Te encontrei
Assim que o avião fez sua aterrissagem, apressadamente os quatro saíram avoados com suas mochilas e bolsas sem nem ao menos saber qual a direção certa a tomar. Jaehyun, por sorte havia se precavido e preparado um carro para levá-los à pousada da família Nakamoto, contudo o problema agora seria encontrar o local da cerimônia de casamento. Já estavam dentro do carro e enquanto o motorista os levava à região combinada, bolavam um novo plano visto que o primeiro falhou pelo atraso.
— Calma, calma. — Jaehyun levantou as mãos pedindo que todos parassem de falar — Nós podemos ir para a pousada e ver se alguém pode nos dizer onde é o casamento.
— E se não tiver mais ninguém lá? — Johnny estava mais pessimista que o normal aquele dia, porém não era proposital — Doyoung disse que estavam fechados.
— Sim, mas alguém atendeu o telefone não? — Katrina ainda mantinha a esperança.
— Exatamente, e não estamos lá tão atrasados, foram só oito minutos desde que falamos com o Doyoung, tenho certeza de que chegaremos lá logo.
— Com licença... — o motorista se pronunciou, mesmo sendo japonês, seu coreano era muito bom — Não querendo ser enxerido, mas vocês estão falando sobre o casamente de Nakamoto Yuta e Kinoshita Ayumi? — o silêncio deles confirmou o que ele gostaria de saber — Por ser uma das famílias mais bem sucedidas de Osaka, fizeram uma matéria no jornal sobre a data, local e horário... É só pesquisar na internet.
— Ele tem razão! — Jaehyun fitou Taeyong que fora mais rápido com seu celular — Encontrou alguma coisa?
— Calma... Hm... Aqui, achei! — todos se juntaram para analisar a tela do celular — É praticamente do lado da pousada, na igreja no topo do morro... Parece que é só subir a escadaria. — respiraram mais aliviados.
— Ótimo, mas agora o que faremos se chegarmos tarde demais? — Johnny apertou as mãos uma na outra — O casamento já começou afinal, e dez minutos é o suficiente para eles falarem "eu aceito", não acham? — Katrina mordeu o lábio, contudo fora Jaehyun quem respondeu.
— Nós vamos conseguir seja um pouco mais otimista, temos tempo ainda. É um casamento importante não está vendo, foi parar no jornal, tenho certeza que com a quantidade de convidados para chegar, a noiva nem entrou ainda...
— É verdade, pare de nos deixar preocupados Johnny... — Taeyong o lançou um olhar mortífero — Você quase fez todo mundo chorar, já está bom por hoje, né?!
— Desculpa aí, estressadinho! — no instante em que eles iam começar a brigar, o motorista estacionou o carro em frente à uma enorme casa com decorações típicas da cultura japonesa e várias cerejeiras no jardim.
— Fiquem quietos e saíam logo do carro seus tontos. — Jaehyun abriu sua porta rapidamente e assim que Katrina saiu, ele levou sua atenção para o motorista — Muito obrigado senhor Takano, de verdade! Você pode ter salvo a vida do nosso amigo!
— Só estou fazendo o meu trabalho garoto. — sorriu largamente — Quando quiserem voltar, já tem meu número. — numa breve reverência com a cabeça ele se despediu.
Maravilhados com aquela pousada, os quatro seguiram o caminho de pedra pelo jardim em meio as cerejeiras procurando a tal escadaria que Taeyong havia comentado.
— Como pode uma escadaria daquele tamanho sumir desse jeito?! — Johnny analisava cada canto — ALI, ACHEI, VAMOS! — correram na direção apontada pelo mais alto entre eles e se depararam com a escadaria de pedra, que de perto parecia bem maior.
— Deus do céu... — Taeyong tomou fôlego — Por que tantos degraus...? — enquanto os dois estavam pasmos com a visão que tinham, Katrina e Jaehyun seguiram caminho.
— Parem de reclamar e vamos logo. — pulando os degraus que conseguia, Jaehyun saiu na frente.
Se não estivessem tão desesperados, levariam alguns minutos para subirem, contudo, a pressa os ajudou muito. Assim que alcançaram seu fim, ficaram maravilhados com o caminho bem decorado com rosas brancas e as cerejeiras banhando o chão com pétalas.
— Wow... — Taeyong levou as mãos na cintura respirando ofegante — Eu devia ter trago minha câmera.
— Ali, a igreja...! — Katrina apontou mais adiante com uma mão sobre os joelhos tentando recobrar o fôlego.
— Vocês são muito sedentários... — Johnny coçou a cabeça — A gente já está atrasado se não notaram, sebo nessas canelas, vai, vai! — encenando uma corrida parado no mesmo lugar, ele se aqueceu e logo saiu na frente.
— Ele... Tem razão... Vamos... — Jaehyun o seguiu mesmo sabendo que teria câimbras quando voltassem para o avião.
O caminho não era muito longo. Do outro lado da igreja haviam muitos carros luxuosos e uma limousine branca que eles julgaram ser a carona para a lua de mel dos noivos.
— Está de gozação com a minha cara que era só ter dado a volta com o carro que a gente não ia precisar subir aquelas escadas... — Taeyong comentou à medida em que se aproximavam.
— Você devia ter pego o endereço da igreja...! — Jaehyun respondeu — Mas agora não importa, já chegamos... Ah, minhas pernas estão doendo...
— O que a gente faz agora...? — Katrina suspirou sentindo o suor tomar suas costas — Como vamos entrar? — se depararam com as portas fechadas da enorme igreja.
— É só invadir, ora! — no momento em que Johnny terminou sua fala, uma desordem parecia estar acontecendo lá dentro.
— O que pensa que está fazendo?! — uma voz grossa que aparentava ser de idade gritou chamando a atenção dos quatro do lado de fora.
Assim que passos se aproximaram, Jaehyun puxou seus amigos para trás das moitas mais próximas. Se abaixaram às pressas assim que as portas foram escancaradas.
— Eu não consigo fazer isso! — pulando os degraus o garoto falou em coreano e olhou para trás brevemente — Esse é o limite!
— Mas... É o Yuta...! — Katrina ameaçou a se levantar, contudo Jaehyun a segurou sem muita força.
— Espera... Olha lá...
— Pense direito meu filho! — a senhora Nakamoto segurou o braço de Yuta — É para o seu próprio bem!
— Meu bem?! — retirou o braço de sua mãe sem usar força bruta — Estão fazendo isso por vocês! Não vou mais deixar me manipularem ou me ameaçarem, a vida é minha...! — e voltou a descer os degraus da igreja sem olhar para trás.
— Se você voltar, sabe muito bem o que vai acontecer com seus amigos, não é? — seu pai finalmente se pronunciou fazendo Yuta parar na metade do caminho — Quer mesmo acabar com a vida daquela mãe solteira também?!
— Estão ameaçando ele? — Jaehyun arregalou os olhos ficando extremamente irritado.
— Espera... Mãe solteira...? — Katrina sussurrou.
— Sobre isso... — Johnny murmurou — Nós descobrimos o seu segredo faz alguns dias... Sinto muito não ter dito nada, ficamos com medo do que você pensaria...
— Do que está falando...? — ela fez uma careta confusa.
— Da Charlotte...! Vocês duas, sabe, mãe e filha.
— Meu Deus... Não... Isso é ridículo...! — levou a destra contra seu rosto em indignação.
— Eu sei... Sinto muito, devíamos ter te avisado... — Johnny abaixou a cabeça.
— Não...! Eu não sou a mãe da Charlotte... Ela é a minha irmã, de onde tiraram essa ideia...?!
— O quê...?! — Johnny nem teve a oportunidade para ter alguma reação, Taeyong cobriu sua boca rapidamente.
— Fale mais baixo...
— Não se preocupe. — Yuta virou-se uma última vez percebendo os seguranças lentamente o cercarem — Meus amigos não precisam mais ser envolvidos nisto, esse assunto é entre nós e hoje ele acaba... — deu dois passos para trás levantando as mãos em desistência — Finja que nunca me conheceu.
— Moleque ingrato! — cerrou seus punhos — Sou seu pai, você deve me respeitar!
— Eu nunca fui o seu filho, não será agora que eu serei. — sua mãe passou a chorar enquanto suas irmãs tentavam acalmá-la — Sou só mais uma escada para você alcançar o dinheiro, mas agora... — levou seus olhos despercebidamente para os cantos — A escada está quebrada. — assim que encontrou uma brecha entre os seguranças, Yuta se pôs a correr desesperadamente, como se sua vida estivesse em perigo.
— Peguem ele! — o senhor Nakamoto bateu o pé, contudo seu olhar demonstrava tristeza pelas palavras que seu filho havia dito.
Enquanto Yuta era perseguido, os quatro amigos se agoniaram sem saber o que deviam fazer até Ayumi em seu vestido de noiva aparecer à porta com as mãos sobre os lábios. Entretanto ela não parecia surpresa com toda aquela situação.
— Vamos ver o que aconteceu... — Jaehyun se levantou não ligando que seriam descobertos — Johnny e Taeyong, vocês vão atrás de Yuta.
— Mas eu... — Katrina fora interrompida.
— Eles serão mais rápidos, não se preocupe pegaremos ele. — Jaehyun sorriu.
— Tudo bem, nós ligaremos caso aconteça qualquer coisa...! — chamando Johnny com a cabeça, Taeyong refez os passos de Yuta.
No momento em que surgiram de trás da moita, os familiares do japonês os encararam surpresos. Jaehyun estava irritado e só de fitar aquele homem sentia uma imensa vontade de chamá-lo de cretino. À medida em que se aproximavam, Ayumi desceu os degraus e fora de encontro com eles.
— Acredito que vieram levar o Yuta de volta, não é? — se pronunciou.
— Mas vocês atrapalharam tudo. — Katrina respondeu encarando a outra.
— Você tem todo o direito de ficar irritada... Já que eu o obriguei a vir aqui...
— Corte o drama e vamos direto ao ponto. — Jaehyun a mediu — Vocês ameaçaram ele, vasculharam nossas vidas e ainda quase o obrigaram a se casar. Precisamos saber de algo mais?
— Eu fiz muitas coisas ruins, eu sei! — ela parecia irritada, mas manteve sua postura — Se me perguntassem se me arrependo de deixá-lo ir eu diria que sim, mas eu não aguentava mais vê-lo daquela forma, por isso pedi que fugisse antes do casamento começar!
— Isso não vai mudar o fato de você ter sido uma megera. — Katrina retrucou.
— Vocês dois! — o pai de Yuta se aproximou — São os amigos de Yuta, não é? — não responderam, mas ele já sabia a resposta — Quero que saibam que não importe quanto tempo demore, meu filho verá que está sendo um tolo e voltará para casa!
— Você quis dizer que vai arrastá-lo de volta, não é? — Jaehyun estava farto daquela situação.
— Fique longe dele, ou...
— Eu não tenho medo de você, nem perca o seu tempo me ameaçando, você é baixo e sujo obrigando o seu próprio filho a pagar sua dívida. — aquelas palavras mexeram com o homem à sua frente.
— Como ousa...! — deu um passo para trás.
— Você não conhece o seu filho, nem ao menos sabe do que ele gosta de fazer... Ou se ele está feliz ou não. Nem ao menos sabe o quão doloroso é para ele odiar a própria família. Por que tudo se baseia em dinheiro? O amor que o Yuta sente por vocês não devia ser o suficiente?! — Katrina percebeu uma lágrima solitária escorrer, contudo Jaehyun a secou rapidamente — Se o amam mesmo, deixem ele viver... — assim que terminou de falar, seu celular passou a tocar, se virou recompondo sua postura — Alô...? Hm... Entendi... Vamos ajudar... Ligue para o senhor Takano, nós já estamos chegando. — olhou em volta guardando o celular no bolso e encarou o homem novamente — Eu ligo para os sentimentos do meu melhor amigo e não importa o que você tente fazer, eu vou trazê-lo de volta para casa. — se afastando fitou Katrina a chamando para segui-lo — Eles perderam o Yuta de vista... Parece que ele pegou um dos carros da família. — no instante em que se colocariam a correr, para ir de encontro com seus dois amigos mais a frente, foram impedidos por Ayumi.
— Esperem! — se viraram apenas para ouvir o que a japonesa queria falar — Eu sei para onde ele foi... Praia Tokimeki. — Katrina e Jaehyun se entreolharem.
— Por favor... — agora fora a vez da mãe de Yuta se pronunciar — Eu preciso falar com o meu filho... Não posso perdê-lo desse jeito mesmo que isso nos custe anos pagando uma dívida... — com isso, o senhor Nakamoto apenas abaixou a cabeça.
Jaehyun sabia que aquela situação estava delicada e que Yuta já havia tentado fugir uma vez, nada disse para a mulher, somente chamou Katrina e os dois partiram. O pai de Yuta sentiu o peso daquelas palavras e sabia que Jaehyun tinha razão, era orgulhoso demais para admitir que falhou como pai, mas sabia o quão importante seu filho era na sua vida. Mesmo sendo duro, frio e nunca nem uma vez dizer, ele o amava incondicionalmente e apenas notou o que estava fazendo agora, que soube que podia perder seu filho para sempre. Colocaria a culpa no dinheiro, contudo dessa vez decidiu tomar a responsabilidade pelos seus atos.
Takano conhecia bem aquelas ruas, e mesmo que fosse um pouco longe, tentou se apressar em chegar a praia de Tokimeki. O real desafio deles começou naquele instante, encontrar Yuta. A praia não estava cheia, mas era extensa.
— Ótimo, como vamos encontrá-lo agora? — Johnny resmungou assim que saíram do carro.
— Vai ficar mais fácil já que ele está de black tie. — Taeyong cruzou os braços — É só procurar um pontinho preto no meio do mar.
— Ou na areia... — Jaehyun soprou um riso analisando cada canto da praia — Vamos ir mais para frente. — assim que se aprontou para descer as escadas do quiosque, avistou um carro preto mais adiante — Aquilo é um Mitsubishi New Outlander?
— Mas por que teria um Outlander estacionado perto da praia...? — Johnny protegeu seus olhos do sol com a canhota.
— Eu acho... Que é o carro que o Yuta pegou... — apenas por curiosidade os quatro se aproximaram assim que Taeyong terminou sua sentença.
— Está vazio. — Katrina se aproximou das janelas cobrindo os raios de sol para enxergar o interior do automóvel — Está aberto e com a chave dentro...
— Será que é o mesmo que o Yuta pegou? — Johnny bufou pelas narinas — Por que ele deixaria a chave dentro?
— Talvez ele esteja por perto... — Taeyong ao se erguer notou Jaehyun um pouco a frente com o olhar fixo para mais adiante — O que está fazendo?
— Ali. — apontou — É o Yuta.
Estava próximo ao mar, caminhando lentamente para a direção oposta em que os outros se encontravam, com o olhar firme às ondas e a imensidão. Ele parecia inarredável seguindo sem rumo. Katrina sentiu seu peito se encher de coragem e se aproximou de Jaehyun rapidamente. Juntou as mãos próximas aos lábios, respirou fundo e liberou toda a sua energia naquele chamado.
— NAKAMOTO YUTA!
Jaehyun levou a mão ao peito pelo susto que tomou no mesmo instante em que Taeyong e Johnny sentiram a surpresa com um pequeno pulo. Ignorando o espanto dos seus amigos, Katrina permaneceu observando Yuta, que lentamente olhou para trás em confusão. Assim que a reconheceu, ficou estático como se estivesse a convidando para ir de encontro consigo. E não demorou, ela desceu à areia com pressa correndo em sua direção. Yuta iniciou caminhando em passos rápidos até se ver correndo até a garota. A distância fora o suficiente para os dois notarem o quão forte era o sentimento que possuíam um pelo outro. Eles se abraçaram brevemente girando seus corpos pelo forte impacto que a velocidade de ambos causou ao se chocarem. Ela não queria soltá-lo, não queria que ele escapasse mais uma vez de seus braços. Nada falaram, unicamente perduraram abraçados daquela forma. Não eram necessárias palavras, ambos sabiam que o sentimento era recíproco. Ela queria chorar, mas segurou suas lágrimas mantendo a força que lhe restou para se afastar brevemente. Yuta sorriu, e Katrina não negaria, aquele era o sorriso mais lindo que já havia visto em toda a sua vida. Tocaram suas testas brevemente. De olhos colados um no outro, ela conseguiu deixar as palavras saírem.
— Você tinha dito que me amava, então por que foi embora?
— Fui embora porque te amo. — não se desconectaram do abraço.
— Você entendeu tudo errado... Devia ter me contado... — abaixou o olhar — Nada disso teria acontecido se... — Yuta levantou seu queixo com delicadeza.
— Você me ama?
— Por que pergunta se... Já sabe a resposta?
— Faça eu me arrepender de ter partido e não querer mais fazer isso. Me diga, Katrina. Você me ama? — os negros olhos a prenderam mais uma vez.
Ela se aproximou, ficando na ponta dos pés, e o pegou de surpresa. Não era a primeira nem a segunda vez que aqueles lábios se tocavam, e por mais breve que o ato tenha sido, fora o bastante para Yuta saber que finalmente havia encontrado seu porto seguro.
— Eu te amo, Nakamoto Yuta... — ela sussurrou ao se separar.
Ele pareceu satisfeito, porém a trouxe para mais perto com um sorriso bobo estampado em seus lábios. Em meio a risos baixo os dois trocaram selares antes de finalmente terem o seu primeiro beijo de verdade. Fora delicado de início, mas cheio de sentimento e carinho.
— E a propósito... Eu não sou mãe solteira. — disse ao se separarem novamente.
— Você escutou tudo na igreja...? — Yuta pareceu envergonhado.
— Pode ter certeza. — entrelaçaram seus dedos e se puseram a caminhar de volta para o carro.
— Então quer dizer que você na verdade é...
— A irmã mais velha. — fez uma careta como se estivesse brava — Quando nossos pais faleceram em um acidente de carro, eu ganhei a guarda dela por já ser de maior.
— Sinto muito... — ela negou com a cabeça e sorriu fino.
— Não se preocupe com isso, não tinha como você saber. — ela o fitou — Por que não parece surpreso?
— No fundo eu tive as minhas suspeitas... — riu — Mas, me sinto de certa forma aliviado por saber que são irmãs.
— Ah, é mesmo? — o encarou.
— Não fique brava, eu não sabia que ela era sua irmã quando disse que te amava da primeira vez! — ele riu ao vê-la corando e o estapeando — Eu devia ter perguntado, muita coisa seria diferente.
— Você acha? — riu irônica.
— Agora me diga, como conseguiu vir para cá?
— Foi o Jaehyun. — ela apontou para onde seu carro estava estacionado.
— Ah... — assim que avistou seus amigos, Yuta suspirou.
Taeyong via-se de braços cruzados pronto para lhe dar um soco, Johnny estava cheio de risos suspeitos e Jaehyun apenas o fitava quieto sem qualquer expressão, era impossível saber o que pensava. Não custou muito para se encontrarem com os três próximos ao carro.
— Vocês vieram... — não sabia o que dizer, por isso apenas coçou a cabeça com um sorriso amarelado.
— É claro... Alguém precisava colocar juízo na sua cabeça. — Taeyong resmungou, mas estava feliz por toda aquela aflição ter desaparecido.
— Sinto muito... — assim que comentou fora surpreendido por um abraço de urso de Johnny.
— Yuta, seu bocó, eu te odeio! — o apertava tanto que o japonês mal conseguia respirar — Você sabe o que passou pela minha cabeça? Até assassinato, ASSASSINATO, SEU DESGRAÇADO! — esfregava seu rosto nos cabelos do mais baixo em seus braços.
— Johnny... Res...pirar... Eu não consigo... — Yuta o encarou ficando vermelho.
— Opa. — e o liberou — É a emoção, sabe como que é.
— É, eu sei como é, né Yuta? — Taeyong sorria mas seu olhar era diabólico — Vingança é um prato que se come frio.
Estavam rindo e Yuta finalmente se sentiu em casa estando no Japão com seus amigos até notar que Jaehyun permaneceu quieto, um pouco mais afastado, ao lado do Outlander.
— Jaehyun... — antes que Yuta pudesse terminar, o amigo levantou a mão em um pedido que parasse de falar.
— Nós precisamos voltar. — todos o encararam com surpresa — Você sabe muito bem que não pode fugir para sempre.
— Mas... — Katrina fitou Jaehyun que agora sorria fino.
— É a coisa certa a fazer, você precisa se resolver com o seu pai. Eu sei que você ama a sua família mesmo com todos os defeitos e dificuldades. — bateu de leve no ombro de Yuta, entretanto o outro o abraçou.
— Obrigado, Jaehyun. — mesmo com a surpresa o outro retribuiu o ato rindo.
— Eu devia estar me desculpando, por que está me agradecendo? — se afastaram e Jaehyun abriu a porta do carro — Vamos resolver tudo isso logo... — com um sorriso, Yuta fitou Katrina e se aprontaram para adentrar o veículo.
— A gente precisa de uma namorada também Taeyong. — Johnny comentou.
— Assim do nada você me joga uma dessas? — Taeyong não conteve o riso.
— Eu estou falando sério. Olha só para eles, parecem homens.
— E a gente se parece com o que, macacos? — franziu o cenho ainda rindo — Se disser que sim eu bato na sua cara.
— Você está mais para quero-quero* Taeyong, tão pequenininho, mas bravo que só a bexiga querendo matar todo mundo.
*Quero-quero - ave abibe-do-sul, conhecido também
por tetéu, téu-téu ou terém-terém
— Johnny. — Taeyong parou de rir naquele mesmo instante.
— Brin-ca-dei-ra. Credo. — se afastou um pouco do garoto — Eu quis dizer que eles parecem maduros, até ficaram mais bonitos.
— Agora que você falou... — Taeyong parou para analisar os amigos — Acho que vejo o seu ponto... Eu vejo, hein.
— Do que vocês estão falando? — Jaehyun levou as mãos para a cintura — Entrem logo no carro, idiotas... — ria pela conversa dos dois.
Não fora necessário chamar Takano dessa vez, não tomaram muita pressa para voltar à igreja onde a cerimônia seria feita. Katrina não parava de fitar Yuta despercebidamente, e com cada jogada de olhar que ela dava, era uma crise de risos nos garotos no banco de trás. Se cutucavam com os cotovelos cochichando: "Agora, agora, olha lá", "De novo, de novo".
— O que é tão engraçado? — obviamente Yuta havia notado o tumulto pelo retrovisor.
— Não faço ideia, que tal perguntarmos para onde a Katrina está olhando? — Johnny simplesmente dedurou a garota.
— Ah! — ela se virou completamente corada e sem reação.
— HM... — Jaehyun ria alto com um sorriso suspeito empurrando Taeyong de leve que ria como se fosse morrer.
— Malucos... — Yuta não se conteve, acabou rindo em conjunto.
Assim que chegaram, os convidados já haviam ido embora, apenas restavam os carros da família, nem mesmo a limousine estava lá e a igreja estava fechando. Entretanto, Yuta sabia onde todos estavam. Seguiram para a pousada. Descer a escadaria fora bem mais fácil do que subir, porém Jaehyun sabia que se arrependeriam quando fossem voltar. Pela sorte, Yuta encontrou seus pais no jardim com a família de Ayumi, pareciam estar discutindo.
— Otousan*. — Yuta se pronunciou.
*Do japonês: Pai
Os olhos curiosos se fixaram no garoto enquanto ele se aproximava. Nem teve tempo de comentar alguma coisa, sua mãe correu para abraçá-lo.
— Nos perdoe meu filho! Seu pai e eu estávamos errados! Por favor volte para casa e vamos resolver...
— Está tudo bem, eu não vou fugir de novo... — retribuiu o abraço de sua mãe e sorriu assim que se separaram — Mas eu preciso que entendam, minha felicidade não mora aqui. — tomou a atenção para o seu pai — Eu vou continuar a faculdade de engenharia, eu vou ajudar nos negócio como prometido, é o que eu gosto de fazer... Mas eu quero minha liberdade para viver.
— Yuta. — seu pai falou duro enquanto se aproximava, com um semblante sério encarou o filho — Você nunca foi o que eu queria. — todos arregalaram os olhos — Mas sempre foi mais do que eu merecia... — com certa força ele abraçou seu filho — Eu estava errado... Por favor me perdoe...
— P-pai... — mais do que qualquer um, Yuta era quem estava mais surpreso, aos poucos retribuiu o abraço sentindo seu peito se aquecer.
— Me orgulho de você Yuta, você é tudo o que eu nunca consegui ser. — segurou o garoto pelos ombros — Não vou te obrigar a mais nada, suas irmãs tentaram me mostrar como eu estava errado, mas foi preciso que seu amigo — fitou Jaehyun — abrisse meus olhos. Por favor, não desista de nós... Somos sua família, temos muitos defeitos, mas... Te amamos mais que tudo. — pela primeira vez Yuta viu seu pai sorrir — Você está livre Yuta...
— Mas e a dívida...?
— Isso é um problema meu, nunca devia ter te envolvido nisso. — tocou o ombro do filho uma última vez — Ficaremos bem, vá... Seja feliz...
Ayumi estava lá, permaneceu afastada o vendo seguir com seus amigos. Ficou apenas o observando e assim que seus olhos se encontraram, ela viu seus lábios sussurrarem: "Obrigado" e se curvarem num sorriso de puro contentamento. Não conteve as lágrimas, mas estava feliz por ele. Quem ama, deixa partir, tomou seu tempo, entretanto ela havia finalmente entendido o que aquilo significava.
Muitas coisas aconteceram em tão pouco tempo, Yuta ponderava enquanto seguiam o caminho de volta para a Coréia. Desde o dia em que voltou do Japão pela primeira vez vivenciou coisas que nem tinha ideia que poderiam acontecer. Se apaixonou pelo seu primeiro amor novamente, brigou com seu melhor amigo, foi rejeitado, quase se casou e conheceu uma garota incrível. Estava sentado à janela enquanto seus amigos riam no banco de trás se divertindo e falando alto. Ao seu lado estava aquela garota, a mesma que conheceu alguns dias atrás, a que mudou sua rotina e coloriu seu mundo antes preto e branco. Encararam um ao outro, no instante em que ela sorriu se aproximaram e selaram aquele momento num carinho. Qualquer um diria que tudo iniciou meses atrás, todavia Yuta sabia, sua vida estava apenas começando...
— FIM?
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Muito obrigado a todos que me acompanharam até o desfecho dessa história! Espero que tenham gostado de lê-la assim como eu me diverti a escrevendo
Nos vemos em breve? Espero que sim!
₍՞◌′ᵕ‵ू◌₎♡
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