O segredo - Parte I
O dia estava mais calmo, pelo menos dentro da cabeça de Yuta, seus nervos estavam um pouco mais calmos e tinha aquele banho da noite passada para agradecer por isso. Estava dentro de seu carro com a janela aberta, respirando o ar puro daquela manhã, não diria que estava completamente desestressado, mesmo por que encontrava-se com a mente repleta de pensamentos em como reagiria na frente dos outros na presença de Jaehyun e Gwiyomi; ele tinha noção de que não poderia ignorar seu melhor amigo para sempre, ainda mais enquanto sentia falta dele ao mesmo tempo em que odiaria vê-lo com a garota. Yuta devia estar superando isso, tentava, e mesmo que se odiasse todos os dias por não estar tendo sucesso nisso, sentia certo alívio por Jaehyun ser quem estava ao lado dela. Conhecia bem o amigo que tinha, ele a faria feliz, quem sabe até mais do que Yuta, ele próprio, acreditava que faria. Com uma curva, ele já estava em frente à faculdade, não queria, mas saiu do carro e seguiu para o que seria o seu primeiro dia. Talvez não fosse tão ruim, visto que Johnny estaria ali para lhe fazer companhia e quem sabe até o animar.
— Que cara é essa? — Johnny estava sentado ao lado batucando seus dedos na mesa.
— A minha cara, pura e simplesmente. — soprou as palavras basicamente se jogando sobre a cadeira.
— Estamos nesse período do mês de novo Yuta?
— Se disser que estou de TPM, eu juro que te mato aqui e agora. — encarou o mais alto ao seu lado.
— Relaxa cara. — Johnny estapeou de leve o ombro de Yuta — Quem foi que te feriu dessa vez?
— Só estou pensando demais.
— Pensando em quê? — se espreguiçou de forma desleixada.
— Jaehyun me convidou para a festa surpresa da Gwiyomi. — uma pausa — Mas basicamente está me obrigando a ir.
— Então o Jaehyun foi quem te feriu? — e o beicinho se formou novamente nos lábios de Yuta — Não faz beicinho.
— Me ajuda pelo amor de Deus.
— Você sabe que eu estarei lá também, obviamente, assim como o Winwin, o Doyoung eu não sei...
— Johnny, foca em mim.
— Então, como eu estava dizendo, eu estarei lá te fazendo companhia, vai ficar tudo bem, não precisa ser ninguém menos do que você mesmo, não vou te deixar sozinho com ela.
— Eu não quero ir, na verdade eu acho que é melhor eu não ir.
— Você sabe que não vai poder fugir para sempre né?
— O papo está bom aí atrás, mas se não notaram, eu já entrei na sala. — o professor se pronunciou acertando um giz na testa de Johnny ao mesmo tempo em que encarava Yuta — Fiquem quietos.
— Foi mal professor... — Johnny massageava sua testa.
— Pois bem, então vamos começar apresentando os novos alunos. Um deles vocês já conheceram, o tagarela ali atrás, qual seu nome?
— Nakamoto Yuta, senhor. — já estava muito animado desde o dia passado, seria bem fácil perder a paciência com os comentários do professor, contudo manteve seu tom claro e gentil.
— Presumo que é japonês, pelo seu sobrenome. — seguiu assim que o garoto consentiu — E a mocinha logo atrás? — jogou um olhar para o fundo da sala.
— Mocinha? — Johnny se virou para ver de quem ele estava se referindo — Não era só você não, Yuta?
— Katrina Brown, senhor. — ela sorriu abertamente — Vim do Canadá.
— Algo relacionado aos seus pais, certo? — ela consentiu agindo um pouco receosa — Pois bem, Yuta por que não mostra a universidade para Katrina após a aula, sei que andou muito por aí com o Johnny.
— Pode contar com isso professor, ele vai adorar. — Johnny zoando Yuta, como sempre fazia ao ter a oportunidade.
— Cala a boca. — Yuta sussurrou para o amigo enquanto todos riam da piada.
A aula se deu início e tudo que Yuta conseguia fazer era tentar compreender como não havia visto Katrina na sala, ou, se ele tivesse chego antes, como não a viu entrar pela porta. O tempo, por sorte, procedeu velozmente, teoria em educação física sempre é cansativo, pelo menos Yuta aceitou que eram muitas informações para seu cérebro, entretanto conseguiu se manter acordado e atento. Ao se dar o término das aulas e o intervalo se pronunciar, Yuta deu um toque para Johnny, que entendeu o recado e foi de encontro com a mesa de Katrina.
— Acho que serei seu guia por hoje. — com uma breve reverência, Yuta arrancou um sorriso fino de Katrina.
— Ora, que sorte a minha. — ironizou.
Estavam caminhando pelos corredores enquanto Yuta apresentava os lugares mais importantes. Diferente do que ele havia acreditado, ela não estava agindo como se o odiasse, pelo contrário estavam conversando como amigos de longa data. Mas somente isso, amigos.
— E então, como vão as coisas com a Charlie?
— Vão bem, pelo menos ela parou de chorar enquanto eu a deixava no jardim de infância.
— Você se preocupa bastante com ela. — seus pensamentos saíram mais alto do que planejou.
— Ela é minha família, é claro que me preocupo. — empurrou de leve o ombro de Yuta.
— Se me permite perguntar, seus pais, o que eles fazem? — o clima ficou um pouco pesado e ele se arrependeu de perguntar no mesmo instante — Cedo demais?
— Cedo demais.
— Então vamos ignorar essa pergunta. — ela sorriu com o que ele havia dito, mas não havia sinceridade alguma naquele sorriso, e Yuta percebeu.
Não quis piorar a situação, por isso só manteve a conversa morna, de forma que nenhum dos dois se constrangesse e seguiram a manhã inteira desta maneira. Estava curioso sobre aquele homem com quem ela estava conversando o outro dia, mas sentiu que seria um pouco estranho, já que ele não se pronunciou aquela noite, Katrina poderia pensar que ele estava a perseguindo. Percebeu também que para não ter contato com ele, a garota estava o evitando e novamente se afastando. De novo o estresse passou a lhe aterrorizar.
— Johnny.
— Yuta.
— Estou entediado e irritado, vamos fazer alguma coisa.
— O que quer fazer?
— Eu sei lá, vamos andar por aí. Comer numa pizzaria, lan-house, tanto faz.
— Melhor do que mofar num apartamento e ficar fedendo gorila. — Yuta revirou os olhos com o comentário de Johnny.
Estavam partindo, Yuta se despediu de Katrina com um aceno de longe e um "te vejo amanhã". Cada um estava em seu próprio carro, mas marcaram de ir comer numa pizzaria um pouco mais afastada da faculdade. Johnny mais a frente guiou o caminho para Yuta, não fazia tanto tempo que ele estava de volta na Coréia, os melhores lugares ainda cabiam aos seus amigos lhe apresentarem. A pizzaria era bonita e bem decorada, Yuta se sentiu acolhido, mas soube que pesaria em seu bolso, definitivamente seria caro. Buscaram uma mesa vaga bem longe da entrada, Johnny odiava se sentar em lugares em que as pessoas o ficariam observando e encarando, sentaram-se próximo ao balcão, o que facilitaria a rápida entrega de sua comida. Fizeram seus pedidos com Johnny tendo um copo de cerveja e Yuta preferindo uma tônica de limão; não demorou muito e a pizza finalmente chegou.
— Então, Yuta, vamos falar da garota nova. — Johnny iniciou pegando uma fatia da pizza.
— O que tem ela? — ele copiou os movimentos do mais alto rasgando a pizza entre os dentes.
— Você tá afim dela? — mal tinha mastigado, e Yuta se engasgou tomando desesperadamente um gole da sua tônica.
— Mas que merda é essa?!
— O professor fica na nossa frente, mas você encontrou algo bem mais interessante lá atrás no fundo da sala.
— Eu só estava curioso...
— Não pareceu ser só isso. — ele riu com um sorriso estranho estampado em seu rosto.
— Deixa eu terminar de falar! — arregalou os olhos falando com a boca cheia.
— Só não cospe. — uma feição enojada se formou na face de Johnny.
— Eu estava curioso, por que não sabia que ela fazia o mesmo curso que a gente.
— Espera, você conhece ela? — ele se impressionou.
— Conheço, assim, eu dei carona para ela uma vez.
— Você é bem rapidinho né Príncipe de Osaka? — se pôs a rir baixo — Não perde uma oportunidade, Deus me livre.
— Não tive segundas intenções idiota. Que tipo de pessoa você acha que eu sou?
— Calma estressadinho, vou te comprar uma barra de chocolate para ver se essa sua TPM melhora, credo.
— Você está pedindo para morrer desde de manhã, minha paciência já está acabando. — os olhares foram trocados cheios de raiva, gozação e caretas.
— Então, você está afim dela? — após alguns segundos em silêncio tomarem sua conversa, Johnny indagou.
— De novo com isso?
— Você não me respondeu.
— Você é curioso demais, não acha não?
— Então, isso é um sim.
— Claro que não, eu conheço ela faz pouco tempo, não seja ridículo.
— Como se o tempo tivesse alguma coisa a ver com o assunto. — Yuta ficou sem palavras — Quando vem, vem ora.
— Eu não estou apaixonado Johnny. — se encostou na cadeira terminando sua tônica — Eu dei uma carona por que ela estava na chuva com uma criança e outra ela deixou claro que somos apenas amigos, se bobear menos que isso.
— Aham, sei. Espera, criança?
— Sim, ela estava com a garotinha, Charlotte.
— Ih...
— O que foi?
— Ela parece com a menina?
— Uma é a cara da outra.
— Ih...
— Johnny você está me irritando.
— Você sabe se ela tem um namorado, ou...
— Isso eu não sei, mas vi elas duas com um cara ontem.
— Ih...
— Eu juro que vou te dar uma porrada.
— Você não está percebendo nada não?
— Perceber o quê?
— Uma criança muito parecida com ela, um cara que não sabemos quem é, e afastar um cara que pareceu interessado nela. O que isso faz você pensar?
— Que ela tem um namorado?
— Não idiota, ela não quer que você descubra que ela tem uma filha.
— Cala a boca. — Yuta teve uma crise de risos enquanto Johnny o encarava com uma expressão séria. Aos poucos os risos de Yuta foram cessando e ele passou a rir de nervoso.
— Continue rindo Yuta, quando a verdade vir à tona, eu que vou rir da sua cara.
A mente de Yuta estava lutando para tentar compreender a situação, uma parte sua queria confirmar que a afirmação de Johnny era falsa, enquanto outra parte estava completamente confusa e quase aceitando essa realidade.
"Ela é minha família". "Dívidas". "Cedo demais"
Num suspiro de pura aflição, Yuta arregalou os olhos.
— PUTA MERDA, ELA É MÃE SOLTEIRA.
Capítulo 5 ↬
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