não sei se tenho certeza disso...
— Relaxa, eu dou uns perdidos e deixo vocês a sós quando der. Só aceita e aproveita logo, senão vai se arrepender de nunca se declarar depois...
Mei Ling sabia que Mark tinha razão, e não notou que em parte na discussão a culpa também era dela. Suspirou tentando esconder seu nervosismo e timidez para encarar Lucas outra vez.
— Tudo bem, eu aceito seu pedido, mas iremos onde eu quiser ir.
— Claro, o que disser é uma ordem! — Lucas abriu seu sorriso um pouco aliviado.
Estava impressionado com como Mark havia conseguido fazer aquilo. Mei Ling parecia mais calma, contudo, não significava que ela ainda não estava chateada com Lucas.
— Certo e para onde vamos primeiro? — Lucas finalmente se aproximou.
— Vamos... À um parque de diversão!
Lucas pensou ter feito a escolha certa em colocar Mark naquela confusão, contudo não percebeu que seu plano não era perfeito.
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