Capítulo 2
- Pete? - Venice perguntou, vendo o homem assentir. Ele pensou por mais alguns segundos, então negou novamente com a cabeça. - Eu não lembro, desculpa.
- Tudo bem, querido. Você não tinha como lembrar mesmo. Eu fui embora quando você era bem bebê, de 4 pra 5 anos, eu acho. - Explicou Pete com um sorriso carinhoso.
- E você me conhece de onde? - Perguntou Venice, muito curioso.
- Eu era.. Bem.. - Pete coçou a nuca. - Era amigo do Vegas.
- Ah. - Venice assentiu. - E por que você foi embora?
- A minha vó estava doente, e eu fui com ela prós Estados Unidos tratar da doença dela por lá. - Respondeu Pete.
- E ela tá bem agora?
- Está ótima! - Então Pete se levantou e estendeu a mão para Venice. - Vamos, eu vou te ajudar a achar seu pai..
Antes que Venice pudesse pegar a mão de Pete, alguém o empurrou para longe. Era Kan.
- Fica longe do meu filho! - Kan gritou, raivoso. Pete se virou para olha-lo e a expressão de Kan mudou para surpresa. - Pete!
- Kan! - Pete disse, forçando um sorriso enquanto sentia uma forte dor nas costas. - Tudo bem?
- Pete, meu Deus, desculpa! - Kan pediu. - Eu não sabia que era você! Eu achei que fosse algum sequestrador querendo levar o Venice!
- Tudo bem, eu entendo. - Pete respondeu, e realmente entendia, embora suas costas reclamassem de tanta dor.
- Pai! - Venice correu para os braços de Kan, que o pegou no colo.
- Meu amor. - Kan dizia enquanto apertava o filho em seus braços. - Onde você tava? Eu te procurei por todo mercado.
- Eu fui pegar doce, e quando voltei você tinha sumido! - Explicou Venice, com os olhinhos voltando a se encher de lágrimas. - Eu pensei que você tinha me deixado porque fui mal criado! Desculpa!
- Oh, meu bebê. - Kan depositou vários beijos pelo rostinho molhado do filho. - Eu nunca faria isso. Nunca! E não precisa pedir desculpas, você não fez nada de errado.
Venice chorou baixinho enquanto deitava a cabeça no ombro de seu pai. Kan fazia um carinho em suas costas enquanto se voltava para Pete.
- Pete, quando você voltou? - Kan perguntou com um sorriso.
- Eu voltei faz poucos dias, Kan.
- E sua vó, como está? O tratamento correu bem?
- Ela está perfeita, foi muito duro no início, mas minha vó é guerreira e conseguiu vencer a doença. - Disse Pete emocionado, lembrando da luta que sua vó e ele enfrentaram nos últimos dois anos. - Agora ela está mais saudável que eu.
Os dois sorriram com carinho pela vó de Pete.
- Pai.. - Chamou Venice com um biquinho nos lábios. - Vamos pra casa? Quero minha festa!
- Festa? - Pete perguntou confuso.
- É. Hoje é aniversário do Venice. - Explicou Kan.
- Sério? - Pete perguntou surpreso, vendo Venice sorrir grande e assentir animadamente com a cabeça.
- Sim, tô fazendo 7 anos! - Venice disse, fazendo o número com os dedos.
- Eu não sabia, parabéns, Venice! - Pete disse com um sorriso. - 7 anos? Nossa, e eu fui embora quando ele tinha 4 aninhos, já é um rapazinho!
- Um homem! - Corrigiu Venice, fazendo os dois mais velhos rirem.
- Um homem. - Concordou Pete.
- Por que você não vai pra festa? - Kan deu a ideia. - Traz a sua vó também. É uma festa de criança, obviamente, mas Khun, Kim, Kinn e os outros também vão estar lá.
O sorriso de Pete vacilou por um momento.
- Ah, eu.. Eu bem que gostaria, Kan, mas.. - Pete coçou a nuca, envergonhado.
Ele nem precisava falar, Kan já sabia o porquê daquela hesitação de Pete.
- Não se preocupe, o Vegas não vai estar presente. - Ele disse, tentando parecer o mais conveniente possível. Mas claro que não deu certo; Pete levantou uma sobrancelha.
- Ele não vai estar presente no aniversário do próprio irmão? - Pete perguntou, e Kan sabia o quão difícil de acreditar aquilo era, mas não via outra opção de convencer Pete à ir.
- Não. - Respondeu Kan, disposto à seguir a mentira. - Ele vai estar ocupado.
- Kan, olha.. - Antes que Pete pudesse recusar o convite de Kan, os dois olharam para Venice, que havia recomeçado a chorar.
- O mano não vai no meu aniversário? - Venice perguntou, soluçando.
Kan se desesperou, apenas queria a presença de Pete na festa, Kan gostava tanto dele. Mas não queria que Venice chorasse.
Estava prestes a desmentir tudo quando Venice continuou a falar.
- Tio Pete, como o mano não vai estar na festa, você pode ir? Assim eu não fico triste. - Pediu Venice, fazendo Kan parar e olhar para Pete, esperando uma resposta.
Pete pensou um pouco, mas não tinha o que pensar. Se Venice ficaria feliz se ele fosse à sua festa, ele iria.
- Ok, eu vou. - Pete disse, vendo os outros dois sorrirem grandemente. - Mas só vou se tiver cama elástica.
- Vai ter! - Venice gritou, alegre.
- Então eu vou! - Pete respondeu com um sorriso. - Apenas vou passar em casa, para buscar minha vó. E tem o presente, também..
- Não precisa de presente. - Venice se apressou em dizer, surpreendendo Kan, pois seu filho era a criança mais materialista que ele já tinha conhecido na vida: amava receber presentes.
- Claro que precisa. - Pete retrucou. - Fala pra mim, o que você mais gosta?
- Eu gosto de pintar. - Respondeu Venice.
- Ah, então temos um artista aqui? - Pete perguntou, vendo Venice ficar vermelho e assentir com a cabeça. - Está decidido, vou comprar materiais de pintura para você.
- Oba! - Venice gritou alegre, rindo junto dos outros dois.
- Ok, tenho que ir. Não quero me atrasar pra festa. - Pete disse, se despedindo com um abraço de Kan e bagunçando os fios de Venice.
Kan foi junto com Venice para o caixa, passando as comprar que estava no carrinho.
- O mano vai tá na festa, né? - Venice perguntou de repente, colocando um bombom no meio das compras como quem não quer nada. Kan riu, mas deixou o doce passar pelo caixa: um pequeno agrado pelo susto que Venice tomou.
- Sim. - Respondeu Kan. - Desculpe ter mentido, mas eu queria muito que Pete fosse na festa.
- Tudo bem, eu sabia que era mentira. - Venice disse com um sorriso sapeca, surpreendendo Kan. - Por isso te ajudei com o choro, porque você não sabe mentir.
Kan olhava desacreditado para Venice, podia ser seu filho, mas não conhecia nem metade de sua personalidade.
- Você é um mini manipulador. - Kan disse e Venice sorriu orgulhoso, como se Kan tivesse o elogiado. - Eu não sei com quem você aprendeu isso.
- Você não precisa saber. - Venice disse, pegando o bombom que tinha acabado de passar pelo escâner, abriu a embalagem e pôs o doce na boca, sob o olhar assustado de Kan.
- Vou ter uma conversa com o Vegas e o Macau quando chegarmos. - Kan comentou pondo seu cartão de crédito na máquina para pagar a conta. - Os próprios irmão sendo má influência pro meu bebê. Obrigado, moça.
Kan pegou o carrinho e começou a guia-lo para fora do mercado, sentindo Venice agarrar sua blusa para que não se perdesse novamente.
[...]
- Que bom que vocês chegaram. - Macau disse com uma expressão assustada. - Tá cheio de crianças e eu tava quase ligando pra um exorcista!
Kan riu e Venice correu para os fundos de casa, onde seria sua festa.
- Onde está o Vegas? - Kan perguntou, dando algumas sacolas para Macau e indo em direção à cozinha. Ele pode ouvir o filho bufar atrás de si.
- Quando as crianças começaram a chegar, o Tawan disse que queria ir embora, porque não suportava crianças, então o Vegas disse que iria levá-lo pra casa. - Explicou Macau. - Ele me deixou sozinho pra cuidar de 10 crianças!
- Mas e o Chay? - Perguntou Kan.
- Ele foi pra casa se arrumar. - Respondeu Macau. - Vai voltar daqui a pouco com o Porsche e os outros. Os dois me abandonaram aqui!
- Pobrezinho do meu princeso. - Kan disse com um biquinho, bagunçando os cabelos do filho. Então Kan se lembrou de Pete. - Advinha quem eu encontrei no mercado.
- Quem? - Macau perguntou.
- Eu falei pra você adivinhar.
- Pai, eu não sou bom em advinhações. - Macau reclamou.
- Advinha! - Ordenou Kan.
- Fala logo, pai! - Pediu Macau. - Tô ficando curioso!
- Pois vai ficar curioso. Não quis brincar de adivinhar. - Kan deu as costas para Macau, indo em direção aos fundos da casa, com Macau atrás de si.
- Ah, pai! Não brinca comigo; assim você acaba com a vida de um fofoqueiro! - Reclamou Macau.
Kan apenas riu, mandando Macau ir atender à porta assim que ouviu alguém tocar a campainha. Macau apenas bufou e foi atender a porta: lá estavam seus primos e os amigos deles.
- Oi, pessoal. - Cumprimentou Macau com um sorriso, recebendo cada um com um abraço, e em Porschay deu um selinho. - Nenhum de vocês encontrou meu pai agora no mercado, né?
- Não. - Todos responderam.
- Por quê? - Kinn perguntou.
- Ele tá fazendo todo um mistério sobre quem encontrou no mercado. Não faço a mínima ideia de quem seja! - Explicou Macau. - Isso tá me matando. Tô quase aceitando brincar de advinhações com ele pra saber quem é a pessoa.
- Deve ser uma pessoa importante pro tio estar querendo brincar de advinhações e não falar logo quem é. - Kim comentou.
- Quer fazer uma revelação bombástica! Igual nas novelas mexicanas! - Khun completou animado. - Fiquei curioso também! Vou arrancar essa informação do tio a qualquer custo!
- Tão dramático. - Porsche revirou os olhos, as vezes não tinha paciência com o cunhado.
- Tay! - Venice veio correndo, se agarrando às pernas de Tay. - Que bom que você veio!
- A gente também está aqui! - Porschay avisou, em um tom ciumento. Era o favorito de Venice até Tay chegar e roubar seu lugar.
- Desculpinha. - Venice pediu, dando um abraço em cada um ali.
- Aqui seu presente, meu lindo! - Khun foi o primeiro à entregar o presente para Venice, então os outros foram entregando também, o deixando todo desajeitado, tentando equilibrar os presentes nas mãos.
- São pesados! - Reclamou Venice, vendo todos rirem. - Me ajudem, chatos!
- Pronto, peguei. - Macau pegou os presentes e os deixou em cima do sofá junto com os outros. - Ei, você estava com o pai no mercado, né?
- Sim. - Respondeu Venice.
- Então pode me dizer quem ele encontrou lá. - Completou Macau.
- Eu posso. - Concordou Venice. - Mas não vou.
- Por quê? - Khun perguntou.
- Papai disse pra eu não falar pro fofoqueiro do Macau! - Respondeu Venice, Macau fez careta e os outros riram.
- Por favor, maninho. Estamos todos morrendo de curiosidade. - Pediu Macau.
- Quanto eu vou receber por isso? - Perguntou Venice.
- O que? Você quer dinheiro por isso? - Macau viu Venice assentir. - Menino, sai daqui!
Venice riu e saiu correndo para os fundos da casa novamente.
- Por que você não deu o dinheiro pra ele? - Khun perguntou, irritado.
- Ele vive tirando dinheiro de nós três, ele é um sanguessuga! - Acusou Macau. - Não vou dar nem mais um centavo pra ele.
- Tem certeza? Não quer saber quem seu pai encontrou no mercado? - Porschay perguntou, sorrindo quando o Macau mordeu o dedo, num sinal de ansiedade.
- Ai, que saco! - Macau reclamou. - Eu vou falar com ele, fazer um acordo pra ele não me extorquir toda minha conta bancária.
- Depois conta a fofoca. - Pediu Tay. - Agora vamos pra festa, quero comer todos os doces que eu puder.
Eles começaram a se mover em direção aos fundos casa casa, foi quando a campainha tocou novamente e Macau foi atender.
- Pete?! - Macau gritou, atraindo a atenção de todos.
[...]
- Então era você quem meu pai encontrou no mercado? - Macau perguntou depois de quase 20 minutos de gritaria, surtos, beijos e abraços.
- Sim, era eu. - Pete respondeu com um sorriso, apontando para Venice que estava sentando em seu colo. - O Venice tinha se perdido de Kan e acabou de esbarrando em mim. E na hora que eu ia levá-lo para procurar Kan, ele apareceu e me jogou pra longe do Venice!
- Isso explica esse roxo nas suas costas. - Porsche disse, passando a mão levemente pelo hematoma. Pete usava uma blusa aberta nas costas.
- Desculpa mesmo, Pete. - Pediu Kan novamente, estava muito arrependido de ter machucado Pete.
- Tudo bem, Kan, você fez certo. Eu poderia muito bem ser um sequestrador. - Pete o tranquilizou. - E é melhor você tomar cuidado, viu? Quando você menos esperar eu vou roubar o Venice!
- Mas não vai mesmo! - Kan entrou na brincadeira. - Te arrebento!
- Ah, mas ele é tão bonitinho, não quer dar ele pra gente? - Perguntou a vó de Pete, fazendo um pequeno carinho nos cabelos de Venice.
- Ele não vai dar o Venice pra vocês, porque ele vai dar pra mim. - Tay comentou, piscando para Venice, que ficou vermelho. - Não é, Venice?
- É. - Venice respondeu, tímido.
- Não! O Kan vai dar o Venice pra mim! - Porschay disse, fingindo estar irritado.
- Não importa pra quem o Kan der o Venice, vou roubar ele de qualquer um. - Pete respondeu, apertando Venice nos braços.
- Tá podendo, hein, Nice? - Kim disse com um sorriso para o primo. - Tem três brigando por você.
- É que eu sou irresistível. - Explicou Venice, fazendo todos na mesa rirem.
- Nossa, o Venice nessa idade já sabe o significado de irresistível. - Pol disse com surpresa. - Eu nessa idade comia terra.
- É que ele é meu irmão, a genética é de família. - Explicou Macau, com um sorriso orgulhoso.
- Macau, você comia cola na idade do Venice. - Kan o desmentiu. - E só parou quando eu disse que se continuasse seu estômago ia colar e você ia morrer.
- Nada como uma trauma na infância. - A vó de Pete riu junto de Kan.
Algumas crianças chamaram Venice para brincar, ele saiu do colo de Pete e correu até seus amigos.
Nesse momento, Vegas chegou, sorrindo para a mesa onde seus amigos estavam.
- Cheguei, galera! - Vegas disse, parando no meio do caminho quando reconheceu alguém na mesa que não via à dois anos: a vó de Pete.
Pete, ao ouvir a voz de Vegas, se virou imediatamente para olha-lo.
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