14.
Demorou quase vinte dias para que Joy e Marguerita marcassem um dia para nos encontrarmos. Nossas agendas não batiam e quando bateram, Joy foi chamada em outro estado, o que dificultou, e muito, o nosso encontro.
Então, marcamos um encontro na minha casa mesmo, já que, segundo Joy, o assunto era de extrema importância e não podia ser ouvido por mais ninguém.
Não comentei nada sobre isso com Ruby, já que algo me dizia que o assunto dizia respeito a ela. Mas comentei com Chris e Anthony e eles estavam tão ansiosos para saber quanto eu.
Como eu estava gravando, tivemos que marcar para as onze da noite, um hora depois que cheguei em casa. Fiquei pela sala mesmo e nem me dei ao trabalho de trocar de roupa, apenas tirei o casaco e deitei no sofá, com Furby no colo.
O bichinho já tinha crescido vários centímetros, mas as orelhas ainda arrastavam pelo chão enquanto ele andava.
-Será que eu devia ter chamado você de Dumbo, mesmo? - Questionei, brincando de colocar as orelhas dele na frente dos olhinhos brilhantes. - São muito compridas...
O cachorro se livrou das minhas mãos e começou a lamber a minha cara, me causando um ataque de risos.
Assim que a campainha tocou, Furby pulou do meu colo e saiu correndo, latindo em alto e bom som, enquanto abanava o rabo e chorava. Reação normal todas as vezes que via a Joy.
Andei até a porta e respirei fundo antes de abrir.
-Oi, Sebby! - Margosha entrou pela porta, depois de me dar um rápido abraço.
-Oi, Margosha. E ai, Joy?
-Demoramos?
-Nem um pouco! - Fechei a porta e apontei para a sala. - Vocês já conhecem a casa. Fica à vontade.
As duas agradeceram e andaram até o sofá. Sentei em uma poltrona e abracei Furby, que pulou no meu colo. Por um momento, ninguém disse absolutamente nada.
-Okay, eu to realmente curioso.... - Comecei, me fazendo de idiota. - Quer dizer, eu nem sabia que as duas se conheciam...
Joy me encarou, estreitando os olhos. Sustentei o olhar.
-Não nos conhecíamos. -Marguerita explicou, ajeitando os cachos dourados. - Mas eu meio que tive que conhecer ela, porquê... Bem...
Marguerita olhou para Joy, provavelmente, esperando que ela explicasse. Joy negou com a cabeça.
-Explica para ele o mesmo que você me explicou, Marguerita.
Marguerita suspirou e pegou o celular. Observei ela desbloquear a tela e começar a procurar alguma coisa. Antes de me mostrar, Marguerita me encarou.
-Antes que você diga algo, eu sei que ele é mais novo, mas eu juro que não me importo e que ele também não!
Franzi a testa e dei de ombros.
-Eu não tenho, absolutamente, nada a ver com a sua vida, Margosha. Não somos namorados nem amigos, só conhecidos.
Ela assentiu e esticou o telefone para mim. Peguei e encarei a foto que mostrava Margosha sentada em uma mesa de restaurante, abraçada com um rapaz.
Uma segunda olhada me fez arregalar os olhos, de surpresa, e ter que disfarçar, tossindo.
-Esse é o Archie?!
-Aham. - Marguerita pegou o telefone de volta. - Eu e ele nos conhecemos um pouco depois que você me deu um fora...
-Eu não te dei um fora. Você tacou uma bebida na minha cara!
-Você admitiu que estava comigo por sexo! O que queria que eu fizesse?
-Eu nunca disse que...
-PESSOAL! - Joy gritou. - Pelo amor de Deus, vocês lavam roupa suja depois. Será que dá para se concentrarem aqui?!
Calamos a boca. Marguerita continuou depois de suspirar.
-A questão é que trocamos telefone, mas depois perdemos o contato e voltamos a nos falar tem um ano, mais ou menos, por causa de uma amiga em comum. Lembra da Suzy, de Ohio?
Acenei que sim.
-Uma loirinha?
-Aham.
-Lembro sim! O que tem?
-É prima dele!
-Jura?!
-Aham! Enfim... - Marguerita respirou fundo e se ajeitou na cadeira. - A gente começou a namorar tem uns quatro meses e como foi aniversário da minha sobrinha, eu achei que seria uma boa oportunidade para ele conhecer a minha família.
Esperei, encarando Joy, que mandou Marguerita continuar.
-Bem, e ai... ?
-E aí, a gente estava no salão de festa quando o Archie viu uma pessoa e ele foi até ela.
-Quem era a pessoa? - Perguntei, sem entender.
-A loira que estava no bar com o Simon quando o Diretor do filme morreu.
Meu queixo caiu e até deixei Furby cair no chão junto. Encarei Joy que confirmou com a cabeça.
-Espera... E quem era a loira?
-Minha prima, Natasha. - Marguerita explicou. - Ela é da Rússia, mas esteve aqui durante algum tempo com uma companhia de teatro. No caso, o período daquele ano coincidiu com a morte do Diretor.
-Por isso aquelas perguntas estranhas?
Marguerita confirmou com a cabeça.
-E aí, eu fui conversar com ela e no meio do assunto, puxei papo sobre o Simon. Ela admitiu que ajudou ele. Quer dizer, eles tinham se conhecido um tempo antes e ela não fazia idéia de que ele namorava até ele pedir ajuda para ficar um tempo numa casa que ela tem aqui, em Nova York.
Franzi a testa, me inclinando para frente.
-Ele explicou que a namorada estava tentando dar um golpe nele e ela acreditou. Depois, ela deixou ele usar a casa dela por umas semanas.
Respirei fundo, me ajeitando na poltrona. Minhas mãos tremiam.
-E ela não soube o que foi que ele fez?!
-Soube, mas só depois.
-E ela não foi na Polícia se explicar?!
-Stan, entenda... - Marguerita suspirou. - Ela ficou com medo...
Levantei da poltrona e comecei a andar pela sala, tentando me acalmar.
-Como ele sabia que a Ruby estava voltando para Nova York?
-Não faço idéia. - Joy respondeu.- Talvez, isso tenha morrido com ele. Mas claro que o mais lógico, seria um cúmplice. Mas quem? A gente não sabe...
Virei para Joy e a encarei.
-Prenderam ela?
-Ela fugiu. - Joy negou. - Está foragida desde a festa da sobrinha da Marguerita. Ela demorou a vir falar porquê era a palavra dela contra a da prima. Mas o fato dela ter fugido, por si só, já a incrimina. E depois, comparamos as fotos com o retrato falado de Archie. É ela.
Passei a mão pelos cabelos e desisti de tentar ter raiva da Marguerita. Ela não tinha feito nada. Suspirei.
-Eu vou precisar de uma bebida. Alguém quer?
As duas aceitaram e fomos nós quatro, incluindo Furby, para a cozinha. Servi uísque e cerveja para elas, enquanto colocava um pouco de patê para Furby e me entupia de Martini.
-E vocês vieram me contar isso por quê...?
-Sebastian, esse caso foi muito visado po conta da fama da Ruby e do Simon, até. Você, a Lupita, o Anthony... Todos estavam metidos nisso. Assim que começarmos a movimentar isso mais à fundo e procurar a tal da Natasha...
Assenti.
-Você me contou para eu preparar a Ruby.
-E se preparar também.
-Eu vou saber lidar com isso, Joy. - Comentei, servindo mais uma dose de Martini e bebendo de uma vez só. - O que me preocupa é a Ruby.
Silêncio.
-Ela está bem? - Marguerita perguntou. - Quer dizer, ela parece bem.
-Ela viveu muito tempo oprimida. - Joy explicou. - Por mais que externamente ela esteja bem, por dentro ainda tem muito trauma. Pode ser que leve o dobro do tempo para que ela se cure totalmente e pode ser que nunca se cure.
Silêncio.
-Você gosta muito dela, né?
Ergui meu olhar para Marguerita e suspirei.
-Eu tenho amado ela a minha vida toda.
Silêncio.
-Vocês são tão fofos que me dão diabetes! - Joy exclamou, do nada, me dando um susto. - Continuem assim! Eu amo estar ficando diabética!
Começamos a rir. Respirei fundo e fui para o lado de Marguerita, encarando ela.
-Eu acho que te devo um pedido de desculpas, Margosha.
-Deve? Por que? - Ela perguntou, franzindo a testa levemente.
-Pela forma que eu tratei você, sabe? Eu fui um babaca...
-É, eu sei. - Marguerita estreitou os olhos. - Mas como eu sei também que você gostava da Ruby e sempre gostou... Fui eu que me iludi mesmo. Achei que dava para a gente... Bem, achei que dava para você esquecer ela e...
-Espera aí! - Pedi. - Do que você está falando? A Ruby só apareceu no final...
Joy deu uma risada, mas disfarçou com um ataque de tosse quando eu a encarei.
-Qual é, Sebastian! Só se eu fosse uma tonta para não perceber que a gente terminou da primeira vez quando você reencontrou a Ruby em uma festa! Foi de quem mesmo? Willian ou Charles?
-Terminamos por causa de ciúmes e de planos que não se cruzavam...
Marguerita rolou os olhos e bebeu mais um pouco de uísque.
-Essa foi a desculpa que você deu e eu fingi acreditar, okay?
Senti minhas bochechas começarem a esquentar e desviei o olhar, sem conseguir acreditar nisso.
Afinal, tínhamos terminado mesmo por causa de ciúmes! Ou não?
-Terra para Sebastian! - Joy tacou uma pedrinha de gelo em cima de mim. - Sua campainha está tocando, oh, imbecil!
-Hey! - Reclamei, jogando a pedrinha de volta para ela. - Deixa os xingamentos para o seu primo, está bem?! Eu já volto!
-Vou fazer um lanche! - Joy gritou.
-Tá bem!
Andei até a sala, examinando a hora no relógio no meu pulso. Furby veio trotando e se embolando nas próprias orelhas por trás de mim. Peguei ele no colo, quando o cachorrinho caiu e ficou com cara de bunda.
Voltei a andar até a porta, a abrindo. Meu coração gelou.
-Ruby?!
-Eu mesma! - Ruby sorriu, se jogando contra mim e me dando um beijinho na boca, mas logo voltando a atenção para Furby. - Oi, meu amorzinho! Me dá ele?
Dei Furby para Ruby, que não parava de lamber e abanar o rabo para ela. Olhei na direção da cozinha e vi Joy avisando que ia sair pelos fundos. Concordei com a cabeça.
-Sentiu saudade de mim, foi, neném? Você é tão bonitinho!
-Será que eu vou sempre perder minha namorada para o Bucky e para os cachorros?
Ruby riu e colocou Furby no sofá. Então, largou a mochila ao lado dele. E veio até a minha frente, sorrindo.
-Isso é ciúme, é?
-Quer saber? É sim! - Eu ri. - E eu odeio estar com ciúmes!
Ruby deu um pequeno gritinho, entre uma risada, quando eu a puxei pelas pernas para o meu colo e a apoiei no encosto do sofá.
-O que veio fazer aqui, Minha Jóia? Achei que você ia estar com o Josh hoje...
-Vim ver meu namorado. Mas se ele não me quer...
-Eu não disse que não te quero. Só disse que achei que você ia dormir com o Josh.
Ruby beijou meu pescoço. Segurei o encosto do sofá, fechando os olhos.
-O Josh não me esquenta como você.
-Hmmm... Que bom! - Sorri para ela, capturando os lábios de Ruby com os meus.
Um barulho alto veio da cozinha. Parecia uma panela caindo. Ruby me encarou, soltando minha boca.
-Que barulho foi esse?
Levei uns cinco segundos para dar de ombros.
-Deve ter sido o Furby.
-O Furby está no sofá.
-Então, sei lá! - Puxei ela de volta para perto de mim e a beijei, xingando Joy mentalmente.
Eu ainda não sabia como falar o que a Marguerita me falou. Na verdade, eu nem estava esperando que Ruby aparecesse por aqui hoje, eu esperava, depois de uma notícia dessas, ter algumas horas, ao menos, para contar.
Mas a porta da cozinha bateu. Ruby parou de me beijar e me encarou de novo.
-Tem alguém aqui?
-Eu e você.
Ruby estreitou os olhos, me empurrando para o lado e pulando do sofá.
-Por quê você está vermelho?
-Quem está vermelho?
Ruby deu meia volta e seguiu na direção da cozinha. Corri atrás dela e tentei evitar que ela entrasse.
-O que foi?
-Qual a paranóia?
-Nenhuma. - Ruby me encarou. - Tô com sede, só isso.
Ruby me contornou e eu não tive outra opção, se não, deixar ela entrar. Tinha uma panela no chão e um copo quebrado. Ruby parou na porta.
-Tinha alguém aqui?
-Ruby...
-Quem era?
Respirei fundo.
-A Joy e a Marguerita .
-Sua ex?!
Desviei o olhar. Ruby respirou fundo e esfregou o rosto, me olhando, séria.
-Sebastian? Por quê sua ex estava aqui, saiu correndo pela porta dos fundos e você ficou surpreso de me ver aqui?
-Primeiro... - Peguei a mão dela e a encarei, no fundo dos olhos. - Eu não estou te traindo. Você acredita em mim?
Ruby hesitou e eu quis dar uns sacudidões nela. Mas lembrei do que eu fiz e do que aconteceu, então esperei, mesmo irritado.
Por fim, Ruby entrelaçou nossos dedos e concordou com a cabeça.
-Acredito. Mas o que...?
-Eu não posso contar.
Ruby largou a minha mão e recuou um passo, ficando vermelha de irritação.
-Ah, é?! Por quê?! - Ruby me encarou. - Você tem alguma noção do que é trair?
-Porque eu não sei como te contar! - Explodi. - E pela milionésima vez, eu nunca traíria você! Eu não sou ele!
Ruby recuou um passo e eu me senti um idiota. Observei ela andar até o balcão e pegar um copo, depois ir na geladeira e encher o copo inteiro de vinho.
-Qual a merda dessa vez, Sebastian?
-Ruby...
-Me fala ou eu nunca mais falo com você!
Soltei o ar e a encarei, esperando ela terminar de beber meio copo de uma vez.
-Provavelmente, achamos a pessoa que escondeu o Simon aqui em Nova York.
Ruby franziu a testa.
-O que a Marguerit....?
-É a prima dela.
.
Ooie, Pessoal! Voltei e voltei rapidinho! 💖
Lembram que eu disse que estava inspirada? Então! 🤭❤
Eu disse que não era o que vocês estavam pensando, eu não disse? KKKKKK Alguém ficou surpreso?
E esse momento tenso no finalzinho? Tadinho do Sebby, não passava nem Wifi quando a Ruby foi para a cozinha 🤣🤣🤣
Espero que tenham gostado! 💖
Se tudo der certo, terça temos mais um e quinta ou sexta também! 🤭❤
Até o próximo!
Bjs 💋💋
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