Babá temporária
Duas semanas e Yuta se remoía sabendo que estava cedendo ao amor outra vez, além de seus pais ficarem continuamente em seu pé. Faltava pouco para o seu prazo de um mês desempregado se esgotar e mesmo que, a cada dia após o final das aulas, Yuta procurasse um emprego como um condenado, não conseguia nada. Não contente com essa má sorte constante, ainda precisava aturar Katrina e Johnny andando juntos em todos os quantos que podiam da faculdade com risadinhas e conversas sigilosas que custava para compartilharem com ele. Yuta estava tendo mais um dia igual a esses, mas ao invés de se irritar, ficou frustrado, ansioso e um pouco deprimido; nada que ele não soubesse esconder de todos, menos é claro de Johnny, contudo este último parecia muito distraído para ver qualquer coisa. Terminando seu exercício em dupla com Minhyun, um garoto que nunca nem conversou antes, já que seu amigo estava ocupado demais com Katrina, Yuta soltou o ar pelas narinas arrependido por estar com ciúmes e se sentindo abandonado; aceitou assim que não tinha e nunca iria ter sorte, principalmente no amor. Passou a realmente se irritar à medida em que o casal de amigos ao lado conversava jogando olhares breves para ele, com risos e as vezes sorrisos estranhos. Já farto desta situação, o japonês após organizar suas coisas, se dirigiu ao vestiário masculino para tomar uma ducha e trocar de roupa.
ㅡ Você está mais quieto do que o normal hoje. ㅡ Johnny logo se pronunciou assim que viu o mais baixo terminar de organizar as roupas suadas em sua mochila.
ㅡ Você achou? ㅡ ainda com uma toalha nos ombros, Yuta fechou seu armário ㅡ Acho que é só o cansaço.
ㅡ Não parece ser isso. ㅡ ele riu guardando também suas coisas, mas atento as expressões do outro. Ele parecia preocupado.
ㅡ É só impressão sua, agora... ㅡ terminando de tirar o excesso de água dos cabelos, Yuta guardou também a toalha em sua mochila ㅡ Eu preciso ir.
ㅡ Ir onde?
ㅡ Nakamoto, vamos? ㅡ Minhyun se apoiou em frente ao armário de Yuta e assim que Johnny o fitou, o cumprimentou com um sorriso e uma breve reverência ㅡ Não podemos demorar muito, ela vai embora mais cedo hoje.
ㅡ Depois a gente conversa Johnny boy... ㅡ com um suspiro, Yuta sorriu de lado e seguiu seu caminho com o novo amigo até então desconhecido ㅡ Até mais. ㅡ e se foram.
Obviamente Johnny notou a forma cabisbaixa de como Yuta estava agindo, queria lhe perguntar qual era o problema, ele sabia que o outro sentiu ciúmes dele com Katrina, mas notou que aquele suspiro do amigo expressava outra coisa. Tristeza. Yuta tinha realmente algo importante para fazer com Minhyun, por incrível que pareça, no pouco tempo em que os dois passaram juntos durante a aula, Yuta acabou lhe contando como estava desesperado em busca de um emprego e para sua possível sorte (aquela que ele não acreditava mais possuir), Minhyun conhecia exatamente uma pessoa que poderia lhe ajudar, ou melhor, alguém que precisava de ajuda. Uma amiga havia lhe dito que a pré-escola onde trabalhava, precisava de auxiliares. Mesmo acreditando que seria muito difícil ser aceito sem ter nenhuma experiência em trabalho algum, tentar não mataria; podia-se dizer que nunca precisou trabalhar por conta do emprego de seus pais e mesmo quando estava na faculdade, lhe era pago uma das melhores universidades do Japão em engenharia, e o período era integral, quase não tinha vida social e muito menos tempo para trabalhar. Nunca reclamou deste último quesito, visto que podia comprar tudo o que queria com o dinheiro da mesada que recebia, porém aquela não era a vida que ele gostaria de ter, ainda mais após ficar sabendo dos planos de seu pai para seu futuro. Ele tinha seus motivos. Ao chegarem na escola primária, Yuta e Minhyun desceram do carro e foram de encontro com a secretaria.
ㅡ Olá, meu nome é Minhyun e este aqui é meu amigo Yuta, eu gostaria de saber se é possível conversarmos com a diretora.
Não demorou muito para que eles conseguissem um pouco de tempo para conversarem e Yuta poder demonstrar seu interesse pela vaga. Ela fora gentil e prestativa, realmente estavam precisando de alguém e Yuta estava no momento, hora e lugar certo. Sentiu como se, pela primeira vez, um pouco de sorte estivesse batendo em sua porta. Nada fora confirmado, contudo uma sensação de que o emprego seria dele lhe tomou a mente. Deixou suas informações de contato com a senhora, que aparentava ter uns cinquenta anos e seguiu seu caminho, agora mais animado, para junto de Minhyun que o esperava na secretaria. Lhe agradeceu oferecendo uma carona de volta para casa e, logo após isso, seguiu seu caminho de volta para seu apartamento. Haviam algumas mensagens de Jaehyun e dos outros meninos no celular de Yuta, após respondê-las e passar um bom tempo vendo filmes aleatórios na televisão, recebeu uma ligação inesperada.
Recebendo ligação de Katrina . . .
ㅡ Alô? ㅡ sua voz demonstrava o quão surpreso estava.
ㅡ Por que está tão surpreso? ㅡ ela ria do outro lado da linha.
ㅡ Eu só não esperava que você me ligasse.
ㅡ Somos amigos, não somos? É só uma ligação. ㅡ os dois riram, contudo Yuta não se sentiu tão feliz com tal afirmação.
ㅡ Tudo bem, então à que devo o prazer desta ligação?
ㅡ Você está ocupado agora?
ㅡ Na verdade, não. Mas por que a pergunta?
ㅡ Eu sei que já está ficando tarde, e que é um pouco demais pedir isso, mas... ㅡ ela inspirou fundo ㅡ Você poderia vir aqui?
ㅡ Você quer que eu vá até a sua casa? ㅡ mais uma vez surpreso.
ㅡ Eu preciso de uma ajuda... Então, o que me diz?
ㅡ Claro! Já chego aí. ㅡ por algum motivo ficou animado.
Tocou a campainha com um largo sorriso. Assim que a porta fora aberta, seu sorriso quase fora dissipado, contudo tentou ao máximo não demonstrar sua frustração.
ㅡ Até que enfim você chegou! ㅡ Johnny estava rindo com Katrina ao lado.
ㅡ É... Eu cheguei. ㅡ um riso amarelado ㅡ Mas qual a ajuda que você precisa?
ㅡ Eu tive um imprevisto no trabalho, uma das garotas se demitiu. Eu vou ter que fazer hora extra por alguns dias... Então...
ㅡ Seremos babás temporárias, man. ㅡ Johnny simplificou.
ㅡ Basicamente é isso...
ㅡ Entendi. ㅡ colocou as mãos nos bolsos ㅡ Eu ajudo sem problemas, mas tenho outra pergunta, se não se importar.
ㅡ De modo algum, o que quer saber?
ㅡ Vamos cuidar da Charlotte, certo? ㅡ ela consentiu ㅡ Então por que precisou chamar nós dois?
ㅡ Na verdade eu chamei só o Johnny. ㅡ parecia que ela não queria que Yuta soubesse disso ㅡ Mas, ele insistiu em te chamar também.
ㅡ Eu não queria ficar sozinho, é só isso. ㅡ uma piscadinha. No fundo sabia que Yuta estava deprimido.
ㅡ Eu vou embora. ㅡ se virou assim que Katrina começou a rir.
ㅡ Não, espera...! ㅡ ainda rindo, ela segurou o braço de Yuta ㅡ Por favor, não confio muito no Johnny.
ㅡ Ei. ㅡ o mais alto cruzou os braços com um riso nervoso ㅡ Eu não sou surdo, sabia.
Yuta acabou rindo daquela situação, o que o fez ceder em ajudar os dois, mesmo com ciúmes. Demoraram apenas alguns minutos para Katrina terminar de se arrumar e partir para o bar onde trabalhava enquanto Johnny e Yuta eram deixados para trás com uma Charlotte nem um pouco sonolenta. Tentaram ocupar a mente da garota da melhor forma possível, até que não era difícil, nada que uma caixa de giz de cera e folhas de papel não resolvessem.
ㅡ Vamos comer alguma coisa? Eu estou morrendo de fome... ㅡ Johnny indagou enquanto Yuta estava ao lado de Charlotte, desenhando junto com ela.
ㅡ Vamos! ㅡ a garota se entusiasmou.
ㅡ O que a Charlotte quer comer? ㅡ Johnny apoiou as mãos em seus joelhos sorrindo para a garotinha.
ㅡ Doces!
ㅡ Então será doce! ㅡ o mais alto comentou enquanto Yuta o olhou de canto apenas analisando o caos que o outro estaria criando.
ㅡ Johnny, não é melhor a gente... ㅡ contudo o amigo não o ouviu, já estava na cozinha com a garotinha ao lado.
ㅡ Gente, eu não sabia que vendiam potes de sorvete desse tamanho! ㅡ ele ria sozinho abrindo o enorme pote e servindo os três.
Só um pouco de sorvete não seria tão ruim, contudo Johnny não gostava de uma simples sobremesa, claramente fora para a casa de Katrina preparado. De algumas sacolas, que Yuta nem havia percebido que estavam lá até Johnny abri-las, ele retirou várias balas de goma e M&M's. Não hesitou em colocar alguns no prato de Charlotte também, que ria de tanta animação e comia com gosto. Yuta já estava prevendo o que viria depois, por isso se aproximou de Johnny despercebidamente e passou a sussurrar.
ㅡ Johnny, nós não devíamos dar tanto doce para uma criança à noite.
ㅡ O quê disse? ㅡ Johnny praticamente gritou trazendo a atenção de Charlotte brevemente para ambos, entretanto ela logo voltou a glorificar sua sobremesa.
ㅡ Cala a boca, idiota. ㅡ com os dentes cerrados, Yuta sussurrou mais uma vez, contudo um pouco mais alto para que Johnny pudesse ouvir melhor ㅡ Eu disse, que você não devia dar tanto doce para ela.
ㅡ Calma, ela não vai passar mal, eu não coloquei muito. ㅡ ele riu com a expressão de Yuta.
ㅡ Não é só isso. Está de noite.
ㅡ Você jura?
ㅡ Juro seu tapado, crianças ficam elétricas quando comem doce, e advinha só, você deu uma tigela enorme de sorvete para ela.
ㅡ Ah, tudo vai dar certo não se preocupe! ㅡ Johnny tocou o ombro de Yuta sorrindo ㅡ Tudo sob controle.
ㅡ Gostaria de saber por que eu nunca me sinto confortável quando você diz isso.
ㅡ Tenha um pouco de fé em mim, Nakamoto. ㅡ seguiu com um riso baixo e uma colherada em seu sorvete ㅡ Por que não, né?
ㅡ Não sei, vamos perguntar ao Jaehyun o que ele acha.
ㅡ Mas gente, as informações correm rápido hein. No final tudo se resolveu na festa, okay.
ㅡ Com toda certeza. ㅡ a ironia estava rolando solta, contudo Yuta estava rindo e se divertindo com tudo aquilo.
Terminaram seus sorvetes e seguiram novamente para a sala, Yuta tentou fazer Charlotte continuar desenhando com ele, contudo a garotinha parecia ter se entediado de fazer isso, pelo menos fora o que Johnny acreditou. No fim, após tentativas falhas de fazerem algo que não fosse tão agitado, os três acabaram brincando de esconde-esconde. Yuta fora quem teve de que procurar os outros dois, não seria difícil encontrar Johnny, entretanto se viu preocupado com o entusiasmo de Charlotte.
ㅡ Dezoito, dezenove, vinte. Lá vou eu! — Yuta abriu os olhos ficando de costas para a parede e se deparou com uma sombra alta se jogando no chão para se esconder. Se aproximou encarando o amigo estatelado em sua frente — Sério Johnny, atrás do sofá? Você achou mesmo que eu não ia te enxergar aí embaixo quando fosse para o corredor? — um sorriso maléfico misturado com um riso soprado escaparou dos lábios de Yuta.
ㅡ Quem sabe? Eu podia dar a volta que você nem ia me ver.
ㅡ Você sabe que se estivéssemos sendo perseguidos por um assassino, você seria o primeiro a morrer né?
ㅡ Yuta, não mate seus amigos mentalmente, por favor. — com a ajuda do outro, Johnny se levantou e analisou os lados e cantos da sala — Eu acho que a Charlotte não está escondida aqui.
— Você não viu onde ela foi?
— Isso seria roubar!
— Ai meu Deus... Vamos procurar ela logo, vai que tem uma janela aberta, isso é perigoso você drogou ela de doce. — procurou por trás das cortinas.
— Ela está bem cara, que isso, nem dei tanto doce assim. — abriu os armários sussurrando o nome da garotinha.
— É, aqui ela não está, vamos procurar por aqui. — seguiram para o corredor — Eu vou para a cozinha, você olha no porão.
— Tá legal. — antes que pudessem se afastar muito um do outro, passos rápidos atravessaram a sala ecoando no corredor com uma risada infantil e fina. Johnny e Yuta se encararam com olhares confusos — Você ouviu isso?
— Eu ouvi, de onde veio?
— Que tal você ir para o porão e eu para a cozinha, hm? — em poucos segundos Johnny já estava ao lado de Yuta com um sorriso nervoso em seus lábios.
— Acho que veio dali. — Yuta apontou para as escadas que levavam ao segundo andar — Vai, sobe Johnny.
— Vai você na frente.
— Pelo amor de Deus, você está com medo de uma garotinha de quatro anos?
— Claro que não, mas e se não for ela?
— E quem mais seria? — neste instante as luzes da casa piscaram brevemente o que causou nos dois arregalarem os olhos.
— Sobe aí agora, Yuta. — Johnny se pôs atrás do outro.
— Que saco, vamos logo... — manteve sua pose de durão, mas no fundo estava sentindo um pouco de medo.
Subiram as escadas lentamente chamando por Charlotte que não respondia em hipótese alguma. Yuta até se preocupou caso algo tenha acontecido com ela, e passou a usar uma voz mais alta para buscar a garotinha. Em alguns segundos algumas gotas de chuva passaram a cair, às pressas os dois garotos correram para fechar as janelas se encontrando alguns minutos depois de frente para a mesma escada por onde subiram. A casa ficou com um ar silencioso ao som de pequenas gotas atingindo os vidros das janelas; Yuta e Johnny se viravam procurando ainda por algum sinal de Charlotte pelos cômodos. Outra vez passos, como se alguém estivesse correndo, atravessou o corredor, porém agora no andar de baixo. As mãos estavam suando frio, com uma face aflita, Yuta encarou Johnny que prendeu a respiração.
— Charlotte, você ganhou! Vamos parar de brincar agora, okay? — uma tentativa falha, visto que apenas o silencio permaneceu.
— Velho, isso não é normal. — Johnny cruzou os braços.
— Vamos descer, deve ser ela correndo lá... — sua fala fora seguida por um apagão na casa, todas as luzes se apagaram e apenas a luz da lua iluminava a escada e a sala — Embaixo.
— Puta que pariu, Yuta... Na boa, eu não quero mais ficar aqui.
— Calma, acho que foi a chuva... — desceram as escadas lentamente, Yuta engoliu em seco visto que fora obrigado a ir na frente. Estava escuro e um pouco difícil de se enxergar alguma coisa.
— Charlotte, vamos comer mais doces que tal?! — mais uma tentativa falha. Antes dele poder falar qualquer outra coisa, a porta da frente rangeu e, com o som da brisa ecoando baixo como um sussurro, ela bateu ao ser fechada.
— Johnny, você escutou isso?
— Chega, já deu para mim, não quero mais. — pegou seu celular e ligou a lanterna para poder seguir até a porta e ir embora. No instante em que a luz iluminou a sala e os dois garotos se viraram para a direção em que ela apontava, Charlotte com um sorriso largo riu alto correndo em direção a eles.
— AI MEU DEUS! — os dois gritaram desesperados e, trombando um no corpo do outro, caíram para trás com olhos desesperados.
Em meio a escorregões, os dois tentaram uma fuga, até que Yuta se deu conta de que aquela era a garotinha que estavam procurando.
— Johnny é a Charlotte... — cutucou o amigo, contudo este apenas continuou gritando cobrindo os olhos — Johnny, me escuta! — continuou — Cala a boca infeliz! — estapeou o mais alto ao seu lado tirando suas mãos de seus olhos — É a Charlotte, cacete!
— Charlotte?! — assim que viu a garota, Johnny a abraçou e riu acariciando seus cabelos — Graças a Deus é você! Meu Deus!
— Por Deus, o que foi isso tudo? — Katrina riu se aproximando com a luz de seu celular. Estava toda encharcada pela chuva.
— Nós estávamos brincando de esconde-esconde! E eu ganhei! — Charlotte ria animada logo após pular do colo de Johnny e pular em volta de Katrina.
— Nossa, você está elétrica hoje...
— A culpa é do Johnny. — Yuta cruzou os braços apontando levemente ao amigo de coração acelerado, ainda pelo susto, ao seu lado.
— Nossa senhora viu. — Johnny lançou um olhar para o japonês.
— Mas é verdade, não é?
— Eu não ligo. — Katrina riu outra vez se aproximando da escada, assim que ela passou a subir, as luzes voltaram — Oh.
— Amém, nunca mais brinco de esconde-esconde, principalmente no escuro. — ele suspirou levantando-se — Acho melhor você tomar um banho Katrina, ou vai pegar um resfriado. — e Johnny se sentou no sofá — Ficamos de olho na Charlotte até você voltar, aproveite que não está trovejando.
— Tudo bem, eu volto já! — e rapidamente subiu para seu quarto.
Fora uma tarefa difícil acalmar Charlotte, ela estava muito animada, pulava e corria por aí rindo. Yuta estava ficando cansando de tanto correr e brincar, mas seus esforços lhe foram recompensados, já que a garotinha se sentou, se entregando também a fadiga, ao lado de Johnny e bocejou coçando os olhos. Yuta se jogou no sofá cobrindo o rosto com as mãos liberando um suspiro sonolento. Ao Katrina chegar na sala, os três estavam dormindo no sofá um ao lado do outro, ela sorriu sozinha com a cena levando as mãos a cintura. Cutucou os dois com calma e silenciosamente para não acordar a garotinha, contudo apenas Johnny acordou. Ele a ajudou a levar Charlotte para o quarto e desceu rindo com a forma como Yuta estava dormindo tão profundamente.
— O apartamento dele não é tão longe, vai ser um problema ele dormir aqui? — Johnny se apoiou na porta antes de partir.
— Acho que está tudo bem ele passar a noite aqui... — ela cruzou os braços balançando a cabeça — Não tenho coragem de acordá-lo enquanto dorme tão em paz assim.
— Essa é a hora em que o verdadeiro Yuta se mostra.
— O quê, como assim?
— Existe algo doloroso por trás de um belo sorriso, não acha?
— Hm...
— Com ele também é assim.
— O que aconteceu com ele? — ela se virou brevemente analisando Yuta.
— Ninguém sabe ao certo, ele não comentou nada, mas conhecendo os pais de Yuta, eu sei que têm algo mais nessa história. — não adentrou muito em detalhes, ele mesmo não sabia mais do que isso também, então logo se despediu e partiu em sua Range Rover.
Katrina, após cobrir Yuta com um cobertor, parou para analisar sua face enquanto este dormia. Parecia calmo, mas melancólico, era estranho, mas algo palpitou em seu peito. Se apoiou em seus braços e ficou ali, mais longos instantes fitando o garoto ao seu lado; era bonito e um tanto misterioso. Com piscadas longas ela sem querer adormeceu ali mesmo. Eram quase três horas da manhã quando Yuta sentiu um peso em seu ombro o impedir de mover-se, ainda sonolento abriu seus olhos se dando conta de que Katrina havia dormido ao seu lado. Se pegou sorrindo sozinho ao fitar a garota, com cuidado se virou tirando os fios de cabelos da face dela para observar como dormia. Com o coração acelerado e um impulso ele se aproximou, estavam com os narizes quase se tocando, se sentiu tentado, mas recuou. Achou que seria melhor levá-la para a cama, assim a pegou em seus braços e a levou para o quarto deixando-a sobre a cama e com carinho a cobriu. Não queria ir embora, mas sabia que seria a coisa certa a se fazer, sentou por breves segundos ao lado dela e fitou mais uma vez aqueles lábios.
— Farei isso quando estiver acordada.
Me desculpe por sair sem avisar, não quis te acordar, dá má sorte! Nos vemos na faculdade.
Assim que se preparou para partir, deixou um bilhete próximo a cama de Katrina e seguiu seu caminho de volta para seu apartamento.
Capítulo 10 ↬
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