50° Capítulo (Último)
-" Não era pra você pegar ele seu idiota"- Spencer diz enfurecido e partindo pra cima do homem. Apareço na porta e o vejo com o punho cerrado pronto para desferir um golpe, mas não foi isso que prendeu realmente a minha atenção...
Não! Não pode ser! Meus olhos não acreditam no que estão vendo, meu pai, amarrado e inconsciente em uma cadeira. Os nervos devem estar demorando para fazer as sinapses e mandar as coordenadas para meu cérebro porquê não consigo demonstrar reação alguma. Tudo dói, tudo não passa de uma avalanche de agonia e mágoa que transbordava em meu peito. Caio de joelhos no chão e sinto o ambiente estremecer com a queda.
Spencer vira a cabeça em minha direção e assim que seu olhar encontro o meu ele fica pálido.
- Rose...não é nada disso que você está pensando...eu posso explicar...
Ele caminha até mim, colocando as mãos na cabeça atônito, parecendo completamente perdido.
- Não se aproxime de mim.- Respondo com com a voz falha, os olhos já ficando embaçados pelas lágrimas.- Como porra você pode explicar isso, Spencer!?- Bravejo e o vejo piscar sem reação.- Não acredito que fui tão burra...não acredito que me deixei levar e não liguei os pontos...- Puxo os meus cabelos enquanto tento manter a sanidade. Mil pensamentos surgiam em minha mente, as noites em Las Vegas, a "fuga" de sua casa. - Todo esse maldito tempo, todos as coisas pelas quais eu me submeti...tudo teve suas mãos envolvidas...- Levanto a cabeça e falo com desprezo.- Que merda de sala é essa? O que você fez com meu pai?-Olho das armas para o homem que estava desacordado.- COMO VOCÊ PODE FAZER ISSO COMIGO ?- Grito em meio ao choro.- Eu confiei em você...- Digo baixinho em meio aos soluços.
- Rose, não é...- Ele tenta uma nova reaproximação, mas dessa vez eu me levanto e mantenho a distância.
- Não é o que, Spencer? Qual mentira você vai contar agora?- O corto antes que ele pudesse me manipular com falsas verdades.
- Rose, me deixe explicar, por favor, isso não passou de um mal entendido...- Ele enfia as mãos no cabelo e da leves puxões. Anda de um lado pro outro e volta a falar. - Eu possuo negócios por fora das empresas Bennett’s, eu ia te contar, eu ia te contar tudo, várias vezes. Eu não sabia que um dos meus devedores era seu pai, eu juro...Se eu soubesse isso nunca teria acontecido...- Ele da passos largos e se põe em minha frente, segurando minha mãos.- Eu posso ter escolhido essa vida, mas não escolhi me apaixonar por você, Rose...tudo o que eu disse e senti foram coisas verdadeiras. Eu nunca menti pra você.
-Como ousa falar de paixão quando você nem consegue ser sincero? - Puxo minhas mãos pra longe dele e caminho de um lado para o outro.
Lembro do dinheiro que havia juntado em minha conta para pagar a dívida. Pego o celular em meu bolso e disco algumas teclas rapidamente e em instantes um bip vindo do bolso do Spencer é escutado.
Ele franze o cenho sem entender a minha ação e logo quando verifica o aparelho uma carranca aparece em seu rosto.-Não era isso que você queria? Fique com seu maldito dinheiro e solte meu pai.- Cruzo os braços na espera da ordem dele para os rapazes o soltarem. Ele se mantém imóvel e com os olhos fixos em mim.- Eu te amei do jeito mais profundo e da forma mais intensa que alguém pode amar outra pessoa e você fez o que ? Você tratou tudo como se fosse lixo, Spencer, você tratou esse sentimento como NADA.- O tom de desprezo volta a surgir em minha voz, camuflando o desapontamento e a angústia que eu estava sentindo.
- Ora, por favor, seja racional... Eu tentei! Juro que tentei te contar mil vezes, eu amo você e sou completamente louco por você, se tem algo que eu nunca quis foi magoar ou brincar com seus sentimentos. Eu te amo mais do que tudo e mais que qualquer coisa. Eu nunca quis te machucar.- A frequência em sua voz desce alguns hertz e percebo sua respiração acelerando.
Minha cabeça estava a mil, eram tantas coisas que eu queria jogar na cara daquele idiota, eram tantas perguntas, mas eu não sabia como falar.
-Spencer, se o seu jeito de amar é assim então eu prefiro ficar de fora. Pare de mentir pra si mesmo, você não sabe o que é isso de verdade.- Tento enxugar as lágrimas que insistiam em cair.
Me recordo que meu pai estava ali desacordado e vou até ele passando por Spencer. Me ajoelho e fico em sua frente.
- O que fizeram com ele?- Me dirijo a um dos rapazes que em alguns segundo não me lembrava de estar ali.
- Não fizemos nada, só oferecemos uma bebida batizada a ele. Nada fora do normal.- Ele ri e imediatamente para quando vê o olhar do Spencer.
- Vocês doparam meu pai? - Olho o rapaz com um ódio mortal e é aí que tudo fica claro, eu sabia que o conhecia... era o rapaz que conversei meses atrás e me deu o prazo para pagamento. - Você sabe o que é dopar uma pessoa com problemas de coração?
- Senhora, des....
- SAIA- Spencer ordena e assim ele faz, sendo seguido pelos outros dois que estavam na sala.- Rose, meu amor - Ele tenta se aproximar mais uma vez.
- EU JÁ FALEI PRA VOCÊ NÃO SE APROXIMAR DE MIM!!- Grito e me levanto enfurecida.- Nem me chame de meu amor...eu me entreguei de corpo e alma pra você e olha o que recebi, olha o estado do meu pai!!- Cerro os punhos e mordo o lábio pra controlar as lágrimas.
- Droga Rose, eu sei que você deve achar que sou um babaca, um estúpido e você está certa, eu menti em muitas coisas pra você, mas nunca menti quando disse que te amava. Eu amo você e se eu soubesse que eram vocês que estavam com a dívida já teria cancelado tudo. Eu nunca deixei ninguém se aproximar tanto de mim assim, nem mesmo a Viollett, quando eu me dei conta você era parte da minha vida eu não conseguia fazer nada sem saber sua opinião, eu não conseguia ficar um dia sem ver você. Eu marquei essa noite pra te contar toda verdade. Isso dói, dói amar alguém, porque quando da errado seu coração se quebra, principalmente se você foi a causa da dor de alguém. Eu nunca quis machucar a pessoa que eu tanto amo, Rose. O mundo tem mais de 7 bilhões de pessoas e eu tive a sorte de conhecer você, fui um babaca no início, mas já devia ter te contado assim que me vi perdidamente apaixonado por você.- Vejo seu rosto ficar vermelho e os olhos marejarem.
- Pare, Spencer, por favor... só pare...- As lágrimas já haviam tomando conta de toda minha face.- Eu não acredito, não consigo acreditar em uma palavra que sai da sua boca. Meu pai poderia estar ferido nesse momento ou pior. E porquê? Por puro excesso de poder que você acha que tem sobre os outros.
-Rose, por favor me deixa terminar...- Me aproximei mesmo ignorando sua advertência e encarei seus olhos.- Você foi a melhor coisa que já me aconteceu nos últimos meses...eu preciso que você entenda...
-Chega!! Eu não quero mais ouvir uma palavra vinda de você.- O interrompo.
Nesse momento Paul, seu motorista, que já havia me salvado uma vez apareceu. Pedi que ele me ajudasse a levar meu pai até o carro e pela primeira vez, sem a ordem de Spencer ele o fez. Antes de sair escuto Spencer atrás de mim.
- Rose, por favor, não vá...- viro pra ele e pela primeira vez em todo esse tempo vejo os olhos do Spencer vermelhos devido as lágrimas que caiam em suas bochechas. Nunca o vi dessa maneira. Sua respiração ofegante tirou minha concentração, seu desespero era palpável e isso me machucava ainda mais. Eu o amava de uma maneira tão intensa que queria abraça-lo e dizer que tudo ficaria bem, mas fui mais forte que esse maldito sentimento. Eu tinha que continuar minha vida...tinha que deixa-lo pra trás.
- O amor é como um jogo, Spencer, se vacilar...é game over.
Sai da enorme casa, aquela mesma casa que me trazia tanta paz foi a mesma em que meu mundo desabou.
Pensei que depois do Spencer eu nunca mais ficaria só novamente, mas o destino me mostrou mais uma vez que eu estava errada. Senti a chuva fina cair em minha pele, eu não queria dizer adeus, porém precisava. Paul me conduziu até o carro, as lágrimas já haviam se misturado com a chuva.
O primeiro homem a quem entreguei meu coração por completo foi o mesmo que o partiu em milhões de pedaços. Vi seu último olhar através do vidro meio embaçado do carro. Foi aí que percebi que os contos de fadas não passavam de meras ilustrações e ilusões para as crianças. Um último adeus foi dado, agora o que me restava eram apenas falsas lembranças de um amor que não foi tão intenso como a primavera.
The end
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