19.
Meses depois...
-Oh, Ruby! Cheguei! - Gritei, batendo a porta da sala. - Oi, Furby! Hey, Bucky!
Fui derrubado, praticamente, pelos dois cachorros que vieram correndo na minha direção, abanando os rabos e com as línguas para fora. Reação normal de quem ficou quase um mês inteiro sem me ver por conta das gravações da Marvel.
Fiquei brincando com os dois, sentado no chão mesmo, até que eles tivessem perdido o interesse e matado um pouco da saudade. Então, levantei, espanando a poeira da calça.
A casa estava silenciosa. Tirei a mochila e deixei as malas no canto da sala mesmo. Andei calmamente até a cozinha, pegando o telefone e tentando achar Ruby.
Fui direto até a geladeira, pegando um pedaço de torta de limão que estava dando sopa e uma cerveja, parando na ilha para beber e comer. Liguei para ela.
O telefone tocou ao longe, no segundo andar. Franzi a testa. Ela devia estar dormindo...
Achei melhor não incomodar e fui para a sala, assistindo um pouco de televisão, mas nenhum canal me atraía de verdade, então achei melhor pegar a roupa suja da viagem e colocar para lavar.
E só então, me permiti subir até o nosso quarto. Achei Ruby deitada na cama, agarrada com um travesseiro, quase roncando de cansaço.
Sorri e andei até ela, me inclinando sobre Ruby e beijando a bochecha dela algumas vezes, até sentir Ruby se remexendo. Me afastei e esperei, sorrindo.
Mas para o meu desagrado, Ruby só se espreguiçou e virou para o outro lado, agarrando o outro travesseiro e escondendo o rosto.
Revirei os olhos. Voltei a beijar a outra bochecha dela.
-Ruby? Amor? Acorda?
-Mais cinco minutos...
-Só vim dizer que cheguei, mô.
-Uhum... Tá.
-Vou tomar um banho, tá?
Ruby concordou, mas eu não fazia idéia se ela tinha acordado ou não. As vezes, ela fazia isso. Respondia tudo como se estivesse acordada e continuava dormindo.
Tirei a roupa e fui até a gaveta, olhando por cima do ombro para ver se ela estava acordada ou não. Quando percebi que não, mesmo, tirei a caixinha vermelha do meu bolso e joguei lá dentro, trancando a gaveta.
Corri para o banheiro, tomando um banho quente o suficiente para relaxar os músculos cansados dos treinos, gravações, viagens...
E especialmente, da expectativa de querer dar um passo à mais na relação.
Eu tinha decidido pedir Ruby em casamento há algumas semanas e comentei, casualmente, durante uma conversa. Na época, tinha sido apenas uma pequena idéia que me passou pela cabeça. Só isso. Eu nem tinha parado para refletir totalmente.
Acontece que Chris e Anthony surtaram quando eu falei e me fizeram ir correndo em uma joalheria comprar o tal anel de noivado.
Eu ainda não tinha sentido o peso disso até o momento em que o Avião desembarcou e eu pensei seriamente em ficar por Atlanta para fugir do momento. Mas então, consegui me convencer que Ruby não ia dizer não e fiquei mais calmo.
Tudo bem, precisei passar uma hora no aeroporto ligando para Lupita e Joy e perguntando a opinião delas.
E mais dez minutos para ligar para Agatha e eu conseguir falar com o Josh para pedir a mão da Ruby. Eu faria de qualquer forma, mas Josh ficou tão encantado com o fato de que eu lembrei do pedido dele, que além de me deixar casar com a Tia dele, ainda pediu para a gente ter os priminhos dele logo.
Saí do banheiro e me enxuguei, colocando uma roupa fresca. Ruby ainda ressonava quando eu peguei a caixinha de volta e saí do quarto.
Achei Bucky quas matando Furby no corredor e apartei a briga que ia se seguir se Furby continuasse pulando na cara de Bucky.
Segui para a cozinha, olhando para a hora. Eram quase três horas da tarde e eu não fazia idéia se, ao menos, café da manhã a Ruby tomou.
Achei melhor fazer um lanche, só. Almoço ia dar muito trabalho e eu queria uma coisinha leve. Fui até a mochila e peguei a rosa que comprei no caminho, colocando dentro de uma jarra pequena e organizei a bandeja.
Claro que antes, fui no grupo dos chuta-bunda do Stan e mandei:
"Gente... Vocês acham que vale a pena?"
As quantidades de mensagens seguintes me assustaram pelo conteúdo, já que alternavam entre "Se você Não fizer, vou esfregar a sua cara no asfalto" a "Eu tenho uma glock em casa e eu vou atirar na sua testa se você não for agora e fizer". A mais pacífica foi a de Anthony, que apenas dizia "É só escolher entre fazer ou morrer. Simples!".
Respirei fundo, ajeitando a roupa e peguei a bandeja, subindo as escadas. Respirei fundo outra vez antes de entrar. Minhas mãos tremiam quando sentei na cama e apoiei a bandeja ao lado dela.
Abracei Ruby, dando vários beijos na testa dela, por mais que minha vontade fosse a de dar uns tapas na cara para ela acordar, literalmente falando.
-Amoooor... - Cantarolei. - Cheguei!
Ruby se remexeu, preguiçosa.
-Ruby, vamos... Acorda, Mulher!
Nada. Bufei.
-Você não me deixa nenhuma outra alternativa, Ruby Calhoun! E eu juro que eu tentei!
Me joguei por cima dela, a prendendo embaixo de mim. Minhas mãos cutucavam a barriga e a costela dela, enquanto minha boca fazia cócegas no pescoço.
Ruby começou a gritar e se debater tentando me tirar de cima dela, enquanto tinha um ataque nervoso de risos histéricos.
Parei para deixar ela respirar e fiquei a observando, pendurado por cima dela.
O sorriso de Ruby era a coisa mais linda que eu já tinha visto, depois dela. Era largo e espontâneo e me dava vontade de sorrir junto para sempre.
-Por quê você fez isso, Bastian? Ficou doido?!
-Eu estou chamando você há mais de uma hora, menina... - Saí de cima dela depois de selar minha boca na de Ruby por um segundo.
-Mais de uma hora?
Ruby franziu a testa e pegou o celular do lado dela, arregalando os olhos quando percebeu a hora.
-Meu Deus... Eu nem percebi que eu dormi isso tudo...
-É, pois é... - Me joguei contra ela, a olhando. - E com isso, quem sofre sou eu sentindo falta da minha namorada...
Ruby enlaçou meu pescoço com os braços, me puxando para si e sorrindo.
-Eu senti tanto a sua falta...
Ruby sorriu largamente me puxando para um beijo que eu não demorei nada em aprofundar. Ruby e eu nos beijávamos como se o mundo fosse acabar após desencostarmos os lábios.
Ruby começou a descer a mão pelo meu peito e antes que eu começasse a me animar, pulei para o lado, largando ela.
Ruby bufou e sentou na cama, me encarando.
-O que foi, Minha Jóia?
-Achei que tinha dito que estava com saudades...
-E eu estava. Na verdade, ainda estou. - Peguei a bandeja e entreguei a ela, sorrindo. - Mas também estou preocupado se você comeu alguma coisa o dia todo ou não.
Ruby sorriu largamente, pegando a bandeja da minha mão. Esperei, pacientemente, depois que me deu um beijo na bochecha, ela encarar a bandeja e ver a caixinha, na frente da rosa.
Na verdade, eu quase tive um treco de ansiedade porque Ruby começou a falar me olhando, enquanto pegava o sanduíche e o café, sem abaixar os olhos uma única vez.
Quando eu tive certeza que ia desmaiar, Ela enfim, abaixou os olhos para a bandeja, catando umas casquinhas de pão. Ainda levou alguns segundos para Ruby bater com o olhos na caixinha e parar, estática, com a boca aberta e o pão a meio caminho dela.
Soltei o ar e Sorri. Ruby me encarou, a boca aberta e os olhos arregalados.
-Que isso?!
-Abre, ué.
Ruby esticou a mão, trêmula, pegando a caixinha e abrindo. Os olhos dela bateram no diamante e ela chegou a dar um pulinho de susto, largando a caixinha na bandeja.
-Mas... Isso... Isso é...
-Isso é um anel de noivado. - Peguei a caixinha, tirando o anel e puxando a mão dela para mim.
Vi lágrimas brotando nos olhos dela e Ruby começar a ficar vermelha, prestes a chorar. A encarei nos olhos, sorrindo, mesmo com vomtade de sair correndo, gritando.
-Ruby Calhoun... Eu podia usar um milhão de adjetivos para te descrever e falar o quanto você é importante para mim, mas isso você já sabe. Só não custa lembrar que você é o meu primeiro amor e continua sendo ele até hoje.
As primeiras lágrimas caíram pelo rosto dela.
-Eu te amo demais e sou completamente apaixonado por você. E eu, que já vivi muito anos sem, posso afirmar que minha vida já não faz mais sentido se você não estiver ao meu lado para me apoiar, me amparar, me incentivar, torcer por mim, brigar comigo quando eu jogo a cueca fora do cesto de lixo...
Ruby deu uma risada, entre um soluço. Beijei a mão dela.
-Todos os meus planos, Ruby, incluem ter você ao meu lado de alguma forma. Seja como espectadora ou protagonista. E se isso não é motivo suficiente para você aceitar casar comigo, eu juro que eu me jogo daquela janela de tanta vergonha e humilhação!
Ruby soltou mais uma risada, me olhando, enquanto eu pigarreava e respirava fundo.
-Ruby, você aceitar dar um jeito de entrelaçar a sua vida na minha de qualquer forma, contanto que eu tenha você ao meu lado? - Fiz uma pausa e ri, sem graça. - Nossa, isso ficou mais estranho do que estava na minha cabeça... Enfim, meu amor.... Casa com...?
-Sim! Sim! Sim! Mil vezes, sim! - Ruby se jogou contra mim, me beijando e quase fez a gente cair da cama. - Meu Deus! Eu achei que você nunca fosse pedir! Eu caso com você!
Comecei a rir e consegui levantar de novo para colocar a aliança no dedo dela. Ruby chorava igual a uma torneira aberta e é óbvio que eu acabei levando um tapa quando comecei a rir da cara dela.
Ficamos abraçados e em silêncio durante vários minutos, enquanto ela exanimava o anel.
-Ele é tão lindo! - Ruby exclamou, sorrindo. - Eu amei! De verdade!
Assenti e dei um beijinho nela.
-Eu achei a sua cara quando eu vi: Delicado, fofo... E lindo!
Ruby sorriu, me encarando.
-Esse pedido é para valer, não é?
-É, sim!
-Ai... Eu nem to acreditando! - Ruby voltou a sorrir mais largamente. - Eu que tinha planejado fazer uma surpresa para Você hoje e eu que fui surpreendida! Incrível!
Franzi a testa, a encarando e ajeitando Ruby no meu colo.
-Surpresa para mim?
Ela deu um sorriso que eu sabia que significava que ela estava aprontando alguma coisa. Era o mesmo de quando ela decidia bater em alguém na escola.
-Fica aqui? Não se mexe e nem abre os olhos! Por favor!
Obedeci, fechando os olhos e me guiando só pela audição. Ruby mexeu no armário e depois voltou, provavelmente, saltitando pelos som dos passos. Então, ela sentou na minha frente.
-Não abre os olhos ainda, tá?
-Okay...
Ouvi barulhos de papel e de caixas e senti quando Ruby saiu de cima da cama, mas continuou apoiando coisas nela. Esperei, mesmo curioso, sem abrir os olhos.
-Não vale espiar, hein! - Ruby pediu. - Mas lembra quando você disse que queria um jeiro de nos entrelaçarmos? Então, eu acho que achei um.
-Achou, é?
-Aham. Estica a mão.
Obedeci. Ruby colocou um palito de sorvete(?) Na minha mão.
-Abre os olhos, Stan.
Abri. Por uns segundos, eu fiquei tonto. Primeiro, achei que era um termômetro. Depois, vi dois tracinhos e só entendi o que era aquilo, quando olhei para a cama.
Havia um ultrassom, um exame de sangue e uma camisa azul, de bebê, junto com sapatinhos azuis.
Arregalei tanto os olhos que eles quase saltaram para fora da órbita. Peguei o ultrassom com os dedos trêmulos. Meu corpo inteiro estava gelado.
-Ruby... - Encarei ela, engolindo em seco. - Você está grávida?!
-Estou! - Ruby riu, erguendo a blusa e só então, eu reparei na protuberância no pé da barriga dela. - Catorze semanas! Eu estava doida para você voltar de viagem e eu contar! Tive que quase ameaçar tacar fogo no Mackie para ele não contar antes da hora...
Encarei ela.
-Ele sabia!
-Aham...
-Filho de uma... - Exclamei, esfregando o rosto e sentindo as lágrimas que caíram doa meus olhos. - É um menino?
-É, sim! - Ruby apontou para o ultrassom. - Isso é um pintinho.
Comecei a rir e chorar, tudo junto. Então, Ruby me encarou, querendo rir.
-Stan... Você tem noção do que está acontecendo?
-Eu acho que não...
-Você vai ser pai. Eu vou ser mãe. A gente vai ter um menininho! E tem mais uma coisa... - Nos encaramos. - É uma gravidez normal. Sem risco nem para mim, nem para ele!
E acho que só quando eu peguei a blusinha, é que a minha ficha, realmente, caiu de verdade e eu me joguei contra a Ruby, a abraçando até me acalmar e começar a conversar com a barriga.
Eu tinha a impressão que seria uma vida incrível a partir daquele momento.
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