O segredo - Parte II
A conversa com Johnny ainda o estava atormentando e mesmo que estivessem jogando naquela lan-house a horas, Yuta até então tentava ligar os pontos para buscar compreender aquela história. Katrina tinha uma filha, Charlotte, e aquele cara era um provável namorado, quem sabe até não era o pai. Estava quase entrando em parafusos quando perdeu aquela partida e Johnny o acordou para a realidade com um tapão na nuca.
— Yuta, você está me escutando?! — soltou o ar dos pulmões em um suspiro.
— Filho de uma...! — o encarou com ódio no olhar — O que foi Johnny?!
— Faz duas horas que estou tentando falar com você!
— Era só ter falado, me chamado por exemplo! — empurrou o ombro do amigo.
— MAIS DO QUE EU CHAMEI?! — retribuiu o empurrão.
— Não precisava me bater! — e também retribuiu o ato.
— A gente perdeu e a culpa é da sua surdisse! — assim começou uma guerra de tapas entre os dois — SEU BURRO!
— VOCÊ ME CHAMOU DE BURRO? — arregalou os olhos.
— UM JUMENTO. — mediu o outro da cabeça aos pés.
— NÃO TEM MEDO DE MORRER? — já não se importava mais em falar alto.
— CAI DENTRO XING LING. — o intimou.
— VOU TE CONTAR UM SEGREDO JOHNNY, EU SOU XING LING, TU É XING LING, TODO MUNDO AQUI É XING LING.
Os tapas atingiam apenas suas mãos, quando o dono da lan-house os expulsaram de lá por perturbação da paz. Estavam de cara feia, ignorando a presença um do outro enquanto caminhavam para o estacionamento quando Yuta deu um suspiro surpreso se jogando em uma das moitas ao lado do seu carro com velocidade. Johnny arregalou os olhos procurando o outro com a face de uma criança que perdeu a mãe dentro do supermercado. Rodeou os cantos para encontrá-lo.
— Cadê?! — assim que se virou, viu o outro escondido em meio as folhas — O que você está fazendo aí? — antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Yuta lhe deu um puxão o trazendo para perto de si — Que é isso?!
— Cala a boca...! — tapou a boca do mais alto ao seu lado encarando com sua visão apurada a rua à frente.
— O que está acontecendo com você...? — cochichou se livrando da mão de Yuta.
— Olha lá... — apontou para Katrina que caminhava com Charlotte enquanto que estava com várias sacolas de mercado nas mãos.
Elas atravessaram a rua e logo se encontraram com o mesmo cara da última vez. Estavam conversando, mas nem Yuta nem Johnny conseguiam escutar o que estavam dizendo. Ele ajudou Katrina com as sacolas e se puseram a caminhar novamente, por um caminho que era familiar para Yuta. Com um puxão, o mais baixo arrastou Johnny consigo para trás de seu carro se agachando enquanto o outro ficou em pé cruzando os braços e o encarando com desaprovação.
— Yuta, para que isso? — cutucou as nadêgas, do que estava abaixado, com o pé
— Shh! — encolheu seu corpo ao sentir o toque do mais alto — Abaixa infeliz! — fez um sinal pedindo que o outro se escondesse junto dele.
— Eu não, não vou participar deste crime com você. Vai ficar ouvindo a conversa dos outros agora? — estava totalmente desacreditado.
— Estou tentando tirar a prova do que conversamos mais cedo.
— Do que está falando?
— Vamos ver se ela é a mãe da Charlie mesmo, oras!
— Isso é invasão de privacidade, eu tô fora. — se pôs a caminhar em direção do seu carro.
— Abaixa! — arrastou o outro para baixo — Vamos de carro, eles não vão notar a gente assim.
— Ah, com certeza Yuta, ninguém vai notar dois carros perseguindo um casal e uma criança.
Mesmo com Johnny reclamando, Yuta o obrigou a segui-lo com seu carro, visto que o outro se negou a deixar sua Range Rover no estacionamento de um estabelecimento no qual fora expulso. Seguiram lentamente, com o carro, as duas garotas acompanhadas pelo homem misterioso, Johnny pouco se importava para o que estava acontecendo, mas no fundo sentia certa adrenalina, aquilo era divertido, contudo era definitivamente mais cauteloso que Yuta, dirigia um pouco mais à frente, com o som um tanto alto. Já o japonês apresentava-se tão curioso para ouvir a conversa, que seu carro estava basicamente na cola dos três, sempre que o homem ou Katrina lançavam um olhar para trás, Yuta abaixava a cabeça e fingia estar mexendo no celular, pelo menos não suspeitaram de nada por incrível que pareça, e então o celular dele realmente começou a tocar.
— Alô? — atendeu rapidamente para não chamar muita atenção para si.
— Yuta, é o Winwin, liguei para saber como você está.
— Eu não posso falar agora.
— Não tente me afastar Yuta, eu sei que está passando por um momento difícil, quero que saiba que estarei com você durante a festa da Gwiyomi, não precisa se preocupar.
— Winwin é sério, eu não posso conversar agora eu estou... — assim que encarou mais à frente notou Katrina apertando sua vista para poder enxergá-lo — Cacete! — se abaixou com tanta velocidade que acertou em cheio sua testa no volante — Ai, droga.
— Eu coloco minha preguiça de lado para te ligar e você diz cacete e manda eu desligar? Acho que nós precisamos sentar e conversar. Yuta, não estou mais te reconhecendo, um coração partido mudou você.
— Não é isso... — massageou sua testa — Eu bati a cabeça, e você me ligou enquanto eu estou ocupado, mas...
— Mas que desculpa mais esfarrapada. — e Winwin desligou.
Com um suspiro Yuta, parou para analisar o que estava fazendo, precisaria se desculpar com Sicheng, além de que era ridículo perseguir uma garota desta forma, apenas para descobrir seu segredo, além de ser horrível fazer tal coisa. Se sentiu mal, ligou para Johnny e abortou a missão, deviam voltar para casa e cuidarem de suas próprias vidas. Abriu um pouco sua janela, e acelerou o carro ignorando os três já em frente à casa de Katrina. Yuta parou no semáforo encarando as luzes dos carros mais a frente, não se importava que as duas garotas o reconhecessem, e caso o fizessem daria uma desculpa qualquer, não havia escutado nada importante, por isso não se sentiria mal por mentir. Por sorte, elas não o notaram, mas algo que não devia ter escutado, ele acabou ouvindo assim que acelerou o carro para partir.
— Não se preocupe com o que dizem, só precisa continuar se esforçando como sempre faz, no futuro dirão que é uma ótima mãe. — o homem se despediu.
Num desespero, Yuta acelerou com os olhos arregalados querendo fugir o mais rapidamente dali. Johnny tinha razão, ela não queria que ele soubesse e tinha um motivo, eles nem eram tão próximos para que ele soubesse, se sentiu mal e pesado ao mesmo tempo, decidiu que seria melhor não contar a ela que havia descoberto seu segredo. No outro dia de manhã, agiria como se nada tivesse acontecido, precisava resolver seus próprios problemas, mas acabou se envolvendo em mais um. O que mais a vida estava guardando para si? Assim que chegou em seu apartamento, a primeira coisa que fez foi ligar para Johnny, precisava de um conselho, não sabia se ele era a pessoa mais indicada, contudo ele já entendia a situação. Tentou duas vezes entrar em contato, mas nada de Johnny atender o telefone.
Yuta
< (19:55) Johnny é urgente, eu preciso muito falar com você
< (19:55) Me responde assim que ler a mensagem
< (19:55) Vc estava certo
< (19:56) Ela é a mãe da Charlotte, eu não podia ter seguido ela e descoberto tudo, mas agora eu descobri, como eu vou agir na frente dela??
< (19:56) O que a gente faz???
Estava quase entrando em exasperação, seu pé batucava no chão com aflição e sua mente gritava de agonia. Era como se tivesse descoberto os planos de Hitler e amanhã precisasse ir em um jantar com ele sem poder transparecer nada. Sempre o chamaram de um bom ator, mas dessa vez ele sentia com todas as suas forças que não conseguiria ter tanto êxito nessa missão. Katrina era esperta, ele sabia que se algo estivesse errado ela notaria e mesmo que fossem menos do que amigos, eram colegas, ele odiaria ter que mentir para a garota. No instante em que julgou que nada podia piorar, piorou.
Taeyong
Você mandou mensagem para a pessoa errada (20:00) >
A sorte não estava mais agindo a seu favor.
Capítulo 6 ↬
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