
Decisão
Aquele era o último dia para Yuta pensar em uma resposta para Ayumi. Seu rosto estava um pouco pálido provavelmente pelas noites sem sono e a falta de fome. Era domingo, e o garoto estava jogado no sofá encarando a parede da sala. Recebeu uma mensagem de Johnny o convidando para irem jantar junto com Katrina e Charlotte. Mesmo que não quisesse sair de casa e não tivesse nenhum pingo de vontade de comer alguma coisa, ele aceitou o convite. Sentiu que precisava contar algo para seus amigos. Todos. Tomando coragem, ele digitou uma mensagem para cada um, Doyoung, Taeyong, Sicheng, Taeil, Ten, Gwiyomi e Jaehyun. As respostas vieram uma a uma com o tempo que fora se passando. Ele agradeceu por tudo que faziam para ajudá-lo, sem eles seria bem mais difícil chegar onde ele estava e prometeu que de agora em diante continuariam de cabeça erguida mesmo com todos os problemas da vida. Alguns estranharam a mensagem repentina, contudo ele os assegurou que era só um lembrete de que ele sabia que todos estavam lá por ele, e realmente era isso. Resolveu tomar um banho demorado de banheira. Afundou todo o seu corpo na água e fitou o teto. Conseguiu ver as luzes etéreas por baixo do líquido, pela primeira vez em muito tempo sentiu paz. Havia tomado sua decisão e possuía a resposta para a proposta de Ayumi e seu pai. Se ergueu da água e puxou uma toalha para secar seu corpo. Levou um bom tempo para se arrumar, visto que sua cabeça estava lenta processando milhares de pensamentos ao mesmo tempo. Não quis secar seus cabelos, somente os penteou e seguiu ao quarto para vestir sua camiseta branca e um jeans azul escuro. Aquela tarde estava quente, e por isso não se importou de deixar sua jaqueta em casa. Aguardou o horário combinado entre eles e logo seguiu para a lanchonete que iriam se encontrar. Johnny e Katrina já estavam lá com Charlotte ao lado muito animada.
— Me desculpem a demora, acabei enrolando no banho. — e se juntou à mesa dos três.
— É deu para ver, nem secou o cabelo. — Johnny riu, mas Katrina estava achando o garoto mais atraente daquela forma.
— Mas então, vamos comer? — Yuta acariciou os fios de Charlotte a cumprimentando — Estou morrendo de fome. — tentou ao máximo esconder seu esgotamento e que na verdade estava comendo uma barra de cereal por dia somente para não passar o tempo em jejum.
— Certo, quem vai pagar? — Johnny perguntou na mais pura inocência.
— Você. — Yuta e Katrina comentaram com uma só voz, o que fez os dois rirem.
— Que absurdo, me usam só de carteira, deixa vocês comigo.
Pediram uma porção gigante de batata frita com bacon e cheddar, e dividiriam o prato já que o tamanho era surpreendente e duas pessoas não conseguiriam comer tudo, a não ser que fossem Johnny e Jaehyun. Yuta estava diferente, parecia ter voltado ao que era quando conheceu Katrina. Sorridente, piadista e cheio de vida, contudo seus olhos ainda estavam distantes, mas os outros dois não haviam notado. Passaram um bom momento juntos, falaram sobre coisas vergonhosas, engraçadas, desilusões e calhou que, por culpa de Johnny, diga-se de passagem, acabaram falando sobre amor.
— Então, eu tenho dois amigos que se gostam muito — o olhar de Katrina e Yuta transmitiam a mesma mensagem para Johnny, que apenas continuou jogando lenha na fogueira —, mas eles não têm coragem de se declarar. O que vocês acham que eu deveria fazer?
— Sério mesmo Johnny? — a garota riu enquanto Charlotte os ignorava apenas para dar atenção as suas preciosas batatas.
— Você não tem que fazer nada. — Yuta respondeu — Deixe eles se resolverem sozinhos. — e um sorrisinho de canto.
— Desse jeito não vão ficar juntos nunca!
— Problema deles! — Yuta riu — As coisas acontecem quando têm de acontecer e ponto final. Se ficar apressando, estraga.
— Você acha? — Johnny parou um momento para pensar.
— Acho que... Vou concordar com o Yuta. — Katrina apenas queria fugir daquele assunto antes que seus segredos fossem revelados — Agora me fala, como anda o trabalho na escola Yuta?
— Ah... — respirou fundo — Eu me demiti.
— Você o quê?! — Johnny arregalou os olhos assim como a garota — Por que fez isso?!
— Por que era cansativo demais.
— Não acredito, só por isso?! Yuta, você precisa entender que agora precisa de dinheiro para pagar as suas contas. Não tinha um acordo com seus pais, lembra?
— Eu sei, eu sei, não se preocupem eu arrumei outra coisa melhor. — levou duas batatas à boca — Mas me diz Katrina, já encontraram uma garota para cobrir a vaga que sobrou no bar?
— Ainda não, mas já chamaram muitas garotas para entrevistas... — ela notou que de certa forma Yuta ainda estava estranho e que de início sua animação e expressões eram apenas uma fachada.
— Entendi, mas e você Johnny?
— O que tem eu? — estava tão focado no bacon que mal percebeu em que ritmo a conversa fluía.
— Ainda vai poder ajudar com a Charlie, não é?
— Sempre ao dispor, é claro!
— Acho bom... — e riram juntos, menos Katrina que agora o observava com outros olhos tentando entender o que o olhar de Yuta estava querendo transmitir.
— Ah, a hora passa rápido, amanhã temos que acordar cedo e eu preciso resolver umas coisas. Acho melhor voltarmos. — Johnny resmungou — Yuta, posso confiar em você para deixar Katrina em casa? — e uma piscadinha.
— Por mim, sem problemas. — e então sussurrou para o outro — Esse era o seu plano desde o início?
— Me agradeça mais tarde. — e os dois riram — Muito bem! Vamos indo, eu vou pagar a conta.
Não era tão tarde como Johnny estava comentando alguns minutos atrás, contudo Yuta agradeceu pelo amigo lhe dar essa oportunidade de ficar a sós com Katrina. Assim que os três já estavam no estacionamento, Yuta cutucou o ombro de Katrina.
— Vocês duas podem me esperar no carro? — e a estendeu a chave — Eu preciso falar uma coisa que esqueci para o Johnny.
— Claro... Tudo bem. — sorriu levando a menor para o Audi.
— Ei...! — Yuta alcançou Johnny antes que esse pudesse entrar no carro.
— Esqueceu alguma coisa?
— Eu queria agradecer.
— Awn, que bonitinho o Nakamoto todo apaixonado. — e o mais alto abraçou o próprio corpo se balançando numa dancinha esquisita.
— Não idiota... — e riu — Estou agradecendo por tudo.
— Ué...
— Você é um ótimo amigo, de verdade, obrigado.
— Que bicho te mordeu, eu hein? Isso está muito estranho, não acha não?
— Só cala a boca e me deixa agradecer desgraça. — agora os dois estavam rindo, mas Johnny notou a sinceridade nos olhos de Yuta — Nos vemos por aí, então. — e levantou o punho.
— Mas óbvio! Amanhã temos aula. — Johnny tocou seus punhos num cumprimento e os dois continuaram rindo baixo — Até mais.
— Tchau, Johnny. — sorriu largo e acenou correndo de volta para o seu carro.
No instante em que seus punhos haviam se tocado, Johnny sentiu-se estranho, como se algo estivesse prestes a acontecer. Pela animação do seu amigo, acreditou que era algo bom. Já de volta em seu Audi prata, Yuta animou as garotas com sua presença e seguiram o caminho rindo, cantando e contando piadas. Charlotte gostava muito da presença do garoto e Katrina pedia para que aquela sensação que ele a transmitia nunca cessasse. Infelizmente tudo que é bom dura pouco e já estavam em frente a casa das duas. Yuta saiu do carro para acompanhá-las até a porta. Mesmo que não fosse necessário, ele insistiu.
— Prometo brincar com você da próxima vez que nos virmos, tá bem? — e sorriu para a garotinha.
— Você prometeu! — entrelaçaram seus mindinhos — Eu vou ver TV, até depois oppa bonito! — e ela abraçou Yuta com um riso infantil gostoso que o fez sorrir de forma carinhosa. Assim que se despediu, ela correu para dentro.
— Essa garota... Não sei mais o que fazer com ela e essa história de "oppa bonito".
— Eu não sou bonito?
— É mais ou menos... — Yuta riu ao notar o tom piadista nas palavras da garota — E eu?
— Você fica linda de qualquer jeito.
— O quê? Eu estava brincando... — ela o encarou socando seu ombro — Pare de me provocar.
— Por que você sempre me agride...?! — ainda estava rindo, mas gostava de ver a timidez expressa no rosto da garota — Seu amor dói, sabia?
— Idiota...! — sorriu largo e os dois ficaram se encarando em silêncio.
— Katrina.
— Hm?
— Eu amo você.
— M-mas, o que está dizendo...?! — os olhos dela se arregalaram e suas bochechas passaram a esquentar drasticamente no instante em que ele se aproximou lentamente e sussurrou.
— Eu realmente, amo você. — antes que ela pudesse fugir, Yuta se inclinou e deixou um pequeno selar em seus lábios. Não satisfeito repetiu o ato até intensificar aqueles selinhos num beijo calmo. Katrina não soube o que fazer, mas se entregou completamente aquele momento sem medo algum, e não se arrependeria depois. Após se separarem, ele sorriu fino um tanto melancólico acariciando os cabelos dela — Sinto muito... — ela quis responder, contudo ele a impediu com mais um selinho e se afastou — Nos vemos por aí, Katrina.
— A-até amanhã! — ela conseguiu responder mesmo que nervosa pelo que acabara de acontecer. Ele sorriu largo acenando para ela e seguiu seu caminho de volta para o seu apartamento.
No dia seguinte, Yuta não foi à aula.
Capítulo 16 ↬
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